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sábado, 10 de abril de 2021

EU VENCI O MUNDO: O poder da carne é sempre precário. A vitória do número e das armas é ilusória, efêmera e bastarda. Só o Espírito vence em definitivo, pelo amor e pela dor, com altruísmo e nobreza. O seu triunfo, uma vêz alcançado, consolida-se na eternidade. Jamais oscila nas bases em que se assenta. Sua superioridade se revela em todo o terreno, mesmo naquele que parece inadequado à sua manifestação.[....] Jesus venceu com a verdade, triunfou pelo amor. Felizes daqueles que já perceberam em sua mente e sentiram em seu coração esse acontecimento"






EU VENCI O MUNDO

Jesus, conforme atestam os fatos que com Ele se passaram, sucumbiu no madeiro infamante após haver suportado uma série de afrontas, insultos e flagelações. Os seus o abandonaram; as autoridades civis, cedendo às imposições da clerezia, arrastaram-no ao patíbulo da cruz, depois de publicamente açoitado.

Não obstante, ou apesar disso, o Filho de Deus ousa afirmar categoricamente: Eu venci o mundo! Como, Senhor, se o mundo tripudiou sobre ti e o teu Verbo? Que singular vitória é essa que proclamas? Como devemos entendê-la?

Sim, Mestre e Senhor, realmente venceste, como jamais alguém soube vencer com tamanha glória. Teu objetivo nunca foi o extermínio dos teus adversários, por isso que eles, nas trevas em que se achavam, não sabiam o que faziam.

Os mesmos sacerdotes, que foram os teus ferozes inimigos, não podiam compreender-te, dentro do materialismo religioso em que viviam. O povo aproximava-se de ti atraído pelos benefícios materiais que distribuías.
Ignorava, por completo, quem eras e qual a missão que vinhas desempenhar na Terra. Estavas, portanto, isolado no seio duma geração ignara, adúltera e incrédula. Tudo isso não constituía surpresa nem novidade, pois de tudo tinhas pleno conhecimento.

A materialidade própria e inerente aos mundos expiatórios reinava infrene entre os habitantes deste orbe. Só uma razão, um poder e um direito os homens conheciam: a força.

Competia-te ensinar-lhes, pela palava e pelo exemplo, a descobrir o poder por excelência, a força nobre e soberana que sobrepuja todas as manifestações de valor e fortaleza, expressas no número e nas armas: a força da Verdade e o poder do Amor, que, entrelaçados, representam o reduto inexpugnável do Espírito. 

Para lograres êxito no desempenho do programa que a ti próprio te traçaras, só havia um meio: a renúncia progressiva de ti mesmo, culminando com o sacrifício! Assim o fizeste, atingindo, em cheio, o alvo colimado. Portanto, venceste de fato, triunfaste em toda a linha, podendo, com justeza, proclamar a tua incomparável vitória, dizendo: Eu venci o mundo!

O poder da carne é sempre precário. A vitória do número e das armas é ilusória, efêmera e bastarda. Só o Espírito vence em definitivo, pelo amor e pela dor, com altruísmo e nobreza. O seu triunfo, uma vêz alcançado, consolida-se na eternidade. Jamais oscila nas bases em que se assenta. Sua superioridade se revela em todo o terreno, mesmo naquele que parece inadequado à sua manifestação.

A prova desta assertiva deu a Jesus sobejamente no momento em que, apresentando-se à corte romana, que o procurava no Jardim das Oliveiras, disse: Aqui estou ! Ao proferir, porém, esta frase, exteriorizou o fulgor do seu Espírito a cujo desusado brilho caíram por terra os quadrilheiros, de armas em punho!

Só depois que a Luz do Mundo se encobriu no seu envoltório, é que a soldadesca logrou voltar a si, prendendo o indigitado criminoso. Jesus, pois, não foi capturado: entregou-se voluntariamente à prisão. Um só instante de irradiação da sua potência espiritual fora bastante para demonstrar cabalmente a inanidade de todo o poderio de César, caso o humilde Cordeiro de Deus quisesse prevalecer-se da sua imensa reserva psíquica.

E não se diga que Jesus dissimulou, deixando de usar em sua defesa tamanha força. Como Mestre, o que lhe interessava era exemplificar.

A edificante exemplificação aí está, para os que têm olhos de ver e inteligência capaz de assimilar o que ela significa. O poder verdadeiro reside no Espírito, como resultado do conhecimento adquirido. Jesus manejava os próprios elementos, porque conhecia as leis que os regem sob todas as suas particularidades.

Para Ele não há mistérios na Natureza, nem segredos inescrutáveis no coração dos homens. Seu poder está na razão direta do seu saber. Suas obras dizem o grau da sua evolução intelectual e moral. A maior demonstração de sua grandeza está em fazer-se pequeno, sendo grande; insipiente, sendo sábio; fraco, sendo forte; vencido, sendo vencedor!

A convicção íntima do próprio valor torna o indivíduo paciente, tolerante e longânimo. A Verdade não tem pressa. O amor tudo suporta, tudo espera, tudo sofre.

