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sábado, 25 de maio de 2013

Não Julgueis

NÃO JULGUEIS
Acaba de vir às nossas mãos um bem lançado artigo a propósito da sentença que ora nos serve de epígrafe.

Alega-se no aludido artigo que os espíritas, quando no conselho de sentença, costumam absolver sistematicamente os réus.

Ignoramos se realmente tem sido essa a norma de conduta dos espíritas no júri.
Quanto a nós, declaramos que, todas as vezes que servimos como juiz de fato, absolvemos, e disso não estamos arrependidos, por isso que entendemos, em consciência, que tais réus deviam ser absolvidos.

No entanto, não pretendemos firmar a doutrina da absolvição incondicional. Casos há em que, para evitar mal maior, seria lícito votar de modo a conservar o acusado recluso, dadas as suas condições de perigo para a segurança social.
Assim procedendo, não estaremos julgando, mas acautelando a coletividade da qual somos parte integrante.

Demais, que são os criminosos de toda a espécie senão anormais, desequilibrados, enfermos da alma, numa palavra?
Faça-se, portanto, com eles o que se faz com os doentes de moléstias infectuosas: segreguemo-los da sociedade a fim de evitar as consequências do mal.
Esta medida é razoável, é humana, não há mesmo outra a tomar, uma vez que se preste aos segregados a devida assistência reclamada pelas suas condições.

Não há direitos sem deveres. Se assiste à sociedade o direito de separar os doentes dos sãos, cumpre-lhe o dever inalienável de assisti-los convenientemente.

Não é o criminoso que se deve combater: é o crime em suas várias formas. A Medicina não combate o enfermo, mas a enfermidade, suas causas e origens.
Enquanto a questão não for encarada sob este prisma, o crime continuará a proliferar, perturbando a ordem e a paz da sociedade.

Julgar? Quem somos nós para julgar nossos irmãos, se todos somos réus no tribunal de nossas consciências? Fazê-lo em nome da sociedade?
Pois é a sociedade mesma, tal como está constituída, a responsável por grande número de crimes que em seu seio se cometem.
As piores doenças são fruto do ambiente. Quando o meio é miasmático e deletério, as enfermidades se alastram, tornando-se endêmicas.
Tal é a nossa sociedade. A recrudescência do crime é efeito da materialidade e da hipocrisia reinantes no século. A higiene social seria o melhor antídoto contra o vício e o crime.

O Código pelo qual se regem as nações, ditas civilizadas, precisa ser reformado: e sê-lo-á fatalmente. Inspirado no Direito Romano, o Código cogita exclusivamente da aplicação de penas, quando devera curar da higiene da alma.

É natural que se condene ao trabalho o homem afeito à ociosidade, empregando-se processos adequados ao caso, ainda que não deixemos de reconhecer que a mesma inércia e apatia sejam, a seu turno, formas de desequilíbrio psíqui¬co.
O homem normal ama o trabalho, não pode permanecer inativo. Como a ociosidade, todos os demais vícios são, no fundo, falhas de caráter, distúrbios de ordem moral.
Para corrigi-los, duas medidas se impõem: educação individual e saneamento do ambiente.

Cadeira elétrica, forca e guilhotina não resolvem o problema em questão, como atestam as estatísticas de criminalidade dos países onde aquelas penas vigoram.
Eliminar a vida física do criminoso não lhe modifica o caráter, não lhe altera numa linha sequer o nível moral. Não é ao corpo, é ao espírito que cabe a responsabilidade pelos atos delituosos.
Despertar-lhe a consciência, elevar o grau de sua sensibilidade moral, eis o único processo eficiente no tratamento de tais enfermidades. Este processo chama-se educação.

A sociedade viverá sempre às voltas com os delinquentes, enquanto não cumprir o dever que lhe assiste de educá-los. Até aqui, a sociedade, baseando-se no parecer de criminólogos materialistas, invoca apenas o direito de punir.

Por isso ela também vai sendo punida. Há de suportar as consequências do seu erro até que emende a mão. Aliás, já os prenúncios de uma reforma se vão fazendo sentir.

Resta ainda considerar que a única pena que resulta benéfica na regeneração dos criminosos é aquela que dimana naturalmente do próprio crime. Toda penalidade imposta de fora, com caráter de vindita, é contraproducente.
Avilta o moral dos fracos e exacerba o ânimo dos fortes; produz, por conseguinte, hipócritas, cínicos e revoltados. Não regenera: corrompe. Só a educação, equilibrando os poderes do espírito, produz resultado prático, eficiente e positivo.

O código materialista deve ceder lugar ao código espiritualista.
Este não cogitará de julgar e menos ainda de aplicar esta ou aquela pena como castigo, mas tratará da educação moral, não dessa moral caricata, para uso externo, vazada em moldes ritualísticos, mas da moral evangélica, da moral positiva que se funda nas leis naturais que regem os destinos do espírito.

O Espiritismo vem ensinar à Humanidade a reger-se, não mais pelo código romano, mas pelo código divino que reflete a indefectível justiça e a soberana vontade do Céu!

Vinicius
Livro Mestre da Educação

OLÁ, MEU IRMÃO

OLÁ, MEU IRMÃO
A disposição amiga - acentuava Cipriano Neto - é verdadeiro tônico espirituaL Não raro, envenenamos o coração, à força de insistir na máscara sombria. Má catadura é moléstia perigosa, porquanto as enfermidades não se circunscrevem ao corpo físico. Quantos negócios de muletas, quantas atividades nobres interrompidas, em virtude do mau humor dos responsáveis? Claro que ninguém se deixe absorver pelos malandros de esquina, mas o respeito e a afabilidade para com as criaturas honestas, seja onde for, constituem alguma coisa de sagrado, que não esqueceremos sem ferir a nós mesmos.
A frente da pequena assembléia, toda ouvidos, Cipriano, com a graça de sua privilegiada inteligência, continuou, após leve pausa:
- Na Terra, o preconceito fala muito alto, abafando vozes sublimes da realidade superior. Nesse capítulo, tenho a minha experiência pessoal, bastante significativa.
Meu amigo calou-se, por alguns momentos, vagueou o olhar muito lúcido, através do horizonte longínquo, como a vasculhar o passado, e prosseguiu:

