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segunda-feira, 20 de maio de 2019

Origem das Tentações


"Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência." - (TIAGO, capítulo 1, versículo 14.)

Geralmente, ao surgirem grandes males, os participantes da queda imputam a Deus a causa que lhes determinou o desastre. Lembram-se, tardiamente de que o Pai é Todo-Poderoso e alegam que a tentação somente poderia ter vindo do Divino Desígnio.

Sim, Deus é o Absoluto Amor e tanto é assim que os decaídos se conservam de pé, contando com os eternos valores do tempo, amparados por suas mãos compassivas As tentações, todavia, não procedem da Paternidade Celestial.

Seria, porventura, o estadista humano responsável pelos atos desrespeitosos de quantos inquinam a lei por ele criada?

As referências do Apóstolo estão profundamente tocadas pela luz do céu.

"Cada um é tentado, quando atraido pela própria concupiscêncía."

Examinemos particularmente ambos os substantivos "tentação" e "concupiscência". O primeiro exterioriza o segundo, que constitui o fundo viciado e perverso da natureza humana primitivista. Ser tentado é ouvir a malícia própria, é abrigar os inferiores alvitres de si mesmo, porqüanto, ainda que o mal venha do exterior, somente se concretiza e persevera se com ele afinamos, na intimidade do coração.

Finalmente, destaquemos o verbo "atrair". Verificaremos a extensão de nossa inferioridade pela natureza das coisas e situações que nos atraem.

A observação de Tiago é roteiro certo para analisarmos a origem das tentações.

Recorda-te de que cada dia tem situações magnéticas específicas. Considera a essência de tudo o que te atraiu no curso das horas e eliminarás os males próprios, atendendo ao bem que Jesus deseja.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 129.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Considerações de Emmanuel sobre Paulo de Tarso

Considerações de Emmanuel sobre Paulo de Tarso

Autor: Emmanuel

CONSIDERAÇÕES DE EMMANUEL SOBRE PAULO DE TARSO

Não são poucos os trabalhos que correm mundo, re­lativamente à tarefa gloriosa do Apóstolo dos gentios. É justo, pois, esperarmos a interrogativa: — Por que mais um livro sobre Paulo de Tarso? Homenagem ao grande trabalhador do Evangelho ou informações mais detalhadas de sua vida?

Quanto à primeira hipótese, somos dos primeiros a reconhecer que o convertido de Damasco não necessita de nossas mesquinhas homenagens; e quanto à segunda, responderemos afirmativamente para atingir os fins a que nos pro pomos, transferindo ao papel humano, com os recursos possíveis, alguma coisa das tradições do pla­no espiritual acerca dos trabalhos confiados ao grande amigo dos gentios.

Nosso escopo essencial não poderia ser apenas reme­morar passagens sublimes dos tempos apostólicos, e sim apresentar, antes de tudo, a figura do cooperador fiel, na sua legitima feição de homem transformado por Jesus-Cristo e atento ao divino ministério. Esclarecemos, ainda, que não é nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada. O mundo está repleto dessas fichas educa­tivas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante.

As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos de­sejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções.

Em toda parte há tendências à ociosidade do espí­rito e manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu. Templos e devotos entre­gam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, prefe­rindo as dominações e regalos de ordem material.

Observando esse panorama sentimental é útil recor­darmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso.

Muitos comentaram a vida de Paulo; mas, quando não lhe atribuíram certos títulos de favor, gratuitos do Céu, apresentaram-no como um fanático de coração res­sequido. Para uns, ele foi um santo por predestinação, a quem Jesus apareceu, numa operação mecânica da graça; para outros, foi um espírito arbitrário, absorvente e rís­pido, inclinado a combater os companheiros, com vaida­de quase cruel. Não nos deteremos nessa posição extremista. Queremos recordar que Paulo recebeu a dádiva santa da visão gloriosa do Mestre, às portas de Damasco, mas não podemos esquecer a declaração de Jesus relativa ao sofrimento que o aguardava, por amor ao seu nome.

Certo é que o inolvidável tecelão trazia o seu ministé­rio divino; mas, quem estará no mundo sem um ministério de Deus? Muita gente dirá que desconhece a própria tarefa, que é insciente a tal respeito, mas nós poderemos responder que, além da ignorância, há desatenção e muito capricho pernicioso. Os mais exigentes advertirão que Paulo recebeu um apelo direto; mas, na verdade, todos os homens menos rudes têm a sua convocação pes­soal ao serviço do Cristo. As formas podem variar, mas a essência ao apelo é sempre a mesma. O convite ao ministério chega, ás vezes, de maneira sutil, inesperada­mente; a maioria, porém, resiste ao chamado generoso do Senhor. Ora, Jesus não é um mestre de violências e se a figura de Paulo avulta muito mais aos nossos olhos, é que ele ouviu, negou-se a si mesmo, arrependeu-se, tomou a cruz e seguiu o Cristo até ao fim de suas tarefas materiais. Entre perseguições, enfermidades, apodos, zombarias, desilusões, deserções, pedradas, açoites e encarcerament os, Paulo de Tarso foi um homem intrépido e sincero, caminhando entre as sombras do mundo, ao encontro do Mestre que se fizera ouvir nas encruzilhadas da

sua vida. Foi muito mais que um predestinado, foi um realizador que trabalhou diariamente para a luz.

O Mestre chama-o, da sua esfera de claridadeS imor­tais. Paulo tateia na treva das experiências humanas e responde: — Senhor, que queres que eu faça?

Entre ele e Jesus havia um abismo, que o Apóstolo soube transpor em decênios de luta redentora e cons­tante.

Demonstrá-lo, para o exame do quanto nos compete em trabalhO próprio, a fim de Ir ao encontro de Jesus, é o nosso objetivo.

Outra finalidade deste esforço humilde é reconhecer que o Apóstolo não poderia chegar a essa possibilidade, em ação isolada no mundo.

Sem Estevão, não teríamos Paulo de Tarso. O gran­de mártir do Cristianismo nascente alcançou influência muito mais vasta na experiência paulina, do que podería­mos imaginar tão-só pelos textos conhecidos nos estudos terrestres. A vida de ambos está entrelaçada com miste­riosa beleza. A contribuição de Estevão e de outras per­sonagens desta história real vem confirmar a necessida­de e a universalidade da lei de cooperação. E, para ve­rificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fins de empreender a re­novação do mundo.

Aliás, sem cooperação, não poderia existir amor; e o amor é a força de Deus, que equilibra o Universo.

Desde já, vejo os críticos consultando textos e com­binando versículos para trazerem á tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem-intencionados agradecemos sin­ceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que este livro modesto foi grafado por um Espírito para os que vivam em espírito; e ao pedan­tismo dogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica.

Oferecendo, pois, este humilde trabalho aos nossos irmãos da Terra, formulamos votos para que o exemplo do Grande Convertido se faça mais claro em nossos cora­ções, a fim de que cada discípulo possa entender quanto lhe compete trabalhar e sofrer, por amor a Jesus-Cristo.



Pedro Leopoldo, 8 de julho de 1941.


Do livro Paulo e Estevão. Pelo Espírito Emmanuel.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

sábado, 15 de junho de 2013

EADE- Estudo aprofundado da Doutrina Espírita- Livro 1-Módulo 2- Roteiro 14 As epístolas de Paulo.

MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• As epístolas que Paulo [...] não são tratados de teologia, mas respostas a situações
concretas. Verdadeiras cartas que se inspiram no formulário então em uso [...],
não são nem “cartas” meramente particulares, nem “epístolas” puramente
literárias, mas explanações que Paulo destina a leitores concretos e, para além
deles, a todos os fiéis de Cristo. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução às epístolas
de São Paulo, p.1956.
• Paulo iniciou o movimento das [...] cartas imortais, cuja essência espiritual
provinha da esfera do Cristo, através da contribuição [espiritual] amorosa de
Estêvão [...].Emmanuel: Paulo e Estevão. Segunda parte, cap. 7.
• Na epístola aos Romanos Paulo analisa as divergências existentes entre os
judeus e gentílicos convertidos ao Cristianismo. Representa, porém, [...] uma
das mais belas sínteses da doutrina paulina. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução
às epístolas de São Paulo, p.1959-1960.
• Nas duas epístolas aos coríntios Paulo faz uma reflexão do Cristo como sendo
a sabedoria de Deus. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução às epístolas de São
Paulo, p.1959.
• Na epístola aos gálatas, assim como na que foi dirigida aos romanos, Paulo
revela o Cristo como a justiça de Deus. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução
às epístolas de São Paulo, p.1959.
AS EPÍSTOLAS DE PAULO (1)
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. As epístolas de Paulo
Através de suas epístolas, Paulo transmitiu aos seus discípulos uma fervorosa
fé em Jesus Cristo e na sua ressurreição. As cartas ou epístolas de Paulo
são denominadas pastorais porque estão dirigidas a um destinatário específico.
Trata-se de instruções, conselhos, repreensões ou exortações do apóstolo aos
seus discípulos. As demais epístolas existentes no Evangelho (Pedro, João,
Judas Tadeu), ao contrário, são de caráter universal porque destinadas aos
cristãos, em geral.
Quem pretenda conhecer Paulo deve estudar as suas epístolas e os Atos dos
Apóstolos «[...] duas fontes independentes que se confirmam e se completam,
não obstante algumas divergências em pormenores.» 1
As epístolas e os Atos [dos Apóstolos] nos traçam também um retrato surpreendente
da personalidade do Apóstolo. Paulo é apaixonado, alma de fogo que se consagra sem
limites a um ideal. E esse ideal é essencialmente religioso. Para ele, Deus é tudo e ele o
serve com uma lealdade absoluta, primeiro perseguindo aqueles que ele tem na conta
de hereges (Gl 1:13; At 24: 5, 14), depois pregando o Cristo, após haver entendido por
revelação que só nele está a salvação. Esse zelo incondicional traduz-se pela abnegação
total ao serviço daquele que ama. Trabalhos, fadigas, sofrimentos, privações, perigos
de morte (1Cor 4:8-13; 2 Cor 4:8; 6:4-10; 11:23-27), nada lhe importa, contando que
cumpra a missão pela qual sente responsável (1Cor 9:16). [...] O ardor do seu coração
sensível se traduz bem nos sentimentos que demonstra por seus fiéis. 2
Há historiadores que enxergam aspectos místicos no caráter de Paulo,
outros o consideram, sob certas circunstâncias, exaltado e doentio.
SUBSÍDIOS