Jesus venceu com a verdade, triunfou pelo amor. Felizes daqueles que já perceberam em sua mente e sentiram em seu coração esse acontecimento, o maior por certo e o mais significativo que a história humana registrou em suas páginas, por isso que é a vitória do Espírito sobre a carne, da Vida sobre a morte!

Autor : Vinícius
Na Escola do Mestre

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O ADOLESCENTE E O SUICÍDIO





Não conseguindo a auto-identificação mediante o processo de educação a que se encontra submetido, ou portador de um distúrbio psicótico maníaco-depressivo que não conseguiu superar, ou experimentando frustrações decorrentes de conflitos íntimos, o adolescente imaturo opta pela solução adversa do suicídio.
Sem estrutura emocional para enfrentar os imperativos psicossociais, ou mesmo os desafios dos relacionamentos interpessoais, ou aturdido pelas seqüelas das drogas aditivas, ou empurrado a plano secundário no lar, o adolescente parece não encontrar caminho que deva ser percorrido, tombando no autocídio infame, de conseqüências, infelizmente imprevisíveis e estarrecedoras.
Ignorando a realidade da vida na sua magnitude e profundidade, procura solucionar os problemas normais, pertinentes ao seu crescimento, da maneira mais absurda, que é a busca da morte, em cujo campo ressurge vivo, agora sob a carga insuportável da ocorrência elegida para fugir, do combate, que o elevaria a estágio superior de conhecimento e de auto-realização.
A existência corporal é enriquecedora, exatamente por ser constituída de ocorrências, às vezes, antagônicas, que aparentemente se chocam, quando em realidade se completam, quais sejam a alegria e a tristeza, a saúde e a enfermidade, o êxito e o fracasso, a conquista e a perda, o bem e o mal, que se harmonizam em fascinantes mosaicos de experiências, resultando em vivências positivas pelo processo de atravessar e conhecer as diferentes áreas do mecanismo da evolução. Não houvesse esses fenômenos díspares e nenhum sentido existiria na metodologia do conhecimento, por faltar a participação ativa nos acontecimentos que fazem o cotidiano.
A desinformação a respeito da imortalidade do ser e da reencarnação responde pela correria alucinada na busca do suicídio, com a proposta de encontrar nele solução para as dificuldades que são ensanchas de progresso, sem as quais se permaneceria estacionado no patamar em que se transita. E essa falta de esclarecimento é maior no período infanto-juvenil, como compreensível, facultando a fuga hedionda da existência carnal, rumando para a tragédia da continuação da experiência que se desejou abandonar, agora piorada pelos efeitos trágicos da ação infeliz, que aumenta o fardo de desar, exatamente por causa do alucinado e covarde gesto de fuga.
O ser humano está fadado à glória estelar, que deverá conquistar a esforço pessoal, galgando cada degrau que o leva às alturas com o esforço próprio, mediante o qual se aprimora e consegue superar-se. Toda ascensão provoca reações com­patíveis com o estágio que se alcança, exigindo renovação de forças, ampliação de resistência para conseguir os cumes anelados. É natural, portanto, que surjam impedimentos que se apresentam como testes de avaliação, que selecionam aqueles que se encontram mais bem dotados e fortalecidos para o êxito.
Desistência é prejuízo na economia da auto-realização e fuga é desastre no empreendimento da evolução, que ninguém consegue sem grandes prejuízos.
No período de infância e de adolescência, o ser forma o caráter sob as heranças das reencarnações anteriores, que se expressam, nem sempre de forma feliz, produzindo, às vezes, choques e dores que devem ser atenuados, canalizados pela educação, pelos exercícios moralizadores, até que se fixem as disposições definidoras do rumo feliz. Nunca, porém, a caminhada se dará sem dificuldade, sem tropeço, sem esforço. Quem alcança uma glória sem luta, não é digno dela.
O suicídio brutal, violento, é crueldade para com o próprio ser. No entanto, há também o indireto, que ocorre pelo desgastar das forças morais e emocionais, das resistências físicas no jogo das paixões dissolventes, na ingestão de alimentos em excesso, de bebidas alcoólicas, do fumo pernicioso, das drogas aditícias, das reações emocionais rebeldes e agressivas, do comportamento mental extravagante, do sexo em uso exagerado, que geram sobrecargas destrutivas nos equipamentos físicos, psicológicos e psíquicos...
O materialismo, que infelizmente grassa, sem qualquer disfarce, na sociedade, que se apresenta em grupos religiosos, salvadas as naturais exceções, coloca suas premissas no comportamento das pessoas e as propele para a conquista hedonista, para o gozo material exclusivo, empurrando as suas vítimas para as fugas alucinantes, quando os propósitos anelados não se fazem coroar pelos resultados esperados.
O adolescente, vivendo nesse clima de lutas acerbas e não havendo recebido uma base moral de sustentação segura, na vida física vê somente a superficialidade, o prazer mentiroso, a ilusão que comandam os comportamentos de todos, em terríveis campeonatos de loucura.
Desfilam os líderes da aberração nos carros do triunfo enganoso, e muitos deles, não suportando a coroa pesada que os verga, são tragados pela overdose das drogas do desespero, que os retira do corpo mais dementados e atônitos do que antes se encontravam.
Noutros casos, são consumidos pelas viroses irreversíveis, especialmente pela Síndrome de imunodeficiência adquirida, que os exaure e consome a pouco e pouco, tornando-os fantasmas desprezíveis e aparvalhantes para aqueles mesmos que antes os endeusavam, imitavam e buscavam a sua convivência a peso de ouro e de mil abjeções.
O adolescente, cuja formação padece constantes alterações comportamentais, necessitando de apoio e de diretriz emocional, desejando viver experiências adultas, sem alicerces psicológicos de segurança, naufraga, sem forças, arrastado pelas poderosas correntezas dos grupos sociais, nos quais transita, grupos esses, quase sempre, constituídos por enfermos e desestruturados quanto ele próprio.
Quando o lar se tornar escola de real educação, e a escola se transformar em lar de formação moral e cultural, a realidade do Espírito fará parte das suas programações éticas, sem o caráter impositivo de doutrina religiosa compulsivo-obsessiva, porém com a condição de disciplina educativo-moralizadora que é, da qual ninguém se poderá evadir ou simplesmente ignorar, então o suicídio na adolescência cederá lugar à resistência espiritual para enfrentar as vicissitudes e os desafios, mediante amadurecimento íntimo e compreensão dos valores éticos que constituem a vida.
Através de uma visão correta sobre a realidade do ser, do seu destino, dos seus objetivos na Terra, o adolescente aprenderá a esperar, semeando e cuidando da gleba na qual prepara o futuro, a fim de colher os frutos especiais no momento próprio, frutos esses que não lhe podem chegar antes do tempo.
Descartando-se as impulsões autodestrutivas, que resultam de psicopatologias graves, mas que também podem ser devidamente tratadas, as ocorrências que levam ao suicídio na adolescência serão sanadas, e se alterará a paisagem emocional do jovem, a fim de que ele desenvolva o seu processo reencarnatório em paz e esperança, ganhando conhecimentos, adquirindo sabedoria e construindo o mundo novo no qual o amor predominará, a infância e a juventude receberão os cuidados que merecem na sua condição de perenes herdeiros do futuro.