- É quase inacreditável, mas o meu fracasso em Espiritismo não teve outra causa. Não ignoram vocês que meu coração de pai, dilacerado pela morte do filho querido, fora convocado à Doutrina dos Espíritos, ansioso de esclarecimento e consolação. Banhado de conforto sublime, senti que minhas lágrimas de desesperação se transformaram em orvalho de agradecimento à bondade de Deus. Meu filho não morrera. Mais vivo que nunca, endereçava-me carinhosas palavras de amor. Identificara-se de mil modos. Não havia lugar à dúvida. Inclinei-me, então, à Doutrina renovadora.
Saciado pela água viva de santas consolações, não sabia como agradecer à fonte. Foi aí que recordei as minhas possibilidades intelectuais. Não seria justo servir ao Espiritismo, através da palavra ou da pena? Poderia escrever para os jornais ou falar em público. Profundamente reconhecido à nova fé, atendi à primeira sugestão de um amigo e dispus-me a fazer uma conferência. Anunciou-se o feito e, no dia aprazado, compacta assistência esperou-me a confissão. Seduzido pela beleza do Espiritismo Evangélico, discorri longamente sobre a caridade. Aplausos, abraços, sorrisos e felicitações. No círculo dos meus companheiros de literatura, porém, o assunto fizera-se obrigatório.
Voltando à Avenida, no dia imediato ao acontecimento, meu esforço foi árduo para convencer os confrades de letras de que não me achava louco. Infelizmente, porém, minha decisão não se filiava senão à vaidade. Pronunciara a conferência como se o Espiritismo necessitasse de mim. Admitia, no fundo, que minha presença honrara, sobremaneira, o auditório e que a codificação kardequiana em mim encontrara prestigioso protetor. Desse modo, alardeava suma importância em minhas palestras novas. Citava a antigüidade clássica, recorria aos grandes filósofos, mencionava cientistas modernos. Quando nos encontrávamos, meus colegas e eu, no ápice das discussões preciosas, eis que surge o Elpídio, velho conhecido meu e antigo tintureiro em Jacarepaguá. Sapatos rotos, calças remendadas, cabelos despenteados, rosto suarento, abeirou-se de mim e estendeu-me a destra, exclamando alegre:
- Olá, meu irmão! meus parabéns! ... Fiquei muito satisfeito com a sua conferência!
Entreolharam-se os meus amigos, admirados. E confesso que respondi à saudação efusiva, secamente, meneando levemente a cabeça e sentindo-me deveras humilhado.
Em vista do meu silêncio, o tintureiro despediu-se, mostrando enorme desapontamento.
- "É de sua família?" - indagou um companheiro mais irônico.
- "Estes senhores espiritistas são os campeões da ingenuidade!" - exclamou outro circunstante.
Enraiveci-me. Não era desaforo semelhante homem do povo chamar-me "irmão", ali, em plena Avenida, diante dos colegas de tertúlias acadêmicas? Estaria, então, obrigado a relacionar-me com toda espécie de vagabundos? Não seria aquilo irmanar-me a rebotalhos de gente, na via pública?
O incidente criou em mim vasto complexo de inferioridade.
Cegavam-me, ainda, velhos preconceitos sociais e a ironia dos companheiros calou-me fundo, no espírito. A ausência de afabilidade e a incompreensão grosseira dominaram-me por completo. O fermento da negação trabalhou-me o íntimo, levedando a massa de minhas disposições mentais. Resultado? Voltei à aspereza antiga e, se cuidava de doutrina, confinava-me a reduzido círculo doméstico. Não estimava a companhia ou a intimidade daqueles que considerava inferiores. Os anos, todavia, correm metodicamente, alheios à nossa vaidade e ignorância, e impuseram-me a restituição do organismo cansado ao seio acolhedor da terra. Sabem vocês, por experiência própria, o que nos acontece a essa altura da existência humana.
Gritos estentóricos de familiares, pavor de afeiçoados, ataúde a recender aromas de flores das convenções sociais. Em meio da perturbação geral, senti que sono brando se apoderava de mim. Nunca pude saber quantos dias gastei no repouso compulsório. Despertando, porém, debalde clamei por meu filho bem-amado. Sabia perfeitamente que abandonara a esfera carnal e ansiava por reencontrar-lhe o carinho. Deixei a residência antiga, ferido de amargosas preocupações. Atravessei ruas e praças, de alma opressa. Atingi a Avenida, onde me dava ao luxo de palestrar sobre ciência e literatura.
E ali mesmo, junto ao aristocrático Café, divisei alguém que não me era estranho às relações individuais. Não tive dificuldades no reconhecimento. Era o Elpídio, integralmente transformado, evidenciando nobre posição espiritual, trocando idéias com outras entidades da vida superior. Não mais os sapatos velhos, nem o rosto suarento, mas singular aprumo, aliado a expressão simpática e bela, cheia de bondade e compreensão.
Aproximei-me, envergonhado. Quis dizer qualquer coisa que me revelasse a angústia, mas, obedecendo a impulso que eu jamais soube explicar, apenas pude repetir as antigas palavras dele:
- "Olá, meu irmão! Meus parabéns!"
Longe, todavia, de imitar-me o gesto grosseiro e tolo de outro tempo, o generoso tintureiro de Jacarepaguá abriu-me os braços, contente, e exclamou com sincera alegria:
- Ó meu amigo, que satisfação! Venha daí, vou conduzi-lo ao seu filho!
Aquela bondade espontânea, aquele fraternal esquecimento de minha falta eram por demais eloqüentes e não pude evitar as lágrimas copiosas! ...
Nossa pequena assembléia de desencarnados achava-se igualmente comovida. Cipriano calou-se, enxugou os olhos úmidos e terminou:
- A experiência parece demasiadamente huumilde; entretanto, para mim, representou lição das mais expressivas. Através dela, fiquei sabendo que a afabilidade é mais que um dever social, é alguma coisa de Deus que não subtrairemos ao próximo, sem prejudicar a nós mesmos.
Irmão X

