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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

QUE É A VERDADE? "Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz."



''Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade ?" (João, 18:38)


Afirma o Evangelho de João que, ao entrar Pilatos na audiência, após um ligeiro colóquio com Jesus Cristo, perguntou-lhe: "Logo tu és rei?", indagação que mereceu do Mestre a seguinte resposta: "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz".


Face a uma resposta de tamanha grandeza, Pilatos limitou-se a perguntar-lhe: "Que coisa é a Verdade?".


Entretanto, como o obscurantismo e os interesses mundanos sempre foram os maiores inimigos da verdade, houve naquela hora um início de tumulto no pátio do Pretório, provocado pelos fanáticos que ali estavam sob a égide dos escribas, dos fariseus e daqueles que tinham nas mãos os poderes religiosos, todos eles interessados na crucificação do tão esperado Messias.


A pergunta ficou, portanto, sem resposta, uma vez que as trevas se fazem sentir sempre, nos momentos psicológicos, em todos os lugares onde a luz do esclarecimento ameaça brilhar.


Talvez o Mestre não quisesse discorrer sobre a verdade com um homem que não a podia compreender, pois, minutos após, apesar de não ver em Jesus qualquer crime, não trepidou em entregá-lo nas mãos dos seus detratores para que o levassem ao sacrifício. Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz.


Evidentemente, Pilatos não tinha qualquer noção sobre o que fosse a verdade. A verdade apregoada pelos judeus não calava bem aos olhos do procônsul romano. O representante do Império não podia aceitar como expressão da verdade os seguintes ensinamentos ministrados pelos escribas:


- Teria o mundo sido criado em seis dias?


- Teriam Adão e Eva sido os primeiros habitantes da Terra?


- Teria realmente Josué conseguido parar o movimento do sol para poder completar um morticínio?


- Como poderia Moisés receber do Alto um mandamento que ordenava o "não matarás", e ele mesmo ordenava verdadeiras matanças de criaturas humanas?


- Se Caim matou Abel e saiu pelo mundo, não existindo qualquer outra mulher, como poderia ele constituir família e ter descendentes?


- Teria realmente Jonas vivido três dias e três noites no ventre de uma baleia?


- Poderia a mulher de Lot transformar-se numa estátua de sal?


Com que técnica poderia Noé ter construído uma arca tão descomunal que pudesse abrigar em seu interior um casal de cada espécie vivente na Terra? Como poderia ele conciliar dentro dela animais tradicionalmente inimigos bem como alimentá-los durante quarenta dias?


Desconhecendo Pilatos a interpretação dessas narrativas o bafejo do Espírito, é evidente que não podia também aceitar como verdadeiras .


De forma idêntica, não podia o Procônsul entender como poderia ser "eleita" de Deus uma casta sacerdotal eivada de sentimentos felinos e de interesses profundamente político mundanos.


Como conciliar os atos, maus e cheios de rapinagem desses homens, com os resplendores da verdade? Uma religião que se baseava nas tradições inócuas, nos atos exteriores do culto, no ódio e na vingança, jamais poderia ter qualquer parentesco com o que é apregoado como verdade. Se Jesus chamou os escribas e fariseus de hipócritas, como poderiam eles ser lídimas expressões dessa mesma verdade?


O Espiritismo representa o advento do Consolador prometido e, como tal, o seu papel é de restabelecer na Terra as primícias da verdade. Evidentemente, quando ele se consolidar definitivamente no seio dos povos, ruirão por terra todos os sistemas e métodos alicerçados sobre a mentira, Tudo aquilo que não for representativo da verdade, será removido dos seus pedestais.

Não tendo Jesus Cristo a oportunidade de esclarecer Pilatos sobre o que é a verdade, o Espiritismo vem agora, na hora propícia, quando os tempos são chegados, fazer com que a luz da verdade possa iluminar os horizontes do mundo, onde, até agora, somente tem prevalecido a mentira, o mistério, o orgulho, a vaidade, o fanatismo, a hipocrisia, a intolerância e o ódio.


O Cristo poderá, então, através das vozes que emanam dos Espíritos, responder não somente a Pilatos, mas a todos os homens o que é a verdade.


Paulo A. Godoy

segunda-feira, 26 de julho de 2021

LEIS MUTÁVEIS E LEIS IMUTÁVEIS:"Sempre houve nítida confusão entre as leis trazidas por Moisés e a revelação da Verdade consumada, através do advento de Jesus Cristo."Porque a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo." - (João, 1:17)"

 


Sempre houve nítida confusão entre as leis trazidas por Moisés e a revelação da Verdade consumada, através do advento de Jesus Cristo.
"Porque a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo." - (João, 1:17)


Muitas religiões, talvez no intuito de procurar servir melhor os seus interesses, fundiram tudo num só amálgama, de onde surgiram todos os problemas de intolerância, perseguição, torturas e mortes, ocorridas no decorrer dos tempos, principalmente na Idade Média.

Há necessidade, entretanto, de estabelecer uma linha divisória entre uma e outra, pois as leis legisladas por Moisés, abstração feita do Decálogo (os Dez Mandamentos), recebido, mediunicamente, no Monte Sinai, foram quase todas de caráter transitório, ao passo que as verdades reveladas por Jesus Cristo são imutáveis.

Há, portanto, um conflito entre o que é mutável, que deve variar com a evolução, e o que é eterno, que jamais pode sofrer alteração, porque já é perfeito.

O próprio Mestre defrontou-se com problemas terríveis, quando de sua peregrinação terrena, pelo fato de os seus contemporâneos, em sua maioria, terem dado foros de leis de origem divina e imutável a todas as leis estabelecidas por Moisés.

Enquanto Moisés ordenava que as mulheres apanhadas em flagrante adultério fossem mortas a pedrada, Jesus Cristo dava proteção a uma mulher adúltera, fazendo com que os seus acusadores se afastassem, enquanto proferia a célebre frase: jogue a primeira pedra quem se julgar sem pecados.