Fonte: Adolescência e Vida / Joana de Angelis

domingo, 30 de março de 2014

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 148


148. Não é estranho que o materialismo seja uma conseqüência de estudos que deveriam, ao contrário, mostrar ao homem a superioridade da inteligência que governa o mundo? Deve-se concluir que esses estudos são perigosos?
— Não é verdade que o materialismo seja uma conseqüência desses estudos. É o homem que deles tira uma falsa conseqüência, pois ele pode abusar de tudo, mesmo das melhores coisas. O nada, aliás, os apavora mais do que eles se permitem aparentar, e os espíritos fortes são quase sempre mais fanfarrões do que valentes. A maior parte deles são materialistas porque não dispõem de nada para preencher o vazio. Diante desse abismo que se abre ante eles, mostrai-lhes uma tábua de salvação, e a ela se agarrarão ansiosamente.
Por uma aberração da inteligência, há pessoas que não vêem nos seres orgânicos nada mais que a ação da matéria, e a esta atribuem todos os nossos atos. Não vêem no corpo humano senão a máquina elétrica; não estudaram o mecanismo da vida senão no funcionamento dos órgãos; viram-na extinguir-se muitas vezes pela ruptura de um fio, e nada mais perceberam além desse fio; procuraram descobrir o que restava, e como não encontraram mais do que a matéria inerte, não viram a alma escapar-se e nem puderam pegá-la, concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria, e que, portanto, após a morte, o pensamento se reduz ao nada. Triste conseqüência, se assim fosse: porque então o bem e o mal não teriam sentido, o homem estaria certo ao não pensar senão em si mesmo e ao colocar acima de tudo a satisfação dos prazeres materiais; os laços sociais estariam rompidos e os mais santos afetos destruídos para sempre. Felizmente, essas idéias estão longe de ser generalizadas; pode-se mesmo dizer que estão muito circunscritas, não constituindo mais do que opiniões individuais, porque em parte alguma foram erigidas em doutrina. Uma sociedade fundada sobre essa base traria em si mesma os germes da dissolução, e os membros se despedaçariam entre si, como animais ferozes.
O homem tem instintivamente a convicção de que tudo não se acaba para ele com a vida; tem horror ao nada; é em vão que se obstina contra a idéia da vida futura, e quando chega o momento supremo, são poucos os que não perguntam o que deles vai ser, porque a idéia de deixar a vida para sempre tem qualquer coisa de pungente. Quem poderia, com efeito, encarar com indiferença uma separação absoluta e eterna de tudo o que ama? Quem poderia ver, sem terror, abrir-se à sua frente o imenso abismo do nada, pronto a tragar para sempre todas as nossas faculdades, todas as nossas esperanças, e ao mesmo tempo dizer: — Qual! Depois de mim, nada, nada, nada mais que o nada; tudo se apagará da memória dos que sobreviverem a mim; dentro em breve nenhum traço haverá de minha passagem pela terra; o bem mesmo que eu fiz será esquecido pelos ingratos a quem servi; e nada para compensar tudo isso, nenhuma perspectiva, a não ser a do meu corpo devorado pelos vermes!
Este quadro não tem qualquer coisa de horroroso e de glacial? A religião nos ensina que não pode ser assim, e a razão o confirma. Mas uma existência futura, vaga e indefinida, nada tem que satisfaça o nosso amor do positivo. E é isso que, para muitos, engendra a dúvida. Está certo que tenhamos uma alma; mas o que é a nossa alma? Tem ela uma forma, alguma aparência? É um ser limitado ou indefinido? Dizem alguns que é um sopro de Deus; outros, que é uma centelha, outros, uma parte do Grande Todo, o princípio da vida e da inteligência. Mas o que é que tudo isso nos oferece? Que nos importa ter uma alma, se depois da morte ela se confunde com a imensidade, como as gotas d'água no oceano? A perda da nossa individualidade não é, para nós, o mesmo que o nada? Diz-se ainda que ela é imaterial. Mas uma coisa imaterial não pode ter proporções definidas, e para nós equivale ao nada. A religião nos ensina também que seremos felizes ou desgraçados, segundo o bem ou o mal que tenhamos feito. Mas qual é esse bem que nos espera no seio de Deus? É uma beatitude, uma contemplação eterna, sem outra ocupação que a de cantar louvores ao Criador? As chamas do inferno são uma realidade ou apenas um símbolo? A própria Igreja as compreende nesse último sentido; mas, então, que sofrimentos são esses? Onde se encontra o lugar de suplício? Em uma palavra, o que se faz e o que se vê, nesse mundo que nos espera a todos?
