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segunda-feira, 19 de julho de 2021

ELES VIVERÃO

 

"Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz…Jamais amaldiçoes...A quem pratica o mal, chega o horror do remorso… … Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos.."


ELES VIVERÃO


Onze anos após a crucificação do Mestre, Tiago, o pregador, filho de Zebedeu, foi violentamente arrebatado por esbirros do Sinédrio, em Jerusalém, a fim de responder a processo infamante.


Arrancado ao pouso simples, depois de ordem sumária, ei-lo posto em algemas, sob o Sol causticante.


Avançando ao pé do grande templo, na mesma praça enorme em que Estêvão achara o extremo sacrifício, imensa multidão entrava-lhe a jornada.


Tiago, brando e mudo, padece, escarnecido.


Declaram-no embusteiro, malfeitor e ladrão.


Há quem lhe cuspa no rosto e lhe estraçalhe a veste.


- “A morte! à morte!…”


Centenas de vozes gritam inesperada condenação, e Pedro, que de longe o segue, estarrecido, fita o irmão desditoso, a entregar-se humilhado.


O antigo pescador e aprendiz de Jesus é atado a grande poste e, ali mesmo, sob a alegação de que Herodes lhe decretara a pena, legionários do povo passam-no pela espada, enquanto a turba estranha lhe apedreja os despojos.


Simão chora, sozinho, ao contemplar-lhe os restos, voltando, logo após, para o seu humilde refúgio.


Depois de algumas horas, veio a noite envolvente acalentar-lhe o pranto.


De rústica janela, o condutor da casa inquire o céu imenso, orando com fervor.


Porque a tempestade? porque a infâmia soez? O pobre amigo morto era justo e leal…


Incapaz de banir a ideia de vingança, Pedro lembra os algozes em revolta suprema.


Como desejaria ouvir o Mestre agora!… que diria Jesus do terrível sucesso?!…


Neste instante, levanta os olhos lacrimosos, e observa que o Cristo lhe surge, doce, à frente.


É o mesmo companheiro de semblante divino.


Ajoelha-se Pedro e grita-lhe:


- Senhor! somos todos contados entre os vermes do mundo!… porque tanta miséria a desfazer-se em lama? Nosso nome é pisado e o nosso sangue verte em homicídio impune… A calúnia feroz espia-nos o passo…


E talvez porque o mísero soluçasse de angústia, o Mestre aproximou-se e disse com carinho, a afagar-lhe os cabelos:


- Esqueceste, Simão? Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz…


- Senhor! - retrucou, em lágrimas, o apóstolo abatido - não renego o madeiro, mas clamo contra os maus… Que fazer de Joreb, o falsário infeliz, que mentiu sobre nós, de modo a enriquecer-se? que castigo terá esse inimigo atroz da verdade divina?


E Jesus respondeu, sereno, como outrora:


- Jamais amaldiçoes… Joreb vai viver…


- E Amenab, Senhor? que punição a dele, se armou escuro laço, tramando-nos a perda?


- Esqueçâmo-lo em prece, porque o pobre Amenab vai viver igualmente…


E Joachim ben Mad? não foi ele, talvez, o inspirador do crime? o carrasco sem fé que a todos atraiçoa? Com que horrenda aflição pagará seus delitos?


- Foge de condenar, Joachim vai viver…


- E Amós, o falso Amós, que ganhou por vender-nos?


- Olvidemos Amós, porque Amós vai viver…


- E Herodes, o rei vil, que nos condena à morte, fingindo ignorar que servimos a Deus?


Mas Jesus, sem turvar os olhos generosos, explicou simplesmente:


- Repito-te, outra vez que, quem fere, ante a lei será também ferido… A quem pratica o mal, chega o horror do remorso… E o remorso voraz possui bastante fel para amargar a vida… Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos..


Simão baixou a face banhada de pranto, mas ergueu-a em seguida, para nova indagação…


O Senhor, entretanto, já não mais ali estava. Na laje do chão só havia o silêncio que o luar renascente adornava de luz…


Fonte: Contos Desta e de Outra Vida.
IrmãoX/Francisco Cândido Xavier

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Origem das Tentações


"Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência." - (TIAGO, capítulo 1, versículo 14.)

