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sábado, 21 de julho de 2012

INIBIÇÃO



A timidez excessiva disfarça o orgulho dominador.
Algumas vezes, esse estado decorre de um mecanismo inibitório fixado na personalidade, que se transformou em comportamento doentio.
O indivíduo que se atormenta, vitimado pelo complexo de inferioridade, mesmo que camuflado, evita chamar a atenção, embora interiormente viva um vulcão de ansiedades e aspirações que asfixia aflitivamente, tomando posições isolacionistas, de onde observa o mundo exterior e as outras pessoas, considerando-as levianas, porque alegres; insensatas, porque espontâneas, ou
exibicionistas, porque extrovertidas.
Experimentando a castração emocional que o impede momentaneamente de viver o clima social em que se encontra, sente-se rejeitado, quando é ele próprio quem se recusa a participar das atividades nas quais todos se encontram. Não apenas isso, mas também se utiliza do falso recurso de justificação, supondo-se isolado, porqüanto ninguém se interessa pela sua pessoa, quando, em verdade, por sua vez, tampouco se empenha em tomar
conhecimento do que se passa fora de si, ou mesmo demonstrar qualquer interesse pelo seu próximo. Como é natural, não se apresentando receptivo, em razão do respeito que todos se devem mutuamente, as outras pessoas poupam-se ao prazer, ou não prazer de buscá-lo para manter qualquer tipo de intercâmbio fraternal ou afetivo.
A inibição, essa resistência psicológica íntima, a pessoas, acontecimentos e condutas, é causa de muitos males na área da emoção. Empurra o paciente
para reflexões pessimistas e autodestrutivas como forma de auto-realização doentia.
Sentindo-se não aceito, acumula azedume e atormenta-se, frustrando as inumeráveis possibilidades de alegria e comunicação.
Quase sempre esse estado mórbido decorre de uma infância infeliz, na qual conviveu com pais autoritários, familiares rebeldes e agressivos, sentindose empurrado. para o ensimesmamento, face ao receio de ser punido por qualquer coisa acontecida, mesmo quando não a houvesse praticado, assumindo postura de vítima que se esforça para agradar sempre, estar permanentemente bem com todos, sem ser incomodado pelas ocorrências ou pelas criaturas.
Essa conduta também expressa alta dose de egoísmo, que se impõe fórmulas de vivência individualista, reacionária contra tudo quanto lhe parece ambiente hostil e de difícil penetração.
Não possuindo resistência psicológica para sobrepor-se à severidade doméstica, recua para a interiorização, dando asas à imaginação pessimista e perturbada, naufragando no estado de inibição.
Outras vezes, a conduta insensível dos pais, especialmente da mãe —
com quem mais se convive no período infantil — fez o atual paciente sentir-se rejeitado, transformado em incômodo que era para os genitores, como se a sua presença lhes constituísse um fardo, eliminando-o, pela indiferença, do grupo familiar.
Essa mesma ocorrência pode também originar-se no convívio com outros adultos e apresentar as suas primeiras marcas no relacionamento com outras crianças que, incapazes de compreender a ocorrência, criticam, expulsam dos seus folguedos, agridem todos aqueles que as desagradam... Ante essa reação
dos companheiros de jogos e brincadeiras, agravam-se os conflitos, que se transformarão em conduta de inibição enfermiça.
O ser existencial, todavia, é, antes de quaisquer outras considerações, um Espírito imortal, herdeiro de todas as realizações que lhe assinalam a marcha ancestral.
Viajor de muitas experiências em roupagens carnais diferentes e múltiplas, é o arquiteto de glórias e desaires através do comportamento ético-moral, social, religioso, político, artístico e de qualquer outra natureza, por cujas faixas transitou no curso da sua evolução.