Se Moisés proibiu a invocação dos chamados mortos, devido às deturpações existentes na época, quando essa invocação, em parte, era feita para fins ilícitos, Jesus Cristo promoveu uma autêntica sessão espírita, confabulando com os Espíritos do próprio Moisés e de Elias, no Monte Tabor. Além disso, o Mestre jamais lançou qualquer empecilho ao intercâmbio entre os Espíritos encarnados e desencarnados.

No Antigo Testamento, Moisés prescreveu a incrível lei do olho por olho, dente por dente. Entretanto, no Novo Testamento, Jesus Cristo impôs princípios que derrogam essa lei, estabelecendo que devemos perdoar aos nossos inimigos, não apenas uma vez, mas setenta vezes sete vezes.

De forma idêntica, no Antigo Testamento há uma prescrição sobre o apedrejamento de filhos rebeldes, contumazes, prescrição essa que foi invalidada por Jesus, quando recomendou a necessidade da tolerância, da complacência.

A crença de que as leis transitórias, estabelecidas por Moisés, deveriam ter caráter eterno, representou tremendo óbice ao desempenho da missão transcendental de Jesus Cristo. Os ferrenhos inimigos do Mestre, dentre eles os escribas, os fariseus e os principais dos sacerdotes, proclamavam que Jesus estava subvertendo as leis de Moisés, tendo isso sido um dos argumentos mais usados nas acusações que lhe foram feitas, e motivaram a sua condenação.

Os inimigos do Mestre viviam de espreita, formulando indagações capciosas sobre vários aspectos daquelas leis, até sobre o trabalho aos sábados, a lavagem das mãos, o pagamento de tributo aos povos estrangeiros, perguntas essas que não foram respondidas de modo direto por Jesus, uma vez que Ele via os pensamentos mais íntimos daqueles que as formulavam, cujo escopo maior era poder acusá-lo perante as autoridades políticas (os romanos) e as autoridades religiosas (os membros do Sinédrio).

Paulo A. Godoy

segunda-feira, 19 de julho de 2021

ELES VIVERÃO

 

"Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz…Jamais amaldiçoes...A quem pratica o mal, chega o horror do remorso… … Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos.."


ELES VIVERÃO


Onze anos após a crucificação do Mestre, Tiago, o pregador, filho de Zebedeu, foi violentamente arrebatado por esbirros do Sinédrio, em Jerusalém, a fim de responder a processo infamante.


Arrancado ao pouso simples, depois de ordem sumária, ei-lo posto em algemas, sob o Sol causticante.


Avançando ao pé do grande templo, na mesma praça enorme em que Estêvão achara o extremo sacrifício, imensa multidão entrava-lhe a jornada.


Tiago, brando e mudo, padece, escarnecido.


Declaram-no embusteiro, malfeitor e ladrão.


Há quem lhe cuspa no rosto e lhe estraçalhe a veste.


- “A morte! à morte!…”


Centenas de vozes gritam inesperada condenação, e Pedro, que de longe o segue, estarrecido, fita o irmão desditoso, a entregar-se humilhado.


O antigo pescador e aprendiz de Jesus é atado a grande poste e, ali mesmo, sob a alegação de que Herodes lhe decretara a pena, legionários do povo passam-no pela espada, enquanto a turba estranha lhe apedreja os despojos.


Simão chora, sozinho, ao contemplar-lhe os restos, voltando, logo após, para o seu humilde refúgio.


Depois de algumas horas, veio a noite envolvente acalentar-lhe o pranto.


De rústica janela, o condutor da casa inquire o céu imenso, orando com fervor.


Porque a tempestade? porque a infâmia soez? O pobre amigo morto era justo e leal…


Incapaz de banir a ideia de vingança, Pedro lembra os algozes em revolta suprema.


Como desejaria ouvir o Mestre agora!… que diria Jesus do terrível sucesso?!…


Neste instante, levanta os olhos lacrimosos, e observa que o Cristo lhe surge, doce, à frente.


É o mesmo companheiro de semblante divino.


Ajoelha-se Pedro e grita-lhe:


- Senhor! somos todos contados entre os vermes do mundo!… porque tanta miséria a desfazer-se em lama? Nosso nome é pisado e o nosso sangue verte em homicídio impune… A calúnia feroz espia-nos o passo…


E talvez porque o mísero soluçasse de angústia, o Mestre aproximou-se e disse com carinho, a afagar-lhe os cabelos:


- Esqueceste, Simão? Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz…


- Senhor! - retrucou, em lágrimas, o apóstolo abatido - não renego o madeiro, mas clamo contra os maus… Que fazer de Joreb, o falsário infeliz, que mentiu sobre nós, de modo a enriquecer-se? que castigo terá esse inimigo atroz da verdade divina?


E Jesus respondeu, sereno, como outrora:


- Jamais amaldiçoes… Joreb vai viver…


- E Amenab, Senhor? que punição a dele, se armou escuro laço, tramando-nos a perda?


- Esqueçâmo-lo em prece, porque o pobre Amenab vai viver igualmente…


E Joachim ben Mad? não foi ele, talvez, o inspirador do crime? o carrasco sem fé que a todos atraiçoa? Com que horrenda aflição pagará seus delitos?


- Foge de condenar, Joachim vai viver…


- E Amós, o falso Amós, que ganhou por vender-nos?


- Olvidemos Amós, porque Amós vai viver…


- E Herodes, o rei vil, que nos condena à morte, fingindo ignorar que servimos a Deus?


Mas Jesus, sem turvar os olhos generosos, explicou simplesmente:


- Repito-te, outra vez que, quem fere, ante a lei será também ferido… A quem pratica o mal, chega o horror do remorso… E o remorso voraz possui bastante fel para amargar a vida… Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos..


