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sexta-feira, 22 de março de 2013

A Transformação do Instinto

Há diferença entre instinto e inteligência, e estas duas condições humanas entrecruzam-
se tão sutilmente que se tornam imperceptíveis. Elas interagem, inviabilizando ao homem distinguir,
em muitas ocasiões, quando uma termina e dá lugar à outra.
Segundo O Livro dos Espíritos, questão 73, “(...) o instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência
sem raciocínio. Por ele é que os seres provêem às suas necessidades”.
Através do instinto os seres orgânicos realizam atos espontâneos e voluntários, visando à sua conservação,
não havendo nesses atos instintivos reflexão, combinação nem premeditação.
Obedecendo cegamente a este impulso, as plantas procuram o ar, voltam-se para a luz em busca
de energia que as vitalizem, direcionam suas raízes para a água e para a terra que as nutrem. Também a flor abre e fecha, conforme lhe for necessário.
As plantas trepadeiras se enroscam em torno do que lhes pode oferecer segurança e apoio. E, no reino animal, os animais têm o aviso do perigo que os ronda; procuram o melhor clima de acordo com a estação que estão vivendo; eles constroem, sem ter a mínima orientação, abrigos, moradias, com mais ou menos arte, de acordo com suas espécies; cuidam com zelo (sem ter noção do que seja isto) de seus filhotes, dando demonstração, para muitas pessoas, de que eles amam suas crias, enquanto há animais, os ferozes, por exemplo, que comem seus próprios filhos, bastando a fome lhes surgir. Os animais manejam com destreza as suas garras, que lhes propiciam defesa contra os outros animais; aproxima-se o macho da fêmea e unem-se sexualmente sem que tivessem tido a menor diretriz sobre como se processaria o cruzamento.
Os filhotes se instalam para mamar, sem que a mãe os oriente.
Vejamos o homem. Sua vida inicial é toda instintiva, passando o instinto a dominá-lo. A criança toma o
alimento do seio materno; faz os primeiros movimentos sem aprendizagem específica; grita avisando
que deseja algo ou que não está se sentindo bem; tenta falar e andar. Já crescido, o homem também continua a realizar movimentos instintivos, principalmente quando alguma coisa externa ameaça a sua integridade física, o mesmo acontecendo na hora de equilibrar o corpo. A oxigenação a que se submete pela
respiração, o abrir da boca quando sente sono são atos, movimentos instintivos.
Quando age inteligentemente, o homem revela atos voluntários, frutos de reflexão, premeditação e sujeitos
a combinações, tudo de conformidade com os momentos circunstanciais.
Este patrimônio é exclusivamente da alma.
Todo ato instintivo é maquinal; já o que denota reflexão, combinação, deliberação é inteligente, pois o
ato inteligente é livre, enquanto o instintivo, automático.
O instinto é sempre guia seguro, dificilmente falha ou se engana.
Já a inteligência, por ser livre, muitas vezes se equivoca, levando o homem ao arrependimento, ao
remorso, à dor.
Agindo por instinto, o homem está sempre revelando que é um ser inteligente, pois que se encontra apto
a prever o que lhe pode acontecer.
O instinto não poderia promanar da matéria, porque se assim fosse teríamos que admitir inteligência
na matéria, o que não existe.
Ainda mais teríamos de admitir que a matéria seria mais inteligente e previdente do que a alma, pelo
fato de o instinto não se enganar, enquanto a inteligência vez por outra se equivoca.
Não é raro a manifestação ao mesmo tempo do instinto e da inteligência.
Quando nós caminhamos, por exemplo, o mover as pernas é ato instintivo; colocamos um
pé à frente do outro, sem cogitarmos nisso. Agora, quando queremos acelerar o passo, levantar o pé
para nos livrarmos de um obstáculo, agimos inteligentemente, ou seja, aí empregamos cálculo e combinação.
Analisando o animal na hora de se alimentar, de forma predatória, vemos que ele sabe como segurar a
sua presa, por instinto, e levá-la à boca para devorá-la. Contudo, prevenindo- se contra eventuais ameaças
à conservação do alimento sob o seu domínio, temos que admitir
que ele atua com inteligência.
Sabendo-se que os Guias Espirituais atuam em nossas vidas nos livrando de certos perigos e certos
males, após nos envolverem em seus eflúvios, vemos aí uma ação inconsciente do homem que se
pode atribuir a um ato instintivo, quando ele é elaborado com inteligência, no mínimo a do Espírito
Protetor. Há, no nosso entendimento, uma ação conjugada do instinto e da inteligência.
A Providência Divina, que protege crianças, loucos e ébrios, manifesta- se através do ato protetor dos
Guias Espirituais, que conduzem quem ainda não sabe caminhar na vida sem uma ajuda eficaz.
Figurando todos nós mergulhados no halo divino, ou seja, sob a sua proteção sábia e previdente, vamos
compreender a unidade de vistas que preside a todos os nossos movimentos instintivos efetuados
para o nosso bem-estar.
Sob esta óptica o instinto há de ser um excelente guia,muito seguro em sua ação. Incluamos aí o instinto
materno, o maior de todos; malgrado opinião contrária dos apologistas de que tudo se resume na matéria,
ele fica realçado e enobrecido. É por intermédio das mães que Deus vela pelas suas criaturas. Resulta daí estarmos sempre realçando, quando oportuno, que por ser Deus o verdadeiro Pai de nossos filhos, nós,
pais terrenos, somente fazemos uma parte mínima de esforço para deles cuidar.A outra parte, a maior e mais
expressiva, fica sob a competência de Deus, pertence a Ele.
Não deduzamos, daí, a nulificação da proteção dos Espíritos Guias, porque eles agem, atuam como medianeiros de Deus, já que o Criador, como está em O Livro dos Espíritos (questões 112-113), não atua sozinho, mas em comunhão com o movimento de seus intermediários nos mundos físico e extrafísico.
Devemos convir, como judiciosamente Allan Kardec destaca, que estas maneiras de considerar o instinto
e a inteligência são todas hipotéticas, e nenhuma poderá ser considerada como genuinamente
autêntica. Contudo, nada possuem de absurdidade, segundo os conhecimentos
atuais do ser humano. Pode ser isso mesmo o que acontece, como mostra a prudência científica
do Codificador ao aconselhar cuidado e muita observação antes de darmos a última palavra. Ou não a
digamos nunca, o que sempre é mais aconselhável. Na incerteza, silenciemos, dizem os que sabem mais.
O instinto vai se enfraquecendo por sua absorção pela inteligência, sem, contudo, desaparecer totalmente,
pelo fato de ele ser guia seguro, nunca prejudicial, sempre bom.
Agindo só instintivamente, o homem poderia ser bom, mas a sua inteligência permaneceria paralisada,
sem desenvolvimento, e não é isso que Deus deseja às suas criaturas.
Apoio: Livro A Gênese, de Allan Kardec,
edição da Federação Espírita Brasileira,
capítulo III, tradução de Guillon
Ribeiro.