AJUDEMOS O INIMIGO

AJUDEMOS O INIMIGO
Tão necessário se faz o auxílio espontâneo aos inimigos, na preservação de nossa paz, quão imprescindível se torna a remoção apressada de um foco infeccioso, à nossa porta, a benefício da nosssa própria saúde, visto que, alimentar o adversário, é manter um núcleo de raios destruidores contra nós.
Todos somos distribuidores de cargas eletro-magnéticas, geradas em nosso próprio ser.
A simpatia é corrente de auxílio que estendemos em nosso favor.
A antipatia é força asfixiante que lançamos em prejuízo próprio.
Toda energia projetada de nossa alma nos responde invariavelmente na reação de quem nos partilha as experiências.
Quem arremessa espinhos, improvisa chagas, cujas emanações lhe procuram a atmosfera pessoal. Quem semeia flores, recolhe o perfume da cooperação e da boa vontade.
Claro que não podemos tratar todas as situações com elixires de pétalas adocicadas, porque, muita vez, a nossa melhor energia é convidada ao serviço sacrificial e quase sempre incompreendido da defesa; entretanto, ainda mesmo nas horas mais difíceis convém mobilizar todos os recursos do bem, ao nosso alcance, para que o respeito não ceda lugar à revolta e para que a sinceridade amiga não se converta em disfarce injusto.
Instalemos, dentro de nós, o legítimo discernimento que reconhece cada criatura em seu lugar e cada acontecimento no minuto que lhe é próprio. Protegidos por semelhante entendimento, não aguardaremos uvas do espinheiro, nem pediremos as graças da colheita ao campo que apenas exibe promessas de sementeira .
Quando a treva se desdobra em torno de nossos passos, não vale vociferar contra as sombras ou persegui-las inutilmente. Bastará acender uma luz para que a estrada se descortine novamente à visão.
Assim, pois, evitemos o cultivo do espinheiral magnético na infeliz manutenção de adversários que podemos relegar ao esquecimento, quando, de imediato não lhes possamos confiar o cântaro delicado do nosso amor.
Usemos o silêncio, a desculpa e a compreensão, com exemplo vivo do nosso próprio esforço na edificação do bem e o tempo se incumbirá de tudo transformar, em auxílio de nossa felicidade, dentro dos imperativos inevitáveis da constante renovação.
Emmanuel
NOTA: Após semearmos o bem com entendimento por um determinado tempo, podemos ter certeza de que nossas boas obras fluiram espontaneamente.

"SOZINHOS ASCENDEREMOS AO NOSSO CALVÁRIO"

"SOZINHOS ASCENDEREMOS AO NOSSO CALVÁRIO"
No apogeu de Sua missão terrena, Jesus Cristo dirigiu-se ao Horto de Getsêmani, levando em companhia os apóstolos Tiago, Pedro e João. Ali chegado, deixou os companheiros a uma curta distância e, indo um pouco mais além, prostrou-se em terra e formulou ardente prece a Deus, quando suplicou que se fosse possível passasse dele aquele cálice, acrescentando, no entanto, que prevalecesse a vontade do Pai e não a sua.
Após fazer a primeira rogativa, voltou ao lugar onde estavam os três apóstolos, encontrando-os dormindo. Acordou-os, dizendo: "Então nem uma hora pudestes vós velar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade o Espírito está pronto, mas a carne é fraca".
Fazendo a sua segunda prece, suplicando a mesma coisa ao Criador, voltou e novamente encontra os seus discípulos em profundo sono. Acordou-os e foi orar pela terceira vez. Voltando, disse aos Seus companheiros: "Dormi agora, e repousai; eis que é chegada a hora de o Filho do homem ser entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos" (Mateus 26:38-46).
Muita gente se surpreende com a fragilidade dos três apóstolos, dormindo assim tão profundamente num momento tão importante, deixando de secundar o Mestre em suas rogativas . . Alguns chegam a afirmar que eles foram influenciados por espíritos trevosos, interessados em ver malograda a missão de Jesus.
O evangelista Lucas (22:45) afirma que eles "dormiram de tristeza". Marcos e Mateus afirmam que "Seus olhos estavam pesados ". João, um dos que dormiram, narra apenas "que Jesus e os Sus discípulos se dirigiram a um horto, além do ribeiro de Cedron".
O Espírito Irmão X, no livro A Boa Nova, afirma que o sono dos Apóstolos, naquela hora cruciante, aconteceu para que o Mestre ensejasse um novo ensinamento: "que cada Espírito na Terra tem de ascender sozinho ao Calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados do mundo. O discípulo do futuro compreenderá que a sua marcha tem de ser solitária, uma vez que seus familiares e companheiros de confiança se entregam ao sono da indiferença."
Na realidade, o drama cruciante que se avizinhava teria de ser vivido unicamente por Jesus Cristo. Posteriormente, os três apóstolos. cada um de per si, se defrontariam com o batismo de fogo dos martírios, cada um deles também teria o seu calvário.
A História dá-nos conta de que Pedro e Tiago foram vítimas de morte violenta, apenas João experimentou o seu drama em prolongado e penoso exílio na ilha grega de Patmos, onde desencarnou em avançada idade.
O sono dos apóstolos, naquele momento extremo da oração do Horto, é bastante esquisito. Se eles acompanharam o Mestre a fim de secundá-Lo naquela hora, por que teriam sido acometidos de sono tão intenso: Influências de espíritos trevosos: Tristeza: Indiferença pela sorte do Cristo: Sono real?
Os três apóstolos. Pedro, Tiago e João, eram sempre os escolhidos para acompanharem o Mestre nos acontecimentos mais notáveis e marcantes de Seu messiado. Eram criaturas dotadas de mediunidade em grau mais elevado que os demais apóstolos, por isso, puderam presenciar os fenômenos acontecidos no alto do Monte Tabor, quando Jesus se transfigurou, Seu rosto tornou-se resplandencente como a luz e as Suas vestes brancas como a neve, surgindo ali os Espíritos - Moisés e Elias -, simbolizando as leis e os profetas, com Ele confabulando.
Sendo portadores de mediunidade, isso foi o fator básico que levou o Mestre a convocá-los para a prece da hora extrema, quando rogou ao Pai que, se possível, evitasse que fosse tragado o cálice da amargura do sacrifício do Calvário no que, aliás, não foi atendido, pois o Seu martírio no madeiro infamante era imprescindível para que se consumasse a consagração da Sua doutrina de paz e de amor entre os homens.
E bem provável que, sendo Espíritos de ordem elevada, tenham adormecido para livrarem-se do corpo denso, a fim de melhor poderem assistir o Mestre, pois é estranho que todos os três, simultaneamente, tenham experimentado o mesmo fenômeno do sono, quando sabiam, de antemão, que a ida ao Horto representava uma responsabilidade a mais no desempenho do grandioso apostolado.
O Mestre, dirigindo-se aos apóstolos, falou em "orar e vigiar, para não entrar em tentação". De fato, espíritos trevosos, encarnados e desencarnados, tinham grande interesse em fazer com que o Cristo fosse banido da Terra de qualquer forma, animando Judas Iscariotes a denunciar o lugar onde Ele estava, o que foi consumado mediante o pagamento de trinta moedas de prata. Eles não podiam admitir que alguém perturbasse o intento, por isso atuaram sobre os três apústolos fazendo com que dormissem. Era uma força a menos a pleitear que o Mestre permanecesse no mundo.
O evangelista João, discorrendo sobre a última oração de Jesus, sustenta que o Mestre, angustiado, exclamou: "Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora. Mas para isso vim a esta hora" (João 12: 27) . Isto confirma o que temos sempre escrito, que o episódio do Calvário teria de ser inapelavelmente consumado, pois que ele representou a glorificação do Cristo e de Sua obra.
Logo após haver pronunciado essas palavras, os que estavam presentes ouviram uma voz retumbante, que disse, em resposta à solicitação do Mestre: "Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei" (João 12:28).
Paulo Alves Godoy