Simão baixou a face banhada de pranto, mas ergueu-a em seguida, para nova indagação…


O Senhor, entretanto, já não mais ali estava. Na laje do chão só havia o silêncio que o luar renascente adornava de luz…


Fonte: Contos Desta e de Outra Vida.
IrmãoX/Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 9 de julho de 2021

A PLANTA QUE O PAI NÃO PLANTOU "Ela é simbolizada nas vãs tradições, nos ritualismos, nas coisas que destoam da verdade. São os aparatos grotescos do culto exterior, as orações intermináveis e cheias de repetições, o batismo da água, a circuncisão, as superstiçôes, o fanatismo religioso, as várias modalidades de se adorar o Pai, sem que seja pelo único meio recomendado por Jesus: em Espírito e Verdade.

 "Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada." (Mateus, 15:13)


Os acirrados inimigos de Jesus Cristo haviam chamado a sua atenção pelo fato de os seus apóstolos assentarem-se à mesa, sem primeiramente lavar as mãos, alegando que esse ato contrariava os mandamentos da lei de Moisés.


O Mestre, no entanto, retrucou-lhes: Macula o homem apenas o que lhe sai da boca e não o que por ela entra, isto é, o que contamina o homem não é o alimento que ele ingere, mas as palavras maledicentes com seu cortejo de pensamentos negativos e prejudiciais, dos quais o coração está cheio.


Entretanto, a fim de melhor corroborar aquilo que apregoava, acrescentou o Mestre: E por que transgredis vós mandamentos muito mais importantes, dentre eles o que prescreve o honrai o vosso pai e a vossa mãe? Referia-se ele a uma ordenação emanada dos escribas e fariseus, a qual prescrevia que era suficiente que se fizesse uma oferta ao Templo, e dissesse aos pais: É oferta ao Senhor aquilo que poderias aproveitar de mim, para que o ofertante ficasse desobrigado de amparar seus pais.


Logo a seguir, após denominá-los hipócritas, o Senhor asseverou: Bem profetizou de vós Isaías: Este povo honra-me com os lábios, mas mantém longe de mim seus corações. Em vão ensinam doutrinas que são preceitos dos homens.


Nisso vieram os apóstolos a fim de informar que os escribas e fariseus estavam escandalizados com suas palavras, ao que ele retrucou: Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada.


A passagem evangélica aqui abordada é clara na demonstração de que os escribas e fariseus tentaram chamar a atenção do Mestre, pelo fato de os seus discípulos estarem transgredindo uma lei de origem humana, qual seja a de lavar as mãos antes de comer o pão, relegando para um plano secundário um mandamento contido no decálogo, muito mais relevante e de origem divina, recebido no Monte Sinai, e que prescrevia, na forma de lei imutável, que o filho deveria honrar o seu pai e a sua mãe.


Na realidade, esses contrastes são uma constante no mundo.


Muitos homens têm por hábito guardar preceitos humanos, transitórios e infundados, deixando de cumprir ordenações e preceitos evangélicos e divinos, imprescindíveis para se realizar a reforma interior, definida como conquista do Reino dos Céus ou a redenção espiritual, mais comumente chamada salvação.


A planta que o Pai celestial não plantou, deve ser extirpada. Ela é simbolizada nas vãs tradições, nos ritualismos, nas coisas que destoam da verdade. São os aparatos grotescos do culto exterior, as orações intermináveis e cheias de repetições, o batismo da água, a circuncisão, as superstiçôes, o fanatismo religioso, as várias modalidades de se adorar o Pai, sem que seja pelo único meio recomendado por Jesus: em Espírito e Verdade.


Quando a humanidade estiver ciente da sua verdadeira destinação, todas essas plantas serão arrancadas da Terra, porque elas não foram plantadas pelo Pai.


Paulo A. Godoy

quarta-feira, 16 de junho de 2021

HIGIENE DA ALMA: "Ao enxergar impurezas em nós, certamente vamos querer nos limparmos, para nos libertarmos das angústias e males. Mas como é difícil mudar sentimento e pensamento!

 Fragmentos do texto:

"Lavar as mãos antes de se alimentar é um bom preceito de higiene, Jesus não estaria contra essa prática, mas escribas e fariseus tornavam esses e outros preceitos, úteis embora mas de ordem terrena, como condição de pureza espiritual[...]Espiritualmente, as impurezas da alma produzem emanações negativas, desagradáveis, deficiência e desequilíbrio das funções espirituais, e até reflexos no físico.[...]Em princípio, fisicamente, os fluidos são neutros, nem bons nem maus.[...]Pensamentos e sentimentos maus corrompem os fluidos, como agem os ácidos; os bons os restauram, equilibrando, fortalecendo; os iguais se combinam, os diferentes se repelem e os bons superam os maus[...]Emanamos usual e constantemente um tipo de fluido que nos envolve e acompanha em todos os nossos movimentos. É a nossa atmosfera individual, como diz Allan Kardec[...]Conforme o tipo de fluidos que produzimos habitualmente, oferecemos afinidade, possibilidade de combinação, com os fluidos dos que pensem ou sintam igual a nós. Essa combinação resulta em aumento de nossa potência fluídica, ou em "brecha", quando enseja a corrupção de nossos fluidos ou assimilação de fluidos inferiores.[...]Se queremos renovar nosso interior, basta pensar, sentir e querer, porém não repetindo atividades inferiores e, sim, nos aplicando em atividades nobres, como a oração, o estudo e o serviço espiritual e fraterno."




HIGIENE DA ALMA


(BEM-AVENTURADOS OS LIMPOS DE CORAÇÃO - MT 5:8)

I. IMPUREZAS E SEUS EFEITOS

Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos antigos?

Perguntaram os fariseus e escribas, ao verem alguns discípulos de Jesus comerem sem antes de lavar as mãos (Mc 7:1/5).

Lavar as mãos antes de se alimentar é um bom preceito de higiene, Jesus não estaria contra essa prática, mas escribas e fariseus tornavam esses e outros preceitos, úteis embora mas de ordem terrena, como condição de pureza espiritual.

Por que transgredís vós o mandamento de Deus pela vossa tradição? Respondeu Jesus.