Conforme se haja conduzido em uma etapa, transfere para a outra os conteúdos que lhe servirão de alicerce para a formação da personalidade. Por outro lado, o renascimento em lares afetuosos ou agressivos, gentis ou indiferentes, entre expressões de bondade ou de acusação, resulta das ações
anteriormente praticadas, que ora lhe cumpre reparar, caso hajam sido infelizes e prejudiciais, ou mais crescer, em razão dos procedimentos enobrecedores.
Assim, recuando à concepção fetal, encontra-se o ser pleno, indestrutível, herdeiro de si mesmo, trabalhador incansável do próprio progresso, que lhe cumpre conquistar a esforço pessoal.
Assim considerando, os fatores hereditários e mesológicos, psíquicos e físicos, sociais e emocionais que o compõem estruturando-lhe a personalidade, delineando-lhe a existência humana, têm as suas matrizes fixadas nas atividades desenvolvidas anteriormente.
Aluno da vida, promoção ou recapitulação, reprovação na classe em que estuda na valiosa escola terrestre, dependem exclusivamente do próprio empenho.
Não obstante, o avanço do conhecimento, nas áreas da ciência e da
tecnologia, muito tem contribuído para minimizar e mesmo eliminar os fatores traumáticos das reencarnações anteriores, principalmente em razão dos avanços das doutrinas psíquicas, descobrindo o ser transpessoal, viajor entusiasta da imortalidade.
A valiosíssima contribuição de diferentes psicoterapias modernas constitui bênção para os transtornos psicológicos e psiquiátricos da mais variada ordem, não devendo permanecer esquecidos os fatores que desencadearam as ocorrências que precedem ao berço.
Desde o período perinatal, a partir da concepção, que os implementos do pretérito se insculpem no ser em formação, modelando-o conforme as matrizes que se lhe encontram no cerne espiritual.
Por outro lado, além das psicoterapias acadêmicas que auxiliam na
libertação dos fenômenos de inibição, o interesse do paciente é de grande valia, mesmo durante o processo de reconquista da saúde.
Inicialmente deve ser estabelecido o veemente desejo de sentir-se bem, liberando-se da perturbadora sensação de permanente mal-estar a que está acostumado.
Para tanto, a substituição de pensamentos negativos, autopunitivos,
autodepreciativos, por outros de ordem emuladora ao progresso e à alegria, torna-se de vital importância. Logo depois, a consideração em torno de que
todos se apresentam conforme lhes é possível, não lhe cabendo a vacuidade de colocar-se na posição de vítima, em que se compraz, tendo as outras pessoas como suas adversárias, com ou sem razão.
O problema conflitivo se encontra no indivíduo e não no mundo exterior.
Quando ele se harmoniza, consegue enfrentar as mais hostis situações como sendo desafios que o incitam ao crescimento interior, ao amadurecimento psicológico, porque a existência humana, em verdade, não é como aprazeria a cada um, mas conforme a estrutura dos acontecimentos e dos impositivos da
sociedade, na qual todos se encontram envolvidos.
Ainda aí, no processo de autoterapia, é essencial o desenvolvimento da tolerância para considerar as pessoas como seres em crescimento, com dificuldades no trato consigo mesmas e não como criaturas especiais, eleitas, modelos, que devem constituir o melhor exemplo, embora a si se permita a justificativa de manter-se recluso nas idéias e comportamentos esdrúxulos.
Cada indivíduo é um universo de emoções, de conquistas, de valores por descobrir, merecendo investimentos de alto significado.
O desenvolvimento psicológico do ser humano é processo lento, que deve apresentar-se seguro, sem oscilações, vencendo as diferentes etapas e fixando-as no comportamento, a fim de que se estabeleçam novos patamares que devem ser conquistados.
Esse campo experimental, no qual a emoção se engrandece
saudavelmente, é fértil em oportunidades criativas e compensadoras, porqüanto, a inevitável busca do prazer, da harmonia, se transformam em razões emuladoras para o sucesso.
Cap. 42  Amor, Imbatível Amor
Psicografado por Divaldo
Ditado:Joana de Angelis.