Geralmente, ao surgirem grandes males, os participantes da queda imputam a Deus a causa que lhes determinou o desastre. Lembram-se, tardiamente de que o Pai é Todo-Poderoso e alegam que a tentação somente poderia ter vindo do Divino Desígnio.

Sim, Deus é o Absoluto Amor e tanto é assim que os decaídos se conservam de pé, contando com os eternos valores do tempo, amparados por suas mãos compassivas As tentações, todavia, não procedem da Paternidade Celestial.

Seria, porventura, o estadista humano responsável pelos atos desrespeitosos de quantos inquinam a lei por ele criada?

As referências do Apóstolo estão profundamente tocadas pela luz do céu.

"Cada um é tentado, quando atraido pela própria concupiscêncía."

Examinemos particularmente ambos os substantivos "tentação" e "concupiscência". O primeiro exterioriza o segundo, que constitui o fundo viciado e perverso da natureza humana primitivista. Ser tentado é ouvir a malícia própria, é abrigar os inferiores alvitres de si mesmo, porqüanto, ainda que o mal venha do exterior, somente se concretiza e persevera se com ele afinamos, na intimidade do coração.

Finalmente, destaquemos o verbo "atrair". Verificaremos a extensão de nossa inferioridade pela natureza das coisas e situações que nos atraem.

A observação de Tiago é roteiro certo para analisarmos a origem das tentações.

Recorda-te de que cada dia tem situações magnéticas específicas. Considera a essência de tudo o que te atraiu no curso das horas e eliminarás os males próprios, atendendo ao bem que Jesus deseja.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 129.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Tiago, 1: 3 a 5