Deus ordenou: Honra a teu pai e à tua mãe. Vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe é corbã (oferta ao Senhor) o que poderias aproveitar de mim, esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe. E assim invalidastes pela vossa tradição o mandamento de Deus (Mt 15:3/9).

Mostrava Jesus que eles, quando lhes interessava, burlavam a lei que, no momento, pretendiam defender.

E, chamando a si a multidão, que vivia sobrecarre¬gada e confusa ante tantas ordenações, disse: Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele, isso é que contamina o homem (Mc 7:15).

Mais tarde, os discípulos interrogaram Jesus a respeito, pedindo explicasse melhor o que queria dizer com isso (Mc 7:20/23), ao que o Mestre complementou:O que sai do homem isso contamio homem. 

Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução (perversão de costumes), a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.

POR QUE NOS PREOCUPARMOS EM SER PUROS?

Pelas consequências que as impurezas acarretam.

Impurezas físicas causam odores desagradáveis e, quando se acumulam, acarretam dificuldade das funções, irritações na pele ou dificuldade na audição, e até doenças.

Espiritualmente, as impurezas da alma produzem emanações negativas, desagradáveis, deficiência e desequilíbrio das funções espirituais, e até reflexos no físico.

Ao paralítico de Betesda, que estivera enfermo por 38 anos, Jesus que o curara, disse: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda algo pior (Jo 5:1/15).

II. AÇÃO DO ESPÍRITO SOBRE OS FEUIDOS

Como é possível que o espírito influa no físico? 

No livro A Gênese, Allan Kardec esclarece, falando das leis e as forças (cap. VI, item 10) e sobre as criações fluídicas (cap. XIV, itens 14/21), que merecem ser consultados. Do muito que ali aprendemos, resumamos o essencial.

FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL

E a matéria cósmica primitiva. Dá origem ao que é material no universo, substâncias e coisas, e à parte material que existe nos seres.

Preenche o espaço e envolve e penetra os corpos.

A esse FCU, são inerentes as leis e forças que regem o mundo e que conhecemos como gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa, movimentos vibratórios, como o som, a luz e o calor.

FLUIDOS ESPIRITUAIS

E' a denominação de um de seus estados, porque constituem esses fluidos a atmosfera dos seres espirituais.

Nessa atmosfera sutil ocorrem fenômenos especiais. Assim, como a atmosfera de ar veicula o som, a atmosfera espiritual, fluídica, veicula o pensamento.

E é o meio onde se forma a luz peculiar ao mundo espiritual, que não se ilumina pela luz do sol ou a artificial.

AÇÃO SOBRE FLUIDOS

Dessa atmosfera fluídica, espíritos retiram elementos sobre os quais agem. O homem age sobre a matéria, e o espírito, sobre os fluidos.

O homem age com as mãos e a força muscular, o espírito, com o pensamento e a vontade.

O homem, no laboratório ou na cozinha, dispõe dos elementos, que junta, separa ou combina, e com as substâncias edifica e constrói.

O espírito, agindo sobre os fluidos, os dirige, aglomera ou dispersa e combina, modificando propriedades, organizando formas.

Seu próprio corpo espiritual é assim formado, mas também as vestes, objetos e ambientes do plano fluídico.

Essa "criação" do espírito é consciente ou não, como também na Terra muitas pessoas respiram, ouvem e digerem, sem saber como tudo isso se processa.

IMPREGNAÇÃO DOS FLUIDOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Em princípio, fisicamente, os fluidos são neutros, nem bons nem maus. Quando recebem a ação do pensamento e sentimento dos espíritos, encarnados ou não, ficam impregnados por eles e, então, adquirem certas qualidades: como, por exemplo, os fluidos de ódio, inveja, tristeza, ou os de benevolência, alegria e compaixão, que causam efeitos diversificados, excitantes ou calmantes, reparadores ou repulsivos.

Pensamentos e sentimentos maus corrompem os fluidos, como agem os ácidos; os bons os restauram, equilibrando, fortalecendo; os iguais se combinam, os diferentes se repelem e os bons superam os maus, pois a lei divina estabelece sempre o predomínio do bem, do que é positivo.

Pelos nossos pensamentos e sentimentos, quando constantes e intensos:

Imprimimos características especiais:

- nos fluidos do nosso perispírito, acarretando efeitos benéficos ou maléficos sobre nosso corpo. Ex. Os fluidos de tristeza podem causar languidez, depressão; os de cólera, aceleração prejudicial, excitação.

- nos fluidos ambientes, em que, a seguir, temos de viver. Assim, o fumante que impregna de nicotina suas próprias vias respiratórias mas, pela fumaça que expele, embaça a atmosfera em que ele mesmo tem de respirar.

Estruturamos nossa aura

Emanamos usual e constantemente um tipo de fluido que nos envolve e acompanha em todos os nossos movimentos. É a nossa atmosfera individual, como diz Allan Kardec, ou a "túnica de forças eletromagnéticas", o "hálito mental", de que fala André Luiz.

No desencarnado, a aura resulta apenas das emanações perispirituais; no encarnado ela é a difusão dos campos energéticos que partem do perispírito (que não fica circunscrito pelo corpo, irradia ao seu derredor, formando um halo em volta do corpo físico), mais as irradiações das células físicas.

Pelos fluidos que irradiamos, e o ambiente que formamos, assim, os espíritos podem saber, sem que precisemos falar, qual o tipo, a natureza, de nossos pensamentos e sentimentos habituais.

Estabelecemos afinidade fluídica

Conforme o tipo de fluidos que produzimos habitualmente, oferecemos afinidade, possibilidade de combinação, com os fluidos dos que pensem ou sintam igual a nós. Essa combinação resulta em aumento de nossa potência fluídica, ou em "brecha", quando enseja a corrupção de nossos fluidos ou assimilação de fluidos inferiores.

Conclusão

Há relação de causa e efeito entre espírito e corpo e as impurezas espirituais podem causar desequilíbrio espiritual, sintonia com outras influências semelhantes, refletindo prejudicialmente no físico.