Nada é menos fundamentado. [...] Ele nada tem do imaginativo, se julgarmos pelas
imagens pouco numerosas e corriqueiras que emprega [...]. Paulo é, antes, cerebral. Nele
se une a um coração ardente inteligência lúcida, lógica, exigente, preocupada em expor
a fé segundo as necessidades dos ouvintes. [...] Paulo argumenta muitas vezes como
rabino, segundo métodos exegéticos que recebeu do seu meio e da sua educação (por
exemplo, Gl 3:16; 4:21-31). [...] Além disso, esse semita tem boa cultura grega, recebida
talvez desde a infância em Tarso, enriquecida por repetidos contatos com o mundo
greco-romano, e esta influência se reflete na sua maneira de pensar, bem como em sua
linguagem e no estilo. 3
É possível que Paulo tenha escrito muitas outras cartas, mas somente
catorze chegaram até nós. As epístolas paulinas são as seguintes, segundo a
ordem existente no Novo Testamento:
1. Romanos
2. Coríntios (primeira e segunda)
3. Gálatas
4. Efésios
5. Filipenses
6. Colossenses
7. Tessalonicenses (primeira e segunda)
8. Timóteo (primeira e segunda)
9. Tito
10. Filemon
11. Hebreus
As epístolas paulinas [...] não são tratados de teologia, mas respostas a situações
concretas. Verdadeiras cartas que se inspiram no formulário então em uso [...], não
são nem “cartas” meramente particulares, nem “epístolas” puramente literárias, mas
explanações que Paulo destina a leitores concretos e, para além deles, a todos os fiéis de
Cristo. Não se deve, pois, buscar aí exposição sistemática e completa do pensamento do
Apóstolo; sempre se deve supor, por detrás delas, a palavra viva, de que são o comentário
em pontos particulares.[...] Embora dirigidas em ocasiões e a auditórios diferentes,
descobre-se nelas uma mesma doutrina fundamental, centrada em torno de Cristo morto
e ressuscitado, mas que se adapta, se desenvolve e se enriquece no decurso desta vida
consagrada totalmente a todos. 4 (1 Cor 9:19-22).