Ninguém, costuma-se dizer, voltou de lá para nos dar conta do que existe. Isto, porém, é um erro, e a missão do Espiritismo é precisamente a de nos esclarecer sobre esse futuro, a de nos fazer, até certo ponto, vê-lo e tocá-lo, não mais pelo raciocínio, mas através dos fatos. Graças às comunicações espíritas, isto não é mais uma presunção, uma probabilidade sobre a qual cada um pinta à vontade, que os poetas embelezam com suas ficções ou enfeitam de imagens alegóricas que nos seduzem. É a realidade que nos mostra a sua face, porque são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm contar a sua situação, dizer-nos o que fazem, permitir-nos assistir, por assim dizer, a todas as peripécias da sua nova vida, e, por esse meio, nos mostram a sorte inevitável que nos está reservada, segundo os nossos méritos ou os nossos delitos. Há nisso alguma coisa de anti-religioso? Bem pelo contrário, pois os incrédulos aí encontram a fé, e os tíbios uma renovação do fervor e da confiança. O Espiritismo é o mais poderoso auxiliar da religião. E se assim acontece é porque Deus o permite, e o permite para reanimar as nossas esperanças vacilantes e nos conduzir ao caminho do bem, pelas perspectivas do futuro.

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Comentários do Livro Filosofia Espírita volume 3 por Miramez:


46. O ESTUDO E O PROGRESSO
0148/LE
O estudo sério não leva o homem ao materialismo; pelo contrário, quem pesquisa com sinceridade a vida, encontra a verdade. E para provar o que mencionamos, podemos constatar,nos bastidores da História Universal, maior quantidade de sábios espiritualistas do que o contrário. O homem de inteligência, frio no que toca ao Espírito, às vezes teme a pesquisa, ou
lhe falam mais alto o orgulho e a vaidade; não pode aceitar que alguém invisível esteja lhe inspirando a fazer algo de especial no que refere à
humanidade. Não sabe ele que ninguém descobre nada; tudo já se encontra às vistas de tod os, tudo já se encontra feito por Deus na programação universal da vida. Somos apenas instrumentos da Sua bondade, e muitas
descobertas feitas no mesmo instante em vários pontos do globo, por homens diferentes,provam esta afirmativa.
As verdades estão disseminadas, como que escritas nos fluídos cósmicos oriundos deDeus. O nosso progresso é filho do estudo permanente. Assim, Deus nos fez e nos ajuda acompreender Suas leis espirituais e eternas. Os homens que estudam e continuam a negar as suas procedências desvalorizam a si mesmos, mas, nem por isso deixam de ser eternos, na
eternidade do Criador. O tempo falar-lhes-á mais alto e, com a cooperação desse tempo,haverão de sentir e agradecer o despertamento para
a vida imortal. Futuramente, serão os mais sinceros propagadores desta verdade absoluta, da existência de Deus e da continuação
da vida.
No que tange à reencarnação, é o mesmo homem negando porque, sendo sábio do mundo e da nobreza reconhecida pela Terra, não dese
ja voltar a ela como um desconhecido.
Quer, mesmo sendo sábio, repetir o ato da criança quando faz um malfeito: esconder-se atrás da porta para não ser visto pelos pais. Ficará pres
o pelas suas próprias idéias até descobrir a verdade que o libertará da ignorância que o iludiu por tanto tempo.
É certo que o homem sem instrução pode possuir mais fé que o douto, por lhe faltar mais conhecimento e viver mais pela credibilidade.
A razão é, pois, uma transição perigosa em cada criatura, que ele quase sempre usa para o negativismo até a maturidade, quando começa
a surgir à intuição divina, fundindo na consciência a certeza da luz e a confiança nos poderes superiores.
A razão é falha, quando aparece o Espírito investido em modalidades diferentes do que é a matéria. É a mesma matéria quintessenciada, sob
as bênçãos de Deus. É o progresso da alma senão o despertamento, ascendendo para a Luz maior. É Deus em nós e nós em Deus,
sentindo a respirando a glória da vida.
Quem já despertou para a existência da alma, confirmada pela fé, não pode ser atingido pelas influências do materialismo e deixa Deus confirmar-se em seu coração pela presença do Cristo e vive com a consciência inundada de alegria e o coração irradiando amor.


Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 147


Capítulo II
III - Materialismo
147. Por que os anatomistas, os fisiologistas, e em geral os que se aprofundam nas Ciências Naturais, são geralmente levados ao materialismo?
— O fisiologista refere tudo ao que vê. Orgulho dos homens, que tudo crêem saber, não admitindo que alguma coisa possa ultrapassar o seu entendimento. Sua própria ciência os torna presunçosos. Pensam que a Natureza nada lhes pode ocultar.

Tradução Herculano Pires-Lake

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Comentário do Livro Filosofia Espírita volume 3 por Miramez:

45. DUALIDADE
0147/LE
Existem dois pólos que não se tocam, na visão humana que desconhece a vida do Espírito. Faltam ao moralismo sentidos que registram a existência do Espírito. O homem materialista vive e se preocupa somente com a vida
física. Mesmo que em sua mente surjam alguns pensamentos, como avisos de que a vida continua depois do túmulo, ele passa para o
esquecimento essas idéias, pelo medo ou orgulho, vaidade ou desinteresse, sem seconscientizar da sublime verdade de que ninguém morre, que a vida continua em todos os rumos da criação de Deus, A dualidade é norma da
segurança universal.
Para que a vida física se negamos a vida do Espírito? Concitamos os materialistas a se aprofundarem nas pesquisas, nos estudos espiritualistas, como que batendo às portas dasabedoria para que, ao serem abertas, encontrem umreino fabuloso de conhecimentos sobre asobrevivência da alma. “Conhece-te a ti mesmo”, recomenda um grande filósofo. Para
conhecermos a nós mesmos, necessário se faz aprofundarmo-nos em todas as ciências,principalmente na ciência da vida, naquilo que se encontra por detrás do visível. Os próprios sábios modernos já constataram que o que não se vê é o mais real.
Negar o que não se compreende é conduta dos néscios; estudar o que
não se sabe é dever dos Espíritos inteligentes. Os que amam a música e se entregam à conquista desta harmonia somente o fazem pelos processos onde a persistência e o estudo sério é a meta que não podem desconhecer.
Os homens que estudam o corpo humano, que desejam conquistar esse saber ondeestão tão visíveis os traços da inteligência suprema, deixam-se, quase sempre, ser tomadospelo orgulho e nada querem ver além da matéria. Quando descobrem algo que a humanidade desconhecia sobre as leis que governam a argamassa fisiológica, o orgulho os impede de reconhecer aí as mãos do Criador e a vaidade deixa de lado os sentimentos que falam da
paternidade que criou, de uma Sabedoria Suprema que
nos governa a todos. Desejam, por amor próprio, ficar somente nos efeitos, esquecendo a causa primária de todas as coisas. Mas,Deus, sendo todo bondade e amor, ainda assim os ajuda nos seus trabalhos que podem
auxiliar a humanidade e espera que, mais tarde, eles, os que dormem no que se refere aoEspírito, venham a acordar como tantos outros recon
hecendo o Sol da vida, a Central de luz que chamamos de Pai.
A existência de Deus e de todos os Espíritos criados por Ele se evidencia para quem a quer ver e sentir, em todos os fenômenos da naturez
a. Não pode existir a matéria sem o Espírito, nem o Espírito sem a matéria; a dualidade se completa para a glória da vida imortal.
De onde saiu o Espírito? Certamente que respondemos: de Deus.
De onde saiu a matéria? A resposta deve ser a mesma. Portanto, somos todos ir mãos, e desse princípio deve nascer o respeito e, nas mesmas linhas, o Amor. Certamente, somente o tempo pode abrir-nos os olhos,no sentido de conhecermos a verdade, aquela força que liberta todas as almas, fazendo-assentir no céu da consciência, a vida de Deus.


sábado, 8 de fevereiro de 2014

MATERIALISTAS "...Proclamam-se campeões da liberdade, e desprezam quem lhes não aceite o figurino mental. "