TIMIDEZ



Um relacionamento infantil insatisfatório com a familha, particularmente em referência à própria mãe que se apresente castradora ou se torne superprotetora, termina por impedir o desenvolvimento psicológico saudável do
indivíduo, que estabelece um mecanismo de timidez a fim de preservar-se dos desafios que o surpreendem a cada passo.
Submetido a uma situação constrangedora por impositivo materno, que não lhe permite espaço para autenticidade, sente-se castrado nas suas aspirações e necessidades, preferindo sofrer limitação a assumir atitudes que
lhe podem causar mal-estar e aflições. Por outro lado, superprotegido, sente anulada a faculdade de discernimento e ação, toda vez que defronta uma situação que exige valor moral e coragem.
Refugiando-se na timidez, disfarça o orgulho e o medo de ser identificado na sua impossibilidade de agir com segurança, protegendo-se das incomodidades que, inevitavelmente, o surpreendem.
Como conseqüência, o desenvolvimento da libido faz-se incompleto, dando nascimento a limitações e receios infundados quanto à própria atividade sexual, o que se pode transformar em conflito de maior profundidade na área
do relacionamento interpessoal, assim como na auto-realização.
A timidez pode apresentar-se como fenômeno psicológico normal, quando se trata de cuidado ante enfrentamentos que exigem ponderação, equilíbrio e decisão, dos quais resultarão comprometimentos graves no grupo social,
familiar, empresarial, de qualquer ordem. Poder-se-ia mesmo classificá-la como um mecanismo de prudência, propiciador de reflexão necessária para a adoção
de uma conduta correta.
Igualmente, diante de situações e pessoas novas, em ocorrências inesperadas que exigem uma rápida resposta, temperamentos existem que se precatam ti
midamente, sem que haja, de forma alguma, exteriorização patológica na conduta, tornando-se, portanto, normal.
Todavia, quando se caracteriza como um temor quase exagerado ante circunstâncias imprevistas, produzindo sudorese, palpitação cardíaca, colapso periférico das extremidades, torna-se patológica, exigindo conveniente terapia psicológica, a fim de ser erradicada ou diluída a causalidade traumática,
através de cujo método, e somente assim, advirá a superação do problema.
O indivíduo tímido, de alguma forma, é portador de exacerbado orgulho que o leva à construção de comportamento equivocado. Supõe,
inconscientemente, que não se expondo, resguarda a sua realidade conflitiva, impedindo-se e aos outros impossibilitando uma identificação profunda do seu
Self. Noutras vezes, subestima-se e a tudo aquilo quanto poderia induzi-lo ao crescimento psicológico, à aprendizagem, a um bom relacionamento social, e
torna-se um fardo, considerando que as interrogações que poderia propor, os contatos que deveria manter, não são importantes. Na sua óptica psicológica distorcida, o que lhe diz respeito não éimportante, tendo a impressão de que
ninguém se interessa por ele, que as suas questões são destituídas de valor, sendo ele próprio desinteressante e sem significado para o grupo social. A timidez oculta-o, fazendoo ausente, mesmo quando diante dos demais.
De certo modo, a timidez escamoteia temperamentos violentos, que não  irrompem, produzindo distúrbios externos, porque se detêm represados, transformando-se em cólera surda contra as outras pessoas, às vezes contra si próprio.
É de considerar-se que essas são reações infantis, face ao não desenvolvimento e amadurecimento psicológicos.
Nesse quadro mais grave, o conflito procede de experiência pretérita, que teve curso em vida passada, quando o paciente se comprometeu moralmente e
asfixiou, no silêncio íntimo, o drama existencial, que embora desconhecido das demais pessoas, se lhe gravou nos recessos do ser, transferindo-se de uma para outra reencarnação, como mecanismo de defesa em relação a tudo e a todos que lhe sejam estranhos. No íntimo, o orgulho dos valores que se atribui e a presença da culpa insculpida no inconsciente geraram-lhe o clima de timidez em que se refugia, dessa forma precatando-se de ser acusado, o que lhe resultaria em grave problema para a personalidade.
A timidez é terrível algoz, por aprisionar a espontaneidade, que impede o paciente de viver em liberdade, de exteriorizar-se de maneira natural, de enfrentar dificuldades com harmonia interna, compreendendo que toda
situação desafiadora exige reflexão e cuidado. Uma vida saudável caracterizase também pela ocorrência de receios, quando se apresentam problemas que merecem especial atenção.
Como todos desejam alcançar suas metas, que são o sentido existencial a que se afervoram, a maneira cuidadosa e tímida, não agressiva nem precipitada, expressa oportuno mecanismo de preservação da intimidade, da realidade, do processo de evolução.
A ausência da timidez não significa presença de saúde psicológica plena, porque, não raro, outros algozes do comportamento desenham situações também críticas, que necessitam ser orientadas corretamente.
Nesse sentido, a extroversão ruidosa, a comunicabilidade excessiva, constituem fenômeno perturbador para o paciente que pretende, dessa maneira, ocultar os seus sentimentos conflitivos, desviando a atenção da sua realidade para a aparência, ao mesmo tempo diluindo a necessidade de
valorização, por saber-se conhecido, desejado, face ao comportamento irrequieto que agrada ao grupo social com o qual convive.
Realizando-se, por sentir-se importante, descarrega os medos na exteriorização de uma alegria e jovialidade que não são autênticas.
Observando-se tal conduta, logo se perceberá uma grande excitação e preocupação em agradar, em chamar a atenção, em tornar-se o centro de interesse de todos, dificultando a comunicação natural do grupo. Esse tipo de
exibicionismo é pernicioso, porque o paciente distrai os outros e continua em tensão permanente, o que se lhe torna um estado normal, no entanto, enfermiço.
A timidez pode ser trabalhada também, mediante uma auto-análise honesta, de forma que o paciente deva considerar-se alguém igual aos outros, como realmente é, nem melhor, nem pior, apenas diferente pela estrutura da
personalidade, pelos fatores sociais, econômicos, familiares, com os quais conviveu e que o modelaram. Ademais, deve ter em vista que é credor de respeito e de carinho como todas as outras pessoas, que tem valores, talvez ainda não expressados, merecendo, por isso mesmo, fruir dos direitos que a vida lhe concede e lhe cumpre defender.
Toda fuga leva a lugar nenhum, especialmente no campo emocional. Somente um enfrentamento saudável com o desafio pode libertar do compromisso, ao invés de transferi-lo para outra ocasião, em que lhe serão acrescidos os inevitáveis juros, que resultam do adiamento, quando, então, as circunstâncias serão diferentes e já terão ocorrido significativas alterações.
Uma preocupação que deve vicejar no íntimo de todos os indivíduos, tímidos ou não, é que não se deve considerar sem importância ou tão significativo que lhe notarão a presença ou a ausência.
Assim, uma conduta tranqüila, caracterizada pela autoconfiança e naturalidade nas várias situações proporciona bem-estar e conquista da espontaneidade.