Emmanuel esclarece como e por que Paulo teve a idéia de escrever as suas
cartas. Onde quer que o apóstolo estivesse sempre chegavam emissários das
igrejas por ele fundadas, portadores de assuntos urgentes, que solicitavam a
presença de Paulo, na localidade, para resolver conflitos ali existentes. Evidentemente,
ele não podia atender a todos, pois os deslocamentos, de uma cidade
para outra, eram demorados e nem sempre os dedicados discípulos, Silas e
Timóteo, estavam disponíveis para substituí-lo. Preocupado com a situação
e sem saber como atender às rogativas dos fiéis, Paulo orou fervorosamente a
Jesus, pedindo-lhe solução para o problema. 10 Após a prece, ouviu, sob inspiração,
Jesus dizer-lhe:
Não te atormentes com as necessidades de serviço. É natural que não possas assistir
pessoalmente a todos, ao mesmo tempo. Mas é possível a todos satisfazeres, simultaneamente,
pelos poderes do espírito. [...] Poderás resolver o problema escrevendo a todos os
irmãos em meu nome; os de boa vontade saberão compreender, porque o valor da tarefa
não está na presença pessoal do missionário, mas do conteúdo espiritual do seu verbo,
da sua exemplificação e da sua vida. Doravante, Estevão permanecerá mais conchegado
a ti, transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar se
em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo. [...] Assim começou o
movimento dessas cartas imortais, cuja essência espiritual provinha da esfera do Cristo,
através da contribuição amorosa de Estevão — companheiro abnegado e fiel daquele que
se havia arvorado, na mocidade, em primeiro perseguidor do Cristianismo. 11
Há escritores que contestam a genuinidade de algumas epístolas de Paulo,
tendo como base razões teológicas, de estilo e literárias. É possível que algumas
epístolas, por exemplo, aos dirigidas aos efésios, aos colossenses e aos tessalonicenses,
tenham sido escritas por um discípulo que teria servido de secretário
ao apóstolo dos gentios. Entretanto, nada disso diminui o trabalho missionário
de Paulo nem ofusca a sua fenomenal missão. 7
2. Epístola aos romanos
Nessa epístola, encontramos os seguintes assuntos: a) desejo de Paulo
de viajar a Roma para encontrar com os membros desta a igreja cristã;
b) o homem justificado pela fé está a caminho da salvação;
c) combate a idolatria e vida dissoluta dos gentios e impenitência dos judeus.
Paulo se encontrava em Corinto, em vias de partir para Jerusalém, quando
escreveu a sua epístola aos romanos (no inverno de 55-56 d.C.) 5 Por essa
carta se percebe que Paulo não esteve presente, nem fundou a igreja cristã de
Roma, como já se pensou no passado. Na verdade, parece que ele tinha escassas
informações a respeito dessa comunidade.
As [...] raras alusões de sua epístola deixam apenas vislumbrar uma comunidade em
que os convertidos do judaísmo e do paganismo correm o perigo de se desentenderem.
Assim, para preparar sua chegada acha útil enviar por sua patrona Febe (Rm 16:1) uma
carta em que expõe sua solução do problema judaísmo-cristianismo, tal como acaba de
amadurecer devido à crise gálata. 5
Romanos «[...] oferece explanação continuada, em que algumas grandes
seções se concatenam harmoniosamente com o auxílio de temas que primeiro
anunciam e depois são retomados.» 5 Não existem dúvidas relacionadas à autenticidade
da epístola aos romanos. Apenas se tem perguntado se os capítulos
15 e 16 não teriam sido acrescentados posteriormente. Supõe-se que o capítulo
16, repleto de saudações, teria sido, originalmente, um bilhete que o apóstolo
enviou à igreja cristã de Éfeso. 5
O desenvolvimento das idéias sobre a fé é, nessa carta, mais elaborado
e mais completo do que em qualquer outra, escrita por Paulo. Neste sentido,
começa por afirmar que não se envergonha do Evangelho, porque ele é força
de Deus para a salvação de todos os que crêem, independentemente se é judeu
ou grego. “O justo viverá pela fé”, afirma. (Romanos, 1: 1617) Em seguida,
apresenta uma tese e ardorosa defesa sobre a salvação do homem pela fé. (Romanos,
capítulos 1 a 5)
Os membros da igreja cristã romana, formada de judeus e gentílicos convertidos
ao Cristianismo, se desentendiam continuamente. O motivo básico,
que produzia intranqüilidade a Paulo, era o culto, idolatria e costumes que os
romanos e demais gentios tinham dificuldades de abandonar: “E, como eles
se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a
um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios
de toda iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja,
homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores,
aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de
males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição
natural, irreconciliáveis, sem misericórdia. [...] E bem sabemos que o juízo de
Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que
julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo
de Deus? (Rm 1:28-31; 2:2-3)
2.1 - Síntese dos principais ensinamentos da epístola aos romanos
• A Justiça de Deus
Para que ocorra a salvação, Paulo esclarece que todos os seres humanos
devem estar cientes de que, sendo julgados por Deus, devem agir de acordo
com os princípios da Sua justiça. (Rm 2: 1-16) Os homens que se afastaram de
Deus, ou que o desconhecem, que trazem o coração impenitente, que pecam
contra a Lei, serão submetidos à justiça divina “a qual recompensará cada um
segundo as suas obras.” (Rm 2:7). A justiça de Deus se fundamenta naquilo
que o homem faz ou deixa de fazer: “Porque todos os que sem lei pecaram sem
lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados.
Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam
a lei hão de ser justificados.” (Rm 2:12-13) Os que têm conhecimento espiritual
e não o colocam em prática, serão julgados com mais rigor.
Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias
em Deus; e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído
por lei; e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instruidor
dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na
lei; tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que
não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras?
Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras
a Deus pela transgressão da lei? Porque, como está escrito, o nome de
Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós. Porque a circuncisão é,
na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a
tua circuncisão se torna em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão guardar os
preceitos da lei, porventura, a incircuncisão não será reputada como circuncisão?
E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará,
porventura, a ti, que pela letra e circuncisão és transgressor da lei? Porque não
é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente
na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração,
no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.
(Romanos, 2:17-29)
• A fé em Jesus como medida de salvação
Paulo reconhece que no atual estágio evolutivo da Humanidade, todos
somos pecadores, “como está escrito: não há um justo, nenhum sequer.” (Rm
3:10) Entretanto, analisa que podemos nos salvar pela fé em Jesus: “Mas, agora,
se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos
Profetas, isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre
todos os que crêem; porque não há diferença.” (Rm 3:21-22)
• A fé em Jesus e a paz com Deus
“Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor
Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos
firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente
isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação
produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança.”
(Rm 5: 1-4)
• O homem sem o Cristo vivem em pecado
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei
do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.
Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne,
Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado
condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós,
que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são
segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo
o Espírito, para as coisas do Espírito.Porque a inclinação da carne é morte;
mas a inclinação do Espírito é vida e paz. [...] E, se Cristo está em vós, o corpo,
na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da
justiça.” (Rm 8: 1-6; 10)
3. Epístolas aos conríntios
Paulo escreveu duas epístolas aos coríntios, destacando, em ambas, Jesus
como a sabedoria de Deus.
Corinto, capital da província de romana de Acaia, foi importante cidade
fundada pelos gregos. Situada no istmo que separa as duas cidades portuárias
de Lecaion, no golfo de Corinto, de Cencréia, no golfo Sarônico, foi centro de
grande trânsito de viajantes e imenso posto comercial da Antigüidade. As duas
epístolas aos coríntios compõem-se, provavelmente, de várias pequenas cartas
ou bilhetes escritos por Paulo à igreja cristã de Corinto, no início da quinta
década d.C. Por causa do seu conteúdo, e extensão, essas epístolas se situam
entre as mais importantes. 6
Revela preocupação com as idéias e os costumes gregos, amplamente
difundidos em Corinto. 6 Um dos problemas, era a imoralidade sexual, como
o incesto, mantida pelos convertidos ao Cristianismo. Outro problema era a
prática, herdada dos costumes romanos, de cobrir a cabeça quando se orava
ou profetizava, como sinal de culto e devoção. Uma terceira dificuldade era o
hábito que existia em certos cristãos de fazer refeições, na forma de banquetes,
no templo de algum deus. Por último, havia o uso e abuso dos poderes
mediúnicos. 6
Existia, pois, na igreja de Corinto, fortes disputas entre os cristãos: os de
origem judaica abominavam as práticas politeístas gentílicas, consideradas
bárbaras e imorais. Foi uma comunidade continuamente sacudida por escândalos,
mas que recebeu muita atenção e cuidados por parte do apóstolo dos
gentios.
O [...] ex-doutor da Lei procurou enriquecer a igreja de Corinto de todas as experiências
que trazia da instituição antioquense. Os cristãos da cidade viviam num oceano de júbilos
indefiníveis. A igreja possuía seu departamento de assistência aos que necessitavam de
pão, de vestuário, de remedios. Venerandas velhinhas revezavam-se na tarefa santa de
atender os mais desfavorecidos. Diariamente, à noite, havia reuniões para comentar a
passagem da vida do Cristo; em seguida à pregação central e ao movimento das manifestações
de cada um, todos entravam em silêncio, a fim de ponderar o que recebiam
do Céu através do profetismo. Os não habituados ao dom das profecias possuíam faculdades
curadoras, que eram aproveitadas a favor dos enfermos, em uma sala próxima.
O mediunismo evangelizado, dos tempos modernos, é o mesmo profetismo das igrejas
apostólicas. 12
A igreja cristã de Corinto, à época de Paulo, foi muito protegida pela
presença de certos romanos ricos, como Tito Justo. «Os israelitas pobres
encontravam na igreja um lar generoso, onde Deus se manifestava em demonstrações
de bondade, ao contrário das sinagogas, em cujo recinto, [...]
encontravam apenas a rispidez de preceitos tirânicos, nos lábios de sacerdotes
sem piedade.» 13
3.1 - Síntese dos principais ensinamentos da primeira epístola aos
coríntios
• Necessidade da concórdia e união no Cristo
Paulo suplica aos cristãos “Eu rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre
vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo
parecer. [...] Porque Cristo enviou-me não para batizar, mas para evangelizar;
não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. Porque
a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos,
é o poder de Deus. [...]Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam
sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os
judeus e loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus
como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.” (1
Cor 1: 10-11;17-18; 22-24)
• A missão dos pregadores
“Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes,
e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus
deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega,
mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas
cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho. Porque nós somos
cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a
graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento,
e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque
ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo.” (1Cor 3:5-11)
• Necessidade de vida moral reta
“Geralmente, se ouve que há entre vós fornicação e fornicação tal, qual nem
ainda entre os gentios, como é haver quem abuse da mulher de seu pai. Estais
inchados e nem ao menos vos entristecestes, por não ter sido dentre vós tirado
quem cometeu tal ação. [...] Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que
sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa
páscoa, foi sacrificado por nós. Pelo que façamos festa, não com o fermento
velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da
sinceridade e da verdade. Já por carta vos tenho escrito que não vos associeis
com os que se prostituem.” (1Cor 5:1-2; 7-9)
“Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não
tocasse em mulher; mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria
mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido pague à mulher a
devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido. [...] Digo, porém,
aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não
podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se. (1 Cor
7:1-3; 8-9)
• O cristão não é idólatra, nem faz sacrifícios aos ídolos
“Ora, no tocante às coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que todos
temos ciência. A ciência incha, mas o amor edifica. E, se alguém cuida saber
alguma coisa, ainda não sabe como convém saber. Mas, se alguém ama a Deus,
esse é conhecido dele. Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos
ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão
um só. Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no
céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia, para
nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só
Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele. [...] Portanto,
meus amados, fugi da idolatria”. (1 Cor 8: 1-6; 10:14)
• Os dons do espírito ou carismas
“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. Vós
bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.
Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de
Deus diz: Jesus é anátema! E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão
pelo Espírito Santo. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E
há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de
operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação
do Espírito é dada a cada um para o que for útil. Porque a um, pelo Espírito,
é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da
ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito,
os dons de curar;e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a
outro, o de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro,
a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas
coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” (1Cor 12: 1-11)
• A necessidade da caridade
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse
caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que
tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse caridade, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para
sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria. A caridade é sofredora, é
benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade, não
se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não
se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade nunca falha; mas,
havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo
ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria
como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de
menino. Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos
face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou
conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três;
mas a maior destas é a caridade.” (1Cor 13: 1-13)
3.2 - Síntese dos principais ensinamentos da segunda epístola aos
coríntios
• O caráter do ministério cristão
“E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo e, por meio de
nós, manifesta em todo lugar o cheiro do seu conhecimento. Porque para Deus
somos o bom cheiro de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para
estes, certamente, cheiro de morte para morte; mas, para aqueles, cheiro de
vida para vida. E, para essas coisas, quem é idôneo? Porque nós não somos,
como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com
sinceridade, como de Deus na presença de Deus. [...] E é por Cristo que temos
tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma
coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos
fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra,
mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica.[...] Como não será
de maior glória o ministério do Espírito? [...] Ora, o Senhor é Espírito; e onde
está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” (2 Cor 2:14-17; 3: 4-6, 8 e 17 )
• As tribulações decorrentes da divulgação do Cristianismo
“Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita,
não desfalecemos; antes, rejeitamos as coisas que, por vergonha, se ocultam,
não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos
recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela
manifestação da verdade. [...] Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a
Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus.
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu
em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus,
na face de Jesus Cristo. Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para
que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados,
mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos,
mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por
toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de
Jesus se manifeste também em nossos corpos. E assim nós, que vivemos, estamos
sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se
manifeste também em nossa carne mortal.” (2Cor 4:1-2, 5-11)
• Necessidade do bom ânimo; deter nas coisas espirituais
“Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se
corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente,
não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque
as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas. [...]Porque
sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de
Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso,
também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu;
se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus. Porque também nós,
os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados, não porque queremos
ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora,
quem para isso mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor
do Espírito.Pelo que estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto
estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor. (2 Cor 4:16-18; 5: 1-6)
• Cuidados com os falsos profetas
“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia,
assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se
apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos
outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não
recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis. Porque
penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos. E, se sou rude na
palavra, não o sou, contudo, na ciência; mas já em tudo nos temos feito conhecer
totalmente entre vós. Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para
que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus?[...]
Mas o que eu faço o farei para cortar ocasião aos que buscam ocasião, a fim de
que, naquilo em que se gloriam, sejam achados assim como nós. Porque tais
falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de
Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de
luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da
justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.” (2 Cor 11: 3-7, 12-15)
A epístola aos romanos é uma maravilhosa apologia à fé, defendida por
Paulo, que afirma que o justo viverá pela fé.
Não poucos aprendizes interpretaram erradamente a assertiva. Supuseram que viver pela
fé seria executar rigorosamente as cerimônias exteriores dos cultos religiosos. Freqüentar
os templos, harmonizar-se com os sacerdotes, respeitar a simbologia sectária, indicariam
a presença do homem justo. Mas nem sempre vemos o bom ritualista aliado ao bom
homem. E, antes de tudo, é necessário ser criatura de Deus, em todas as circunstâncias
da existência. Paulo de Tarso queria dizer que o justo será sempre fiel, viverá de modo
invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que está nos céus. Os dias são ridentes e tranqüilos?
tenhamos boa memória e não desdenhemos a moderação. São escuros e tristes?
Confiemos em Deus, sem cuja permissão a tempestade não desabaria. Veio o abandono
do mundo? O Pai jamais nos abandona. Chegaram as enfermidades, os desenganos, a
ingratidão e a morte? Eles são todos bons amigos, por trazerem até nós a oportunidade de
sermos justos, de vivermos pela fé, segundo as disposições sagradas do Cristianismo. 8
As epístolas aos coríntios reflete o compromisso de Paulo de sempre
confiar e esperar no Cristo, como também nos aconselha Emmanuel.
É natural confiar no Cristo e aguardar nEle, mas que dizer da angústia da alma atormentada
no círculo de cuidados terrestres, esperando egoisticamente que Jesus lhe venha
satisfazer os caprichos imediatos? [...] É imprescindível, portanto, esperar em Cristo com
a noção real da eternidade. A filosofia do imediatismo, na Terra, transforma os homens
em crianças. Não vos prendais à idade do corpo físico, às circunstâncias e condições
transitórias. Indagai da própria consciência se permaneceis com Jesus. E aguardai o
futuro, amando e realizando com o bem, convicto de que a esperança legítima não é
repouso e, sim, confiança no trabalho incessante. 9
Referências:
1. BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo:
Paulus, 2002. Item: Introdução às epístolas de São Paulo, p. 1954.
2. ______. p. 1954-1955.
3. ______. p. 1955-1956.
4. ______. p. 1956.
5. ______. p. 1959.
6. DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Vol. 1: As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzger, Michael D. Coogan. Traduzido por Maria Luiza X. de
A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2002, Item: Corinto, p. 44.
7. ______. Item: Paulo. Epístolas, p. 248.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. 27. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 23 (Viver pela fé), p. 61-62.
9. ______. Cap. 123 (Esperar em Cristo), p. 261-262.
10. ______. Paulo e Estêvão: episódios históricos do Cristianismo primitivo. Pelo
Espírito Emmanuel. 43. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Segunda parte, cap.
7 (As epístolas), p. 525-528.
11. ______. p. 529-530.
12. ______. p.531.
13. ______. p. 531.

sábado, 8 de junho de 2013

Estudo Aprofundado do Evangelho (EADE)- Módulo II- O Cristianismo-Roteiro 13 " As Viagens Missionárias do Apóstolo Paulo"

EADE - LIVRO I
ROTEIRO  13
Objetivos
• Destacar os acontecimentos significativos que marcaram
as viagens do apóstolo Paulo.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• As viagens missionárias de Paulo revelaram a sua missão especial como “Apóstolo
dos gentios”. Iniciadas, aproximadamente, no ano 33 da era cristã, Paulo consagrou
toda a sua existência ao serviço do Cristo. Bíblia de Jerusalém: As epístolas de São
Paulo, p. 1954.
• Paulo realizou quatro viagens missionárias. A primeira missão apostólica, no início
dos anos 40, fá-lo anunciar o evangelho em Chipre, Pontífia, Psídia e Licaônia (At
13-14), foi então, segundo Lucas, que ele começou a usar seu nome romano Paulo,
de preferência ao nome judaico Saulo (At 13:9) [...]. Bíblia de Jerusalém: As epístolas
de São Paulo, p. 1954.
• Na segunda viagem apostólica, Paulo se separa de Barnabé e João Marcos, que
seguem para Chipre (At 15:36-39), enquanto o apóstolo dos gentios, em companhia
de Silas, vai para a Síria e Cilícia; Derbe e Listra (onde encontra Timóteo - não o
apóstolo); Frígia e Galácia; Mísia e Trôade. (At 15:40-41; 16:1-8)
• A terceira viagem de Paulo ocorreu ao longo das localidades situadas no
mediterrâneo, saindo de Antioquia, indo a Éfeso, Filipos, Tessalônica, Acaia e
seguindo o roteiro que o conduziria a Jerusalém, passando por Tiro e Cesaréia.
• A última viagem missionária foi a Roma, saindo de Jerusalém, passando por Chipre,
Rodes e Creta, na Grécia, alcançando a Sicília e o sul da Itália. Após a sua estadia
em Roma, segue viagem para a Espanha, segundo informações de Emmanuel.
AS VIAGENS MISSIONÁRIAS
DO APÓSTOLO PAULO

