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sábado, 27 de abril de 2013

EADE- Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita Livro I- Módulo II - Roteiro 10 " O Calvário, a crucifixação e a ressureição de Jesus

MÓDULO II -
Roteiro 10
O CRISTIANISMO
O CALVÁRIO, A CRUCIFICAÇÃO
E A RESSUREIÇÃO DE JESUS

• E os que prenderam Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os
escribas e os anciãos estavam reunidos. Mateus, 26:57
• E foi Jesus apresentado ao governador, e o governador o interrogou, dizendo: És tu
o Rei dos judeus? E disse-lhe Jesus: Tu o dizes. E, sendo acusado pelos príncipes dos
sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Mateus, 27:11-12
• Disse-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos:
Seja crucificado! O governador, porém, disse: Mas que mal fez ele? E eles mais
clamavam, dizendo: Seja crucificado! Então, Pilatos, vendo que nada aproveitava,
antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo:
Estou inocente do sangue deste justo; considerai isso. E, respondendo todo o povo,
disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos. Mateus, 27:22-25
• E, despindo-o, o cobriram com uma capa escarlate. E, tecendo uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele,
o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana
e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a
capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado. E, quando saíam,
encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar
a sua cruz. E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que significa Lugar da Caveira,
deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
Mateus, 27:28-34
• E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. E eis que o véu do
templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.
Mateus, 27:50-51
• Após a crucificação e sepultamento do corpo de Jesus (Marcos, 15:27-37, 42-47),
o Senhor ressuscita, aparecendo a Maria de Madalena, aos apóstolos e a alguns
discípulos. (João, 20:11-31; 21:1-20)1. O calvário de Jesus
O calvário de Jesus começa quando ele é aprisionado, no Getsêmani (Horto
das Oliveiras), no momento em que orava na companhia de Pedro, João, e seu
irmão Tiago. (Lucas, 22:39; Mateus, 26:36-41; João, 18:1-11)
Nesse momento, os soldados e oficiais romanos chegam acompanhados
de sacerdotes, assim como do apóstolo Judas Iscariotes. Este se aproxima
do Mestre, beija-o na face para ser identificado pelas autoridades presentes.
(Lucas, 22:47-48)
Em seguida à prisão de Jesus, os apóstolos se revelam apreensivos, temendo
que alguma coisa ruim poderia lhes acontecer. Pedro, inclusive, nega conhecer
Jesus quando, por três vezes, é inquirido, conforme Jesus tinha previsto.
(Lucas, 22:54-62; João, 13:38)
A negação de Pedro serve para significar a fragilidade das almas humanas, perdidas na
invigilância e na despreocupação da realidade espiritual, deixando-se conduzir, indiferentemente,
aos torvelinhos mais tenebrosos do sofrimento, sem cogitarem de um
esforço legítimo e sincero, na definitiva edificação de si mesmas. 14
A excelsitude do Espírito de Jesus é especialmente notada durante o seu
calvário e crucificação. O amor e a renúncia são expressivamente demonstrados,
sobretudo após a traição, a humilhação e o abandono a que foi submetido.
Poucos [...] sabem partir, por algum tempo, do lar tranqüilo, ou dos braços adorados
de uma afeição, por amor ao reino que é o tabernáculo da vida eterna! Quão poucos
saberão suportar a calúnia, o apodo, a indiferença, por desejarem permanecer dentro
de suas criações individuais, cerrando ouvidos à advertência do céu para que se afastem
tranqüilamente!... [...] Os discípulos necessitam aprender a partir e a esperar onde as
determinações de Deus os conduzam, porque a edificação do Reino do Céu no coração
dos homens deve constituir a preocupação primeira, a aspiração mais nobre da alma, as
esperanças centrais do espírito!... 9
Aprisionado, Jesus foi conduzido pelos mensageiros dos sacerdotes,
manietando-lhe as mãos, como se ele fosse um criminoso vulgar. 10
Depois das cenas descritas com fidelidade nos Evangelhos, observamos as disposições
psicológicas dos discípulos, no momento doloroso. Pedro e João foram os últimos a se
separarem do Mestre bem-amado, depois de tentarem fracos esforços pela sua libertação.
No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba arrefeceram o entusiasmo e o devotamento
dos companheiros mais enérgicos e decididos na fé. As penas impostas a Jesus
eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte Provincial
ao palácio de Ântipas, viu-se o condenado exposto ao insulto e à zombaria. Com exceção
do filho de Zebedeu, que se conservou ao lado de Maria até ao instante derradeiro, todos
os que integravam o reduzido colégio do Senhor debandaram. Receosos da perseguição,
alguns se ocultaram nos sítios próximos, enquanto outros, trocando as túnicas habituais,
seguiam, de longe, o inesquecível cortejo, vacilando entre a dedicação e o temor.
O Messias, no entanto, coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem
uma queixa, deixando-se imolar, sem qualquer reprovação aos que o haviam abandonado
na hora última. Conhecendo que cada criatura tem o seu instante de testemunho,
no caminho de redenção da existência, observou às piedosas mulheres que o cercavam,
banhadas em lágrimas: – “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai por vós
mesmas e por vossos filhos!...”
Exemplificando a sua fidelidade a Deus, aceitou serenamente os desígnios do céu, sem
que uma expressão menos branda contradissesse a sua tarefa purificadora.
Apesar da demonstração de heroísmo e de inexcedível amor, que ofereceu do cimo do
madeiro, os discípulos continuaram subjugados pela dúvida e pelo temor, até que a
ressurreição lhes trouxesse incomparáveis hinos de alegria. 11
Na manhã seguinte, Jesus é levado à presença de Pilatos, o governador
romano da Galiléia, para ser interrogado.
E Pilatos lhe perguntou: Tu és o Rei dos judeus? E ele, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes.
E os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas, porém ele nada respondia.
E Pilatos o interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? Vê quantas coisas testificam
contra ti. Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se maravilhava. Ora,
no dia da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem. E havia um
chamado Barrabás, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido
uma morte. E a multidão, dando gritos, começou a pedir que fizesse como sempre lhes
tinha feito. E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que vos solte o Rei dos judeus?
Porque ele bem sabia que, por inveja, os principais dos sacerdotes o tinham entregado.
Mas os principais dos sacerdotes incitaram a multidão para que fosse solto antes Barrabás.
E Pilatos, respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis, pois, que faça daquele a quem