Tiago, 1: 3 a 5



pois sabeis que a vossa fé, bem provada, leva à paciência; mas é preciso que a paciência produza uma obra perfeita, a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência.
Este versículo traça o projeto de evolução desejado.
Àquele tempo ele falava para judeus convertidos ao Cristo. Ninguém mais do que o povo judeu sabia o valor das provações. Este foi um povo que sofreu; e os que tiveram a compreensão de Jesus como sendo o Messias que libertava pela transformação moral, foram os que aproveitaram as provações na edificação de sua fé. Assim, a expressão pois sabeis…, é bastante coerente no texto.
Nós temos aprendido isto também à custa de muitas dores. O Evangelho traz para nós a possibilidade de participar deste sabeis, minorando os nossos sofrimentos. Cabe a cada um de nós “não recalcitrar contra os aguilhões”.
Como dissemos, este versículo traz para nós o projeto de evolução desejado. É que o Alto quer para nós a vitória espiritual, assim, nos envia Espíritos, que como Tiago, pela instrução encurta-nos o caminho evolutivo adiantando-nos o progresso.
A vossa fé, bem provada, leva à paciência; a fé já foi dito, é força que nasce com a própria alma, certeza instintiva na Sabedoria de Deus…1 Podemos dizer que a fé é a lembrança da presença de Deus em nós. Ela existe em todas as criaturas, porém, é desperta através da evolução, e cada um a tem num determinado grau de acordo com suas conquistas individuais.
Do mesmo modo que o aluno matriculado em uma escola precisa se exercitar para fixar a lição, precisa da prova para sua promoção, o Espírito, que é um aluno da escola da vida, precisa exercitar a sua fé para fazê-la crescer e esta precisa ser provada, e bem provada, para projetar o Espírito em níveis mais elevados. Portanto, a fé bem provada produz a paciência, que é conquista daqueles que já se elevaram a um patamar de maior espiritualidade.
A paciência, que é a ciência da paz, ou ciência da pá (significando instrumento de trabalho), já dissemos, é conquista do Espírito e é uma conquista imprescindível para a evolução.
A vida vinculada a mundos materiais é um instrumento didático para trazer ao Ser criado por Deus a verdadeira educação, que nada mais é do que o despertamento de possibilidades espirituais nele existentes. Contudo é preciso compreender que este processo é lento, é como o cultivo de uma determinada semente. Ela é lançada ao solo e só após um processo que demanda tempo e perseverante trabalho transforma-se em fruto útil para alimentação do homem. O Educador é como o lavrador, e do mesmo modo que para este a paciência é uma necessidade, também é para aquele. E não esqueçamos, todos somos educadores, de outros Espíritos, e principalmente de nós mesmos. Como consequência precisaremos sempre deste valioso recurso: paciência; portanto, alegremo-nos ao sermos submetidos às múltiplas provações.
Todavia o apóstolo vai mais além, só ter paciência não basta, é preciso que ela produza uma obra perfeita. É que a paciência ainda é um meio, não o fim. Há grandes Espíritos que ainda não despertaram para o bem que são já pacientes, e que também usam este recurso para atingirem os seus fins. Toda virtude tem de ter produtividade no campo do bem, se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!2 Ensinou Jesus.
Portanto, busquemos produzir uma obra perfeita, não com preciosismo ou perfeccionismo, mas em tudo que fizermos, fazer bem feito, este tem que ser o diferencial do cristão verdadeiro, e acima de tudo que a obra mais importante que fazemos, que é a nossa própria iluminação, seja esta também uma obra de perfeição. Este é o recado do final do versículo:
a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência.
Mensagem semelhante nos deixou Jesus no “Cantar do Monte”:
Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.3
Ninguém pode no estágio atual de nossa evolução exigir de si mesmo a perfeição, porém podemos exigir aperfeiçoamento, ser a cada dia melhor.
