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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Não resistais ao que vos fizer mal


Artigo extraído do livro "O Sermão da Montanha" - FEB - 7ª Edição - 6/1989.

A ocupação da Palestina, naquele tempo, ensejava constantes motivos de irritação para os judeus.
É que ali, como em todas as regiões que havia conquistado, a soldadesca romana impunha aos vencidos uma dependência odiosa e intolerável, tantas as humilhações e os vexames por que os faziam passar.
Era comum, por exemplo, um oficial romano dirigir-se de um ponto a outro da Judéia ou da Galiléia e, nessas viagens, obrigar os camponeses judeus que trabalhavam no campo a interromperem seus afazeres para carregar-lhe pesados fardos.
Da mesma sorte, quem saísse de casa com um destino qualquer, nunca poderia ter a certeza de que chegaria ao local desejado, pois, se lhe acontecesse encontrar pelo caminho algum representante das autoridades dominantes, poderia ser obrigado a retroceder ou a mudar completamente de direção, para prestar qualquer serviço que lhe fosse exigido.
Tentasse alguém reagir contra essas arbitrariedades e conheceria logo o preço de sua ousadia: o sarcasmo e crueldades inomináveis.
É de calcular-se, portanto, a amargura com que os judeus tinham de curvar-se em homenagem às bandeiras romanas, sempre que as viam passar conduzidas pelas tropas de César, e com que ardor aguardavam o dia em que pudessem sacudir o jugo do opressor.

***
Achava-se Jesus ensinando ao povo, nas cercanias de uma cidade que era sede de uma guarnição romana, quando a vista de uma companhia de soldados fez que seus ouvintes evocassem a lembrança do infortúnio que pesava sobre o povo israelita.
O Mestre relanceou o olhar pelos que o circundavam e, em suas faces, viu estampado, de forma indisfarçável, o ensaio de vingança que se aninhava em cada coração.
Percebendo que todos o fitavam ansiosamente, esperando fosse ele Aquele que houvesse de lhes dar o poder, a fim de esmagarem seus dominadores, contristou-se, pois bem diferente era a sua missão, e, retomando a palavra, disse-lhes com brandura:
“Tendes ouvido o que foi dito: olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao que vos fizer mal. Se alguém te ferir na face direita, oferece-lhe também a outra; ao que quer demandar contigo em juízo, para tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e se qualquer te obrigar a caminhar com ele mil passos, vai com ele ainda mais outros dois mil”. (Mateus, 5:38-41).
Expressando-se dessa maneira, é claro que Jesus não estava a endossar as violências com que a tirania militar da época acostumara-se a supliciar os subjugados. Longe disso.
O que ele quis ensinar nessa oportunidade, como, aliás, o fez durante toda a sua vida terrestre, foi que, malgrado a regra estatuída por Moisés – “olho por olho e dente por dente”, a Lei do Amor que viera revelar proibia terminantemente as desforras, as vinditas, não sendo lícito a ninguém vingar-se a si mesmo.
Unicamente a Deus pertence punir, assim os indivíduos como as nações que transgridam os mandamentos de Sua lei. Melhor do que nós, sabe Ele como obrigar os que erram a corrigir o erro cometido contra os semelhantes.
A oportunidade e a importância desses princípios estabelecidos pelo Mestre incomparável ressaltam ainda hoje. Fosse permitido a cada qual fazer justiça por suas próprias mãos, agindo ao sabor de sua vontade pessoal, e a vida em sociedade seria muito difícil, tais os desmandos e excessos que se verificariam.
Talvez se indague: pessoalmente, teve o Cristo ocasião de exemplificar tão sublime ensinamento?
Sim! Foi oprimido e não teve uma expressão de revolta; cuspiram-lhe na face e não revidou o ultraje; teve as costas lanhadas, sem malquerer os que o feriam, e, através dos séculos, chega até nós, da cruz do Calvário, a oração que proferiu por aqueles que lhe davam a morte: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!”.

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