Importa ser puro para manter a nossa integridade, nosso equilíbrio, e ser feliz!

III. IDENTIFICAÇÃO DAS IMPUREZAS

Sofremos angústia, insatisfação, doenças, desarmonias. E' sinal de impurezas, como disse Jesus, dentro do coração. Vigiai, diz Salomão, dia e noite o coração, porque é dele que nos vem, todo o mal e todo o bem, lembra-nos o Marquês de Maricá.

As impurezas estão no coração, no interior de nós mesmos. O sentimento íntimo é que leva a agir e causar efeitos, Como vigiar o coração, examinar o nosso íntimo? Para isso temos a consciência. 

Vinícius diz que o espelho reflete nosso exterior: postura, veste, penteado, e a consciência reflete o nosso interior; o caráter, o sentimento. Estamos sabendo usar o espelho da consciência? 

Costumamos consultá-lo?

E como está nossa consciência: é um espelho bem polido? Superfície bem plana, regular? Ou está embaçado, com irregularidades?

Se for assim, teremos imagens distorcidas da realidade interior. Existem atos que para o selvagem parecem "normais", como a antropofagia, e que podem causar horror e asco aos civilizados.

Para que nossa consciência possa ser um bom espelho é preciso que esteja evangelizada. Ao jeito do mundo, pode parecer que Tudo está bem! Somos bons! Mas, espelhando-nos no Cristo, veremos as causas de nossas impurezas, que oferecem sintonia a espíritos inferiores e acarretam males a nós próprios e ao nosso redor.

IV. HIGIENE DA ALMA

Ao enxergar impurezas em nós, certamente vamos querer nos limparmos, para nos libertarmos das angústias e males. Mas como é difícil mudar sentimento e pensamento!

Ação externa

Comecemos pela expressão deles. Se não podemos deixar de sentir e pensar no mal, pelo menos não cheguemos à ação.

Não é sermos "sepulcros caiados"?

É Jesus quem recomenda evitemos de concretizar o mal, quando diz:

Se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti (...) se o teu olho te escandalizar, arrancão e lança-o para longe de ti. Não quer o Mestre que nos mutilemos, mas, que vigiemos o que nos vai no íntimo e controlemos os órgãos do sentido, nossa locomoção e ação.

Confirmando o ensino evangélico, o Espiritismo esclarece: Há pecado por pensamento (O Evangelho segundo o Espiritismo, 7, item 7), porque os fluidos atendem ao seu comando. Quem pensa no mal e nisso se compraz, alimenta o desejo, o mal está na plenitude de sua força, o progresso por se fazer. A quem o pensamento do mal acode mas contra ele reage, há progresso em vias de realizar-se. Naquele que nem sequer concebe mais a idéia do mal, o progresso já está realizado.

Ambiente

O meio em que convivemos influi bastante, na medida em que, se falta censura social, há maior facilidade para a expressão do mal que mora no íntimo.

Influi, também, porque, pensando e sentindo, gastamos fluidos, perda que compensamos haurindo fluidos do exterior. Se o ambiente fluídico em que estivermos for espiritualmente insalubre? 

Absorveremos fluidos maus.

Mas o lírio, mesmo no lodo, no meio da podridão, não consegue permanecer alvo e puro? Sim, porque nasceu lá, mas, se tivesse de nele penetrar, não se contaminaria? 
Deus o prendeu lá por raízes, mas ele abre suas pétalas acima do lodo. Se ficar no mesmo nível, se prejudicará.

Jesus não convivia com pecadores? De fato, e dizia: "Os sãos não precisam de médico mas os enfermos". Mas é que estava com eles como o médico convivendo com os enfermos.

Médico das almas, tinha sabedoria e resistência moral para lidar com eles, ajudando-os sem se contaminar. Enquanto nós somos ainda convalescentes das mesmas moléstias da alma.

Os pecadores queriam conhecer Jesus e sua mensagem para sararem, por isso iam até ele, que os recebia caridosamente. Nós, porém, queremos ir ao ambiente mau, para quê?

Quando Jesus ou seus discípulos iam aos ambientes maus, era a trabalho, não para diversão, e não se demoravam. E Jesus recomendava:

Não ireis pelo caminho dos gentios nem entrareis em cidade de samaritanos (Mt 10:5), porque eram ambientes fluídicos que podiam influir negativamente.

Sem deixar de socorrer aos que precisem, quando necessário, evitemos frequentar os maus ambientes, em que os fluidos são prejudiciais.

Ação interna

Purificai as mãos, pecadores, aconselha Tiago, em sua carta (4:8), significando controlai a ação externa, o ambiente; e vós, de duplo ânimo, quem tiver maior disposição para o bem, para o progresso, purificai os corações. A correção do íntimo vai requerer um esforço maior.

Será difícil demais a purificação de nossa alma?

Permitam uma analogia singela. A borracha que estávamos usando para apagar o que estava escrito ficou suja. Como a limparemos?

Empregando-a na sua própria função, porém em papel limpo.

Também temos a faculdade de nos limparmos, no próprio exercício de nossas funções naturais: pensar, sentir e querer.

E assim que agimos sobre os fluidos, damos a eles características. Se queremos renovar nosso interior, basta pensar, sentir e querer, porém não repetindo atividades inferiores e, sim, nos aplicando em atividades nobres, como a oração, o estudo e o serviço espiritual e fraterno.

Já fazemos tudo isso! Sim, esporadicamente, com intermitência e misturado com o mal. Por isso não mantemos constantemente um bom estado vibratório, elevado, sereno.

Ainda bem que ao menos o fazemos de vez em quando. A um repórter que duvidava dos efeitos duradouros das reuniões para despertar o fervor religioso, o evangelista ponderou: Os efeitos de um banho não duram muito, mas precisamos do banho e nos faz bem.

Porém, só a ação equilibrada e constante pode nos dar a segurança de ter sempre uma boa estabilidade moral e física.