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Paulo estava convencido que na estrada de Damasco o Senhor o encarregara
de levar o Evangelho aos povos gentílicos. Entretanto, compreendia que
os judeus, seus irmãos de raça, deveriam também conhecer a mensagem de
Jesus. Segundo relata Atos dos Apóstolos, «[...] sua prática usual era ir primeiro
à sinagoga local. Gálatas, 2:7-9, no entanto, indica que sua atividade era, de
maneira manifesta, dirigida aos gentios.» 2
Nas suas viagens visitou a maioria dos centros urbanos de destaque do
mundo antigo, como os da Grécia, da Ásia Menor, além de Roma e Espanha.
Passou por muitas atribulações, mas, de Espírito inquebrantável, conseguiu
levar o Evangelho a inúmeros corações sequiosos de paz e de esclarecimento.
Por onde passava, fundou igrejas ou núcleos de estudo do Evangelho.
Os convertidos ao Cristianismo e seguidores de Paulo eram, em geral,
escravos do Império Romano. A sua oratória exuberante atraia, também,
romanos cultos, pertencentes à classe alta.
Alguns eram claramente pessoas influentes, do tipo que levava litígios pessoais aos
tribunais de justiça, e que podia se permitir fazer doações para as boas causas. Os companheiros
de trabalho de Paulo desfrutavam também do estilo de vida tipicamente móvel
das classes mais altas; na ausência das igrejas instaladas em prédios, a comunidade cristã
dependia da generosidade de seus membros mais ricos para fornecer instalações para
o culto coletivo e hospitalidade para pregadores ambulantes. Ao mesmo tempo, Paulo
tinha a convicção de que o Evangelho transcendia as barreiras de raça, sexo e classe, e
insistia na igualdade de todos os crentes. 3
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 13 Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE -
Roteiro 13 - As viagens missionárias do apóstolo Paulo
1. As viagens missionárias do apóstolo Paulo
1.1 - A primeira viagem
A missão apostólica, propriamente dita, tem início em Antioquia, entre os
anos de 45 e 49. Paulo e Barnabé – seguidos do jovem João Marcos, autor do
segundo evangelho, – partem para propagar a Boa Nova, em terras distantes.
(Atos dos Apóstolos, 12:25)
De Antioquia vai a Chipre e Salamina; daí seguem até Pafos, onde encontra
um mago, falso profeta, chamado Bar-Jesus (ou Elimas) que tudo fez para
impedir o Procônsul Sérgio Paulo de ouvir a pregação de Paulo e Barnabé.
Paulo, entretanto, neutralizou a ação de Elimas, de forma que o Procônsul ficou
maravilhado pela Doutrina do Senhor. (Atos dos Apóstolos, 13:4-12)
De Pafos, alcançam Perge, da Panfília. João Marcos se separa do grupo,
retornando a Jerusalém.
Paulo e Barnabé saem de Perge e chegam a Antioquia da Psídia. (Atos dos
Apóstolos, 13:13-14)
Nessa localidade, os apóstolos atraíram grande multidão para ouví-los.
Entretanto, os judeus encheram-se de inveja e promoveram acirrada perseguição,
obrigando Paulo e Barnabé seguirem viagem para Icônio. (Atos dos
Apóstolos, 13:44-52)
Em Icônio, os dois mensageiros do Evangelho sofrem ultrajes e apedrejamentos
por parte dos membros da sinagoga, enciumados da boa receptividade
dos judeus e gregos que se maravilharam com os ensinos de Jesus. Paulo
e Barnabé fogem então, para Listra e Derbe, cidades da Licaônia. (Atos dos
Apóstolos, 14: 1-7)
Devido à boa recepção dos povos pagãos, o apóstolo começa a usar o «[...]
seu nome grego Paulo, de preferência ao nome judaico Saulo [...], e é também
então que ele suplanta seu companheiro Barnabé, em razão de sua preponderância
na pregação.» 1 (Atos dos Apóstolos,14:12)
Retornando a Antioquia, levanta-se ali a primeira controvérsia entre os
cristãos, procedentes de Jerusalém e ainda presos às tradições do Judaísmo,
que pretendiam impor a observância da lei moisaica aos cristãos convertidos,
provenientes do paganismo. Os cristãos de Antioquia decidem, então, enviar
Paulo e Barnabé a Jerusalém, para discutir o assunto com os apóstolos. (Atos
dos Apóstolos,15:2) Assim, catorze anos após a sua conversão (Gálatas, 2:1),
em 49, volta Paulo a Jerusalém para participar de um concílio apostólico,
onde seria aceito como apóstolo, com missão junto aos gentios, oficialmente
reconhecida. 1 (Gálatas, 2:2) Reuniram-se Pedro, Tiago e seus colaboradores,
constituindo o chamado «Assembléia ou Concílio de Jerusalém».
Nesse concílio ficou determinado que os cristãos de origem gentílica ou
judaica, teriam total liberdade para seguir, ou não, os rituais disciplinares
impostos pela lei moisaica, evitando, porém, manifestações idólatras. (Atos
dos Apóstolos, 15:1-30)
1.2 - A segunda viagem de Paulo
Esta viagem ocorreu, possivelmente, entre os anos 50 a 52. Paulo se encontrava
em Antioquia (Atos dos Apóstolos, 15:30-35) em companhia do apóstolo
Barnabé, do evangelista João Marcos e de mais dois amigos: Silas – cristão da
igreja de Antioquia – e Timóteo, discípulo da igreja de Listra (Licaônia), que
seriam seus companheiros de viagem, uma vez que Barnabé e Marcos foram
pregar em Chipre.
Os três viajantes (Paulo, Silas e Timóteo), por onde passavam fundavam
igrejas «[...] confirmadas na fé e crescidas em número, de dia a dia.» (Atos dos
Apóstolos, 16:4-5) Mais tarde, os três atravessaram a Frígia, indo até Listra e
Icônio. Seguiram para o norte passando pela região da Galácia: Trôade, Filipos,
Anfípolis, Beréia chegando à Ásia Menor. (Atos dos Apóstolos, 16:6-10) Em
Trôade Paulo teve uma visão de um macedônio que pedia-lhe auxílio. (Atos
dos Apóstolos, 16:9-10) Ao acordar, seguiu viagem para a Macedônia que
até a sua principal cidade, Filipos, uma colônia romana. Aí, Paulo libertou
uma mulher, que praticava a arte da adivinhação, subjugada por um Espírito
malévolo. A libertação espiritual da médium, porém, provocou ira nos que
se beneficiam das consultas mediúnicas. Assim, aprisionaram Paulo e Silas,
levando-os à presença dos magistrados sob alegação que eles estavam perturbando
a ordem imposta pelos romanos, relacionada às pregações religiosas.
Os dois discípulos sofreram graves agressões físicas, inclusive uma surra de
vara, antes de serem jogados na prisão, com os pés amarrados a um cepo. (Atos
dos Apóstolos, 16: 16-24) À noite, Paulo e Silas puseram-se a orar dentro da
prisão. De repente, sobreveio um terremoto de tal intensidade que abalou os
alicerces do cárcere. Imediatamente abriram-se todas as portas e os grilhões
se soltaram, libertando-os. (Atos dos Apóstolos, 16: 25-40)

Saindo de Filipos, partiram para Tessalônica, atravessando Anfípolis e
Apolônia. Por três sábados seguidos pregou na sinagoga tessalonicense, explicando
que Jesus era o Messias aguardado. (Atos dos Apóstolos, 17: 1-4) A
opinião dos judeus ficou, então, dividida, ocorrendo conflitos que obrigaram
Paulo e Silas a partirem para Beréia, onde foram bem recebidos. No entanto,
os convertidos de Beréia providenciaram a partida dos dois para Atenas, uma
vez que os judeus enfurecidos da Tessalônica haviam seguido Paulo e Silas
para prendê-los. (Atos dos Apóstolos, 17:10-14)
O sonho de Paulo era pregar em Atenas, terra dos filósofos e de homens
cultos. A sua pregação no areópago, no entanto, a despeito de fervorosa e
bela, não mereceu a devida atenção dos intelectuais, vaidosos e superficiais,
que zombaram das sinceras convicções do pregador do Cristo, especialmente
quando este abordou a questão da ressurreição. Raros, como Dionísio, o areopagita
(membro do tribunal, juiz), e uma mulher por nome Dâmaris, ouviram
e aceitaram as idéias expostas por Paulo. (Atos dos Apóstolos, 17:15-34)
O contato de Paulo com os atenienses, no Areópago, apresenta lição interessante aos
discípulos novos. [...] É possível que a assembléia o aclamasse com fervor, se sua palavra
se detivesse no quadro filosófico das primeiras exposições. Atenas reverenciá-lo-ia, então,
por sábio [...]. Paulo, todavia, refere-se à ressurreição dos mortos, deixando entrever
a gloriosa continuação da vida, além das ninharias terrestres. Desde esse instante, os
ouvintes sentiram-se menos bem e chegaram a escarnecer-lhe a palavra amorosa e sincera,
deixando-o quase só.
O ensinamento enquadra-se perfeitamente nos dias que correm. Numerosos trabalhadores
do Cristo [...] são atenciosamente ouvidos e respeitados por autoridades nos assuntos
em que se especializaram; contudo, ao declararem sua crença na vida além do corpo, em
afirmando a lei de responsabilidade, para lá do sepulcro, recebem, de imediato, o riso
escarninho dos admiradores de minutos antes, que os deixam sozinhos, proporcionandolhes
a impressão de verdadeiro deserto. 4
Saindo de Atenas, Paulo foi para Corinto, onde conheceu o casal Áquila
e Priscilla, judeus recém-chegados da Itália. Ficou quase dois anos em Corinto,
pregando na sinagoga e dedicando-se à fabricação de tendas. Muitos se
converteram ao Cristianismo e aceitaram Jesus como o Messias. (Atos dos
Apóstolos, 18:1-4) Em Corinto, ele escreveu as duas cartas aos tessalonicenses.
Sendo continuamente hostilizado por alguns judeus, regressa a Antioquia,
acompanhado, até Éfeso, por Áquila e Priscila (Atos dos Apóstolos, 18:19-22)
permanecendo algum tempo em Cesaréia.