No mais a lição do Mestre é de grande sabedoria; ao nos instruir a ser perfeito como o vosso Pai, Jesus se referia ao entendimento de cada um a respeito do Pai, portanto, é cada um ser perfeito dentro de suas possibilidades, só que sem comodismo. À medida que formos evoluindo, compreendendo melhor a natureza divina, que nos façamos também melhor, sempre perfeitos, íntegros, conforme a perfeição de nosso Pai.
Tiago nos propõe uma melhoria continuada. Compreendamos as nossas provações (que muitas vezes são tribulações), trabalhando a nossa fé, assim geraremos a paciência que nos faz perseverar na construção do homem de bem, a obra perfeita que o Criador espera que um dia sejamos, sem nenhuma deficiência.
Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos, sem recriminações…
O autor desta carta sabia que mesmo entre os irmãos de fé muitos não tinham esta compreensão superior. Esta primeira frase deste versículo talvez seja um chamamento de atenção para estes.
Sabedoria aqui não significa capacidade intelectual, há muitos sábios no mundo que são verdadeiros mendigos na espiritualidade. Aliás, já neste tempo Paulo afirmara:
Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?4
Portanto, sabedoria significa amadurecimento espiritual, ter ciência de algo invisível aos olhos.
A literatura judaica anterior ao Novo Testamento já dizia:
Pois é IHVH quem dá a sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o entendimento.5
E Salomão com toda a sua sensibilidade escreve sobre a sabedoria:
Ao me dar conta de que somente a ganharia, se Deus me concedesse – e já era um sinal de entendimento saber a origem desta graça -, dirigi-me ao Senhor e rezei, dizendo de todo o coração:
Deus dos pais, Senhor de misericórdia, que tudo criaste com tua palavra e com tua sabedoria formaste o homem para dominar as criaturas que fizeste, governar o mundo com justiça e santidade e exercer o julgamento com retidão de vida, dá-me a sabedoria contigo entronizada e não me excluas do número de teus filhos.6
Portanto era uma crença dos sábios judeus que a sabedoria autêntica era dada somente por Deus, significando assim algo espiritual, além do domínio da matéria. Por isso é que Tiago escreve: peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos…
Generosamente significando sem condicionantes, a todos os que quiserem, simplesmente se ajustando aos Seus Sábios desígnios.
Porém, aqui cabe uma questão: Como Deus dá a sabedoria? Não somos nós quem a conquistamos?
Sim, somos nós quem a conquistamos, porém, só se tivermos a humildade de saber que ela vem de Deus através das oportunidades de vida, das experiências que promovem o amadurecimento, experiências estas que podem significar tribulações para despertar em nós os valores do espírito. São as vidas sucessivas, a reencarnação promovendo a oportunidade de reajuste e a glória de melhor servir.
Assim, se tivermos falta de sabedoria, peçamos a Deus como fez Salomão, e Ele dará, nos informa o filho de Alfeu, generosamente.
Ainda vai mais além o apóstolo, Deus a concede, sem recriminações.
A teologia cristã após ter se tornado religião oficial impôs às nossas mentes a questão do pecado, da culpa, e consequentemente do castigo. Assim, apesar de Jesus ter nos mostrado um Pai que é Amor e Misericórdia, insistimos no nosso entendimento de um Deus que pune, que condena, que recrimina. Esta não era a idéia daqueles que estiveram próximos de Jesus.
A Doutrina Espírita ao ampliar nossa compreensão de Deus nos mostra que Ele nem perdoa nem condena, Deus simplesmente dá a oportunidade de reconstruirmos o que foi destruído. Assim, tudo nos provê generosamente, concedendo-nos a oportunidade de nos fazermos sábios, sem recriminações. Apenas, por ampliar a nossa consciência, pois a evolução é o despertamento desta, nos faz mais responsáveis à medida que nos entendemos como partícipes da criação imortal.
1 Pensamento e Vida, cap. 6
2 Mateus, 6: 23
3 Mateus, 5: 48
4 1 Coríntios, 1: 20
5 Provérbios, 2: 6
6 Sabedoria, 8: 21 e 9: 1 a 4