chamais Rei dos judeus? E eles tornaram a clamar: Crucifica-o. Mas Pilatos lhes disse:
Mas que mal fez? E eles cada vez clamavam mais: Crucifica-o. Então, Pilatos, querendo
satisfazer a multidão, soltou-lhes Barrabás, e, açoitado Jesus, o entregou para que fosse
crucificado. (Marcos, 15: 2-15)
Antes da crucificação, os soldados conduziram Jesus ao Pretório, no
interior do palácio governamental, e convocaram toda a coorte. Em seguida,
vestiram-no de púrpura e tecendo uma coroa de espinhos, lha impuseram. E
começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus! E batiam-lhe na cabeça com um
caniço. Cuspiam nele e, de joelhos, o adoravam. Depois de caçoarem dele,
despiram-lhe a púrpura e tornaram a vesti-lo com as suas próprias vestes.
(Marcos, 15: 16-20)
Os transeuntes injuriavam-no, meneando a cabeça dizendo: Ah! tu, que
destróis o Templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo, descendo da
cruz! Do mesmo modo, também os chefes dos sacerdotes, caçoando dele entre
si e com os escribas diziam: A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! O
Messias, o Rei de Israel... que desça agora da cruz, para que vejamos e creiamos!
E até os que haviam sido crucificados com ele o ultrajavam. (Marcos,
15: 29-32)
Um dos malfeitores que suspensos à cruz insultava, dizendo: Não és tu
o Cristo? Salva-te a ti mesmo, e a nós. Mas o outro, tomando a palavra, o repreendia:
Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto
a nós, é de justiça, pagarmos por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal.
E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino. Ele
respondeu: Em verdade, te digo, que hoje estarás comigo no Paraíso. (Lucas,
23: 39-43)
2. A crucificação de Jesus
Prosseguindo com os relatos do Evangelho, vimos que Pilatos entregou
Jesus para ser crucificado. Ele saiu, carregando sua cruz e chegou ao chamado
Lugar da Caveira — em hebraico, chamado Gólgota —, onde o crucificaram; e,
com ele, dois outros: um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos redigiu também
um letreiro e o fez colocar sobre a cruz; nele estava escrito: « Jesus, Nazareno, rei
dos judeus. [...] E estava escrito em hebraico, latim e grego.» (João, 19:17-20)
Depois da crucificação os soldados repartiram entre eles, as vestes e a túnica
de Jesus. Ora a túnica era inconsútil [peça inteira, sem costura]. Disseram
entre si: não a rasguemos, mas, lancemos sorte sobre elas, para ver de quem
será.” (João, 19:23-24)
Perto da cruz permaneciam Maria, a mãe de Jesus, sua irmã, mulher de
Clopas e Maria Madalena. Vendo Jesus a sua mãe e, próximo a ela, o apóstolo
João, disse: “Mulher, eis aí o teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe.
E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (João, 19:25-27)
Após a crucificação, alguns judeus não querendo permanecer mais tempo
ali porque era o dia da Preparação da Páscoa, pediram a Pilatos para autorizar
quebrassem as pernas dos crucificados, (Jesus e os dois ladrões). Os soldados,
porém, transpassaram uma lança no corpo de Jesus, de onde jorrou sangue e
água.(João, 19:31-34)
A ingratidão recebida por Jesus, após os inúmeros benefícios que proporcionou,
nos conduzem a profundas reflexões. Percebemos, de imediato o
sublime amor por todos nós.
O [...] amor verdadeiro e sincero nunca espera recompensas. A renúncia é o seu ponto de
apoio, como o ato de dar é a essência de vida. [...] Todavia, quando a luz do entendimento
tardar no Espírito daqueles a quem amamos, deveremos lembrar-nos de que temos a
sagrada compreensão de Deus, que nos conhece os propósitos mais puros. 8
Um pouco antes da sua morte, conforme foi mencionado, Jesus entrega
Maria aos cuidados de João, filho de Zebedeu. Trata-se de outra valiosa lição,
como todas as que o Mestre nos legou.
Ensinava [...] que o amor universal era o sublime coroamento de sua obra. Entendeu que,
no futuro, a claridade do Reino de Deus revelaria aos homens a necessidade da cessação
de todo egoísmo e que, no santuário de cada coração, deveria existir a mais abundante
cota de amor, não só para o círculo familiar, senão também para todos os necessitados do
mundo, e que no templo de cada habitação permaneceria a fraternidade real, para que a
assistência recíproca se praticasse na Terra, sem serem precisos os edifícios exteriores,
consagrados a uma solidariedade claudicante. 12
No momento da morte de Jesus, relata o Evangelho que, à hora sexta,
surgiram trevas sobre a Terra, até a hora nona. Jesus, então, dando um grande
grito, expirou. E o véu do Santuário (do Templo) se rasgou em duas partes, de
cima a baixo. O centurião, que se achava bem defronte dele, vendo que havia
expirado deste modo, disse: “Verdadeiramente, este homem era filho de Deus.”
(Marcos, 15:33,37-39)
Quanto ao fenômeno das trevas, Kardec nos elucida:
É singular que tais prodígios, operando-se no momento mesmo em que a atenção da
cidade se fixava no suplício de Jesus, que era o acontecimento do dia, não tenham sido
notados, pois que nenhum historiador os menciona. Parece impossível que um tremor
de terra e o ficar toda a Terra envolta em trevas durante três horas, num país onde o
céu é sempre de perfeita limpidez, hajam podido passar despercebidos. A duração de
tal obscuridade teria sido quase a de um eclipse do Sol, mas os eclipses dessa espécie
só se produzem na lua nova, e a morte de Jesus ocorreu em fase de lua cheia, a 14 de
Nissan, dia da Páscoa dos judeus. O obscurecimento do Sol também pode ser produzido
pelas manchas que se lhe notam na superfície. Em tal caso, o brilho da luz se enfraquece
sensivelmente, porém, nunca ao ponto de determinar obscuridade e trevas. Admitido
que um fenômeno desse gênero se houvesse dado, ele decorreria de uma causa perfeitamente
natural. [...] Compungidos com a morte de seu Mestre, os discípulos de Jesus
sem dúvida ligaram a essa morte alguns fatos particulares, aos quais noutra ocasião
nenhuma atenção houveram prestado. Bastou, talvez, que um fragmento de rochedo se
haja destacado naquele momento, para que pessoas inclinadas ao maravilhoso tenham
visto nesse fato um prodígio e, ampliando-o, tenham dito que as pedras se fenderam.
Jesus é grande pelas suas obras e não pelos quadros fantásticos de que um entusiasmo
pouco ponderado entendeu de cercá-lo. 1
Em relação aos sofrimentos de Jesus, Emmanuel acrescenta:
A dor material é um fenômeno como o dos fogos de artifício, em face dos legítimos
valores espirituais. Homens do mundo, que morreram por uma idéia, muitas vezes não
chegaram a experimentar a dor física, sentindo apenas a amargura da incompreensão do
seu ideal. Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis
a contemplá-Lo na imensidão da sua dor espiritual, augusta e indefinível para a nossa
apreciação restrita e singela. 13
Ainda na tormenta dos seus últimos instantes, seu ânimo era de paciência, de benignidade,
de compaixão. Já pregado na cruz, tendo o corpo e a alma lanceados, com os pregos