MATERIALISTAS
Emmanuel

Não podemos afirmar que os materialistas vêm vindo...
Estão nos tempos modernos, por toda parte, tentando inconscientemente apagar a luz do espírito.
Assestam telescópios na direção das galáxias, e supõem resolver os enigmas do Universo pelas acanhadas impressões dos cinco sentidos da esfera física.
Devotam-se aos mais altos estudos da Psicologia transcendente, e atestam que o homem não passa de símio complexo, sem maiores possibilidades de evolução.
Dizem que estamos longe de equacionar os problemas do destino e do ser, e estabelecem padrões para a genética humana, tomando por alicerce o comportamento de drosófilas e de ratos nas atividades reprodutivas.
Asseveram que é preciso plasmar elites de condutores, e dirigem-se à mocidade acadêmica subtraindo-lhe as noções da alma, à feição de sorridentes carrascos da responsabilidade moral.
Destacam o imperativo da solidariedade, e preconizam a sumária eliminação dos que nasçam doentes ou incapazes.
Proclamam-se campeões da liberdade, e desprezam quem lhes não aceite o figurino mental.
Recomendam a investigação das questões do espírito, e injuriam as inteligências sinceras e desassombra das que a elas se afeiçoem.
Aconselham o respeito às religiões e, em vez de ajudá-las no apostolado de amor pela extinção do sofrimento, solapam-lhes a existência, a golpes de sarcasmos sutil.
Claro que não nos reportamos aos pesquisadores respeitáveis, porque a ciência - matriz do progresso - será sempre, no mundo, a interrogação vestida de luz, entesourando experiências, diante da verdade.
Referimo-nos aos epicuristas de todas as épocas, sejam eles autores de fulgurantes pensamentos destrutivos, em alentados livros sobre a Natureza, ou meros conversadores de salão, interessados nas sensações inferiores, a detrimento da sublimação íntima.
Desde as primeiras horas de nossa formação doutrinária, os mensageiros do Cristo explicaram que o Espiritismo contribuirá no aperfeiçoamento da Terra, anulando o materialismo, por ensinar aos homens a dignificação do futuro, mantendo-os livres de seitas e cores, castas e privilégios.
Temos, assim, a tarefa de conduzir para a frente a bandeira da imortalidade, com o trabalho incessante que lhe é conseqüente, mas, para atingirmos a meta, é imperioso se disponha cada um de nós a viver em si mesmo os princípios que prega, com a obrigação de servir e com o dever de estudar.
 
Do livro Religião dos Espíritos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Deus Existe?



Deus Existe?


Os teólogos do Cristianismo Ateu, da Teologia Radical da Morte de Deus, são anjos rebelados e decaídos do Paraíso Medieval. Nesta fase de inquietações e contradições que marca os flancos bovinos do Século XX com imenso sinal de interrogação em ferro e em brasa, a tese da Morte de Deus, oriunda da II Guerra Mundial e inspirada no episódio do louco de Nietzche, anuncia a liquidação final do espólio medieval no pensamento contemporâneo. Os bens desse espólio se constituem dos imóveis patrimoniais de um Cristianismo deformado, com as suas catedrais gigantescas, a estrutura econômico-financeira do Vaticano, os artigos da velha simonia contra a qual Lutero se rebelou e os inesgotáveis lotes de quinquilharias sagradas, vestes e paramentos ornamentais, símbolos e dogmas das numerosas Igrejas Cristãs. Essa a razão por que, matando Deus, os novos teólogos pretendem colocar o Cristo provisoriamente em seu lugar. A imensa literatura religiosa medieval, que superou de muito os absurdos dos sofistas gregos, destina-se ao arquivo milenar da estupidez humana.

O Materialismo e o Ateísmo do Renascimento, acolitados pelo Ceticismo, o Positivismo e o Pragmatismo, formam o cortejo do féretro gigantesco e sombrio, manchado de cinza e sangue, da pavorosa arrogância em que se transformou a pregação de humildade, os exemplos de tolerância e simplicidade do Messias crucificado. É o lixo do famoso Milênio, carreado para a Porta do Monturo do Templo de Jerusalém, para ser lançado nas geenas ardentes. Dispensa-se o inventário, porque não sobraram herdeiros. Nenhuma civilização morreu de maneira mais inglória do que essa, em que Deus figurou como o carrasco impiedoso da Humanidade ingênua e ignorante.

Apesar da rudeza dessa visão trágica, assim pintada em cores fortes na tela de um pintor primitivista (bem ao gosto do século), ela não implica a negação da necessidade histórica da Idade Média. Pelo contrário, o fundo histórico desse panorama, na perspectiva tumultuada das civilizações da mais remota antiguidade, todas fundadas na força, na violência e nos arbítrios das civilizações massivas que vêm da lendária Suméria até a Macedônia e a Pérsia, projetando-se num impacto em Esparta e Roma, e um clarão de beleza e consciência em Atenas (que também não escaparia aos eclipses da escravidão e da execução de Sócrates) justificam histórica e antropologicamente a tragédia humana desses séculos de primarismo e barbárie que sucederam ao estranho advento do Cristianismo. Nada se pode condenar nesse panorama monstruoso, em que as idéias cristãs, renovando tímidos lampejos de esperanças frustradas e revigorando-os na visão de esperanças futuras, penetravam na massa e a ela se misturavam como o fermento da parábola evangélica. As leis naturais da evolução criadora, segundo a expressão de Bergson e de acordo com a tese dialética de Hegel, levavam ao fogo de Prometeu (roubado ao Céu) o caldeirão implacável das fusões dantescas, na percepção intuitiva de Wilhelm Dilthey, os elementos conjugados das civilizações mortas. Os deuses mitológicos eram caldeados nas próprias chamas votivas de seus templos, fundindo-se com Iavé, o Deus Único dos hebreus, para modelagem futura do Deus Cristão, que nascera da palavra mágica do Messias: Pai.

