Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

quarta-feira, 12 de maio de 2021

LUIS OLÍMPIO TELES DE MENEZES - ABOLICIONISTA : "E, finalmente, para glória de Luis Olímpio, podemos dizer que a imprensa espírita nasceu no Brasil sob a inspiração da liberdade, pois o nosso primeiro jornal tomou posição contra a escravidão e agitou, assim, a bandeira da solidariedade humana."

 



LUIS Olímpio- abolicionista


Há algum tempo atrás, tendo feito uma espécie de levantamento histórico na Biblioteca Nacional a fim de escrever um trabalho, pedi a coleção de Eco de Além Túmulo, na seção de obras raras, e logo se me deparou uma revelação interessante e muito relevante: Luis Olímpio Teles de Menezes, o fundador, como se sabe, do primeiro jornal espírita que se publicou no Brasil, era abolicionista declarado. Confesso que já conhecia o Eco de Além Túmulo, aliás Echo d'Além Túmulo, como se escrevia na época, pois em novembro de 1939, quando se realizou, no Rio,o Congresso de Jornalistas e Escritores Espíritas, organizamos uma Exposição de Jornais e Revistas Espíritas, na sede da antiga Liga Espírita do Brasil (Rua Uruguaiana, 141, sobrado) aberta ao público durante o Congresso, e nela figurou o primeiro jornal espírita, enviado pela União Espírita da Bahia, como empréstimo. Todas as coleções foram logo devolvidas assim que terminou o Congresso.


Pois bem, notei na segunda consulta que Luis Olímpio tinha uma preocupação abolicionista muito clara. Tanto assim que uma parte do produto da venda ou de assinaturas do jornal devéria destinar-se à campanha em benefício da libertaçãodos eWavos. E, àquela época, antes de setenta, o ideal abolicionista já estava fermentando na consciência de uma plêiade lúcida e ardorosa. Havia muita resistência, não há dúvida, mas àquela altura a poesia de Castro Alves e o verbo de oradores destemidos já estavam sacudindo a alma do povo, de norte a sul, contra a instituição escravocrata. Por isso mesmo, ,o Manifesto Republicano de 1870, publicado logo depois da Guerra do Paraguai, foi muito criticado, justamente nesse ponto, acusado de omissão calculada, isto é, para não desgostar os fazendeiros, que tinham muitos escravos e constituíam a chamada aristocracia rural, os homens do Manifesto, chamados de republicanos históricos, acharam mais prudente não falar em abolição, pois o braço escravo era a base da economia geral do país. Anunciar a extinção da escravatura, principalmente na grande faixa de fazendeiros, significava uma ameaça, como se alguém estivesse mexendo em casa de marimbondos...


Tempos depois, como se sabe, veio a Lei Áurea,de 1888,acabando definitivamente com a escravidão. 
Mas certos fazendeiros apoiaram o movimento republicano, não por ideal, mas como protesto, porque ficaram contrariados com o Governo Imperial (a Princesa Isabel) por causa do 13 de maio. No ano seguinte, caiu a Monarquia, veio a República. Contudo, o que nos interessa aqui é o sentimento abolicionista de Luís Olímpio,  nosso primeiro jornalista espírita. Poder-se-ia dizer que a sua manifestação, neste sentido, era simplesmente romântica, pois o produto da venda de um jornalzinho, que estava começando a circular na Bahia, seria em tudo por tudo inexpressivo.


Que poderia fazer Luis Olímpio em favor da campanha abolicionista com a renda (e que renda?...) de uma publicação, que parecia mais revista do que propriamente jornal e que era, além do mais, distribuída na maior parte de graça? Mas era a prova de idealismo, um sonho de liberdade, tão nobre como o ardor dos abolicionistas de maior projeção.


E, finalmente, para glória de Luis Olímpio, podemos dizer que a imprensa espírita nasceu no Brasil sob  a inspiração da liberdade, pois o nosso primeiro jornal tomou posição contra a escravidão e agitou, assim, a bandeira da solidariedade humana.


DEOLINDO AMORIM

(Revista Internacional de Espiritismo — Matão — SP — Fevereiro de 1984)

EVANGELHO E INDIVIDUALIDADE : "Proclamando as bem-aventuranças à turba no monte, não a induz para a violência, a fim de assaltar o celeiro dos outros. Multiplica, Ele mesmo, o pão que a reconforte e alimente."


    EVANGELHO E INDIVIDUALIDADE


Efetivamente,as massas acompanhavam o Cristo, de perto, no entanto, não vemos no Mestre a personificação do agitador comum.

Em todos os climas políticos, as escolas religiosas, aproximando-se da legalidade humana, de alguma sorte partilham da governança, estabelecendo regras espirituais com que adquirem poder sobre a multidão.

Jesus, porém, não transforma o espírito coletivo em terreno explorável.

Proclamando as bem-aventuranças à turba no monte, não a induz para a violência, a fim de assaltar o celeiro dos outros. Multiplica, Ele mesmo, o pão que a reconforte e alimente.

Não convida o povo a reivindicações.

Aconselha respeito aos patrimônios da direção política, na sábia fórmula com que recomendava seja dado “a César o que é de César”.

Muitos estudiosos do Cristianismo pretendem identificar no Mestre Divino a personalidade do revolucionário, instigando os seus contemporâneos à rebeldia e à discórdia; entretanto, em nenhuma passagem do seu ministério encontramos qualquer testemunho de indisciplina ou desespero, diante da ordem constituída.

Socorreu a turba sofredora e consolou-a; não se mostrou interessado em libertar a comunidade das criaturas, cuja evolução, até hoje, ainda exige lutas acerbas e provações incessantes, mas ajudou o Homem a libertar-se.

Ao apóstolo exclama _ “vem e segue-me.”

Á pecadora exorta _ “vai e não peques mais”.

Ao paralítico fala, bondoso _ “ergue-te e anda”.

Á mulher sirofenícia diz, convincente _ “a tua fé te curou”.

Por toda parte, vemo-lo interessado em levantar o espírito, buscando erigir o templo da responsabilidade em cada consciência e o altar dos serviços aos semelhantes em cada coração.

Demonstrando as preocupações que o tomavam, perante a renovação do mundo individual, não se contentou em sentar-se no trono diretivo, em que os generais e os legisladores costumam ditar determinações... 

Desceu, Ele próprio, ao seio do povo e entendeu-se pessoalmente com os velhos e os enfermos, com as mulheres e as crianças.

Entreteve-se em dilatadas conversações com as criaturas transviadas e reconhecidamente infelizes.

Usa a bondade fraternal para com Madalena, a obsidiada, quanto emprega a gentileza no trato com Zaqueu, o rico.

Reconhecendo que a tirania e a dor deveriam permanecer, ainda, por largo tempo, na Terra, na condição de males necessários à retificação das inteligências, o Benfeitor Celeste foi, acima de tudo, o orientador da transformação individual, o único movimento de liberação do espírito, com bases no esforço próprio e na renúncia ao próprio “eu”.

Para isso, lutou, amou, serviu e sofreu até à cruz, confirmando, com o próprio sacrifício, a sua Doutrina de revolução interior, quando disse: “e aquele que deseja fazer-se o maior no Reino do Céu, seja no mundo o servidor do todos.”

Emmanuel
 
Livro “Roteiro”, psicografado por Francisco Cândido Xavier)