Fonte: Cap. 41 Amor,Imbatível Amor
Psicografia : Divaldo
Ditado por: Joana de Angelis

ALEGRIA


Meimei

Alegria é o cântico das horas com que Deus te afaga a passagem no mundo.
Em toda parte, desabrocham flores por sorrisos da natureza e o vento penteia a cabeleira do campo com música de nina.
A água da fonte é carinho liquefeito no coração da terra e o próprio grão de areia, inundado de sol, é mensagem de alegria a falar-te do chão.
Não permitas, assim, que a tua dificuldade se faça tristeza entorpecente nos outros.
Ainda mesmo que tudo pareça conspirar contra a felicidade que esperas, ergue os olhos para a face risonha da vida que te rodeia e alimenta a alegria por onde passes.
Abençoa e auxilia sempre, mesmo por entre lágrimas.
A rosa oferece perfume sobre a garra do espinho e a alvorada aguarda generosa, que a noite cesse para renovar-se diariamente, em festa de amor e luz.


Livro Ideal Espírita - Psicografia Francisco C. Xavier - Espíritos Diversos
 


PEDRO, O APÓSTOLO( entrevista de Pedro)



Humberto de Campos

25 de agosto de 1936
 
Enquanto a Capital dos mineiros, dirigida pelos seus elementos eclesiásticos, se prepara, esperando as grandes manifestações de fé do segundo Congresso Eucarístico Nacional, chegam os turistas elegantes e os peregrinos invisíveis. Também eu quis conhecer de perto as atividades religiosas dos conterrâneos de Augusto de Lima.
Na Praça Raul Soares, espaçosa e ornamentada, vi o monumento dos congressistas, elevando-se em forma de altar, onde os altos religiosos serão celebrados. No topo, a custódia, rodeada de arcanjos petrificados, guardando o símbolo suave e branco da eucaristia, e, cá em baixo, nas linhas irregulares da terra, as acomodações largas e fartas, de onde o povo assistirá, comovido, às manifestações de Minas católica.
Foi nesse ambiente que a figura de um homem trajado à israelita, lembrando alguns tipos que em Jerusalém se dirigem, freqüentemente, para o lugar sagrado das lamentações, aguçou a minha curiosidade incorrigível de jornalista.
- Um judeu?! – exclamei, aguardando as novidades de uma entrevista.
- Sim, fui judeu, há algumas centenas de anos – respondeu laconicamente o interpelado.
Sua réplica exaltou a minha bisbilhotice e procurei atrair a atenção da singular personagem.
- Vosso nome? – continuei.
- Simão Pedro.
- O Apóstolo?
E a veneranda figura respondeu afirmativamente, colando ao peito os cabelos respeitáveis da barba encanecida.
Surpreso e sedento da sua palavra, contemplei aquela figura hebraica, cheia de simplicidade e simpatia. Ao meu cérebro afluíam centenas de perguntas, sem que pudesse coordená-las devidamente.
- Mestre – disse-lhe, por fim -, Vossa palavra tem para o mundo um valor inestimável. A cristandade nunca vos julgou acessível na face da Terra, acreditando que vos conserváveis no Céu, de cujas portas resplandecentes guardáveis a chave maravilhosa. Não teríeis algumas mensagens do Senhor para transmitir à Humanidade, neste momento angustioso que as criaturas estão vivendo?
E o Apóstolo venerável, dentro da sua expressão resignada e humilde, começou a falar:
- Ignoro a razão por que revestiram a minha figura, na Terra, de semelhantes honrarias. Como homem, não fui mais que um obscuro pescador da Galiléia e, como discípulo do Divino Mestre, não tive a fé necessária nos momentos oportunos. O Senhor não poderia, portanto, conferir-me privilégios, quando amava todos os seus apóstolos com igual amor.
- É conhecida, na história das origens do Cristianismo, a vossa desinteligência com Paulo de Tarso. Tudo isso é verdadeiro?