SUPORTANDO COM PACIÊNCIA A PROVAÇÃO

Tiago, 1: 12



Bem aventurado o homem que suporta com paciência a provação! Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.
Bem Aventurado é sinônimo de feliz. E conforme já dissemos em outro momento:
a felicidade promovida pelo Cristo, não é a felicidade que conhecemos, fugaz, momentânea, porque embasada em valores temporários. A felicidade a que se refere o Evangelho é definitiva, porque é conquistada pelos valores do Espírito.1
O homem; não está nominado porque é qualquer um que proceder conforme a orientação do evangelista.
O verbo suportar diz respeito ao resistir às provações. Por si só não há grandes virtudes em suportar, pois mostra que ainda estamos vinculados à faixa da justiça, só suportamos porque não há outro modo, suportamos como consequência de uma ação menos feliz anterior, e que é impositivo da Lei sofrer as consequências.
Normalmente aquele que suporta, que tolera, ainda acha que o outro está errado, que ele está certo, portanto ele suporta o outro achando-se superior.
A virtude conforme a narrativa do apóstolo está em suportar com paciência, pois aí há uma ação construtiva no bem, há um ensinamento velado que é transmitido a todos mostrando a faixa espiritual que vibra aquele que pratica esta ação pacificadora, pois suportar com paciência é o mesmo que compreender seja a própria provação ou as pessoas por meio das quais ela vem.
Compreender é no mínimo enxergar o outro, saber de suas necessidades, saber qual a sua capacidade e agir com proveito em favor do crescimento tanto do outro quanto de si mesmo. E compreender a provação é saber avaliar a sua necessidade e desativar os pontos que geram sofrimento contribuindo assim para a manutenção da harmonia.
Provação; no grego é peirasmos, uma palavra que pode ser traduzida tanto por provação quanto por tentação.
Em português há diferenças. Provação é o ato ou efeito de provar; prova, teste. É uma situação aflitiva ou de sofrimento que põe à prova a força moral. Tentação é o impulso para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável; desejo veemente ou violento2.
Dentro do contexto deste versículo achamos melhor a tradução da Bíblia de Jerusalém que usa provação ao invés de tentação como usa Almeida. É que aqui o autor da epístola fala em suportar com paciência; denota um sofrimento que põe à prova a força moral da criatura. A tentação às vezes cumpre o mesmo papel, por à prova a força moral da criatura, porém no caso da tentação há uma ressonância na intimidade da criatura com o objeto de tentação, no caso da provação o elemento que prova pode simplesmente ser uma situação exterior. O Exemplo clássico desta colocação está na passagem em que Jesus é colocado no deserto para ser posto à prova pelo Adversário (Mateus, 4: 1 a 11; Marcos, 1: 12 e 13; Lucas, 4: 1 a 13). Alguns tradutores informam que Jesus teria sido “tentado” pelo Adversário, o que nós achamos mais correto dizer que Jesus foi provado pelo Adversário, pois em Jesus não há a menor chance de haver tentação por se tratar de um Espírito Puro, que segundo os Espíritos informam a Kardec, não sofre nenhuma influência da matéria, pois tem superioridade intelectual e moral absoluta.3
Porque, uma vez provado, continua Tiago, querendo dizer, tendo passado no teste com sucesso, tento mostrado que superou a dificuldade, o que significa o fim de um ciclo em relação àquela necessidade, receberá a coroa da vida. David Stern4 traduz: “receberá como sua coroa a Vida…”. Acho mais bonita esta tradução sendo esta vida a Vida Abundante prometida por Jesus, porém esta só acontecerá em nós no fim de um ciclo maior de vitória sobre as imperfeições. A carta escrita por Tiago nos fala deste momento também, mas atende-nos em cada vitória que alcançamos sobre a menor das provações.
A coroa é o símbolo do coroamento, é o emblema da vitória, e aqui ela significa a vitória sobre a provação que nada mais é do que o ato de vencer a imperfeição que fez necessária a prova. Como é coroamento é o fechamento de ciclo; para cada vitória sobre cada imperfeição a vida nos autoriza uma coroa, e quando atingirmos a vitória final sobre nossas imperfeições, o que chamamos de redenção, e que a Bíblia comumente chama de salvação, receberemos como coroa a Vida Abundante, Vida esta que foi o motivo da vinda até nós de Jesus, o Cristo de Deus.
eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.5
Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.6
que o Senhor prometeu aos que o amam; A Vulgata neste verso substitui Senhor por Deus, o que leva alguns analistas a entender que o Senhor aqui é Deus. Não sabemos definir aqui o que pensava o autor da carta. Esta dificuldade acontece principalmente porque a teologia tradicional confundiu Jesus com Deus, no fundo os dois são segundo esta a mesma pessoa.
A expressão coroa da vida só acontece no Novo Testamento, aqui em Tiago e no Apocalipse (2: 10). Pedro também fala sobre o mesmo tema (1 Pedro, 5: 4) como coroa da glória, Paulo (1 Coríntios, 9: 25) em coroa incorruptível, em todos estes textos, mesmo em Paulo que não é tão explícito, a promessa se refere a Jesus. A promessa só remonta Deus se interpretarmos colocações da Bíblia hebraica como a “árvore da vida” e a “terra prometida” como sendo sinônimos desta coroa da vida.
Para nós o mais importante não é saber se é Deus ou Jesus que promete, até porque o próprio Cristo disse que não trazia nada Dele, mais do Pai que O enviou. Ou seja, Jesus é o “Procurador” oficial de Deus no planeta Terra sendo assim, em última instância a Promessa é de Deus.
O que conta aqui é como alcançá-la, e isto fica claro: aos que o amam.
Amar a Deus é o primeiro mandamento e o Deuteronômio nos ensina que é amar com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força.7; isto é tão complexo que para analisar todo este mandamento foi escrito o livro mais famoso da humanidade: a Bíblia, pois em verdade esta gira toda em torno deste mitzvah dado a Moisés.
Jesus com a Sua pedagogia superior nos ensinou que amar a Deus é amar ao próximo, e amar como Ele Jesus nos amou.
Está é a síntese que nos instrumentaliza para a conquista desta coroa citada por vários enviados do Senhor e que Paulo com toda segurança afirmou ser a maior de todas as virtudes, o amor, que dinamizado é caridade.
1 O Sermão do Monte, cap. 1
2 Para estes conceitos me vali do dicionário Houaiss.
3 O Livro dos Espíritos, questão 112.
4 Novo Testamento Judaico, pág. 241
5 João, 10: 10
6 Apocalipse, 2: 10
7 Deuteronômio, 6: 5