a lhe dilacerarem as carnes, e os acúleos da ingratidão a lhe ferirem o espírito, vendo
a seus pés, indiferentes ou raivosos, aqueles a quem abençoara, protegera, ensinara e
curara, pedia ao Pai que lhes perdoasse, porque eles não sabiam o que estavam fazendo.
E assim partiu o Salvador da Humanidade. Este homem, este herói, este mártir, este
santo, este Espírito excelso foi que regou com suas lágrimas e seu sangue a árvore hoje
bendita do Cristianismo. 6
3. A ressurreição de Jesus
Os exemplos de Jesus são roteiros que nos ensinam agir perante as provas.
No sábado, Maria de Magdala e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram
aromas param irem ungir o corpo. De madrugada, no primeiro dia da semana,
elas foram ao túmulo ao nascer do Sol. E diziam entre si: “Quem rolará a pedra
da entrada do túmulo para nós?” E erguendo os olhos, viram que a pedra fora
removida. Ora, a pedra era muito grande. Tendo entrado no túmulo, elas viram
um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram cheias
de espanto. Ele, porém, lhes disse: “Não vos espanteis! Procurais Jesus de Nazaré,
o Crucificado. Ressuscitou, não está aqui. Vede o lugar onde o puseram.
Mas ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá
o vereis, como vos tinha dito. (Marcos, 16:1-7)
Estava, então, Maria junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto
chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de
branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira
e outro aos pés. Disseram-lhe então: “Mulher, por que choras?” Ela lhes diz:
“Porque levaram meu Senhor e não sei onde o puseram!” Dizendo isso, voltouse
e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus. Jesus lhe diz: Mulher, por
que choras? A quem procuras? Pensando ser o jardineiro, ela lhe diz: Senhor,
se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar!” Diz-lhe
Jesus: Maria! Voltando-se, ela lhe diz em hebraico: Rabboni!, que quer dizer
Mestre. Jesus lhe diz: Não me toques, pois ainda não subi ao Pai. Vai, porém,
a meus irmãos e dize-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai; a meu Deus e vosso
Deus. Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: Vi o Senhor, e as coisas que
ele lhe disse. (João, 20: 11-18)
Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com circunstanciados
pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se explicam
perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito e nada de anômalo
apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea,
oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos
as circunstâncias em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos, em
tais ocasiões, todos os caracteres de um ser fluídico. 2
A ressurreição do Cristo nos oferece oportunas lições.
Jesus, [...] essa alma poderosa, que em nenhum túmulo poderia ser aprisionada, aparece
aos que na Terra havia deixado tristes, desanimados e abatidos. Vem dizer-lhes que a
morte nada é. Com a sua presença lhes restitui a energia, a força moral necessária para
cumprirem a missão que lhes fora confiada. As aparições do Cristo são conhecidas e
tiveram numerosos testemunhos. Apresentam flagrantes analogias com as que em nossos
dias são observadas em diversos graus, desde a forma etérea, sem consistência, com
que aparece à Maria Madalena e que não suportaria o mínimo contacto, até a completa
materialização, tal como a pôde verificar Tomé, que tocou com a própria mão as chagas
do Cristo. 3
Após a aparição a Maria Madalena, Jesus reencontra os discípulos: fechadas
as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio
e, pondo-se no meio deles, lhes disse: “A paz esteja convosco!” Tendo dito isso,
mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, ficaram cheios de alegria
por verem o Senhor. Ele lhes disse de novo: “A paz esteja convosco! Como o
Pai me enviou também eu vos envio”. Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes
disse: “Recebei o Espírito Santo”. Aqueles a quem perdoardes os pecados serlhes-
ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos. Um dos
Doze, Tomé, chamado Dídimo, não estava com eles, quando veio Jesus. Os
outros discípulos, então, lhe disseram: Vimos o Senhor! Mas ele lhes disse: Se
eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar
dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei. Oito dias depois, achavam-se
os discípulos, de novo, dentro da casa, e Tomé com eles. Jesus veio, estando
as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! Disse
depois a Tomé: Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põena
no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê! Respondeu-lhe Tomé: Meu
Senhor e meu Deus! Jesus lhe disse: Porque viste, creste. Felizes os que não
viram e creram! (João, 20: 19-29)
Jesus aparece e desaparece instantaneamente. Penetra numa casa a porta fechadas. Em
Emaús conversa com dois discípulos que o não reconhecem, e desaparece repentinamente.
Acha-se de posse desse corpo fluídico, etéreo, que há em todos nós, corpo sutil que
é o invólucro inseparável de toda alma e que um alto Espírito como o seu sabe dirigir,
modificar, condensar, rarefazer à vontade. E a tal ponto o condensa, que se torna visível
e tangível aos assistentes. 4
As provas da ressurreição de Jesus são incontestáveis. Não há como ter
dúvidas.
As aparições diárias de Jesus àquela gente que deveria secundá-lo no ministério da Divina
Lei, haviam abrasado seus corações; e seus suaves e edificantes ensinamentos, cheios de
mansidão e humildade, tinham exaltado aquelas almas, elevando-as às culminâncias da
espiritualidade, saneando-lhes o cérebro e preparando-os, vasos sagrados, para receber
os Espíritos santificados pela Palavra, como antes lhes havia ele prometido, conforme
narra o Evangelista João. [...] Avizinhava-se o momento da partida. Ele iria, mas com
ampla liberdade de ação. Sempre que lhe aprouvesse viria observar o movimento que se
teria de operar entre as “ovelhas desgarradas de Israel”, as quais ele queria reconduzir
ao “sagrado redil”. [...] Deveriam os discípulos identificar-se com o Espírito e conhecer
o Espírito de Verdade, para, com justos motivos, anunciar às gentes, a Nova da Salvação
que libertá-las-ia do mal. 7
Todos esses acontecimentos, rela- tados pelos evangelistas depois da crucificação
de Jesus, servem de base para o conhecimento histórico do Cristianismo,
daí ter Paulo afirmado: «Se o Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé.»
O Cristianismo não é uma esperança, é um fato natural, um fato apoiado no testemunho
dos sentidos. Os apóstolos não acreditavam somente na ressurreição; estavam dela
convencidos. [...] O Cristo, porém, lhes apareceu e a sua fé se tornou tão profunda que,
para a confessar, arrostaram todos os suplícios. As aparições do Cristo depois da morte
asseguraram a persistência da idéia cristã, oferecendo-lhe como base todo um conjunto
de fatos. 5