O PASSE

E como um banho de fluidos bons! Um recurso de renovação, de purificação fluídica, ou como diz Emmanuel, uma transfusão de energias psicofísicas de uma pessoa para outra.

Pode dar passe quem está bem de saúde e tem fluidos bons, porque sabe manter o equilíbrio emocional, bons pensamentos, sentimentos e atos.

Quem fizer o mesmo também terá bons fluidos e geralmente não precisará tomar passe.

Deve receber passe quem está carente de fluidos, enfermo, em desgaste emocional ou por estar sofrendo grande influência de espíritos sofredores ou maus.

O passe é, então, recurso misericordioso, providencial, ajuda a recompor as energias e a prosseguir caminhando.

Mas quem está equilibrado, com boa vitalidade, não deve tomar passe, porque ele é como um remédio, só toma quem precisa.

Para receber bem o passe, o assistido precisa estar receptivo, desejoso de receber a ajuda, e confiante no seu bom efeito, o que pode ser conseguido com uma orientação fraterna, a preleção evangélico-doutrinária e a prece.

Para o bom efeito do passe durar, quem o recebeu deverá manter a boa conduta, corrigindo atitudes erradas, cultivando bons pensamentos e sentimentos, procurando praticar atos bons. De outro modo, os bons fluidos recebidos no passe serão consumidos rapidamente, porque as atitudes e ações erradas provocarão novos desgastes, fazendo que volte a ficar carente.

Se insistirmos demais em receber passe, sem valorizar o auxílio fluídico recebido pela manutenção da boa conduta, o passe pode acabar deixando de fazer efeito em nós, porque ele é como um empréstimo para quem está em penúria, mas não para que vivamos indefinidamente à custa de outros. A lei divina não permitirá isso, pois dá "a cada um segundo suas obras".

COURAÇA FLUÍDICA

O perispírito é uma fonte fluídica permanentemente ao dispor de nosso pensamento e vontade. Podemos formar nele para nós como que uma couraça fluídica que neutraliza, modifica e repele os maus fluidos.

A solução, portanto, está no agir de cada criatura.

Um dos fariseus convidou Jesus para jantar. O Mestre aceitou, entrou em casa dele e tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com unguento.

Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo:

Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora.

Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse:

— Simão, uma coisa tenho a dizer-te.

Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia 500 denários e o outro 50. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?

- Suponho que aquele a quem mais perdoou.

— Julgaste bem. Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta com bálsamo ungiu os meus pés. Por isso te digo:

Perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.

Quem ama age e age bem, corrigindo ou compensando erros.

Quem ama pouco, não age suficientemente para o bem; nessa pouca atividade para o bem, encontra sua própria condenação.

Dedicando-nos ao bem apagaremos o mal em nós; iremos nos purificando, nos libertando do erro.

Não apenas isso. Passaremos a sentir a vida em maior plenitude, a perceber mais e melhor em nós mesmos, a pujança do espírito e seu mundo maravilhoso.

Então, entenderemos a afirmativa de Jesus:

Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus (Mt 5:8).


Therezinha Oliveira


Do Livro: Quando o Evangelho Fala

quinta-feira, 3 de junho de 2021

AS DUAS ESPADAS : VERDADE E AMOR

 Fragmentos do texto:

"É imperioso, portanto, que procuremos extrair desta passagem evangélica o espírito que vivifica, desprezando a letra que mata.[...]O Mestre pretendeu demonstrar que, daquela hora em diante haveria necessidade de apenas duas espadas: a espada da Verdade, que ataca a mentira em seu próprio reduto, fazendo com que ela jamais possa prevalecer; e a espada do amor que pode regenerar o mundo[...] Por isso, o Senhor recomendou-lhes que se desfizessem das vestes do preconceito, do formalismo, do apego às tradições inócuas, e comprassem as espadas do amor e da verdade, espadas essas que cortariam rente as excrescências dessa ordem, que ainda residiam no recôndito dos seus corações e combateriam certas tradições.





AS DUAS ESPADAS 


"E o que não tem espada, venda seu vestido e compre-a." (Lucas, 22:36)


Ao recomendar a seus discípulos que vendessem seus vestidos e comprassem espadas, estes responderam-lhe: "Senhor, eis aqui duas espadas", tendo Jesus Cristo replicado: "Basta !"


Teria o Mestre realmente recomendado a seus apóstolos que se desfizessem de suas vestes a fim de comprar armas, apregoando assim a violência?


Seriam duas espadas suficientes para conter todo um cortejo de homens armados de espadas e varapaus, o qual, tendo Judas Iscariotes por guia, buscara o Senhor no Horto das Oliveiras?


Haveria possibilidade de doze homens pacifistas (o Mestre e onze apóstolos), que haviam levado três anos de pregação do perdão, do amor e da tolerância, serem coagidos a lutar com espadas:


Se Jesus recomendou-nos que oferecêssemos a face direita para quem nos batesse na esquerda, como poderia ele recomendar o revide à espada, contra aqueles que o buscavam?


Essa recomendação conflita com tudo aquilo que nos é ensinado nas páginas dos Evangelhos. A sua consagração significaria abandono da tolerância, da mansuetude e do perdão, e a apologia da violência, do revide, do ódio.


É imperioso, portanto, que procuremos extrair desta passagem evangélica o espírito que vivifica, desprezando a letra que mata.


Nos Evangelhos há uma narrativa que afirma ter Pedro ferido um dos soldados na orelha, tendo merecido do Mestre severa reprimenda: Pedro, embainha a tua espada, pois quem com ferro fere, com ferro será ferido, o que contradiz a recomendação para que os apóstolos comprassem espadas.


O Mestre pretendeu demonstrar que, daquela hora em diante haveria necessidade de apenas duas espadas: a espada da Verdade, que ataca a mentira em seu próprio reduto, fazendo com que ela jamais possa prevalecer; e a espada do amor que pode regenerar o mundo, reformando os homens, o que aliás constituiu a razão primária do advento de Jesus Cristo entre nós.