1.3 - A terceira viagem de Paulo
Esta viagem aconteceu no período de 53 a 58 da nossa era. Começa em
Antioquia e termina em Jerusalém. De Antioquia Paulo viaja para Éfeso. Por
dois anos anda por toda a Ásia Menor, anunciando o Evangelho, fundando
inúmeras igrejas e promovendo a conversão de inúmeros gentios. Os seus
companheiros de viagem, apoio imprescindível na difusão do Cristianismo,
foram Timóteo (não um dos doze apóstolos) e Erasto. (Atos dos Apóstolos,
19:1-22) Nesse período escreve as cartas aos gálatas e a primeira aos corintios.
Retorna a Éfeso onde fica algum tempo com João, o evangelista.
O progresso do Cristianismo em Éfeso produziu um decréscimo no
movimento comercial e religioso, do célebre santuário de Artemis (Artemisa
ou Diana) ali existente. Tal situação provocou um motim, encabeçado pelos
ourives e negociantes devocionais, obrigando Paulo abandonar a cidade. (Atos
dos Apóstolos, 19:23-41) Seguiu, então, para Macedônia e Acaia, acompanhado
por alguns discípulos: Sópratos, Aristarco, Segundo, Gaio, Timóteo, Tíquico
e Trófimo. (Atos dos Apóstolos, 19:21-40; 20:1-6)
Embarcando em Filipos, escreve a segunda epístola aos coríntios, e empreende
viagem para Jerusalém.
Fez escalas em Trôade, Mileto, Tiro e outras cidades, chegando a Jerusalém,
no ano 58. Paulo e seus companheiros foram bem recebidos pelos irmãos
cristãos, e por Tiago e Pedro. (Atos dos Apóstolos, 20:7-38; 21:1-26)
Antes de seguir viagem para Jerusalém, Paulo sofreu perseguição de alguns
judeus enfurecidos que o mantiveram prisioneiro em Cesaréia por dois
anos. Nessa cidade, Paulo estreitou os laços de amizade com Filipe, um dos
doze apóstolos, que ali vivia com as suas quatro filhas profetizas. (Atos dos
Apóstolos 21:8-10)
Chegando em Jerusalém Paulo foi até a casa de Tiago (possivelmente,
Tiago filho de Alfeu) e, indo ao Templo, foi preso. (Atos dos Apóstolos, 21:17-
34)
Percebendo que seria morto se permanecesse prisioneiro em Jerusalém,
Paulo apela ao Procurador da Galiléia (Festo) para ser submetido ao julgamento
de César uma vez que era cidadão romano. (Atos dos Apóstolos, 21:34-40;
22:1-29)
Após os esclarecimentos que Paulo prestou ao tribuno romano, foi, então,
enviado a Roma para ser julgado. (Atos dos Apóstolos, 23:10-11)
223
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionárias do apóstolo Paulo
1.4 - A última viagem de Paulo (viagem a Roma)
Lucas narra todas as peripécias dessa viagem marítima: o naufrágio, o
refúgio em Malta e chegada em Roma. (Atos dos Apóstolos, 27:3-28;15) Ali
permaneceu em prisão domiciliar durante dois anos, recebendo visitas e trabalhando
na pregação do Evangelho. (Atos dos Apóstolos, 28:30-31) São
deste período as cartas do cativeiro: a Filemon, aos colossenses, aos efésios e
aos filipenses.
Há indicações que Paulo foi libertado no ano 63, situação que lhe permitiu
executar antigo projeto de pregar o Evangelho na Espanha, “nos confins do
mundo”, como afirmou em sua epístola aos romanos, 15:24.
Alguns estudiosos têm dúvidas se, efetivamente, Paulo pregou a Boa Nova
na Espanha, até porque não é fácil reconstruir o itinerário dessa última viagem.
Sabemos que ele voltou a Éfeso e dali partiu para Macedônia. Também esteve
em Creta (I Timóteo, 1:5), em Corinto e em Mileto (II Timóteo, 4:19-20). Nesse
período escreveu duas cartas: a primeira a Timóteo e a de Tito. Foi preso em
66 e levado de volta a Roma.
Emmanuel esclarece que Paulo foi à Espanha onde difundiu o Evangelho,
partindo para este país quando da chegada de Pedro a Roma.
Alegando que Pedro o substituíra com vantagem, debilerou embarcar no dia prefixado,
num pequeno navio que se destinava à costa gaulesa. [...] Acompanhado de Lucas,
Timóteo e Dimas, o velho advogado dos gentios partiu ao amanhacer de um dia lindo,
cheio de projetos generosos. A missão visitou parte das Gálias, dirigindo-se ao território
espanhol, demorando-se mais na região de Tortosa. 5
Enquanto Paulo estava na Espanha ocorreu a prisão do apóstolo João, que
ficou mantido sob vigilância nos cárceres imundos do Esquilino; Pedro envia
mensagem a Paulo, suplicando-lhe intercessão junto às autoridades romanas,
seus conhecidos, em benefício do filho de Zebedeu. Paulo interrompe, então,
seu trabalho evangélico na Espanha e retorna imediatamente a Roma. O ano
64 seguia o seu curso normal, indiferente às aflições que se abatiam sobre numerosos
cristãos. 6
Tempos depois, Paulo é outra vez aprisionado em Roma.
Este segundo cativeiro foi mais penoso do que o primeiro, pois o apóstolo
ficou em prisão comum, considerado malfeitor (desde o ano de 64, o nome
cristão era sinônimo de marginal por ordem do imperador Nero). Escreve a
segunda epístola a Timóteo. O texto existente em II Timóteo, 4:11, é considerado
o testamento do apóstolo. Supõe-se que escreveu a epístola aos hebreus
entre os anos 64-66, em Roma, ou talvez em Atenas. Segundo a tradição, foi
decapitado no ano 67, em Roma.
São tocantes momentos finais do apóstolo Paulo. Emocionadíssimo, escreve
a sua última epístola (a segunda, destinada a Timóteo), amparado pela
presença amiga de Lucas. 7 A firmeza de sua fé, a convicção irredutível no amor
do Cristo são grandiosas, envolvendo Tigilino, seu carrasco, que, trêmulo,
lastima ter que decapitá-lo. 8
Do outro lado, no plano espiritual, amigos sinceros o aguardavam, sendo
inicialmente abraçado por Ananias, aquele que lhe restituiu a visão nos
idos tempos, após os acontecimentos na estrada de Damasco. 9 Mais tarde,
encontra Gamaliel que, reunidos em caravana, viajam por todos os lugares
onde peregrinou, chegando em Jerusalém, no calvário, local onde Jesus foi
crucificado. A luminosa caravana espiritual ora fervorosamente, envolvidos
em júbilos elevados. Paulo vê, então, surgir à sua frente a radiante figura de
Jesus que tem, ao seu lado, Estêvão e Abigail. «[...] Deslumbrado, arrebatado,
o Apóstolo apenas pôde estender os braços, porque a voz lhe fugia no auge
da comoção.» 10

1. BÍBLIA DE JERUSALÉM. As epístolas de São Paulo. Nova edição, revista e
ampliada. São Paulo: Paulus, 2002, p. 1954.
2. DICIONÁRIO DA BIBLIA. Vol. 1: As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzger e Michael D. Coogan. Tradução de Maria Luiza X. de A.
Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2002, p. 247.
3. ______. p. 247-248.
4. XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 114 (Novos atenienses), p. 243-244.
5. ______. Paulo e Estêvão. Episódios históricos do Cristianismo primitivo.
Pelo Espírito Emmanuel. 43. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Segunda parte,
cap. 10 (Ao encontro do Mestre), p. 648.
6. ______. p. 650-652.
7. ______. p. 678-679.
8. ______. p. 683.
9. ______. p. 684-685.
10. ______. p. 688-689.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionárias do apóstolo Paulo
226
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Realizar um estudo que tenha como base
o levantamento dos fatos mais importantes que
caracterizem as viagens de Paulo, em seu trabalho
de evangelização. Veja, em anexo, o roteiro das
viagens.
ORIENTAÇÕES AO MONITOR
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionárias do apóstolo Paulo
227
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1ª Viagem de Paulo
Fonte: FEB

sábado, 11 de maio de 2013

EADE-FEB-Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita- Livro 1 Cristianismo e Espiritismo - Módulo 2 - O Cristianismo - Roteiro 12 - Conversão e missão de Paulo de Tarso