Referências:
1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15, item 55, p. 392-393.
2. ______. Cap. 15, item 61, p. 349.
3. DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Tradução de Leopoldo Cirne.
12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 5 (Relações com os espíritos dos
mortos), p. 53-54.
4. ______. p, 54.
5. ______. p. 54-55.
6. IMBASSAHY, Carlos. Religião. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2002. Capítulo:
O Espiritismo entre as religiões, item: (O Cristo), p. 204.
7. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão, SP: O Clarim.
2004. Capítulo: A ressurreição - o espírito e a fé, p. 340.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos
33. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2005. Cap.12 (Amor e renúncia), p. 82.
9. ______. p. 84.
10. ______. p. 181.
11. ______. Cap. 27 (A oração do horto), p.181-182.
12. ______. Cap. 30 (Maria), p. 198-199.
13. ______. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro:
FEB. 2006. Questão 287, p.169-170.
14. ______. Questão 320, p.183

sábado, 20 de abril de 2013

Aprendendo com o livro dos espíritos questão 99

 
Questão 99 comentada
CAPÍTULO 48
0099/LE
ESPÍRITOS INFERIORES
 
Essa é uma categoria de Espíritos que nunca podemos determinar dentro de uma só espécie. Existe nela variedade de sentimentos, como de posição na escala de elevação espiritual, contudo, são almas ainda inferiores que desconhecem o valor do bem, e não sentem tendência alguma para a caridade, antes, procuram menosprezar o bem e mesmo atrapalhar quem começa a melhorar as suas condições de benevolência. São Espíritos zombeteiros, brincalhões e muitas vezes, maus, mentirosos, egoístas e orgulhosos. Adoram discussões, por saberem que as irritações que fervem nas ideias incompatíveis desarmonizam o ambiente. Por esses sentimentos inferiores, os sensitivos passam a conhecer quem está se aproximando das suas faculdades e devem corrigir e desconfiar dos seus próprios procedimentos.
Os Espíritos inferiores dominam grande parte dos homens na Terra, em todas as suas atividades; na política, na ciência e na religião são onde eles mais atuam, encontrando médiuns que com eles se afinam completamente, sem desconfiarem da existência dessas companhias indesejadas. São falanges espraiadas em todo o globo, e infelizmente encontramos muitos deles nos lares onde se vê muita discórdia e mesmo separações. É nesse sentido, de desativar essas falanges de Espíritos inferiores e educá-los, que aconselhamos o Culto do Evangelho no Lar, força poderosa, capaz de devolver a paz entre os irmãos, que aceitaram viver juntos. As organizações de caridade são também muito atuadas por eles, que não têm outro serviço, a não ser perturbar os ambientes que desejam e trabalham para a paz. O melhor remédio para a defesa dessas entidades é a educação individual. Cada Espírito, encarnado e desencarnado, deve praticar a auto-educação, não entrando em sintoma com essas entidades malfeitoras; é o Evangelho vivido, e não somente pregado, como se vê em todo o mundo.
Os nossos pensamentos podem ser um ninho de Espíritos inferiores, como a boca depende do uso que fazemos das nossas faculdades. Os que querem ser enganados estão alimentando sentimentos inferiores, e os poucos que gostam da verdade, da honestidade, do perdão, da caridade e do amor na verdadeira acepção da palavra, trabalham para a sua própria paz íntima.
O quadro da Terra é algo triste, no que tange ao ambiente inferior, não obstante, os recursos estão e vão ser usados para o devido saneamento espiritual. Cabe a nós outros, já despertados para o bem comum, fazer parte daqueles que saíram a semear com Jesus, sem reclamar, sem exigir e sem blasfemar, para que não percam as sementes de luz deitadas nas leiras dos corações. A última categoria dos Espíritos não se compõe de almas totalmente más, no sentido da palavra expressa, mas que carregam consigo toda espécie de deturpação da verdade. O seu ambiente constitui um ninho de serpentes, de todas as más qualidades que se possa imaginar... Entretanto, são irmãos que precisam da nossa assistência, mas, ao dá-la, é sempre bom nos lembrar da advertência de nosso Jesus Cristo, quando nos fala: Vigiai e oral Muitos deles confundem-se com os encarnados, pelas aparências de sentimentos, mas a Doutrina Espírita, na feição do Evangelho Redivivo, está no mundo para limpar a eira das nações e colocá-las à frente de todas as decisões que possam tomar a palavra e a vivência daquilo que conheces pelo nome de Amor.