A Parábolas das Bodas. "(...)Jesus nada escreveu porque, de certo modo, escrever é estratificar, é petrificar a palavra na letra; e a palavra do Senhor é espírito e vida. Peçamos, pois, o auxílio dos mensageiros celestiais, incumbidos de reviver o divino Verbo em sua primitiva pureza, para que esse Verbo seja compreendido e assimilado por nós; roguemos que eles nos assistam e velem por nós fazendo-nos descobrir, através da letra que mata, o espírito que vivifica".(...)

A PARÁBOLA DAS BODAS

Palestra taquigrafada na Federação Espírita do Estado de São Paulo, em 4 de fevereiro de 1945.

Meus prezados Amigos e ouvintes. Graças ao Senhor, aqui estamos, reiniciando as nossas palestras domingueiras, (Vinícius foi o introdutor das Tertúlias Evangélicas, no horário dominical de 10:00 horas, que ainda hoje se"realizam na Federação Espírita do Estado de São Paulo),
as quais, como bem o sabeis, versam sempre sobre a palavra de Nosso Mestre, revivida em espírito e verdade.

Jesus nada escreveu porque, de certo modo, escrever é estratificar, é petrificar a palavra na letra; e a palavra do Senhor é espírito e vida. Peçamos, pois, o auxílio dos mensageiros celestiais, incumbidos de reviver o divino Verbo em sua primitiva pureza, para que esse Verbo seja compreendido e assimilado por nós; roguemos que eles nos assistam e velem por nós fazendo-nos descobrir, através da letra que mata, o espírito que vivifica.

Vamos comentar convosco a parábola das Bodas, notificada por dois evangelistas: Mateus e Lucas, respectivamente, nos capítulos 22 e 14. Ambos relatam a Parábola, cada um conforme os dados que coligiu, ou a impressão que teve no momento em que Jesus a proferiu. A letra tem para nós valor muito relativo. O que nos interessa é penetrar a moralidade, o ensinamento que essa semelhança encerra. É assim que os evangelistas a descrevem: "Então Jesus tomando a palavra, tornou a falar-lhes em parábolas, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; e enviou os servos a chamar os convidados para as bodas; mas eles não quiseram vir.
Depois enviou novamente seus emissários, dizendo: Ide e dizei aos convidados que tenho o meu jantar preparado; os bois e os cevados estão mortos, e tudo já disposto para a festa. Porém, eles não fazendo caso, foram, uns para o seu campo, outros para o seu negócio. Muitos ultrajaram e maltrataram os servos, dando mesmo a morte a alguns deles. E o rei, tendo notícia do que se passara, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, exterminou aqueles homicidas e as suas cidades. Em seguida, falou de novo aos servos: As bodas, em realidade, estão preparadas, mas os convidados não se mostraram dignos. Ide, agora, às saídas dos caminhos, e convidai para o banquete a todos que encontrardes. E os servos, saindo, ajuntaram os que foram encontrando — coxos, cegos, aleijados e pobres; tanto bons como maus.
E assim ficou cheio o salão nupcial. Então o rei entrou para inspecionar os convivas, vendo entre eles um que não vestia a túnica nupcial. Chegando-se a ele, disse-lhe: Amigo, como entraste aqui sem as vestes nupciais? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Atai-o de pés e mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos". (Mateus 22 e Lucas 14).

Esta parábola, como, aliás, todos os ensinamentos do Mestre contidos no Evangelho, só pode ser entendida mediante a assistência dos Espíritos de Luz, incumbidos, como já dissemos, de reviver a santa palavra do Cristo de Deus. E, particularemnte, esta parábola, só será devidamente compreendida em nossos arraiais, isto é, dentro da esfera da Terceira Revelação. Não porque sejamos privilegiados; pois nas Leis Divinas não há privilégios; estes colidem com a Justiça, e a Justiça preside a todas as Leis que regem os nossos destinos. Se dizemos que esta parábola só pode ser interpretada em nosso setor, é porque os demais credos rejeitam a ação do plano espiritual, encastelando-se dentro dos seus dogmas, impedindo, dessarte, que a luz das revelações penetre seus entendimentos e seus corações, impossibilitando os nossos irmãos maiores, que sabem mais do que nós, de cumprirem sua tarefa no sentido de nos impelirem para a frente, na senda da evolução.

Para penetrarmos na moralidade desta singela historieta, devemos começar transportando tudo que nela se encontra, do plano material para o espiritual. Trata-se de uma festa promovida pelo rei para solenizar o himeneu de seu filho. Ora, é sabido que, simbolicamente, Jesus se apresenta como esposo ou noivo, e a sua igreja (comunhão de crentes) como esposa ou noiva. Os Evangelhos reportam-se a essa figura em vários capítulos. Pois — meus Amigos — o que está em jogo, são, realmente, os esponsais do Cordeiro de Deus. Tal consórcio se verifica mediante a comunhão da Igreja de Cristo militante na Terra com a sua Igreja triunfante, sediada nas esferas celestiais. Esse consórcio se dá em virtude e cumprimento da promessa seguinte: Eu vos enviarei o Espírito da Verdade, o Consolador, o Parácleto, para que permaneça convosco e vos revele novos conhecimentos à medida que puderdes comportá-los; e, ainda mais, para que vos lembre e rememore as minhas palavras.

Para que a promessa supracitada se concretize no plano terreno, opera-se a comunhão entre nós, encarnados, e os Espíritos do Senhor que são encarregados de nos trazerem novas revelações, prosseguindo, assim, a obra de nossa redenção, que é obra de educação. A palavra que os mensageiros divinos nos trazem é viva. Entretanto em comunhão conosco difundem a sua vida em nossa vida, o que importa na fusão da Igreja de Cristo que encontra nas paragens celestiais com a sua Igreja terrena, representada pelos que aqui se encontram em luta com os defeitos e imperfeições ainda não vencidos e domados. Essa a verdadeira Eucaristia, porque a Eucaristia de Amor. Mediante esse banquete espiritual é que nós recebemos o pão da Vida que nutre o Espírito. São os mensageiros ou servos do Senhor que nos trazem o pão que vem do céu para nutrimento das nossas almas. O Espírito precisa alimentar-se como sucede com o corpo.