- De alguma forma, tudo isso é verdade – declarou bondosamente o Apóstolo. – Mas, Paulo tinha razão. Sua palavra enérgica evitou que se criasse uma aristocracia injustificável, que, sem ele, teria que desenvolver-se fatalmente entre os amigos de Jesus, que se haviam retirado de Jerusalém para as regiões da Batanéia.
- Nada desejais dizer ao mundo sobre a autenticidade dos Evangelhos?
- Expressão autêntica da biografia e dos atos do Divino Mestre, não seria possível acrescentar qualquer coisa a esse livro sagrado. Muita iniqüidade se tem verificado no mundo em nome do estatuto divino, quando todas as hipocrisias e injustiças estão nele sumariamente condenadas.
- E no capítulo dos milagres?
- Não é propriamente milagre o que caracterizou as ações práticas do Senhor. Todos os seus atos foram resultantes do seu imenso poder espiritual. Todas as obras a que se referem os Evangelistas são profundamente verdadeiras.
E, como quem retrocede no tempo, o Apóstolo monologou:
- Em Carfanaum, perto de Genesaré, e em Betsaida, muitas vezes acompanhei o Senhor nas suas abençoadas peregrinações. Na Samaria, ao lado de Cesaréia de Felipe, vi suas mãos carinhosas dar vistas aos cegos e consolação aos desesperados. Aquele sol claro e ardente da Galiléia ainda hoje ilumina toda a minha alma e, tantos séculos depois de minhas lutas no mundo, ao lado de alguns companheiros procuro reivindicar para os homens a vida perfeita do Cristianismo, com o advento do Reino de Deus, que Jesus desejou fundar, com o seu exemplo, em cada coração...
- Os filósofos terrenos são quase unânimes em afirmar que o Cristo não conhecia a evolução da ciência grega, naquela época, e que as suas parábolas fazem supor a sua ignorância acerca da organização política do Império Romano: seus apóstolos falam de reis e príncipes que não poderiam ter existido.
- A ação do Cristo – retrucou o Apóstolo – vai mais além que todas as atividades e investigações das filosofias humanas. Cada século que passa imprime um brilho novo à sua figura e um novo fulgor ao seu ensinamento. Ele não foi alheio aos trabalhos do pensamento dos seus contemporâneos. Naquele tempo, as teorias de Lucrécio, expandidas alguns anos antes da obra do Senhor, e as lições de Filon em Alexandria, eram muito inferiores às verdades celestes que Ele vinha trazer à Humanidade atormentada e sofredora...
E, quando a figura venerada de Simão parecia prestes a prosseguir na sua jornada, inquiri, abruptamente:
- Qual o vosso objetivo, atualmente, no Brasil?
- Venho visitar a obra do Evangelho aqui instituída por Ismael, filho de Abraão e de Agar, e dirigida dos espaços por abnegados apóstolos da fraternidade cristã.
- E estais igualmente associado às festas do segundo Congresso Eucarístico Nacional? – perguntei.
Mas, o bondoso Apóstolo expressou uma atitude de profunda incompreensão, ao ouvir as minhas derradeiras palavras.
Foi quando, então, lhe mostrei o rico monumento festivo, as igrejas enfeitadas de ouro, os movimentos de recepção aos prelados, exclamando ele, afinal:
- Não, meu filho!... Esperam-me longe destas ostentações mentirosas os humildes e os desconsolados. O Reino de Deus ainda é a promessa para todos os pobres e para todos os aflitos da Terra. A Igreja romana, cujo chefe se diz possuidor de um trono que me pertence, está condenada no próprio Evangelho, com todas as suas grandezas bem tristes e bem miseráveis. A cadeira de São Pedro é para mim uma ironia muito amarga... Nestes templos faustosos não há lugares para Jesus, nem para os seus continuadores...
- E que sugeris, Mestre, para esclarecer a verdade?
Mas, nesse momento, o Apóstolo venerando enviou-me um gesto compassivo e piedoso, continuando o seu caminho, depois de amarrar, resignadamente, o cordão das sandálias.
  