Comntários de Miramez

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 98

 
Questão 98 comentada
CAPÍTULO 47
0098/LE
ESPÍRITOS BONS
 
Os Espíritos a que chamamos de bons pertencem a uma variedade de categorias, mas na escala geral, está na média, em se falando das três de que nos fala O Livro dos Espíritos. Os que habitam a média ocupam uma extensão imensurável, entretanto, todos eles têm tendências para o bem e esforçam-se para melhorar, e é dentro deste esforço contínuo que eles melhoram e vão alcançando, passo a passo, a sua libertação, posição onde se encontram os Espíritos puros.
Considerando a vida infinita na imortalidade da alma, devemos dizer que o Espírito leva um tempo incontável, na cronologia dos homens, para chegar à perfeição. Os Espíritos bons, mesmo cheios de boa vontade, ainda têm de sofrer determinadas provas; é o passado ainda ligado ao presente, por fardos que não foram descarregados, mas que o serão. Não é com isso que se deve esmorecer. Ainda mais quem já se encontra na escala dos bons, pois se encontram no meio do caminho, e isso já constitui grande vantagem. O tempo maior é gasto na inferioridade. Quando começamos a despertar, os meios a que a natureza recorre fazem acelerar as nossas condições para alcançar e compreender as leis de Deus e respeitá-las, para o nosso próprio bem.
A alma, para conquistar a perfeição, haverá de conhecer todas as coisas referentes ao amor e à sabedoria, dominar todas as emoções onde elas surgirem e, como prêmio, receberá a tranqüilidade de consciência em todos os aspectos. O Espírito, na pureza em que falamos, não tem mais nada que aprender na Terra; em sua estrutura espiritual, atrofia-se a razão, para florescer, em seu lugar, a intuição. Não precisa raciocinar para conhecer, porque já conhece.
A Terra está cheia de Espíritos da terceira ordem, e bastante da segunda, porém, os de primeira ordem vêm, por misericórdia,a ela, como bênção de Deus, para abençoai-os de boa vontade e fortalecê-los cada vez mais no bem que pretendem fazer. Pode-se observar como cresceu a fraternidade na Terra, como houve um grande impulso de caridade entre os homens, e foi por esse crescimento que as trevas se arvoraram no orgulho e no egoísmo, onde se vê o aumento das guerras fratricidas, os assaltos e o crime, que são realizações normais da inferioridade, quando nota a preponderância da luz. Nada está piorando nas civilizações que ocupam a Terra; isso é normal em todo fechamento de ciclo, para abrir outro, despertando a potencialidade dos corações que vão viver e dirigir materialmente os destinos dos povos, sob a influência dos Espíritos Superiores, em nome de Cristo, que dirige os destinos dos Espíritos até a consumação dos séculos.
Os Espíritos bons passarão a ser Espíritos puros na forja do tempo e nas bênção da dor. Verifiquemos o quanto Deus é bom! A ajuda visível de Nosso Jesus Cristo, por todos os meios, na sustentação da vida, tem adiado muitas catástrofes por causa de alguns que estão aprendendo a amar e se exercitando na caridade. Pedimos que continuem, porque enquanto houver alguma luz acesa, ela dominará as trevas e afastará o monstro de todas as discórdias.
Que os Espíritos bons, encarnados e desencarnados, possam se tornar melhores, de forma que os melhores possam orientar-se no equilíbrio, favorecendo a todos na conquista do amor verdadeiro e santo.
Comentários de Miramez

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 97

QUESTÃO 97 - O LIVRO DOS ESPÍRITOS
 
Parte Segunda
Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos
 
CAPÍTULO I
DOS ESPÍRITOS
 
Diferentes ordens de Espíritos
 
97. As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado?
 
“São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três principais.
“Na primeira, colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os puros Espíritos. Formam a segunda os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza.”
FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME II
 
Questão 97 comentada
CAPÍTULO 46
0097/LE
A ESCALA EVOLUTIVA
 
Dificilmente podemos traçar uma escala evolutiva para os Espíritos, encarnados e desencarnados. As linhas divisórias escapam à nossa análise; entretanto, podemos fazer, como fazem na Terra sobre as classes, dividindo-as entre alta, média e baixa, sendo, para todas elas, a escala infinita. Assim como o Espiritismo preocupou-se em se lembrar das escalas dos Espíritos, outras escolas espiritualistas também fizeram as suas divisões, da maneira que acharam mais conveniente. No fundo, nada muda sobre as leis naturais da vida
Para melhor compreendermos o que é um Espírito, ou o que somos, é bom que nos conscientizemos disso: cada alma se encontra em uma escala diferente. Nunca dois Espíritos são totalmente iguais, no que concerne à evolução: sempre existe algum traço de diferença, mesmo entre os que têm perfeita sintoma espiritual. Os que consideramos Espíritos perfeitos, o são em relação aos homens e não diante de Deus.
A perfeição universal, a pureza total, somente o a possui, em todas as suas atribuições, portanto, não temos meios para elaborar uma escala perfeita dos Espíritos, o que, nos parece, nem Deus a fez. Ele criou as leis e desde quando passamos a conhecê-las, vamos entendendo o porquê de todas as coisas do universo.
O que Jesus fala no Evangelho, que mesmo os escolhidos serão enganados, dá para percebermos o quanto ainda somos inferiores. Somos escolhidos, por vezes, para determinada tarefa, porém, temos muita ligação nas trevas, pelo passado ainda próximo ao nosso presente, e é nessa influência que poderemos ser enganados: não pelos Espíritos inferiores, mas, por nossas inferioridades, que vibram em nossos caminhos.
A superioridade é demorada e constitui a nossa conquista espiritual. É, pois, o resultado do esforço individual, de passo a passo, e foi Nosso Jesus Cristo quem nos ofertou todos os caminhos, nos mostrando a verdade e a vida, facilitando as nossas escolhas; mas, o trabalho é nosso. Enquanto necessitarmos de vestir o burel de carne, ainda estaremos longe da perfeição espiritual. Devemos nos preocupar pouco com a escala a que pertencemos como Espíritos, mas, dar uma demão à nossa auto-educação em todos os sentidos, no que tange à moral; todavia, necessário se faz que entendamos o que seja moral em primeiro lugar, para não cairmos em piores condições. Se não tivermos estrutura para viver os altos preceitos do Evangelho, será bem difícil apresentarmo-nos como mestres dos que procuram aprender.
No mundo físico as divisões das classes são determinadas pelo poder aquisitivo, e, mesmo assim, dificilmente podes determinar a qual classe pertencem certas pessoas. No mundo moral, as dificuldades são maiores, porque sempre escondemos O que de mal fazemos aos nossos irmãos, e anunciamos com todo vigor algum dever, que não passa mesmo de dever de cada alma. Deixemos quem quiser julgar a qual classe pertencemos, o que não nos interessa muito. O que o Cristo nos ensina é escolher a melhor parte, é trabalhar dentro do nosso mundo íntimo, por saber que o céu está em nós, bastando encontrá-lo, e se o encontrarmos, certamente vamos encontrar Deus e Cristo. Cada criatura, se desejar, pode analisar a si mesma, observando a que faixa pertence na escala espiritual.