Com a espada da verdade seriam desmascarados os falsos religiosos, os escribas, os fariseus hipócritas, os quais mantinham aspectos exteriores de homens virtuosos, mas interiormente estavam mergulhados no ódio, nas vaidades terrenas, mantendo costumes dissolutos e distanciados da moral. Com essa mesma espada combater-se-ia o apego de homens como Pilatos, que apesar de perguntar ao Mestre: O que é a Verdade?, situou acima dela seus interesses políticos e sua posição de mando.


A luta no mundo, após a crucificação de Jesus Cristo, teria que ser travada apenas com essas duas espadas e essa foi a razão que o levou a recomendar: e o que não tem espada, venda o seu vestido e compre-a.


Os apóstolos, apesar de serem Espíritos de ordem elevada, escolhidos para nascerem na Terra como assessores de Jesus Cristo, ainda aninhavam em seus corações alguns sentimentos de hegemonia, pois nos próprios Evangelhos consta que eles foram severamente admoestados pelo fato de discorrerem sobre qual deles era o maior, merecendo a observação: Aquele qm quiser ser o maior, seja o que sirva. Além disso, eles alimentavam preconceitos contra povos estrangeiros, então chamados gentios.


Por isso, o Senhor recomendou-lhes que se desfizessem das vestes do preconceito, do formalismo, do apego às tradições inócuas, e comprassem as espadas do amor e da verdade, espadas essas que cortariam rente as excrescências dessa ordem, que ainda residiam no recôndito dos seus corações e combateriam certas tradições que ainda observavam, no tocante a determinadas formas de ritualismos como o batismo da água, a circuncisão e outros.


O mundo é uma vasta arena de lutas, na qual são necessárias espadas, pois com elas os homens aprenderão a lutar contra as violações tenebrosas que os assoberbam, tais como o orgulho, a vaidade, o ódio, a avareza, o ciúme, a vingança, e também contra os ritualismos, as superstições, o obscurantismo, pois há necessidade de se lembrarem constantemente de duas sentenças proferidas pelo Mestre: Amai-vos uns aos outros e Conhecereis a verdade e ela vos fará livres.


Paulo A. Godoy

segunda-feira, 17 de maio de 2021

UM VERDADEIRO ISRAELITA: "Apresentava um Pai de misericórdia, de justiça e de amor em contraposição ao parcialíssimo Jeová, senhor dos exércitos;Não se submetia às tradições inócuas e combatia os dogmas e os ritos exteriores;

 

"Filipe achou Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de que Moisés escreveu na lei e os profetas Jesus de Nazaré, filho de José. "Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré ! Disse-lhe Filipe: Vem e vê. "Jesus viu Natanaelvir ter com ele disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo. "João, 1:45-49)


Num dos versículos acima Jesus fez franco elogio a um homem "Eis um verdadeiro israelita em quem não há mácula".


Nos Evangelhos existem raras ocorrências dessa natureza e podem ser contadas. A apologia da personalidade de Natanael foi uma das poucas.


Não iremos, entretanto, nos aprofundar no mérito deste elogio, passando a discorrer sobre outros ensinamentos ensejados pelo trecho evangélico acima.


Afirma Mateus, em seu Evangelho, que Herodes indagou dos Príncipes dos sacerdotes e dos escribas do povo, onde haverá de nascer o Cristo. E eles disseram: Em Belém da Judéia, porque assim está escrito pelo profeta: "E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o guia que há de apascentar o meu povo de Israel" (Mateus, 2:4-6).


Mais adiante sustenta o mesmo apóstolo: "Ouvindo José que Arquelau reinava na Judéia em lugar de Herodes, receou ir para lá mas, avisado por meio de revelação espiritual, foi para a Galiléia, decidindo-se a habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora predito pelos profetas: "Ele será chamado Nazareno" (Mateus, 2:22-23).


A Galiléia era província bastante atrasada e Nazaré uma de suas principais cidades. Pelo fato de ser a região infestada de salteadores, sua reputação não era das melhores, sendo esse o motivo que levou Natanael a se surpreender com a afirmação de Filipe, de que o Cristo procedia de Nazaré, ou que Nazaré pudesse produzir alguma coisa boa.


João afirma nos versículos 41, 42 e 52, do Capítulo 7, do seu Evangelho, que havia controvérsia entre os judeus em torno da procedência do Cristo: "Vem pois o Cristo da Galiléia? Não diz a escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, da aldeia donde era Davi? Examina, e verás que da Galiléia nenhum profeta surgiu".


Essa idéia havia contaminado Natanael, e foi o que o levou a exclamar: "Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?".


Era questão pacífica entre os judeus que o Messias seria um profeta maior que Moisés e viria da linhagem de Davi.

Um grande rei era então esperado. Um guerreiro indômito era ansiosamente aguardado para, com sua espada, submeter todos os povos circunvizinhos e subtrair Israel do jugo romano. 

O Messias deveria ter o gênio expansionista de Moisés e viver como Davi, no fastígio da glória humana, impondo uma autoridade ímpar e abatendo com sua funda quantos Golias aparecessem.


O esperado Messias surgiu, entretanto, de modo a contrariar todas as expectativas alimentadas pelos orgulhosos escribas e fariseus.


- Nasceu numa cidade sem expressão e viveu numa província de reputação pouco invejável;


- Era filho de humilde carpinteiro;


- Seus companheiros de tarefa foram obscuros pescadores convocados às margens do Mar da Galiléia;


- Procurava, de preferência, os pequeninos e os humildes;


- Freqüentava a casa de publicanos e visitava outros pecadores;


- Apregoava a paz e a tolerância em vez da guerra e do ódio;


- Prometia a bem-aventurança aos pacificadores e aos mansos;


- Não cogitava ser o rei de Israel, na acepção humana;


- Apresentava um Pai de misericórdia, de justiça e de amor em contraposição ao parcialíssimo Jeová, senhor dos exércitos;


- Não se preocupava muito com a conversão dos grandes e potentados, mas caminhava léguas e léguas em demanda de um pecador que estivesse predisposto a aceitar a sua mensagem;


- Não se submetia às tradições inócuas e combatia os dogmas e os ritos exteriores;


- Apologiava os simples e limpos de coração e verberava a atuação dos escribas e fariseus hipócritas.


Tal situação jamais poderia vir ao encontro dos anseios nacionalistas e religiosos dos hebreus, e nem poderia encher as medidas daqueles que anulavam os preceitos da Lei de Deus por causa de suas tradições.


Como decorrência, o ódio transbordou e a crucificação do tão esperado Messias foi exigida em altos brados.


O Ungido de Deus pagou com a vida a "ousadia" de trazer ao mundo uma mensagem de luz e de amor.


Paulo A. Godoy

sábado, 24 de abril de 2021

ESCRIBAS E FARISEUS:"Acautelai-vos, primeiramente, do fermento dos fariseus que é a hipocrisia"

 


"Mas, ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!"


Os Evangelhos falam, reiteradamente, nos escribas e fariseus. Lucas (12:1), encontramos Jesus Cristo prevenindo os seus discípulos contra a doutrina dos fariseus, dizendo: "Acautelai-vos, primeiramente, do fermento dos fariseus que é a hipocrisia." Em outras passagens do Novo Testamento notamos que o Mestre verberava, acerbamente, a atuação desses homens, salientando suas falhas e demonstrando a precariedade do sistema por eles ofendido.


Fariseu (do hebraico Parash significava divisão ou separação), obviamente pelo fato de ter sido uma das muitas seitas dissidentes entre os antigos judeus, as quais mantinham entre si verdadeiras profundas discórdias, cada uma delas pretendendo ter o monopólio da verdade. A seita dos fariseus, cuja origem remonta aos anos 180 ou 200 a.C., exercia grande influência sobre o povo tinha, inicialmente, por chefe um doutor judeu nascido em Babilónia, de nome Hillel, cuja escola sustentava o princípio de que "somente se devia depositar fé nas Escrituras".


Numerosos reis moveram intensas campanhas contra os fariseus, em épocas distintas; entretanto, Alexandre, rei da Síria, lhes restituiu os bens e deferiu-lhes muitas honras, propiciando-lhes os meios necessários para adquirirem o antigo prestígio e poderio, que conseguiram manter até o ano 70 da Era cristã, quando ocorreu a dispersão dos judeus.


Os fariseus tinham em alta conta os atos exteriores do culto; mantinham pomposos cerimoniais, tomavam parte ativa nas controvérsias religiosas e eram animados de um zelo religioso os limites do fanatismo, sendo, como tais, acerbos renovadores. Sustentavam, de forma aparente, grande severidade de princípios; entretanto, debaixo da capa da hipocrisia, alimentavam vivo desejo de dominação, sendo a religião utilizada como meio para se atingir determinados fins.


Objetivando fazer evidenciar os costumes dissolutos que debaixo de aparências exteriores, Jesus Cristo não se cansou de demonstrar os seus verdadeiros intentos, por isso disse: "Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem, mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam, pois atam pesados fardos e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens! Eles, porém, nem com o dedo querem movê-los, e fazem todas as obras, a fim de serem vistos pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas dos seus vestidos, e amam os primeiros lugares nas ceias e as cadeiras nas sinagogas."


Os fariseus acreditavam na Providência, na Ressurreição dos mortos, na eternidade das penas e na imotalidade da alma, e, como vissem em Jesus Cristo um inovador, que procurava abalar o precário sistema religioso então não trepidaram em formar um conluio com os principais sacerdotes e com os escribas, no sentido de amotinar o povo contra Jesus.


Por isso mereceram do Cristo as mais acerbas admoestação, pois o mestre comumente os chamava de "túmulos caiados, vistosos por fora, mas, por dentro, cheio de ossadas e de podridões; hipócritas que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e depois o terdes feito, o fazeis filho das trevas duas vezes mais do que vós."


O nome escriba era dado, em épocas imemoriais, aos auxiliares dos reis de Judá e a determinados intendentes do exército; entretanto, na época do advento de Jesus, os escribas eram os doutores que ensinavam e interpretavam as leis estabelecidas por Moisés e outros profetas, e, como tais, faziam causa comum com os fariseus, de cujas idéias compartilhavam, sendo de se destacar, também, o ódio que votavam contra os renovadores. Jesus Cristo não vacilou em envolvê-los nas mesmas reprovações lançadas aos fariseus.


No Evangelho segundo Lucas (11:45) deparamos com a informação de que, lançando o Mestre as suas recriminações sobre os fariseus, foi interrompido por um escriba (doutor da lei) que ali estava, e protestou veementemente, dizendo: "Mestre, quando dizes isso, também nos afrontas a nós", ao que o Senhor retrucou:


"Ai de vós, também, doutores da lei, que carregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos ousais tocá-las. Ai de vós, que edificais os sepulcros dos profetas e vossos pais os mataram; bem testificais, pois, que consentis nas obras de vossos pais. Ai de vós, doutores da lei, que tirastes a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes os que entravam."


A influência dos escribas e fariseus em Jerusalém era enorme, por isso, eles contribuíram, de forma decisiva, para que o Mestre fosse condenado e crucificado.


Afirma o evangelista Mateus (12:22-28) que os fariseus, não conseguindo explicar ao povo a procedência do poder de que Jesus Cristo estava investido, decidiram afirmar que "ele expulsava os maus espíritos por intermédio do príncipe dos demônios (Belzebu)", ao que o Senhor retrucou: "E, se o príncipe dos demônios expulsa o príncipe dos demônios, é sinal que está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino? E, se eu expulso os maus espíritos por Belzebu, por quem os expulsam então os vossos filhos? Portanto, eles mesmos serão os vossos juízes, mas, se eu expulso os maus Espíritos pelo Espírito de Deus, é, conseguintemente, chegado a vós o Reino de Deus".


Paulo A. Godoy