Mas até que os homens pudessem compreender o sentido dessa breve palavra, desse átomo oral, os detritos ferventes do caldeirão medieval teriam de escorrer pelas muralhas do preconceito e da ignorância, queimando o solo do planeta e a frágil carne humana. Não é de admirar que as atrocidades da II Guerra Mundial tenham feito o mesmo. Em meados do Século XX estávamos ainda bem próximos das fogueiras da Inquisição e dos instintos ferozes dos antigos sátrapas das civilizações massivas, monstruosas expansões das tribos bárbaras, em que os ritos do sangue e do ódio ao semelhante purificavam a túnica dos sacerdotes e das vestais, manchadas pelos sacrifícios humanos e pela prostituição sagrada nos altares e nas escadarias dos templos. Os abutres da guerra devoravam Prometeu em cada vítima da loucura hitlerista e chafurdavam na prostituição sagrada dos mitos da violência, essa Górgora terrível e insaciável do Jardim das Hespérides nazista. A histeria e o sadismo, a brutalidade e o homossexualismo campeavam livres nas guarnições de heróis, como um Estige de lamas que escorresse do Fuherer para a Alemanha, asfixiando as mais belas conquistas da sua tradição cultural a invadir e contaminar as nações vencidas. Os campos de concentração e suas câmaras de gás destruíam a confiança no homem, revelavam a falência do Humanismo e a fé em Deus nas cinzas das incinerações brutais. Na Itália dos poetas e cantores tripudiavam os asseclas do Duce, submisso ao Fuherer, e no Japão das cerejeiras e dos Kaikais o fanatismo dos kamikazes desafiava a insensibilidade de Truman, que não tardou a lançar suas bombas atômicas sobre Nagasaki e Hiroshima, no mais monstruoso genocídio da História.

Não nos é possível sequer conceber o Nada, o vazio absoluto, do qual Deus teria saído como o Ser Absoluto. Tirar o Absoluto do Nada é uma contradição que nosso entendimento repele. A existência de Deus, como anterior à Criação é inconcebível. E se algo existia antes, temos um poder criador anterior a Deus. A tese budista do Universo incriado, que sempre existiu, subordina o poder de Deus a essa existência misteriosa e inexplicável. Nos limites da nossa mente esses problemas não cabem, são mistérios que serviram para todos os sofismas, jogos de palavras e conclusões monstruosas do pensamento teológico. Mas quando aplicamos o bom-senso, com a devida modéstia de criaturas finitas e efêmeras, diante do Infinito e da Eternidade, podemos reduzir o ilimitado aos limites da realidade inteligível. Então o raciocínio dedutivo, de ordem científica, que parte do chão da existência evidente, para alcançar pouco a pouco as alturas acessíveis, nos coloca diante de uma realidade que podemos dominar. Deus como Existente, que existe na nossa realidade humana, pode ser tocado com os dedos e sentido, captado pelo nosso sensório comum. Não necessitamos da percepção extra-sensorial para captar sua existência. O grande erro das religiões é apresentar Deus como enigma insolúvel e exigir que o amemos de todo o coração e todo o entendimento. Essa colocação contraditória levou-as a um absurdo ainda maior, o de transformar Deus num tirano sádico que nos criou para submeter-nos à tortura e à perdição. Por mais que se fale em amor, misericórdia e piedade, essas palavras nada valem diante das ameaças da escatologia religiosa.

Mas Deus como Existente é o Pai que Jesus nos apresenta em termos racionais, pronto a nos guiar e amparar, a nos dar pão e não cobras quando temos fome e a nos convidar incessantemente para o seu Reino de Harmonia e Beleza. Se podemos percebê-lo em nós mesmos, na nossa consciência e no nosso coração, se podemos vê-lo em seu poder criador numa folha de relva, numa flor, num grão de areia e numa estrela, se podemos conviver com ele e sentarmos com ele à mesa e partir o pão com os outros, então ele realmente existe em nossa realidade humana e o podemos amar, e de fato o amamos de todo o coração e de todo o entendimento. Deus como Existente é o nosso companheiro e o nosso confidente. Não dependemos de intermediários, de atravessadores do mercado da simonia para expor-lhe as nossas dificuldades e pedir a sua ajuda. A existência de Deus se prova então pela intimidade natural (não sobrenatural) que com ele estabelecemos em nossa própria existência.