Comentários de Miramez

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 96


 
Questão 96 comentada
CAPÍTULO 45
0096/LE
IGUALDADE DOS ESPÍRITOS
 
Os Espíritos são iguais na sua genealogia, mas, diferentes no que se refere a o despertamento espiritual. Cada um se situa no grau de evolução conquistado; cada alma é, pois, um mundo diferente em todos os aspectos que se possa conceber, nos seus vários níveis de saber. A igualdade no aprimoramento se perde na infinita pauta da sabedoria universal. E Deus, onisciente, criou leis justas e sábias, no sentido de dar a cada um o que esse realmente merece, de acordo com o que oferta.
A grandeza da criação está na variedade, e a natureza nos dá uma amostra dessa beleza na fauna e na flora. A diversidade em todos os reinos do mundo mostra-nos a mão de Deus na construção do belo, nas mudanças de formas de tudo que existe. Em cada uma nota-se uma força inteligente no comando, com toda a certeza do que está fazendo.
Os Espíritos são de diferentes ordens, pelo grau alcançado por cada um, e certamente isso é uma hierarquia espiritual, não por imposição ou dádiva, mas, por conquista. É o próprio tempo que trabalha na maturidade do Espírito. A superioridade alcançada pelo despertamento espiritual se faz onde quer que seja, sem afrontas, sem agressão e sem comércio; é uma luz que se irradia em todas as direções, abençoando e amando com um único impulso no coração, o da verdadeira fraternidade. No mundo físico pode-se observar como espelho, o corpo de carne de um simples camponês e o de um estadista, de uma doméstica e o de uma rainha. Os corpos são semelhantes sem que haja grandes diferenças, todavia, pelas conquistas alcançadas de uma faixa para outra, nota-se que cada qual se situa em um plano de vida diferente. Ao se verificar mais adiante, e observará que o corpo de um santo e o de um pecador são iguais nas suas estruturas. A formação biológica é a mesma, porém, a vida de um é diferente da do outro, mas Deus dá a ambos a mesma assistência. O que ocorre, é que o santo assimila mais as bênçãos do , compreende Suas leis e as respeita e o pecador ainda se encontra cego e surdo ao chamado de Deus. No mundo espiritual existem igualmente essas divisões, não por favorecimento, mas por justiça. Colhemos justamente o que plantamos na lavoura da consciência, e ela nos responde fielmente pelo que somos. Eis ai o amor d`Aquele que fez todas as leis, e assiste todas as criaturas, filhas do Seu magnânimo coração.
Nunca faltam escolas para todos, e cada um recebe o de que precisa na escala a que pertence, porém, o modo de ensinar de Deus é bem diferente do dos homens; Ele, o , ministra ensinamentos a cada um separadamente, atendendo suas necessidades com todo empenho de servir e todo o amor de Pai que nunca esquece Seus filhos. Nós outros é que somos, às vezes, rebeldes e custamos a aprender as lições, e em muitos casos aparece em nós a dor, para nos mostrar com mais energia os caminhos do aprendizado.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

EADE- ESTUDO APROFUNDADO DA DOUTRINA ESPÍRITA-LIVRO I MÚDULO 2 ROTEIRO 9 A ULTIMA CEIA

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
9
Objetivos
Identificar os principais ensinos e orientações transmitidos
por Jesus na última ceia.
Interpretar à luz do Espiritismo acontecimentos significativos
que ocorreram antes da crucificação de Jesus.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei
muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não
a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus.E, tomando o cálice e
havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que
já não beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. E, tomando
o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo,
que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o
cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue,
que é derramado por vós.
(Lucas, 22:14-20)
Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. E, na verdade, o Filho do
Homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem
é traído! E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer
isso.
(Lucas, 22: 21-23)
Levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois,
pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos
com a toalha com que estava cingido.
(João, 13:4-5)
Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei
a vós
[...]. (João 13:34)
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa do
Pai há muitas moradas; se não fosse assim eu vo-lo teria dito, pois vou prepararvos
o lugar.
(João 14:1-2)
Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E rogarei ao Pai e ele vos dará
outro Consolador, para que fique convosco para sempre
[...]. (João, 14:15-16)A ÚLTIMA CEIA

172
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. A última ceia
A última ceia de Jesus com os seus apóstolos representa mais um apelo
do Mestre à vivência da lei de amor, segundo os princípios da verdadeira fra
ternidade
que devem reinar na Humanidade. Nessa ceia, o Mestre transmite
também orientações finais aos discípulos, anuncia acontecimentos e empenha,
mais uma vez, o seu amor e proteção a todos que o aceitarem como orientador
maior.
Jesus, ao iniciar a última ceia destaca a sua importância: “E, chegada a hora,
pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer
convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei
mais até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo
dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não
beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus. E, tomando o pão e
havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por
vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice,
depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que
é derramado por vós. (Lucas, 22:14-20)
– Amados – disse Jesus, com emoção –, está muito próximo o nosso último instante
de trabalho em conjunto e quero reiterar-vos as minhas recomendações de amor, feitas
desde o primeiro dia do apostolado. Este pão significa o do banquete do Evangelho; este
vinho é o sinal do espírito renovador dos meus ensinamentos. Constituirão o símbolo
de nossa comunhão perene, no sagrado idealismo do amor, com que operaremos no
mundo até o último dia. Todos os que partilharem conosco, através do tempo, desse