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Dados biográficos de Saulo de Tarso
Paulo é conhecido como o Apóstolo dos Gentios (Atos dos Apóstolos, 9:15;
Gálatas, 1:15-23; Efésios, 3:1-6), em razão do devotado trabalho evangélico que
realizou junto aos povos pagãos. Nasceu em Tarso, capital da Cilícia, no início
do séc. I da nossa era (Atos dos Apóstolos, 9:11; 21:39; 22:3), recebendo o nome
hebraico de Saulo. Fazia parte de uma família judaica helenística, da tribo de
Benjamim (Filipenses, 3:5 e Romanos, 11:1), cujos integrantes eram judeus da
diáspora. Na infância, aprendeu sobre a sua herança judaica na sinagoga local
de Tarso. No entanto, obteve os estágios finais de sua educação religiosa em
Jerusalém, sob a orientação do rabino Gamaliel (Atos dos Apóstolos, 5:34 e
22:3). Era também cidadão romano, por ter nascido numa província de Roma.
(Atos dos Apóstolos, 22:25-28; 23:27). A Cilícia era um distrito da Ásia Menor,
situado próximo da Síria, pertencendo à província de Acaia.
O limite, ao norte, era o Monte Tauro [ou Taurus]. Estava dividida em duas províncias:
Cilícia Traquéa e Cilícia Pádias, a primeira muito montanhosa e agreste, e a segunda,
embora também em parte coberta de rochedos, dispunha de algumas planícies férteis.
Importante estrada cortava o país de este a oeste, passando pela cidade de Tarso. [...] Nos
tempos romanos a Cilícia exportava grande quantidade de lã caprina, chamada cilicium,
da qual se faziam tendas. Esse foi, aliás o ofício de Saulo, de vez que era praxe entre os de
sua raça, inclusive os mais ricos e ilustrados, aprender sempre um ofício manual. 4
Atualmente, a Cilícia pertence à Turquia. Pelo ocidente se liga a Europa,
através do estreito de Bosfóro; pelo oriente, com o Irã e a Rússia; fazendo
fronteira com o Iraque e a Síria, ao sul. 5 A terra natal do apóstolo contava com cerca
de 500.000 habitantes, na época do seu nascimento, possuindo um
bom porto e um centro comercial movimentado e importante. Era uma cidade
cosmopolita que desempenhou relevante papel nas guerras civis dos romanos e
estava isenta de pagar impostos a Roma. Tarso era formada de uma população
heterogênea de marcada influência grega.
A Cilícia era altamente civilizada ao longo da costa, mas bárbara nos altiplanos do Monte
Taurus. Tarso, a capital, era famosa pelos seus filósofos e por suas escolas. Os judeus da
diáspora estabeleceram ali importante colônia, como também em Antioquia, Mileto,
Éfeso, Esmirna [...]. 6
Essas cidades fariam parte do roteiro da pregação evangélica do apóstolo.
Em Jerusalém, conquistou uma posição de importância, como fariseu,
(Atos dos Apóstolos, 23: 6; 26:5 e Filipenses, 3:5), tornando-se membro do
Sinédrio. Paulo possuía poderosa inteligência e considerável cultura, fatores
que muito o favoreceram em suas viagens missionárias. Falava fluentemente
o grego, o latim, além do hebraico. Elevado à posição de doutor da Lei, vivia
em Jerusalém, desfrutando do prestígio que a posição lhe impunha, junto ao
sinédrio, e em razão das relações de sua família.
2. A perseguição de Saulo de Tarso aos cristãos
Com a morte de Estêvão, a vida do impetuoso doutor da Lei sofre profunda
e irreversível transformação. Alucinado por descobrir que Estêvão é o mesmo
Jeziel, irmão desaparecido da sua amada noiva Abigail, vê desmoronar os seus
sonhos matrimoniais. 12
Abigail, por outro lado, afastada de Saulo, se converte ao Cristianismo,
recebendo de Ananias as luzes sagradas da nova revelação. 14
Não muito tempo depois da sua conversão ao Cristianismo, Abigail cai
irremediavelmente doente, vindo a morrer nos braços de um Saulo enlouquecido
de dor. 14
Durante três dias, Saulo deixou-se ficar em companhia dos amigos generosos, recordando
a noiva inesquecível. Profundamente abatido, procurava remédio para as mágoas íntimas,
na contemplação da paisagem que Abigail tanto amara. [...] Acusava a si próprio de não
haver chegado mais cedo para arrebatá-la à enfermidade dolorosa.
Pensamentos amargos o atormentavam, tomado de angustioso arrependimento. Afinal,
com a rigidez das suas paixões, aniquilara todas as possibilidades de ventura.
Com o rigorismo de sua perseguição implacável, Estêvão encontrara o suplício terrível; com o
orgulho inflexível do coração, atirara a noiva ao antro indevassável do túmulo. Entretanto,
não podia esquecer que devia todas as coincidências penosas àquele Cristo crucificado,
que não pudera compreender. 16
Ensandecido pela dor, o orgulhoso fariseu transferiu sua mágoa e revolta
para Jesus e para seus seguidores.
Saulo de Tarso galvanizava o ódio pessoal ao Messias escarnecido. Agora que se encontrava
só [...] buscaria concentrar esforços na punição e corretivo de quantos encontrava
transviados da Lei. Julgando-se prejudicado pela difusão do Evangelho, renovaria processos
da perseguição infamante. Sem outras esperanças, sem novos ideais, já que lhe
faltavam os fundamentos para constituir um lar, entregar-se-ia de corpo e alma à defesa
de Moisés, preservando a fé e a tranqüilidade dos compatrícios. 15
Elabora então um plano de perseguição aos cristãos, especialmente dirigido
a Ananias, responsável direto pela conversão de Abigail.
Posteriormente, apresenta esse plano ao Sinédrio, esclarecendo que, a
despeito da paz reinante em Jerusalém, obtida pelo encarceramento dos principais
líderes da igreja do “Caminho”, o mesmo não acontecia nas cidades de
Jope e Cesaréia onde eram freqüentes os distúrbios provocados pelos adeptos
do Cristo. 15 Concluindo a exposição, afirma:
Não somente nesses núcleos precisamos desenvolver a obra saneadora, mas, ainda,
agora, chegam-se notícias alarmantes de Damasco, a requerem providências imediatas.
Localizam-se ali perigosos elementos. Um velho chamado Ananias, lá está perturbando
a vida de quantos necessitam de paz nas sinagogas. Não é justo que o mais alto tribunal
da raça de desinteresse das coletividades israelitas noutros setores. Proponho, então,
estendermos o benefício dessa campanha a outras cidades. Para esse fim, ofereço todos os
meus préstimos pessoais, sem ônus à causa que servimos. Bastar-me-á, tão só, o necessário
documento de habilitação, a fim de acionar todos os recursos que me pareçam acertados,
inclusive o da própria pena de morte, quando se julgue necessária e oportuna. 17
3. A conversão de Saulo de Tarso ao Cristianismo
O plano de Saulo foi totalmente aceito pelo Sinédrio que lhe concedeu
liberdade para agir livremente.
De posse das cartas de habilitação para agir convenientemente, em cooperação com as
sinagogas de Damasco, aceitou a companhia de três varões respeitáveis, que se ofereceram
a acompanhá-lo na qualidade de servidores muito amigos. A fim de três dias, a pequena
caravana se deslocou de Jerusalém para a extensa planície da Síria. 18
As ações de Paulo antes da sua conversão, iniciada, propriamente, na
estrada de Damasco foram guiadas por uma consciência mal informada. Assume
a postura do inquisidor religioso que não oferece espaço mental para as
orientações superiores ou para ponderações justas proferidas por amigos, por
exemplo, as de Gamaliel. Não satisfeito com a perseguição que promoveu em
Jerusalém, pediu cartas ao príncipe dos sacerdotes para aprisionar, nas sinagogas
de Damasco, os cristãos que ali buscavam abrigo. (Atos dos Apóstolos,
9: 1-2).
Aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade.
Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: «Saulo, Saulo, por que me persegues?»
Ele perguntou: «quem és, Senhor?» E a resposta: «Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo.
Mas levante-te, entra na cidade, e te dirão o que deves fazer.» Os homens que
com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz mas não vendo
ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada.
Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve três dias sem
ver, e nada comeu ou bebeu. Ora, vivia em Damasco um discípulo chamado Ananias.
O Senhor lhe disse em visão: «Ananias!» Ele respondeu: «Estou aqui Senhor!» E o Senhor
prosseguiu: «Levanta-te, vai pela rua chamada Direita e procura, na casa de Judas, por
alguém de nome Saulo, de Tarso. Ele está orando e acaba de ver e acaba de ver numa
visão um homem chamado Ananias entrar e lhe impor as mãos para que recobre a vista.»
Ananias respondeu: «Senhor, ouvi de muitos, a respeito deste homem, quantos males fez
a teus santos em Jerusalém. E está aqui com a autorização dos chefes dos sacerdotes para
prender a todos os que invocam o teu nome.» Mas o Senhor insistiu: «Vai, porque este
homem é para mim um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações
pagãs, dos reis, e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer
em favor do meu nome.» Ananias partiu. Entrou na casa, impôs sobre ele as mãos e disse:
«Saulo, meu irmão, o Senhor me enviou, Jesus o mesmo que te apareceu no caminho
por onde vinhas. É para que recuperes a vista e fique repleto do Espírito Santo.» Logo
caíram-lhe dos olhos umas como escamas, e recobrou a vista. Recebeu, então, o batismo
e, tendo tomado alimento, sentiu-se reconfortado. Saulo esteve alguns dias com os
discípulos em Damasco e, imediatamente, nas sinagogas, começou a proclamar Jesus,
afirmando que ele é o filho de Deus. Todos os que o ouviam ficavam estupefatos e diziam:
«mas não é este o que devastava em Jerusalém os que invocavam esse nome, e veio para
cá expressamente com o fim de prendê-los e conduzi-los aos chefes sacerdotes?» Saulo,
porém, crescia mais e mais em poder e confundia os judeus que moravam em Damasco,
demonstrando que Jesus é o Cristo. (Atos dos Apóstolos, 9: 3-22)
Os acontecimentos relativos à conversão de Saulo, merecem reflexões mais aprofundadas.
O socorro concedido a Paulo de Tarso oferece, porém, ensinamento profundo. Antes de
recebê-lo, o ex-perseguidor rende-se incondicionalmente ao Cristo; penetra a cidade, em
obediência à recomendação divina, derrotado e sozinho, revelando extrema renúncia,
onde fora aplaudido triunfador. Acolhido em hospedaria singela, abandonado de todos
os companheiros, confiou em Jesus e recebeu-lhe a sublime cooperação. É importante
notar, contudo, que o Senhor, utilizando a instrumentalidade de Ananias, não lhe cura
senão os olhos, restituindo-lhe o dom de ver. Paulo sente que lhe caem escamas dos
órgãos visuais e, desde então, oferecendo-se ao trabalho do Cristo, entra no caminho
do sacrifício, a fim de extrair, por si mesmo, as demais escamas que lhe obscureciam as
outras zonas do ser. 19
É raro alguém transformar-se tão rapidamente, como aconteceu com
Saulo. Sob o influxo da presença e chamamento do Mestre, na estrada de
Damasco, o impetuoso fariseu muda radicalmente a sua posição na vida: de
perseguidor passa a ser protetor de todos os cristãos.
Não é difícil imaginar os sacrifícios e conflitos que o doutor de Tarso
vivenciou para se transformar em discípulo sincero do Evangelho. Deve ter
experimentado enormes dificuldades nos inevitáveis testemunhos. Importa
considerar, porém, o significativo amparo fraternal que recebeu de muitos,
um bálsamo para aliviar as suas chagas morais. Neste sentido, esclarece Emmanuel:
O Mestre, para estender a sublimidade do seu programa salvador, pede braços humanos
que o realizem e intensifiquem. Começou o apostolado, buscando o concurso de Pedro
e André, formando, em seguida, uma assembléia de doze companheiros para atacar
o serviço da regeneração. [...] Ainda mesmo quando surge, pessoalmente, buscando
alguém para a sua lavoura de luz, qual aconteceu na conversão de Paulo, o Mestre não
dispensa a cooperação dos servidores encarnados. Depois de visitar o doutor de Tarso,
diretamente, procura Ananias, enviando-o a socorrer o novo discípulo. 11
4. A missão de Paulo
Todos os Apóstolos do Mestre haviam saído do teatro humilde de seus gloriosos ensinamentos;
mas, se esses pescadores valorosos eram elevados Espíritos em missão,
precisamos considerar que eles estavam muito longe da situação de espiritualidade do
Mestre, sofrendo as influências do meio a que foram conduzidos. Tão logo se verificou
o egresso do Cordeiro às regiões da Luz, a comunidade cristã, de modo geral, começou
a sofrer a influência do judaísmo, e quase todos os núcleos organizados, da doutrina,
pretenderam guardar feição aristocrática, em face das novas igrejas e associações que
se fundavam nos mais diversos pontos do mundo. É então que Jesus resolve chamar
o Espírito luminoso e enérgico de Paulo de Tarso ao exercício do seu ministério.
Essa deliberação foi um acontecimento dos mais significativos na história do Cristianismo.
As ações e as epístolas de Paulo tornam-se poderoso elemento de universalização da
nova doutrina. De cidade em cidade, de igreja em igreja, o convertido de Damasco, com
o seu enorme prestígio, fala do Mestre, inflamando os corações. A princípio, estabelece
entre ele e os demais apóstolos uma penosa situação de incompreensibilidade, mas sua
influência providencial teve por fim evitar uma aristocracia injustificável dentro da comunidade
cristã, nos seus tempos inesquecíveis de simplicidade e pureza. 10
Concluindo o seu período em Damasco, onde recebeu o auxílio de Ananias
e conheceu a mensagem de Jesus, Saulo parte para o deserto, vivendo no oásis
de Palmira como humilde tecelão de tendas. Nessa localidade, prossegue no seu
aprendizado, tendo oportunidade de vir a conhecer o idoso Esequias, irmão de
Gamaliel, cristão valoroso, assim como o casal Prisca (Priscila) e Áquila, judeus
também convertidos ao Cristianismo. (Veja, a propósito, maiores informações
sobre esse período da vida de Saulo, no livro de Emmanuel, Paulo e Estêvão,
segunda parte, capítulos 1 e 2).
Retornando a Jerusalém, após estágio no deserto, os cristãos fugiam dele,
temerosos. Por influência de Barnabé, Saulo foi conduzido aos apóstolos que,
após ouvirem o relato dos acontecimentos na estrada de Damasco, passaram a
aceitá-lo como discípulo. Sendo, porém, ameaçado de morte por alguns judeus,
os apóstolos levaram-no a Cesáreia e, depois, a Tarso. (Atos dos Apóstolos,
9: 2-30)
Os cristãos que se dispersaram após a morte de Estêvão, em conseqüência
da perseguição de Saulo, espalharam-se pela Fenícia, Chipre e Antioquia, pregando,
nessas localidades, os ensinamentos de Jesus. A notícia desta pregação,
porém, se espalhou, chegando aos ouvidos de Barnabé, que se encontrava em
Jerusalém. Entusiasmado, este apóstolo partiu para Tarso em busca de Paulo
e, durante um ano, pregaram juntos o Evangelho na igreja recém-criada de
Antioquia, para judeus e gentios. Foi em Antioquia, que os discípulos, pela
primeira vez, foram chamados de “cristãos”. (Atos dos Apóstolos, 11: 25-26)
A palavra cristão significa «[...] partidários ou sectários do Cristo (gr. Chistós,
forma popular de Chrestós). Ao criarem esta alcunha, os gentios de Antioquia
tomaram o título de “Cristo” (Ungido, Messias) por um nome próprio». 2
A missão de Paulo não foi fácil. Sofreu toda sorte de atribulações. No
entanto, a partir da sua conversão na estrada de Damasco, em torno do ano
36 da nossa era, [...] ele vai consagrar toda a sua vida ao serviço de Cristo que
o “conquistou” (Filipenses, 3:12). Depois de uma temporada na Arábia e do
regresso a Damasco (Gálatas, 1:17), onde ele já prega (Atos dos Apóstolos, 9:20),
sobe a Jerusalém pelo ano 39 (Gálatas, 1:18; Atos dos Apóstolos, 9: 30),
de onde é reconduzido a Antioquia por Barnabé, com o qual ensina (Atos dos
Apóstolos, 9:26-27 e 11: 25-26). 3
A missão de Paulo pode ser resumida em três palavras: fé, esperança e
caridade. «Agora, portanto, permanecem fé, esperança e caridade, estas três
coisas. A maior delas, porém, é a caridade.» (1 Corintios, 13:13)
A fé é uma posse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que
não se vêem. E para demonstrá-lo, discorreu longamente sobre todas as coisas maravilhosas
que os hebreus haviam aceitado, no passado, pelo puro e singular testemunho da fé.
Ancorava-se a fé na retidão do homem, pois o justo vive pela sua fé, sustentando-se nela,
confiante nela. Não, contudo uma fé passiva, de braços cruzados, nem uma fé apoiada
simplesmente nos velhos preceitos da lei de Moisés. A fé precisava ser ativa, construtiva,
fraterna, atuante, fortalecida na esperança, dinamizada na caridade. 7
A esperança, em Paulo, está intimamente ligada à fé «[...] que, por sua
vez, vem do testemunho daqueles que viram e falaram com um ser oficialmente
morto.» 9
A ressurreição do Cristo é o seu argumento decisivo em relação à esperança.
Na estrada de Damasco, ele viu o Cristo vivo e recoberto de luz, depois de
estar oficialmente morto há vários anos. Dessa forma, para Paulo, a descoberta
mais retumbante foi que o ser não morre para sempre; que existe a grandeza
da imortalidade, a existência de outro corpo leve e luminoso que permite a
sobrevivência do Espírito; de que há um reino de glórias e alegrias à espera de
cada um de nós; de que é preciso aceitar a leve tribulação do momento que
passa, como ele afirmava, em troca de um enorme caudal de glória eterna.
A fé e esperança, porém, embora pessoais, e, muitas vezes, incomunicáveis, intransferíveis
por simples tradição, não seriam conquistas inativas, estáticas e infrutíferas. Na dinâmica
do amor, convertido em caridade, elas poderiam expandir-se, acendendo em outros
corações o fogo sagrado. Da esperança primeiro, para, só mais tarde, chegar à terceira
irmã: a fé, como um retorno sobre si mesma. [...] A fé e o amor devem contemplar o
futuro com o olhar da confiança e, portanto, da esperança. A fé, unida à esperança, pode
ser apenas egoísmo. A esperança e o amor podem não ser suficientes para construir a fé
e, nesse caso, a felicidade seria apenas uma hipótese. É preciso as três, como acentuou
Paulo, e todos aspirassem às três, mas a maior delas é o amor... 8
Fica claro, assim, porque um dos mais belos textos de sua autoria é o
capítulo 13, da primeira epístola aos coríntios, que versa sobre a caridade e o
amor. Assim como o capítulo 11, epístola aos hebreus, que trata da fé.
Não nos esqueçamos, contudo, de que, balanceado as duas, em sua mente privilegiada,
ele conclui que o amor ainda é mais importante do que a própria fé, especialmente
a dinâmica do amor que se expressa na caridade, no serviço ao próximo, a tônica do
pensamento de Jesus. 7
A fé foi, sem dúvida, o instrumento que garantiu a Paulo a força moral
para vencer as vicissitudes da vida. Todavia, soube compreender que somente
o amor faz o homem elevar-se aos píncaros da felicidade verdadeira.
Coloca assim, sem equívoco, a caridade acima até da fé. É que a caridade está ao alcance
de toda gente: do ignorante, como do sábio, do rico, como do pobre, e independe de
qualquer crença em particular. Faz mais: define a verdadeira caridade, mostra-a não só
na beneficência, como no conjunto de todas as qualidades do coração, na bondade e na
benevolência para com o próximo. 1
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 15, item 7, p. 249.
2. A BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 2002, p. 1922 (Atos dos
Apóstolos, 11:26 e nota de rodapé; “h“).
3. ______. Atos dos Apóstolos, 9:26-27, p. 1918; 11:25-26, p. 1922.
4. MIRANDA, Hermínio C. As marcas do Cristo. Volume 1. 4. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1999, p. 25.
5. ______. p. 26.
6. ______. p. 27.
7. ______. Cristianismo: a mensagem esquecida. 1.ed. Matão: O Clarim, 1998.
Cap. 11 (Fé, esperança e caridade) p. 221.
8. ______. p. 221-222.
9. ______. p. 226-227.
10. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 14 (A edificação cristã) p. 125-126
(A missão de Paulo).
11. ______. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 149 (Escamas), p. 333-334.
12. ______. Paulo e Estevão: episódios históricos do Cristianismo primitivo.
Pelo Espírito Emmanuel. 43 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte,
cap. 8 (A morte de Estevão), p. 175-207.
13. ______. p. 217.
14. ______. Cap. 9 (Abigail cristã), p. 227.
15. ______. Cap. 10 (No caminho de Damasco), p. 230.
16. ______. p. 237.
17. ______. p. 237-238.
18. ______. p. 238-239.
19. ______. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 17 (Cristo e nós), p. 51-52.