Se é certo que o nosso físico definha por falta de alimento adequado à sua natureza, também a nossa alma fraqueja e sucumbe às tentações se não for convenientemente sustentada com o pão celeste. O rei, promotor do banquete, enviou seus servos, em primeiro lugar, às pessoas gradas, chamando-as para as bodas. Dirão, talvez, mas não há referências a pessoas gradas na semelhança? Notemos, no entanto, que se trata de um festim real, e, nesse caso, o convite deve ser dirigido à elite social. É natural que seja assim. Ademais, vemos no decorrer dos acontecimentos desenrolados no banquete, que, ulteriormente, o convite passou a perder o cunho primitivo, generalizando-se indistintamente, atingindo a toda classe de indivíduos. Portanto, no princípio, o convite teve, de fato, caráter selecionado. no entanto, reza a passagem, as pessoas gradas não se mostraram dignas, não se colocaram à altura da distinção de que foram alvo; antes, desdenharam, levando ao ridículo o convite real.

E, ainda fizeram mais: ultrajaram os servos, os perseguiram dando a morte a alguns deles. E, nessa atitude de hostilidade se mantiveram mesmo após a insistência com que o convite foi reiterado. Indignado, então, o rei chama os servos e lhes diz. Em verdade o banquete está preparado, o que quer dizer que os esponsais vão seguir o seu curso. A festa não pode ser suspensa nem adiada: Ide, pois, e convidai a quanto encontrardes pelas vielas, becos e escaninhos mais ínvios: coxos, cegos, aleijados, bons e maus. E, assim, o salão ficou repleto, pois essa era a vontade do rei.

Ora, o que estamos vendo em tudo isso? Parece-nos bem claro que o banquete é, de fato, a comunhão entre o céu e a Terra. Os fenômenos espíritas constituem o convite. Primeiramente foram chamados a observá-los os mais capazes, isto é, os intelectuais, os portadores de títulos e pergaminhos. Essas manifestações do além prefiguram o primeiro convite que vem sendo dirigido pela misericórdia do Pai celestial, que deseja dar provas que afetem os sentidos, que emocionem, sobre a sobrevivência do homem; provas que atestem, de modo concreto, a continuidade da vida depois da morte do corpo. Os casos de cura pelo Astral, são, positivamente muito interessantes e dignos de serem meditados.

Ainda agora, em Pindamonhangaba, fizeram uma apendicetomia em presença de pessoas insuspeitas, lavrando-se ata minuciosa do acontecimento preternatural. O paciente foi radiografado antes e depois de operado, tendo as chapas revelado o órgão enfermo e sua ablação respectiva. Este caso, que tanta celeuma tem levantado, não é virgem, não é o único. Muitos outros da mesma natureza se verificaram, aqui e acolá. O Interventor do Maranhão, tendo notícia do que se deu em Pinda, veio, pela imprensa, declarar que ele também havia sido, em tempo, operado pelos Espíritos. E não será isso um apelo dirigido aos médicos, aos que cultivam a ciência e a arte de curar? Não será um convite dizendo: Vinde observar o que se está dando no terreno da medicina? Não se trata de frioleira, mas de algo importante para o bem da humanidade sofredora.

O nosso Estádio já é pequeno para conter o avultado número de pessoas que ali vão assistir aos jogos de futebol. O caso em apreço, convenhamos, é mais importante, visto como se trata de enfermo operado por um agente espiritual, um cirurgião que habitou este mundo há muitos anos. Não será caso para atrair a atenção dos esculápios, merecendo meticulosa análise e perquirição? Mas, a grande maioria dos médicos continua negando o fato consumado com o testemunho de seus próprios colegas. Um fato é sempre um fato, ainda mesmo que não possamos explicá-lo em suas minúcias e particularidades. Por que a classe médica não aceita o convite endereçado? Por que não abre os olhos da razão para que, tendo diante de si um doente, saiba que esse enfermo é um Espírito encarnado, e não somente uma máquina? O corpo é máquina, sim, mas máquina divina, instrumento através do qual a alma realiza sua evolução.

A Autoridade Médica a quem compete zelar pelo bem e pela saúde do povo, sabedora do acontecimento, declarou a priori não dar crédito, de vez que a operação fora realizada no escuro. Tanto mais maravilhosa se torna, a nosso ver, essa intervenção, precisamente por ter sido levada a efeito no escuro. Como se explica realizar-se uma intervenção cirúrgica às escuras? A escuridão é dos homens, das suas vaidades e das suas presunções. Os Espíritos do Senhor agem em terreno sempre banhado pelas claridades divinas. Os letrados costumam fechar-se às advertências do céu tornando-se impermeáveis a tal gênero de solicitações, o que justifica plenamente as sábias palavras do Divino Mestre: Pai, graças te dou porque revelas as tuas maravilhas aos simples e pequeninos,e as escondes dos sábios e dos prudentes. Em verdade, Deus não esconde de quem quer que seja suas revelações. Ele é Pai, e todo pai tem interesse em que seus filhos participem dos bens paternos. São os homens que, na sua soberba, se tornam intangíveis às graças divinas.

Existem obras admiráveis, de arte, de filosofia, prosa e verso chegadas até nós mediante a faculdade mediúnica de Francisco Cândido Xavier; farta messe de literatura, de boa literatura, porque não se trata apenas de pirotecnia da palavra mas de literatura que fala à razão e ao coração da humanidade, enriquecem aja vultosa biblioteca espírita. Entre essas produções temos "PARNASO DE ALÉM TÚMULO" enfeixando vasta coleção de versos dos maiores poetas brasileiros e portugueses. Não será isso tudo um convite dirigido aos poetas, aos literatos e homens de letras? Mas, como os médicos, os literatos, a seu turno, salvo raras e honrosas exceções, desdenham e ridicularizam o convite, cobrindo de opróbrio os inofensivos servos que, obedecendo a seu Senhor, lhes vêm trazer a divina mensagem.
Que culpa tem o Chico Xavier de ser ocupado nesse trabalho? De servirem-se dele para proclamar, em voz alta e bom som, esta transcendente verdade: a alma é imortal! Quando o corpo tomba ao sopro da morte, a alma permanece incólume, indestrutível, imortal porque eterna! O médico continua sendo médico, o poeta sendo poeta, o literato sendo literato! Nada obstante, por ser o hífen entre os dois planos — o terreno e o sideral, Chico Xavier tem suportado humilhações e vilipêndios. Foi mesmo, há pouco tempo, chamado à barra dos tribunais através de rumoroso processo cujo eco ainda perdura e como ele, foram, em tempo, também perseguidos Ignacio Bittencourt no Rio de Janeiro e Eurípedes Barsanulfo em Sacramento, Estado de Minas. Os servos, portadores do convite, são, pois maltratados como diz a Parábola.