Do livro Crônicas de Além Túmulo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

O NATAL DO APÓSTOLO



 Este texto relata a vinda de Pedro ao plano espiritual, nos mostrando o quanto o trabalho é incessante .
Livro dos Espíritos:
969. Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em Lhe entoar louvores?
“É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus,
porque o vêem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo em a Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados
estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo.
Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo.”
Obs: O texto acima é de responsabilidade do Blog.
  O  NATAL  DO  APÓSTOLO   
 
         Quando Simão Pedro foi arrancado aos grilhões do cárcere para o derradeiro sacrifício, sentia o coração varado de angústia, conquanto mostrasse o passo firme.
     O velho apóstolo, que transpusera os oitenta de idade, levantava a cabeça branca, destacando-se na turba à maneira de um pai atormentado por filhos inconscientes.
     Irmãos do Evangelho ladeavam-no, tristes, escondendo o próprio desespero, diante da serenidade com que ele, encanecido em duras experiências, se acomodava ao martírio.
     Mulheres e crianças emaranhavam-se, cortejo adentro, para beijar-lhe as mãos. Transeuntes, ainda mesmo adversos ao Cristianismo nascente, fitavam-no, respeitosos, quais se vissem um soberano humilhado e pobremente vestido, a caminho de inesperado triunfo... E até soldados da escolta, recordando vários companheiros que Simão transfigurara, ao curar-lhe os parentes enfermos, abeiravam-se dele com veneração e carinho...
     Apenas um dos pretorianos, Sertório Aniceto, destacado elemento na expedição, não poupava o sarcasmo.
     Desejando quebrar a atmosfera de reverência e de êxtase que se fazia, desdobrava impropérios: - Para diante, velho impudente! Judeu Sujo! Lixo humano, que envergonharia os postes da arena!...
     E mais à frente:
- Não abuse da crendice do povo” Ladrão imundo, chegou seu fim!...
     Pedro, entretanto, contemplava o céu escaldante da tarde e orava em silêncio...
     Sentia-se, agora, fatigado e incapaz! Compreendia que a Boa Nova exigia servidores robustos e rogava ao Cristo enviasse obreiros novos e valorosos para a vinha do mundo... Mas não era só isso... No imo do coração, ardia-lhe a saudade do Mestre e ansiava retomar-lhe a companhia para sempre...
     Escalando a colina, via não longe o Campo de Marte, assinalado pelo monumento de Augusto, as cintilações do Tibre espreguiçando ao sol, o casario imenso, as termas e os jardins; no entanto, regressava pela imaginação à Galiléia distante, buscando Jesus em pensamento...
     Revia o lago de Genesaré, em seus dias mais belos, e as multidões simples e generosas com que o Senhor repartia o pão e a verdade, o consolo e a esperança...
     Por estranhos mecanismos da memória, respirava, de novo, o perfume das rosas de Betsaida, das romãzeiras de Dalmanuta, das quintas frutescentes de Magdala e dos pequenos vinhedos de Cafarnaum...
     Apesar do calor reinante, rememorava a pesca e supunha-se envolvido pelo sopro da brisa, quando a barca sobrestava as ondas calmas.
     Reconstituía, enlevadas, as pregações do Divino Amigo e parecia-lhe jornadear de retorno à família das crianças e dos enfermos, das mães sofredoras e dos velhinhos que ele próprio lhe entregara ao coração...
     Atingido o local do suplício, confiou-se automaticamente aos soldados que o desnudaram, e, como se estivesse hipnotizado pela idéia do reencontro, sofregamente aguardado quase nada percebeu dos martelos, rudemente manobrados, que lhe apresavam pés e mãos ao lenho que se lhe erguera de improviso...
     Em derredor, escutava os protestos velados das centenas de espectadores da lamentável exibição, de mistura com as preces dos companheiros agoniados... Detido, porém, na ânsia de repouso, Pedro não via que o tempo se escoava, sem que lhe desfechassem qualquer golpe...
