Não te aturdas pelo que vês nas fileiras da Seara Espírita, que
almejavas grandiosa e bela: a apatia no campo moral de tantos, dando a
impressão de que isso é coisa natural; os desatinos que não são freados
pelo bom-senso, comprometendo o nome da gloriosa Doutrina; a
maledicência que alcança largas praias da vida dos nossos arraiais, como
se devessem fazer parte das nossas ocupações cotidianas; os
descompassos entre as lições teóricas conhecidas e as atividades
práticas diárias cheias de hostilidades.
Não te deixes desalentar pela sensação de que o Espiritismo em nada
te auxilia, considerando os golpes contundentes que te ferem
cotidianamente, impondo-te lágrimas em que se mesclam dores, mágoas e
revoltas.
Não te rebeles ao verificar que muitos que ocupam posições destacadas
no Movimento do luarizado Espiritismo, agem como se nada tivessem a ver
com a magnitude da mensagem, uma vez que somente anseiam pelas coisas
do mundo material, com cinismo e desplante, preocupados tão só em
fixar-se nas posições que lhes proporcionam maior visibilidade,
bastando-lhes o ensejo exibicionista, em função dos quais afirmou Jesus
que “já teriam obtido o seu galardão”, ou seja, o que desejavam.
Não te atormentes, pois, uma vez que o planeta terreno atravessa
momentos de seriíssimas definições e redefinições, de cujo processo
ninguém pode escapar, enquanto se persistir na busca do progresso.
A Terra, em razão disso, traz sobre seu dorso e nas esferas do seu
campo psíquico, entidades nos mais diferenciados estágios de
aprimoramento, de desenvolvimento geral, dentre os quais são muitos os
que se aninham na má vontade, esforçando-se por retardar o dia luminoso
da grande renovação planetária.
Nesse estado de coisas, não estaria o Movimento Espírita indene a
semelhantes presenças ou livres dessas almas que, em si mesmas
atordoadas, causam atordoamento onde quer que chegam, quer estejam no
corpo físico, reencarnadas, quer ainda se achem aguardando novas
oportunidades, na erraticidade.
Do mesmo modo que encontramos almas irresponsáveis que se valem do
nome de Jesus, a fim de explorar a boa fé dos ingênuos e dos incautos,
dos ignorantes e dos parvos, nas mais distintas confissões de fé ou fora
delas, temos em nosso Movimento os que, da mesma maneira, evocam o nome
do Senhor, admitindo sempre que não há nenhuma necessidade de que levem
a sério o trabalho e os deveres que lhes cabem, já que os Guias do
mundo são dotados de grande generosidade, são misericordiosos.
Almas infantilizadas, nas quais ainda é verdoso o senso moral,
enxameiam, orgulhosas umas, vaidosas outras, prepotentes tantas, que,
mesmo reconhecendo suas incapacidades, fazem questão de assumir posições
e cargos de responsabilidade, que sabem que não responderão a contento,
pelo fato de tais situações lhes conferir projeção ou destaque social.
Há os que não têm nenhuma noção do campo de atividades em que se
acham, mas não recuam, não procuram orientar-se de modo a produzir o
melhor para a Doutrina. Permanecem como estão, supondo que os Espíritos
do Senhor lhes suprirão a má vontade e o relaxamento.
Desgraçadamente, tais irmãos do mundo estão distribuídos por todos os
campos da vida social e se fazem temerários aventureiros nas esferas da
política ou da administração das coisas públicas; achamo-los à frente
de empresas que deveriam ser produtivas para o progresso da sociedade e
que seguem a passos tartaruguescos; temo-los liderando movimentos
artísticos e culturais, onde nada funciona a contento, onde coisa alguma
de expressivamente bom acontece para suas áreas, do mesmo modo como os
deparamos à frente de grupos familiares e de instituições religiosas.
Vemos que cada um anseia por extrair benefícios imediatos da situação
em que se aloja, desacreditando, convictamente, da vida imortal para
além da matéria densa do mundo. Não te desarmonizes, pois, perante esse
quadro sinistro, conflitivo e cheio de contradições da sociedade.
Trata de cumprir o que a ti te cabe, sem que as atitudes alheias te
induzam ao desgoverno de ti mesmo, ou ao relaxamento para com teus
compromissos perante a existência.
Cumpre-te pautar a vida nos passos dos ensinos do grande Mestre Jesus
Cristo; aprende com Ele que a cada um será conferido de conformidade
com as próprias atuações nos trilhos da vida.
Aprende, ainda, a não depositar os ensinos rútilos do Espiritismo sob
mãos francamente incapazes ou sob mentalidades insanas, pois que, sem
contestação, mais cedo ou mais tarde, tudo elas conseguirão desvirtuar,
tudo irão degenerar sob os mais tolos ou obscuros argumentos.
Trata, pois, de mergulhar a mente nos ensinamentos felizes do
Cordeiro de Deus e ajusta os teus passos na trilha por Ele deixada, e
não te importunarás com os companheiros desviados da estrada por livre
deliberação, conseguindo, então, não oferecer suas pérolas aos porcos,
tampouco desejarás depositar vinho novo em barril velho, procurando, aí,
sim, apesar das pelejas ardentes e das lágrimas inevitáveis dos teus
testemunhos, seguir fiel e renovado, cheio de possibilidades para
entender, orientar e socorrer a quantos o necessitem, na busca do Reino
dos Céus, por meio dos roteiros do Espiritismo.
Com o tempo, na medida em que se renovem os humanos, também
renovar-se-á o nosso bendito Movimento Espírita que, somente então,
conseguirá refletir o brilho intraduzível do estelar Espiritismo.
Assim, não te descompenses. Procura fazer o que te cabe para ser
feliz, levando contigo os que estejam sintonizados com o ideal de vida
abundante e de paz insuplantável que adotaste para alicerçar a tua
existência.
Mensagem psicografada por Raul Teixeira, em 11.02.2008, na Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados – SEFAN, em Ponta Grossa – PR.
Fonte:http://www.sef.org.br/sef/dificuldades-no-movimento-espirita-mensagem-psicografada-medium-raul-teixeira/
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