Provado fica, outrossim, que os componentes da elite social, os primeiros a serem convidados, não se mostraram dignos do banquete. Diante, portanto, dessa obstinação e desse pouco caso, o rei resolveu tornar o convite amplo, sem mais restrições, estendendo-o a todas as camadas. Não são mais os líderes da ciência, da filosofia, das artes e da religião, os únicos contemplados. Mistificadores, homens da má fé, macumbeiros estão em atividade, estão em cena. E o que dizem os homens decentes, que não quiseram comparecer ao banquete? Eles responsabilizam o Espiritismo pela existência dos charlatães e macumbeiros. Mas, o Espiritismo é tão responsável por isso, como a medicina é responsável pela tuberculose, pela lepra, pelo câncer e outras mazelas que flagelam a humanidade.
A medicina diagnostica aquelas enfermidades, aponta os seus perigos, procura estudar as causas que as determinam. Ora, é exatamente isso que faz o Espiritismo com relação às influências perniciosas, de caráter psíquico, atraídas pelo mau procedimento e leviandade dos homens. O Espiritismo chama a atenção dos intelectuais para a fenomenologia astral dizendo que tais fenômenos devem ser estudados cuidadosamente a fim de prevenir os distúrbios e as perturbaçães espirituais. Mas os homens da elite continuam rejeitando o convite, permanecendo encastelados em suas vaidades. Porém, a despeito disso, o banquete continua seguindo os seus trâmites. O salão está cheio, porque os convivas, como diz a Parábola, foram catados nos becos e vielas, sem atender à classe a que pertencem.
O que é preciso é que o salão fique lotado, e que todos venham a saber que o mundo espiritual influi sobre o material. Desprezada a Eucaristia de Amor, rejeitada a comunhão com os distribuidores do pão do Espírito, temos que nos ver às voltas com os fenômenos suportando seus efeitos, desde a simples atuação até a completa possessão. É preciso que seja assim. Pelo amor ou pela dor. Menosprezado o convite do amor, surge o convite da dor. A cada um será dado segundo as suas obras. Após a sala repleta, diz a passagem que o rei fez uma vistoria nos convivas, encontrando ali um que não trajava a túnica nupcial. Então interrogou-o: Amigo, como entraste aqui sem as vestes apropriadas a este ato? A túnica em apreço era indispensável e de rigoroso uso nos esponsais, sendo fornecida pelo próprio rei. O interpelado, compreendendo a culpa, emudeceu, nada alegando em sua defesa. O rei, prosseguindo, chama os servos e ordena: Atai esse homem de pés e mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes. Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.

Realmente, é o que estamos vendo na esfera do mediunismo. Quanta gente sem escrúpulos serve-se da mediunidade para explorar; quantos indivíduos sem consciência do que estão fazendo, servem-se das coisas espirituais para fins inconfessáveis? Todavia, não é para se estranhar, de vez que foram convidados os coxos, aleijados e cegos morais encontrados nos becos mais esconsos. Como, pois, não aparecer alguém despido da túnica nupcial?

Termina a Parábola, dizendo: Muito são os chamados, mas poucos os escolhidos. O convite consta de um simples apelo. Corre, à revelia nossa, como também a organização do banquete. O que ocorre por conta de cada um de nós é ser escolhido, ou ser recusado; é nos elevarmos às regiões da luz ou sermos lançados nas trevas exteriores onde há lágrimas e imprecações. Este capítulo é bastante significativo. Há muita gente atada de pés e mãos, isto é, que não sabe para onde vai nem o que está fazendo; há também os que perderam a noção das realidades da vida, e indagam como Pilatos: Que é a verdade? Tais perturbações e tais confusões recaem sobre os que blasfemam da Eucaristia de Amor, profanando os seus arcanos. Aquilo que o homem semeia isso mesmo colherá. Deus é Amor, mas é também Justiça; e a sua Justiça age concomitantemente com o seu Amor.

Repetimos: O Espiritismo não criou os Espíritos, nem a mediunidade, nem a comunhão entre os dois planos de vida — o terreno e o astral, de vez que tudo isso sempre existiu. A Terceira Revelação observa, estuda e aponta os fatos que se relacionam com os problemas espirituais; proclama a imortalidade da alma, não como simples teoria, mas como verdade incontestável porque demonstrada. Sua finalidade primordial não é curar as enfermidades do corpo, mas sim as do Espírito. Portanto, fazemos ponto dirigindo o seguinte apelo aos homens da elite: Senhores médicos: Os Espíritos não pretendem usurparmos o campo da medicina terrena. Continuai medicando os vossos doentes, estudando a causa da enfermidade, procurando, como é de vosso dever, minorar as dores físicas da humanidade.
No entanto, ousamos afirmar que, nos desempenho do vosso sagrado mister, muito mais e melhor fareis quando evoluirdes da escola materialista para a espiritualista. Os Espíritos do Senhor jamais serão vossos concorrentes. Podeis, antes, contar com o seu auxílio e com a Graça do Senhor desde que vos façais merecedores.

Senhores beletristas: Prossegui em vosso labor intelectual embelezando a palavra, acepilhando as frases, elevando sempre mais alto a magia do verbo. Os Espíritos de Luz não concorrerão convosco fazendo sombra à vossa glória e ao vosso mérito. Antes encontrareis nas regiões luminosas do Além a fonte perene das mais belas inspirações.

Senhores sacerdotes: Permanecei em vossos postos anunciando o reino dos céus; porém, ao fazê-lo, erguei os vossos olhos e elevai as vossas aspirações acima do reino da Terra. Lembrai-vos de que é preciso exemplificar, pois a geração atual já pensa, medita e julga. Anunciai o Deus de misericórdia que é também de justiça, e não os deuses particularistas que cumulam de bênçãos estes e proscrevem e condenam aqueles. Anunciai o Pai Nosso, isto é, o Pai da humildade, sem restrições nem privilégios odiosos; o Pai que coloca todos os seus filhos em perfeita igualdade de direitos e de deveres. Os Espíritos não se imiscuirão em vossa seara senão para vos despertar a razão e a consciência no que respeita à imortalidade da alma e à consequente responsabilidade que a acompanhará onde quer que ela esteja.