FONTE: http://espiritismoeevangelho.blogspot.com.br/

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A ÚLTIMA TENTAÇÃO


Irmão X
Dizem que Jesus, na hora extrema, começou a procurar os discípulos, no seio da agitada multidão que lhe cercava o madeiro, em busca de algum olhar amigo em que pudesse reconfortar o espírito atribulado...
Contemplou, em silêncio, a turba enfurecida.
Fustigado pelas vibrações de ódio e crueldade, qual se devera morrer, sedento e em chagas, sob um montão de espinhos, começou a lembrar os afeiçoados e seguidores da véspera...
Onde estariam seus laços amorosos da Galiléia?...
Recordou o primeiro contacto com os pescadores do lago e chorou.
A saudade amargurava-lhe o coração.
Por que motivo Simão Pedro fora tão frágil? que fizera ele, Jesus, para merecer a negação do companheiro a quem mais se confiara?
Que razões teriam levado Judas a esquecê-lo? Como entregara, assim, ao preço de míseras moedas, o coração que o amava tanto?
Onde se refugiara Tiago, em cuja presença tanto se comprazia?
Sentiu profunda saudade de Filipe e Bartolomeu, e desejou escutá-los.
Rememorou suas conversações com Mateus e refletiu quão doce lhe seria poder abraçar o inteligente funcionário de Cafarnaum, de encontro ao peito...
De reminiscência a reminiscência, teve fome da ternura e da confiança das criancinhas galiléias que lhe ouviam a palavra, deslumbradas e felizes, mas os meninos simples e humildes que o amavam perdiam-se, agora, à distância...
Recordou Zebedeu e suspirou por acolher-se-lhe à casa singela.
João, o amigo abnegado, achava-se ali mesmo, em terrível desapontamento, mas precisava socorro para sustentar Maria, a angustiada Mãe, ao pé da cruz.
O Mestre desejava alguém que o ajudasse, de perto, em cujo carinho conseguisse encontrar um apoio e uma esperança...
Foi quando viu levantar-se, dentre a multidão desvairada e cega, alguém que ele, de pronto, reconheceu.
Era a mesmo Espírito perverso que o tentara no deserto, no pináculo do templo e no cimo do monte.
O Gênio da Sombra, de rosto enigmático, abeirou-se dele e murmurou:
– Amaldiçoar, os teus amigos ingratos e dar-te-ei o reino do mundo! Proclama a fraqueza dos teus irmãos de ideal, a fim de que a justiça te reconheça a grandeza angélica e descerás, triunfante, da cruz!... Dize que os teus amigos são covardes e duros, impassíveis e traidores e unir-te-ei aos poderosos da Terra para que domines todas as consciências. Tu sabes que, diante de Deus, eles não passara de míseros desertores...
Jesus escutou, com expressiva mudez, mas o pranto manou-lhe mais intensamente da olhar translúcido.
– Sim – pensava –, Pedro negara-o, mas não por maldade. A fragilidade do apóstolo podia ser comparada à ternura de uma oliveira nascente que, com os dias, se transforma no tronco robusto e nobre, a desafiar a implacável visita dos anos. Judas entregara-o, mas não por má-fé. Iludira-se com a política farisaica e julgara poder substituí-lo com vantagem nos negócios do povo.
Encontrou, no imo dalma, a necessária justificação para todos e parecia esforçar-se por dizer o que lhe subia do coração.
Ansioso, o Espírito das Trevas aguardava-lhe a pronúncia, mas o Cordeiro de Deus, fixando os olhos no céu inflamado de luz, rogou em tom inesquecível:
– Perdoa,-lhes, Pai! Eles não sabem o que fazem!...
O Príncipe das Sombras retirou-se apressado.
Nesse instante, porém, ao invés de deter-se na contemplação de Jerusalém dominada de impiedade e loucura, o Senhor notou que o firmamento rasgara-se, de alto a baixo, e viu que os anjos iam e vinham, tecendo de estrelas e flores o caminho que o conduziria ao Trono Celeste.
Uma paz indefinível e soberana estampara-se-lhe no semblante.
O Mestre vencera a última tentação e seguiria, agora, radiante e vitorioso, para a claridade sublime da ressurreição eterna.
Do livro “Contos e Apólogos”. Irmão X. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.