sábado, 4 de maio de 2013

QUEM TOMAR DO ARADO"...Quem tomar do arado não deve mais olhar para trás. O que significa dizer que a pessoa que tomou uma incumbência nobilitante, que abraçou um ideal, deve deixar para trás todos os seus preconceitos, suas idéias obsoletas, seus interesses terra-a-terra, todos os vícios e toda a maldade que ainda estiver em seu coração...."

QUEM TOMAR DO ARADO

"PORÉM, RESPONDENDO, PEDRO E OS APÓSTOLOS DISSERAM:
MAIS IMPORTA OBEDECER A DEUS QUE AOS HOMENS". (ATOS, 4:19)
Não fora a dedicação de um Paulo de Tarso, de um Barnabé, de um Lucas, e o Evangelho de Jesus não teria tido a penetração que alcançou em tão curto prazo. Quando há necessidade de proceder a uma revelação, Deus faz com que encarnem na Terra os Espíritos mais capazes de fazer com que ela colime os seus objetivos. Se muitos desses pioneiros vêm a falhar na missão, outros a levam avante, tais como arautos da fé e da coragem.

Paulo de Tarso, no desenvolvimento da sua fulgurante missão, sofreu duros golpes. Em sua II Epístola aos Coríntios, ele afirmou enfaticamente que, no desempenho da sua missão, havia recebido dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fora açoitado com varas, uma vez fora apedrejado, três vezes havia sofrido naufrágio; uma noite e um dia passara no abismo, acrescentando ainda: em viagens muitas vezes, em perigo de rios, em perigo de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigo dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos do mar, em perigo entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum, em frio e nudez, tudo isso pelo amor incomensurável que dedicava à causa do Cristianismo nascente.