     Aqui e além, grupos em orações e lágrimas salientavam-se de mãos postas; contudo, a morte tardava... Aniceto, entretanto, não o perdia de vista, e, reparando que o crepúsculo baixava, atirou-lhe pontiagudo calhau à cabeça e gritou:
- Morre, bruxo!
     O apóstolo observou que o sangue esguichava, mas, sem qualquer reação, rendeu-se o invencível torpor, qual se fosse repentinamente anestesiado por brando sono.
     Semelhante impressão, contudo, perdurou por momentos. O ancião, após desalgemar-se do corpo, identificou-se espiritualmente, livre e eufórico, ao pé dos próprios despojos, e, alheio à algazarra em torno, contemplou o firmamento, onde os astros se inflamavam, como se dedos invisíveis acendessem lumes deslumbrantes para uma festa no céu... Espantado, observou que um homem descia do alto, como que materializado pela fulguração das estrelas, e, decorridos alguns instantes de assombro, viu Jesus a dois passos, a endereçar-lhe o inolvidável sorriso.
-          Mestre! – clamou, inclinando-se para beijar o chão que ele pisava. O Messias redivivo tomou-o nos braços e partiu, conchegando-o ao coração, qual se transportasse frágil criança.
Por várias semanas restaurou-se Pedro na estância de luz que o Cristo lhe reservara.
     Junto dele, visitou paragens de inexprimível beleza, recolheu lições preciosas, presenciou espetáculos soberbos de grandeza cósmica e abraçou afeições inesquecíveis...
     Quando mais integrado se reconhecia no Plano Superior, eis que o Celeste Companheiro lhe anuncia nova separação.. Que o discípulo descansasse quanto quisesse, elevando-se às excelsas regiões... Ele, porém, devia ausentar-se...
- Senhor, aonde vais? – indagou o apóstolo, penosamente surpreendido.
E Jesus, indicando-lhe escuro recanto da vastidão, em que se adivinhava a residência planetária dos homens, informou, sereno:
- Pedro, enquanto houver um gemido na Terra, não me será lícito repousar...
- Então, Senhor, eu também...
     E, como outrora, demandaram, juntos, os quadros de ação, em que se lhes evidenciasse o amor sublime...
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     Atraídos por centenas de vozes, atravessaram Roma, parando, por fim, em espaçoso cemitério da Via Ápia, mergulhado na sombra noturna...
     A multidão cantava, glorificando o Senhor...
     Não obstante o Natal estivesse na lembrança de poucos, rememorava-se, ali, diante da imensidão constelada, a melodia dos mensageiros angélicos.
     Simão, fremindo de emotividade, começou a chorar de alegria. Anelava ser bom, aspirava a ser irmão da Humanidade, queria auxiliar a construção do Reino de Deus e homenagear a manjedoura de Belém, ofertando algo de si mesmo, em louvor do Evangelho...
     Nesse ínterim, aproximou-se Jesus e Disse-lhe ao ouvido:
- Pedro, alguém te chama...
     O apóstolo voltou-se e, admirado, enxergou na pequena comunidade um homem triste, carregando nos braços um pequenino agonizante... Era Aniceto, a rogar-lhe, mentalmente, se lhe compadecesse do filhinho que a febre devorava. Qual se lhe registrasse a presença, expunha-lhe os remorsos que amargava e pedia-lhe perdão...
     O antigo pescador não hesitou. Depois de oscular-lhe a fronte suarenta, afagou a criança atribulada, impondo-lhe as mãos, e, ali mesmo, magneticamente tocado por forças renovadoras e intangíveis, o menino despertou, lúcido e refeito, enlaçando-se ao pai, à feição da ave assustada quase torna à segurança do ninho.
     Aniceto, no íntimo, compreendeu o socorro e a bênção que recebia e, renovado, começou a cantar em lágrimas de júbilo: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens!...”.
     Para o rude legionário de César começava nova vida e para Simão Pedro o serviço continuou...
  Espírito: IRMÃO X.
 