Diante desse quadro horripilante, e particularmente dentro dele, nada mais se poderia esperar dos crentes e dos teólogos do que a pergunta amarga e geralmente irônica: Deus existe? Na Antiguidade os sátrapas eram considerados como investidos de prerrogativas divinas. Tudo quanto faziam vinha de Deus e a crendice popular não se atrevia a discutir os direitos humanos ante o perigo sempre iminente da Ira de Deus. Mas após o Renascimento, a Época das Luzes, a crendice transformou-se em crença sofisticada pelas racionalizações abusivas. O homem moderno escorava a sua fé no conceito hebraico da Providência, sempre vigilante e pronta a socorrer a fragilidade humana. Esse homem não poderia suportar a catástrofe que se abatia sobre ele de maneira implacável, ante a mudez comprometedora do Céu. Sua razão aprimorada condenava o passado e jamais supusera possível a sua ressurreição brutal, sob as asas metálicas dos aviões de bombardeio e das bombas voadoras. O ateísmo do passado parecia-lhe agora uma simples atitude pedante. O seu ateísmo, o seu materialismo e o seu pragmatismo, pelo contrário, assentavam-se agora nas bases sólidas de um horror que o deixara só e frágil em face dos carrascos poderosos. Os velhos teólogos não podiam explicar a indiferença divina, o desprezo de Deus pelas suas criaturas que, segundo eles, haviam sido criadas por amor. Os novos teólogos só encontraram uma explicação possível: a Morte de Deus.

Entretanto, por mais esmagado que esteja, o homem não pode ficar sem uma luz de esperança. Os novos teólogos lhe ofereceram então a figura humana de Cristo. Um Deus histórico, existencial, que sofrera e morrera por ele aqui mesmo, na Terra dos Homens. Não foi uma solução pensada, mas nascida das entranhas da desgraça total, das entranhas do horror. Homens que cresceram e se formaram nas crenças em Deus, alimentados pelas ilusões teológicas do Cristianismo, cobravam agora do Cristo as suas promessas frustradas. Ele, o Cristo, assumiria o lugar vazio de Deus em termos de emergência. Foi dessa situação premente que surgiu a aventura do Cristianismo Ateu. Por isso, quando lemos os livros brilhantes dos novos teólogos, transbordantes de uma inteligência vibrátil, mas impotente, que não consegue nem mesmo esclarecer o que é a Morte de Deus, perdendo-se em rodeios e sofismas que nunca atingem uma definição, compreendemos o desespero total a que chegou a inteligência humana ante os enigmas existenciais deste fim dos tempos. Na proporção em que a rotina da vida se restabelece no mundo arrasado, recompondo-se aos impulsos naturais da vitalidade humana, os tempos negros esmaecem na distância, introjetando-se na memória profunda da espécie como arcanos do inconsciente. As forças da vida reagem contra a destruição e a morte, a ponto de fazerem brotar redivivas – indiferentes às ameaças maiores que pesam no horizonte – as flores de antigas e esmagadas esperanças. Queremos todos confiar, queremos todos esperar.

Mas isso não acontece apenas pelo influxo das forças vitais. Acontece sobretudo pela certeza íntima, que todos trazemos em nós, de que cometemos um erro imperdoável ao alimentar nas gerações sucessivas um conceito falso de Deus. Muitas vezes essa certeza aparece como simples suspeita, desprovida de provas que lhe dêem validade ôntica. Mesmo assim ela nos sustenta no presente e nos faz esperar. Os reflexos dessa situação ocidental no Oriente não-cristão provocaram o mesmo abalo e a mesma desconfiança que sentimos. Os mestres indianos, os gurus e bonzos que viviam isolados em seu orgulhoso ascetismo, ciosos de seus segredos milenares, fizeram-se caixeiros viajantes perfumados e sorridentes, assessorados por técnicos em relações públicas, para venderem aos ocidentais os mistérios sagrados. Essa atitude, embora não seja geral, revela a suspeita insidiosa no inconsciente guru quanto à validade tradicional de suas técnicas religiosas. O pesadelo da guerra e o desespero posterior contribuíram de maneira decisiva para que o mundo se transformasse na Aldeia Global de Mac Luhan. Parece que pelo menos acreditamos todos, no Ocidente e no Oriente, que o mundo de comunicação de massa nos oferece a opção coletiva de esperar sem preocupações, pois todos sabemos que se apertarem os botões da guerra nuclear morreremos na solidariedade absoluta. A destruição não será mais tão dolorosa e lenta. Seremos aniquilados de um só golpe, na morte tecnológica.

Deus ressurge, se não no seu amor, ao menos na sua Justiça. Já será um consolo para os que sempre sofreram e morreram, enquanto outros vivem felizes no uso e abuso dos bens terrenos. A idéia de um Pai todo poderoso, e no entanto insensível à miséria e ao sofrimento da maioria dos filhos, sempre perturbou os que pensam e levou muitas criaturas à revolta e à descrença. De duas, uma: ou aceitavam a injustiça ou não admitiriam a existência de Deus. Bastaria isso para nos mostrar que o conceito de Deus, formulado pelas religiões e sustentado a ferro e fogo através dos milênios, não pode estar certo. Precisamos examinar esse grave problema enquanto não apertam os botões do Juízo Final.

Herculano Pires do Livro Concepção Existencial de Deus