Se Paulo de Tarso, os apóstolos de Jesus e outros
missionários que aqui vieram se tivessem intimidado diante das ameaças dos poderosos da época, silenciando suas vozes e deixando perecer os movimentos de divulgação da Boa Nova, é indubitável que a tarefa de legar ao mundo os ensinamentos do Cristo teria sido retardada consideravelmente.

No entanto, para vencer os óbices naturais do caminho, para poder enfrentar os interesses inconfessáveis dos grandes da Terra, é necessário que o missionário se arme de muita perseverança e mesmo de grande espírito de renúncia, sem o que a tarefa fica no meio e as idéias ficam adiadas em sua implantação.

Jesus Cristo realizou a sua missão sem tergiversar com o erro, sem temer as forças visíveis e invisíveis que ofereciam embaraço à divulgação das suas palavras, e sobretudo sem fazer qualquer sorte de conluio com os poderes transitórios da Terra. Por isso enfrentou a trama planejada pelos escribas, pelos fariseus, pelos saduceus e pelo próprio sumo sacerdote, os quais fizeram causa comum a fim de repelir as idéias renovadoras que ele viera trazer.

Aqueles, pois, que se proponham a difundir um ideal, devem-se munir de fé e da firme decisão de não voltar atrás em seus cometimentos, Levando avante a tarefa a qualquer custo.

Por isso disse Jesus Cristo de forma bastante judiciosa: Quem tomar do arado não deve mais olhar para trás. O que significa dizer que a pessoa que tomou uma incumbência nobilitante, que abraçou um ideal, deve deixar para trás todos os seus preconceitos, suas idéias obsoletas, seus interesses terra-a-terra, todos os vícios e toda a maldade que ainda estiver em seu coração.
- Jesus Cristo não pactuou com os escribas e fariseus, preferindo enfrentá-los, chamando-os hipócritas, túmulos caiados, devoradores das casas das viúvas e dando-lhes ainda outros qualificativos.
- O Mestre não procurou aproximar-se de Herodes; pelo contrário, enviou-lhe um recado, chamando-o de raposa;
- De maneira idêntica, o Senhor recusou-se a produzir sinais dos céus diante de pessoas de renome social, mas endurecida de coração, chamando-as de componentes de uma geração adúltera e infiel.
Paulo A. Godoy
Cronicas do Evangelho

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

MENSAGEM AO MUNDO PAGÃO


"E EU LHE MOSTRAREI QUANTO DEVE PADECER PELO MEU NOME". (ATOS, 9:16)
Decorrido algum tempo após a crucificação de Jesus Cristo, o pequeno grupo de apóstolos dedicou-se à tarefa de disseminação da Boa Nova, procurando levar a mensagem cristã a todo o povo judeu. Entretanto, a mensagem revelada, que os apóstolos julgavam ter um sentido local, que acreditavam ser apenas dirigida ao povo de Israel e jamais apregoada aos demais povos, tinha de ultrapassar os limites acanhados daquela nação, para ser projetada no tempo e no espaço, atingindo os povos do chamado mundo pagão.

Os apóstolos de Jesus não estavam em condições de encetar tarefa de tamanha envergadura, uma vez que não se haviam ainda desvencilhado de muitos dogmas e de antigas tradições, sendo isso suficiente para evitar que ultrapassassem os limites estreitos do judaísmo. A prova mais cabal dessa assertiva está contida em Atos, 11:1-3, onde vemos o apóstolo Pedro ser acerbamente criticado por seus companheiros, pelo fato de haver contribuído para a conversão de um gentio: o centurião Cornélio.

Apenas um homem estava em condições de levar a Mensagem do Cristo a esses povos: Paulo de Tarso. Entretanto, o jovem tarsense estava num campo oposto, e
o Cristo o convocou por meio de retumbante manifestação espiritual, na Estrada de Damasco.

O chamamento de Paulo foi decisivo e o convocado obedeceu sem hesitações, sem indagações e sem condições. Fez apenas uma interrogação: Senhor, que queres que eu faça? Não formulou nenhuma das perguntas que qualquer um de nós comumente faria, em condições idênticas:

— Como e onde começar?
— Com que facilidades contarei?
— Poderei confiar na ajuda irrestrita do Alto?
— Quem me assessorará?
— Como enfrentarei os meus antigos amigos do Sinédrio?
— Aceitarão os gentios as minhas palavras?
— Prestar-se-ão a ouvir-me os filósofos gregos?
— Não será a minha pregação obstada pelas autoridades romanas?
— Porventura serei preso? Nesse caso quem me libertará?
— Quem será o meu sucessor na eventualidade de um fracasso?
— Não será ousadia demais combater a circuncisão, a idolatria e outras tradições?
— Onde haurirei as instruções necessárias?

Após receber a visita de Ananias e ter sido introduzido por Barnabé no grupo de apóstolos, Paulo de Tarso passou a percorrer os núcleos cristãos. Fundou centros de divulgação onde eles não existiam e deu nova vida àqueles que estavam ainda incipientes, para tanto, enfrentou acerba resistência, foi ultrajado, perseguido, vilipendiado, chegando mesmo a ser apedrejado. Nada disso arrefeceu o seu ânimo.

Não bastasse a resistência dos homens, intensificou-se o trabalho pernicioso dos Espíritos do mal: e um mensageiro das trevas trespassou-o de forma idêntica a um espinho na carne, acerca do qual Paulo teve de orar a Jesus, por três vezes, para que fosse desviado do seu caminho (II Cor. 12:7-8).

E Paulo falou e escreveu aos Hebreus, aos Tessalonicenses, aos Colossenses, aos Filipenses, aos Efésios, aos Gálatas, aos Coríntios e aos Romanos.

— Defendendo a pureza doutrinária do Cristianismo, debateu-se com o próprio apóstolo Pedro (Epístola aos Gálatas, 2:11);
— A fim de revelar o Deus Verdadeiro, foi ao Areópago, para discutir com os filósofos epicureus e estóicos;
— Para combater o mediunismo descontrolado e interesseiro, desmascarou Élimas (Atos, 13:6-9);
— Demonstrando os inconvenientes do personalismo, profligou a atitude de Apoio (I Cor. 3:1-9);
— Tentando extirpar a idolatria do seio do povo, defrontou-se com Demétrio (Atos, 19:24-30);

— No afã de implantar as verdades de uma nova doutrina, atraiu sobre si o ódio e a inimizade dos seus antigos companheiros, inclusive dos principais dos sacerdotes;
— Com o objetivo de levar a palavra do Cristo até Roma, apelou para ser julgado na capital do Império.

E assim Paulo percorreu as cidades do mundo pagão, as comunidades dos gentios: foi à Beréia, à Macedônia, passou pela Síria, pela Cilicia, por Icônio, Listra, Derbe, Antioquia, Chipre e dezenas de outras cidades. Encetou três grandes viagens missionárias e voltou a Jerusalém, onde foi preso, julgado e remetido sob escolta até Roma, onde sofreu as agruras de úmidas prisões, frio e fome, e onde, por fim, foi sacrificado.

Na passagem evangélica sobre a Conversão na Estrada de Damasco, o vocábulo Vaso significa médium, intermediário, pois assim como o vaso recebe o perfume e irradia do seu odor para todos os lados, Paulo recebeu, via mediúnica, os consoladores ensinamentos de Jesus e os transmitiu a todos os povos.

Paulo de Tarso foi, portanto, o exemplo vivo do discípulo que obedece, sem aquilatar dos percalços do caminho, sem medir as oposições e sem temer as represálias e até a própria morte do corpo.
Paulo A. Godoy
Crônicas Evangélicas

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ensinou o apóstolo Paulo: a Bíblia é um livro mediúnico



A origem mediúnica das religiões é hoje uma tese provada pelas pesquisas antropológicas e etnológicas. Só os materialistas a rejeitam. Os interessados podem estudar o assunto no livro do professor Ernesto Bozzano, Povos Primitivos e Manifestações Supranormais, ou em nosso livro O Espírito e o Tempo, lançado pela Editora Pensamento, nesta capital. A origem da Bíblia é um capítulo natural desse processo geral que originou as religiões. Os leitores podem encontrar material a respeito no livro do professor Romeu do Amaral Camargo, De Cá e de Lá, no meu livro já citado e em Os 3 Caminhos de Hécate, editado pela Edicel.
Mas não pense o leitor que são os espíritas que afirmam a origem mediúnica da Bíblia. Quem afirmou foi o apóstolo Paulo, quando declarou peremptoriamente: “Vós recebestes a lei por ministério de anjos”, isto em Atos, 7:53, explicando ainda em Hebreus 2:2: “Porque a lei foi anunciada pelos anjos”, e confirmando na mesma epístola, 1:14: “Espíritos são administradores, enviados para exercer o ministério”. Antes, em Hebreus, 1:7, Paulo, depois de advertir que Deus havia falado de muitas maneiras aos profetas, acrescenta: “Sobre os anjos, diz: o que faz os seus anjos espíritos e os seus ministros chamas de fogo”.
Está claro que os anjos são espíritos, reveladores das leis de Deus aos homens, como afirma o Espiritismo. Paulo vai mais longe, afirmando em Atos 7:30-31, que Deus falou a Moisés através de um anjo na sarça ardente. Veja-se o que ficou dito acima: os anjos são espíritos, ministros de Deus, que o faz chama do fogo, nas aparições mediúnicas. O reverendo Haraldur Nielsson, em seu livro O Espiritismo e a Igreja, ele que foi o tradutor da Bíblia para o islandês, a serviço da Sociedade Bíblica Inglesa, afirma que o Cristo é muitas vezes chamado no Evangelho, no original grego, de “pneuma”, depois da ressurreição. E “pneuma” quer dizer espírito. Da mesma maneira, lembra que Paulo, em Hebreus, 12:9, refere-se a Deus como “Deus dos Espíritos”. Lembra ainda que as manifestações dos Espíritos, nas sessões que realizou com o bispo Hallgrimur Svenson em Reikjavik, eram na forma de línguas de fogo. Essas manifestações confirmavam que o anjo da sarça ardente e os fenômenos do Pentecoste foram mediúnicos.
O que falta aos acusadores do Espiritismo é estudo. Se pusessem o seu dogmatismo de lado e estudassem um pouco, haveriam de compreender essas coisas. A Bíblia foi inspirada pelos Espíritos, como mensageiros de Deus, no tocante aos seus livros proféticos, que chamamos de mediúnicos. Os livros históricos e de legislação civil receberam também a colaboração dos Espíritos. A Bíblia, pois, é um livro mediúnico que não pode condenar o Espiritismo, pois estaria se condenando a si mesma.

Livro: Visão Espírita da Bíblia
Herculano Pires