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

NA PREPARAÇÃO DO REINO DA LUZ

Chamados a substancializar o Evangelho de Jesus no campo da vida humana, decerto, nós outros, os espíritos encarnados e desencarnados, somos constrangidos a levantar em nós mesmos os alicerces do Reino de Deus, adstritos à verdade de que o Céu começa em nós mesmos.


Em razão disso, os antigos processos de construção palavrosa, através dos quais o verbo, muita vez, pretende superar o nível do exemplo, não podem constituir padrão às nossas atividades.


Também nós possuímos o tesouro do tempo, muito mais expressivo do que a riqueza amoedada, e, por isso, ao invés de criticar o companheiro que padece a obsessão da autoridade e do ouro, será mais justo operar com o nosso próprio trabalho a lição da bondade incessante sem nos perder no vinagre da censura ou do nevoeiro da frase vazia.


 Nós, igualmente, guardamos conosco os talentos da fé raciocinada, muito mais sólidos que os da crença vazada em cegueira da alma, competindo-nos, desse modo, não a guerra de revide ou condenação aos que nos esposam os pontos de vista, mas, sim, a prática da tolerância fraterna e da caridade genuína, pelas quais os nossos companheiros de evolução e de experiência consigam ler a mensagem da Vida Maior, abandonando naturalmente as grilhetas da ignorância.


Não nos bastará, dessa forma, a confissão labial da fé como entusiasmo de quem se vê na iminência dos princípios superiores.


É necessário saibamos comungar a esperança e o sofrimento, a provação e a dificuldade dos outros, abençoando os irmãos que nos partilham a marcha e ensinando-lhes, pela cartilha de nossas próprias ações, o caminho renovador, suscetível de oferecer-lhes a bênção da paz.


Sem dúvida, milhões de inteligências se agregam à ilusão e à crueldade, descerrando aos homens resvaladouros calamitosos, preparando o domínio da morte e fortalecendo o poder das trevas, todavia, a nós outros se roga o cérebro e o coração para que o Cristo se manifeste em plenitude de sabedoria e de amor, nas vitórias do espírito, por intermédio das quais a Humanidade ainda na sombra será, finalmente, investida na posse da Eterna Luz.




Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao  sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.



 Livro: ALVORADA DO REINO - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel