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segunda-feira, 26 de abril de 2021

JOÃO À PAULO DE TARSO : A CAUSA É DO CRISTO!

 Em Éfeso, após uma noite tumultuada, com violências , onde a massa ,inconsciente,  foi lograda, por um grande comerciante, através de  boatos, disseminados por amotinadores pagos , no enredo, de  que Paulo e seus seguidores iriam destruir o templo de Diana e seus artefatos , prejudicando, assim, o trabalho. Paulo lamentou o ocorrido ,sobretudo com as prisões de Áquila e Prisca, e com muita tristeza , junto a João, desabafou: 




[...] " com os olhos mareados de lágrimas.

— ( Paulo ) Como tudo isto me contrista! Áquila e Prisca têm sido meus companheiros de luta, desde as primeiras horas da minha conversão a Jesus. Por eles devia eu sofrer tudo, pelo muito amor que lhes devo; assim, não julgo razoável que sofram por minha causa.

A causa é do Cristo! — respondeu João com acerto.

O ex-rabino pareceu conformar-se com a observação e sentenciou:


— Sim, o Mestre nos consolará.


E, depois de concentrar-se longamente, murmurou:


Estamos em lutas incessantes na Ásia, há mais de vinte anos… Agora, preciso retirar-me da Jônia,  sem demora. Os golpes vieram de todos os lados. Pelo bem que desejamos, fazem-nos todo o mal que podem. Ai de nós se não trouxéssemos as marcas do Cristo Jesus!


O pregador valoroso, tão desassombrado e resistente, chorava! João percebeu, contemplou-lhe os cabelos prematuramente encanecidos e procurou desviar o assunto:


Não te vás por enquanto — disse solícito —, ainda és necessário aqui.


— Impossível — respondeu com tristeza


 

—, a revolução dos artífices continuaria. Todos os irmãos pagariam caro a minha companhia.


Mas não pretendes escrever o Evangelho, consoante as recordações de Maria? — perguntou melifluamente o filho de Zebedeu.


— É verdade — confirmou o ex-rabino com serenidade amarga —, entretanto, é forçoso partir. Caso não mais volte, enviarei um companheiro para colher as devidas anotações.


— Contudo, poderias ficar conosco.


O tecelão de Tarso fitou o companheiro com tranquilidade e explicou, em atitude humilde:


— Talvez estejas enganado. Nasci para uma luta sem tréguas, que deverá prevalecer até ao fim dos meus dias. Antes de encontrar as luzes do Evangelho, errei criminosamente, embora com o sincero desejo de servir a Deus. Fracassei, muito cedo, na esperança de um lar. Tornei-me odiado de todos, até que o Senhor se compadecesse de minha situação miserável, chamando-me às portas de Damasco.
Então, estabeleceu-se um abismo entre minha alma e o passado. 


 Abandonado pelos amigos da infância, tive de procurar o deserto e recomeçar a vida. Da tribuna do Sinédrio,   regressei ao tear pesado e rústico. 


 Quando voltei a Jerusalém, o judaísmo considerou-me doente e mentiroso. Em Tarso experimentei o abandono dos parentes mais caros. Em seguida, recomecei em Antioquia a tarefa que me conduzia ao serviço de Deus. Desde então, trabalhei sem descanso, porque muitos séculos de serviço não dariam para pagar quanto devo ao Cristianismo. E saí às pregações. 


 Peregrinei por diversas cidades, visitei centenas de aldeias, mas de nenhum lugar me retirei sem luta áspera. Sempre saí pela porta do cárcere, pelo apedrejamento, pelo golpe dos açoites. Nas viagens por mar, já experimentei o naufrágio mais de uma vez; nem mesmo no bojo estreito de uma embarcação, tenho podido evitar a luta. Mas Jesus me tem ensinado a sabedoria da paz interior, em perfeita comunhão de seu amor.


Essas palavras eram ditas em tom de humildade tão sincera que o filho de Zebedeu não conseguia esconder sua admiração.


— És feliz, Paulo — disse ele convicto —, porque entendeste o programa de Jesus a teu respeito. Não te doa a recordação dos martírios sofridos, porque o Mestre foi compelido a retirar-se do mundo pelos tormentos da cruz. Regozijemo-nos com as prisões e sofrimentos. Se o Cristo partiu sangrando em feridas tão dolorosas, não temos o direito de acompanhá-lo sem cicatrizes…


O Apóstolo dos gentios prestou enorme atenção a essas palavras consoladoras e murmurou:


— É verdade!…


— Além do mais — acrescentou o companheiro emocionado —, devemos contar com calvários numerosos. Se o Cordeiro Imaculado padeceu na cruz da ignomínia, de quantas cruzes necessitaremos para atingir a redenção? Jesus veio ao mundo por imensa misericórdia. Acenou-nos brandamente, convocando-nos a uma vida melhor… Agora, meu amigo, como os antepassados de Israel, que saíram do cativeiro do Egito à custa de sacrifícios extremos, precisamos fugir da escravidão dos pecados, violentando-nos a nós mesmos, disciplinando o espírito, a fim de nos juntarmos ao Mestre, correspondendo à sua imensa bondade.


Paulo meneou a cabeça, pensativo, e acentuou:


Desde que o Senhor se dignou convocar-me ao serviço do Evangelho, não tenho meditado noutra coisa.


Nesse ritmo cordial conversaram muito tempo, até que o Apóstolo dos gentios concluiu mais confortado:


— O que de tudo concluo é que minha tarefa no Oriente está finda. O espírito de serviço exige que me vá além… Tenho a esperança de pregar o Evangelho do Reino, em Roma, na Espanha e entre os povos menos conhecidos…


Seu olhar estava cheio de visões gloriosas e João murmurou humildemente:

— Deus abençoará os teus caminhos


fonte: 
LIVRO:Paulo e Estevão-28ª edição.
Ditado por Emmanuel em parceria com Francisco Cândido Xavier.


Trecho retirado do capítulo 7 - As

Epístolas - pág.439-441