Vinícius

Conhecendo o livro O Céu e o Inferno " Suicidas" parte 8

FÉLICIEN

Era um homem rico, instruído, poeta de espírito, possuidor de caráter são, obsequioso e ameno, de perfeita honradez.
Falsas especulações comprometeram-lhe a fortuna, e, não lhe sendo possível repará-la em razão da idade avançada, cedeu ao desânimo, enforcando-se em dezembro de 1864, no seu quarto de dormir.
Não era materialista nem ateu, mas um homem de gênio um tanto superficial, ligando pouca importância ao problema da vida de além-túmulo. Conhecendo-o intimamente, evocamo-lo, quatro meses após o suicídio, inspirados pela simpatia que lhe dedicávamos.
Evocação. - Choro a Terra na qual tive decepções, porém menores do que as experimentadas aqui. Eu, que sonhava maravilhas, estou abaixo da realidade do meu ideal. O mundo dos Espíritos é bastante promíscuo, e para torná-lo suportável fora mister uma boa triagem. Custa-me a crer. Que esboço de costumes espíritas se poderia fazer aqui! O próprio Balzac, estando no seu elemento, não faria tal esboço senão de modo rústico. Não o lobriguei, porém... Onde estarão esses grandes Espíritos que tão energicamente profligaram os vícios da Humanidade! Deviam eles, como eu, habitar por aqui antes de se alçarem a regiões mais elevadas. Apraz-me observar este curioso pandemônio, e assim fico por aqui.
    Nota - Apesar de o Espírito nos declarar que se acha numa sociedade assaz promíscua e, por conseguinte, de Espíritos inferiores, surpreendeu-nos a sua linguagem, dado o gênero de morte, ao qual, aliás, não faz qualquer referência. A não ser isso, tudo mais refletiu seu caráter. Tal circunstância deixava-nos em dúvida sobre a identidade.
- P. Tende a bondade de nos dizer como morrestes... - R. Como morri? Pela morte por mim escolhida, a que mais me agradou, sendo para notar que meditei muito tempo nessa escolha com o intuito de me desembaraçar da vida. Apesar disso, confesso que não ganhei grande coisa: - libertei-me dos cuidados materiais, porém, para encontrá-los mais graves e penosos na condição de Espírito, da qual nem sequer prevejo o termo.
- P. (ao guia do médium). O Espírito em comunicação será efetivamente o de Félicien? Esta linguagem, quase despreocupada, torna-se suspeita em se tratando de um suicida...
- R. Sim. Entretanto, por um sentimento justificável na sua posição, ele não queria revelar ao médium o seu gênero de morte. Foi por isso que dissimulou a frase, acabando no entanto por confessá-lo diante da pergunta direta que lhe fizestes, e não sem angústias. O suicídio fá-lo sofrer muito, e por isso desvia, o mais possível, tudo o que lhe recorde o seu fim funesto.
- P. (ao Espírito). A vossa desencarnação tanto mais nos comoveu, quanto lhe prevíamos as tristes conseqüências, além da estima e intimidade das nossas relações. Pessoalmente, não me esqueci do quanto éreis obsequioso e bom para comigo. Seria feliz se pudesse testemunhar-vos a minha gratidão, fazendo algo de útil para vós.
- R. Entretanto, eu não podia furtar-me de outro modo aos embaraços da minha posição material. Agora, só tenho necessidade de preces; orai, principalmente, para que me veja livre desses hórridos companheiros que aqui estão junto de mim, obsidiando-me com gritos, sorrisos e infernais motejos. Eles chamam-me covarde, e com razão, porque é covardia renunciar à vida. É a quarta vez que sucumbo a essa provação, não obstante a formal promessa de não falir... Fatalidade!... Ah! Orai... Que suplício o meu! Quanto sou desgraçado! Orando, fazeis por mim mais que por vós pude fazer quando na Terra; mas a prova, ante a qual fracassei tantas vezes, aí está retraçada, indelével, diante de mim! E preciso tentá-la novamente, em dado tempo... Terei forças? Ah! recomeçar a vida tantas vezes; lutar por tanto tempo para sucumbir aos acontecimentos, é desesperador, mesmo aqui! Eis por que tenho carência de força. Dizem que podemos obtê-la pela prece... Orai por mim, que eu quero orar também.
    Nota - Este caso particular de suicídio, posto que realizado em circunstâncias vulgares, apresenta uma feição especial. Ele mostra-nos um Espírito que sucumbiu muitas vezes à provação, que se renova a cada existência e que renovará até que ele tenha forças para resistir.
    Assim se confirma o fato de não haver proveito no sofrimento, sempre que deixamos de atingir o fim da encarnação, sendo preciso recomeçá-la até que saiamos vitoriosos da campanha.
Ao Espírito do Sr. Félicien. - Ouvi, eu vo-lo peço, ouvi e meditai sobre as minhas palavras. O que denominais fatalidade é apenas a vossa fraqueza, pois se a fatalidade existisse o homem deixaria de ser responsável pelos seus atos. O homem é sempre livre, e nessa liberdade está o seu maior e mais belo privilégio. Deus não quis fazer dele um autômato obediente e cego, e, se essa liberdade o torna falível, também o torna perfectível, sem o que somente pela perfeição poderá atingir a suprema felicidade. O orgulho somente pode levar o homem a atribuir ao destino as suas infelicidades terrenas, quando a verdade é que tais infelicidades promanam da sua própria incúria. Tendes disso um exemplo bem patente na vossa última encarnação, pois tínheis tudo que se fazia preciso à felicidade humana, na Terra: espírito, talento, fortuna, merecida consideração; nada de vícios ruinosos, mas, ao contrário, apreciáveis qualidades... Como, no entanto, ficou tão comprometida a vossa posição? Unicamente pela vossa imprevidência. Haveis de convir que, agindo com mais prudência, contentando-vos com o muito que já vos coubera, antes que procurando aumentá-lo sem necessidade, a ruína não sobreviria. Não havia nisso nenhuma fatalidade, uma vez que podíeis ter evitado tal acontecimento. A vossa provação consistia num encadeamento de circunstâncias que vos deveriam dar, não a necessidade, mas a tentação do suicídio; desgraçadamente, apesar do vosso talento e instrução, não soubestes dominar essas circunstâncias e sofreis agora as conseqüências da vossa fraqueza.
Essa prova, tal como pressentis com razão, deve renovar-se ainda; na vossa próxima encarnação tereis de enfrentar acontecimentos que vos sugerirão a idéia do suicídio, e sempre assim acontecerá até que de todo tenhais triunfado.
Longe de acusar a sorte, que é a vossa própria obra, admirai a bondade de Deus, que, em vez de condenar irremissivelmente pela primeira falta, oferece sempre os meios de repará-la.
Assim, sofrereis, não eternamente, mas por tanto tempo quanto reincidirdes no erro. De vós depende, no estado espiritual, tomar a resolução bastante enérgica de manifestar a Deus um sincero arrependimento, solicitando instantemente o apoio dos bons Espíritos. Voltareis então à Terra, blindado na resistência a todas as tentações Uma vez alcançada essa vitória, caminhareis na via da felicidade com mais rapidez, visto que sob outros aspectos o vosso progresso é já considerável. Como vedes, há ainda um passo a franquear, para o qual vos auxiliaremos com as nossas preces. Estas só serão improfícuas se nos não secundardes com os vossos esforços.
- R. Oh! obrigado! Oh! obrigado por tão boas exortações. Delas tenho tanto maior necessidade, quanto sou mais desgraçado do que demonstrava. Vou aproveitá-las, garanto, no preparo da próxima encarnação, durante a qual farei todo o possível por não sucumbir. Já me custa suportar o meio ignóbil do meu exílio. Félicien.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 112

 

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Aqui vamos falar da ordem dos Espíritos puros, almas que já passaram por todas as escalas, que já subiram a escada de Jacó e gozam da felicidade sem mácula, da tranqüilidade de consciência imperturbável. Já reuniram toda as experiências e são dotados da mais pura moral, da mais profunda filosofia e da mais elevada ciência; têm domínio sobre todas as coisas e a natureza lhes obedece, por conhecerem todas as leis que governam e dirigem a criação. Não estão sujeitos mais a reencarnação na Terra; entretanto, se porventura, alguns deles tiver que vir animar um corpo físico por vontade do Criador, está sempre disposto a cumprir a vontade de Deus. Seu nascimento às vezes se reveste de condições especiais ou situações de paranormalidade, que o homem comum não pode entender, por lhe faltarem, ainda, sentidos e discernimento sobre esse campo elevado.
Todas as leis dos homens vão ceder lugar à única lei, que se chama Fraternidade. Quando o alicerce for esse, seremos realmente todos irmãos, não somente nas palavras, mas também na vivência, respirando o ar onde sopra o vento do Amor, fazendo desaparecer todas as exigências, para que o bem verdadeiro domine todos os corações. Para a Terra chegar a ser morada de Espíritos puros, é necessário que mude muita coisa, e serão essas mudanças que irão atraí-los, de maneira que o bem se instale no planeta, o paraíso, onde o mal não caiba mais. Para tanto, devemos trabalhar todos os dias, movimentando todos os companheiros de boa vontade, esquecer melindres, perdoar a todos os momentos que forem preciso e orar constantemente, para não cairmos em faltas que possam nos desviar dos objetivos de Nosso Senhor Jesus Cristo; aquele de “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos’’. Os Espíritos puros gozam de inalterável felicidade, e a nossa maior alegria é de algum dia chegar lá e viver com eles”.
Miramez

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 111

 

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Orientam os homens de ideal elevado, mas silenciam junto àqueles que alimentam a curiosidade, deixando que os iguais se atraiam. Limitam sempre as revelações para a Terra, para que não cheguem até os homens verdades que eles ainda não suportam. São cautelosos, no que tange às manifestações do mundo espiritual; o visual pode perturbar aqueles que não estão preparados para tal. Empenham-se em divulgar, no seio da sociedade, o livro nobre e ajudam na educação das criaturas, tendo grande interesse na melhoria espiritual dos povos. Sabem que as guerras são escândalos necessários ao tipo espiritual que se encontra na Terra, mas trabalham para que elas desapareçam do mundo e sabem que, no futuro, se instalará no planeta o verdadeiro Reino dos Céus, onde o Amor, a Caridade e a ciência espiritual dominem todas as nações, onde a fraternidade legítima seja qual o ar, que sopra em todas as direções e não falta para nenhum vivente, esteja ele onde estiver. Sabem que as religiões, mesmo divididas por ideais, se confundirão pelo sinal do Amor, aquele Amor que Jesus ensinou e viveu.
  Miramez

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 110

 
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Miramez

Aprendendo com o livro dos Espíritos questão 109

 
 
Os Espíritos sábios possuem amplos conhecimentos, entretanto, dedicam-se mais à ciência do que ao desenvolvimento moral, utilizando seus conhecimentos científicos sempre no sentido prático. São Espíritos já desligados da matéria que, quando encarnados, dão exemplo de serenidade em todos os aspectos da vida, amando as criaturas pelo prazer de amar. Estão completamente desligados da belicosidade, ao contrário de Espíritos malfeitores, que fazem das guerras o próprio alimento, e as têm em suas vidas como honra para a nação a que pertencem; o que para os Espíritos impuros, orgulhosos e egoístas, pode dar origem até a uma revolução, a eles não provoca reações de desatino. A sua maior grandeza é o desprendimento, por conhecer que tudo pertence a Deus e que tudo o que usamos é por empréstimo e misericórdia divina. São conscientes dessas verdades e vivem mais ou menos felizes, conhecendo que o saber é luz inextinguível na vida da alma.
Os sábios são dotados da facilidade de liberar as raças para uma vida melhor, onde o bem possa crescer e a fraternidade dominar os corações. Eles preocupam-se menos com as condições morais das criaturas e dedicam-se a estas com intensidade, benevolência, cordialidade e tolerância. Acham que a moral se amolda ao tempo e é conseqüência da sabedoria. Entendem que a mente educada na linha do saber supera todas as atividades, mesmo que essas sejam contrárias às regras estabelecidas pelas religiões. Não são muito dados às regras da moralidade, na função que os homens se empenham em pregar aos outros, pelas teorias. Quase sempre não pertencem a grupos religiosos e não gostam de ler livros de tais fontes. Quando desencarnados, procedem do mesmo modo, mas, o tempo, pelas mãos de Deus, os ia colocando nas faixas da superioridade, ganhando amplitude no mundo que concerne à universalidade. Essa definição de sábio foge em muitos casos às regras e encontramos muitos sábios que se tornam Espíritos benevolentes, ganhando a superioridade com rapidez.

Miramez

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 108