pão eterno e desse vinho sagrado da alma, terão o espírito fecundado pela luz gloriosa
do Reino de Deus, que representa o objetivo santo dos nossos destinos.
7
O simbolismo do pão e do vinho, que seria posteriormente incorporado
ao ritual da missa católica, sob o nome de eucaristia, tem significado específico,
segundo o Espiritismo.
A verdadeira eucaristia evangélica não é a do pão e do vinho materiais, como pretende
a igreja de Roma, mas, a identificação legítima e total do discípulo com Jesus, de cujo
ensino de amor e sabedoria deve haurir a essência profunda, para iluminação dos seus
sentimentos e do seu raciocínio, através de todos os caminhos da vida.
14
A mensagem evangélica demonstra claramente, ainda que sob o véu do
símbolo, que Jesus não estava fazendo referência ao pão, alimento material,
nem ao vinho, « [...] mas de sua doutrina, que é o alimento do Espírito, e precisa
ser repartido com todos, para que todos os Espíritos não sintam fome de
conhecimentos religiosos; para que todos sejam saciados com esse Pão que nos
dá um corpo novo, incorruptível, imortal.»
2
Cairbar Schutel esclarece assim:
As duas espécies:
pão e vinho, não são mais que alegorias, que dão idéia da letra e do
espírito
; assim como a carne e o sangue especificam a mesma idéia: letra e espírito. Queria
Jesus mais uma vez lembrar a seus discípulos que o seu corpo – que é a sua Doutrina –
não pode ser assimilada unicamente à letra, mas precisa ser estudada e compreendida
em
espírito e verdade [...]. 2
Os registros existentes no plano espiritual nos fornecem detalhes a respeito
dos fatos acontecidos naquele dia inesquecível, de conformidade com as
anotações do Espírito Humberto de Campos (irmão X).
Reunidos os discípulos em companhia de Jesus, no primeiro dia das festas da Páscoa,
como de outras vezes, o Mestre partiu o pão com a costumeira ternura. Seu olhar, contudo,
embora sem trair a serenidade de todos os momentos, apresentava misterioso fulgor,
como se sua alma, naquela instante, vibrasse ainda mais com os altos planos do invisível.
[...] Em dado instante, tendo-se feito longa pausa entre os amigos palradores, o Messias
acentuou com firmeza impressionante:
— Amados: é chegada a hora em que se cumprirá a profecia da Escritura. Humilhado e
ferido, terei de ensinar em Jerusalém a necessidade do sacrifício próprio, para que não
triunfe apenas uma espécie de vitória, tão passageira quanto as edificações do egoísmo
ou do orgulho humanos. Os homens têm aplaudido, em todos os tempos, as tribunas
douradas, as marchas retumbantes dos exércitos que se glorificaram com despojos san
grentos, os grandes ambiciosos que dominaram à força o espírito inquieto das multidões;
entretanto, eu vim de meu Pai para ensinar como triunfam os que tombam no mundo,
cumprindo um sagrado dever de amor, como mensageiros de um mundo melhor, onde
reinam o bem e a verdade. Minha vitória é a dos que sabem ser derrotados entre os
homens, para triunfarem com Deus, na divina construção de suas obras, imolando-se,
com alegria, para a glória de uma vida maior.
5
Lucas afirma que, em seguida, Jesus anuncia a traição que lhe aconteceria:
“Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. E, na verdade, o Filho
do Homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por
quem é traído! E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia
de fazer isso.” (Lucas, 22:21-23)
O impacto de tais palavras provocou angústias e ansiedades nos apóstolos.
O Mestre, porém, lhes tranqüiliza, dizendo:
– Não vos perturbeis com as minhas afirmativas, porque, em verdade, um de vós outros
me há de trair!... As mãos, que eu acariciei, voltam-se agora contra mim. Todavia, min
halma
está pronta para execução dos desígnios de meu Pai. A pequena assembléia fez-se
lívida. Com exceção de Judas, que entabulara negociações particulares com os doutores
do Templo, faltando apenas o ato do beijo, a fim de consumar-se a sua defecção, ninguém
poderia contar com as palavras amargas do Messias. Penosa sensação de mal-estar se
estabelecera entre todos. O filho de Iscariotes fazia o possível por dissimular as suas
dolorosas impressões, quando os companheiros se dirigiam ao Cristo com perguntas
angustiadas:
— Quem será o traidor? — disse Filipe, com estranho brilho nos olhos. — Serei eu?
indagou André ingenuamente. — Mas, afinal — objetou Tiago, filho de Alfeu, em voz
alta, onde está Deus que não conjura semelhante perigo?
Jesus, que se mantivera em silêncio ante as primeiras interrogações, ergueu o olhar para o
filho de Cleofas e advertiu: – Tiago, faze calar a voz de tua pouca confiança na sabedoria
que nos rege os destinos. Uma das maiores virtudes do discípulo do Evangelho é a de
estar sempre pronto ao chamado da Providência Divina. Não importa onde e como seja
o testemunho de nossa fé. O essencial é revelarmos a nossa união com Deus, em todas as
circunstâncias. É indispensável não esquecer a nossa condição de servos de Deus, para
bem lhe atendermos ao chamado, nas horas de tranqüilidade ou de sofrimento.
A esse tempo, havendo-se calado novamente o Messias, João interveio, perguntando:
— Senhor, compreendo a vossa exortação e rogo ao Pai a necessária fortaleza de ânimo;
mas, por que motivo será justamente um dos vossos discípulos o traidor de vossa causa?
Já nos ensinastes que, para se eliminarem do mundo os escândalos, outros escândalos se
tornam necessários; contudo, ainda não pude atinar com a razão de um possível traidor
em nosso próprio colégio de edificação e de amizade.
6Judas Iscariotes passou para História como o traidor do Cristo. (João,

13:21-30) Entretanto, o apóstolo amava profundamente Jesus, jamais imaginando
que o Mestre seria aprisionado, condenado e crucificado. Isso não lhe passara
pela cabeça. Foi um discípulo que se deixou levar pelas ilusões do mundo. Não
conseguiu compreender a profundidade da mensagem cristã. Entendia que o
Evangelho somente poderia «[...] vencer com o amparo dos prepostos de César
ou das autoridades administrativas de Jerusalém [...].»
3 Na sua concepção o
Messias deveria deter em suas mãos todos os poderes, não compreendendo
que: as «[...] idéias do Mestre são do Céu e seria sacrilégio misturarmos a sua
pureza com as organizações viciadas do mundo!...»
4
O Espírito Irmão X (Humberto de Campos) também explica:
Não [...] obstante amoroso, Judas era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se
pelos ideais do Messias, e, embora esposasse os novos princípios, em muitas ocasiões
surpreendia em choque contra ele. Sentia-se dono da Boa Nova e, pelo desvairado apego
a Jesus, quase sempre lhe tomava a dianteira nas deliberações importantes.
10
Entretanto, conhecendo-lhe as fraquezas, Jesus sempre permaneceu «em
missão de auxílio a Judas.»
11
2. Ensinos e orientações de Jesus pronunciados na última ceia
• Advento de outro consolador
Jesus identifica a sinceridade nos pronunciamentos dos apóstolos, relativa
ao anúncio da traição. Percebe, porém, que eles ainda não têm condições de
compreenderem os acontecimentos em toda a sua extensão. Prorroga essa
compreensão para o futuro, anunciando-lhes o advento de outro consolador,
que lhes forneceria todos os esclarecimentos: “Se me amardes guardareis os
meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador,
para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não
pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque
habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu
vivo, e vós vivereis. Naquele dia, conhecereis que estou em meu Pai, e vós, em
mim, e eu, em vós. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é
o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e
me manifestarei a ele. [...] Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai
enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudoquanto vos tenho dito.” (João, 14:14-21; 26)
Jesus promete outro consolador: o
Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece,
por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar
todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. [...] O Espiritismo vem, na época
predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele
chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que
Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.”
O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias;
levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer
a consolação suprema aos deserdados filhos da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo
causa justa e fim útil a todas as dores. [...] Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse
do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde
vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei
de Deus e consola pela fé e pela esperança.
1
• O maior será menor no reino dos céus
Concluídas as elucidações sobre o pão e o vinho, e o anúncio da traição,
os apóstolos começaram a discutir quem, entre eles, seria o maior: “E houve
entre eles contenda. E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles,
e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis
vós assim; antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como
quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura,
não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve.”
(Lucas, 22:24-27)
Altamente tocados pelas suas exortações solenes, porém, maravilhados ainda mais com
as promessas daquele reinado venturoso e sem-fim, que ainda não podiam compreender
claramente, a maioria dos discípulos começou a discutir as aspirações e conquistas do
futuro. Enquanto Jesus se entretinha com João, em observações afetuosas, os filhos de
Alfeu examinavam com Tiago as possíveis realizações dos tempos vindouros, antecipando
opiniões sobre qual dos companheiros poderia ser o maior de todos, quando chegasse o
Reino com as suas inauditas grandiosidades. Filipe afirmava a Simão Pedro que, depois
do triunfo, todos deviam entrar em Nazaré para revelar aos doutores e aos ricos da cidade
a sua superioridade espiritual. Levi dirigia-se a Tomé e lhe fazia sentir que, verificada a
vitória, se lhes constituía uma obrigação a marcha para o Templo ilustre, onde exibiriam
seus poderes supremos. Tadeu esclarecia que o seu intento era dominar os mais fortes e
impenitentes do mundo, para que aceitassem, de qualquer modo, a lição de Jesus.
O Mestre interrompera a sua palestra íntima com João, e os observava. As discussões
iam acirradas. As palavras “maior de todos” soavam insistentemente aos seus ouvidos.
Parecia que os componentes do sagrado colégio estavam na véspera da divisão de uma
conquista material e, como os triunfadores do mundo, cada qual desejava a maior parte
da presa. Com exceção de Judas, que se fechava num silêncio sombrio, quase todos discutiam
com veemência. Sentindo-lhes a incompreensão, o Mestre pareceu contemplá-los
com
entristecida piedade.
8
• Jesus exemplifica que o maior discípulo é o que se torna servidor
“Levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se.
Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a
enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de
Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu
Jesus e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois.
Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não
lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus
pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado
não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais
limpos, mas não todos. Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso,
disse: Nem todos estais limpos. Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas
vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho
feito? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Ora,
se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns
aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o
seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Se sabeis essas
coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” (João, 13: 4-17)
«Entregando-se a esse ato [lavar os pés dos apóstolos], queria o Divino
Mestre testemunhar às criaturas a suprema lição da humildade, demonstrando,
ainda uma vez, que, na coletividade cristã, o maior para Deus seria sempre
aquele que se fizesse o menor de todos.»
12 Da mesma forma, ao cingir o corpo
com a toalha, reproduz Jesus a forma de agir dos escravos, em relação aos seus
senhores. Na verdade, «[...] quis proceder desse modo para revelar-se o escravo
pelo amor à vida, na abnegação e no sacrifício supremos.»
13
• Jesus anuncia novo mandamento
Em dois momentos, na última ceia, Jesus expressa que o amor deve ser o
fundamento que deve guiar as relações dos seus discípulos: “Um novo man
damento
vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que
também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João, 13:34-35)
“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como

eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida
pelos seus amigos.” (João, 15:12-13)
• Jesus destaca o valor da confiança no seu amor e na sua proteção
Jesus esclarece que o amor deve estar fundamentado na confiança, mes
mo
perante as adversidades: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus,
crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse
assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos pre
parar
lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu
estiver, estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou e conheceis o
caminho. Disse-lhe Tomé: – Senhor, nós não sabemos para onde vais e como
podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e
a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim,
também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis e o tendes visto.
Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem
me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu
estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo
de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim; crede-me, ao menos, por causa
das mesmas obras. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em
mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque
eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para
que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome,
eu o farei.” (João, 14:1-14)
• Jesus é o caminho, e a verdade e a vida
Cedo ou tarde iremos compreender que somente por Jesus atingiremos
o estágio de Espíritos iluminados.
Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha sobre os milênios
terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando o mundo, há quase vinte séculos.
Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe modificaram um
til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolução multiforme da Terra.
Tempestades de sangue e lágrimas nada mais fizeram que avivar-lhes a grandeza. Entretanto,
sempre tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes,
no curso das existências renovadas, temos desprezado o Caminho, indiferentes ante os
patrimônios da Verdade e da Vida.
O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados. Cada dia reforma os títulos de
tolerância para com as nossas dívidas; todavia, é de nosso próprio interesse levantar o

padrão da vontade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós mesmos,
ao contacto do Mestre Divino. Ele é o Amigo Generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos
o conselho que somos suscetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de
nossa iluminação interior para a vida eterna.
15
• Jesus é a videira
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.Toda vara em mim
que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais
fruto. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim,
e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na
videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós,
as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim
nada podereis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como
a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em
mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e
vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis
meus discípulos.” (João, 15:1-8)
Jesus é o bem e o amor do princípio. Todas as noções generosas da Humanidade nasceram
de sua divina influenciação. Com justiça, asseverou aos discípulos, nesta passagem do
Evangelho de João, que seu espírito sublime representa a árvore da vida e seus seguidores
sinceros as frondes promissoras, acrescentando que, fora do tronco, os galhos se secariam,
caminhando para o fogo da purificação. Sem o Cristo, sem a essência de sua grandeza,
todas as obras humanas estão destinadas a perecer.
A ciência será frágil e pobre sem os valores da consciência, as escolas religiosas estarão
condenadas, tão logo se afastem da verdade e do bem. Infinita é a misericórdia de Jesus
nos movimentos da vida planetária. No centro de toda expressão nobre da existência
pulsa seu coração amoroso, repleto da seiva do perdão e da bondade.
Os homens são varas verdes da árvore gloriosa. Quando traem seus deveres, secam-se
porque se afastam da seiva, rolam ao chão dos desenganos, para que se purifiquem no
fogo dos sofrimentos reparadores, a fim de serem novamente tomados por Jesus, à conta
de sua misericórdia, para a renovação. É razoável, portanto, positivemos nossa fidelidade
ao Divino Mestre, refletindo no elevado número de vezes em que nos ressecamos, no
passado, apesar do imenso amor que nos sustenta em toda a vida.
16
• O valor da prece
Concluídas as orientações aos apóstolos, Jesus se retira para orar a Deus.
Segue para o Horto das Oliveiras (Getsêmani) acompanhado de Pedro, João e
Tiago Maior. Mais tarde, Judas os encontraria, vindo acompanhado dos oficiais
e soldados dos principais sacerdotes que iriam aprisioná-lo. (João, 18: 1-11).

Antes de se entregar à elevadas vibrações da prece, Jesus pede aos três
apóstolos para orarem em conjunto.
— Esta é a minha derradeira hora, convosco! Orai e vigiai comigo, para que eu tenha
a glorificação de Deus no supremo testemunho! Assim dizendo, afastou-se, a pequena
distância, onde permaneceu em prece, cuja sublimidade os apóstolos não podiam observar.
Pedro, João e Tiago [Maior] estavam profundamente tocados pelo que viam e
ouviam. Nunca o Mestre lhes parecera tão solene, tão convicto, como naquele instante
de penosas recomendações. Rompendo o silêncio que se fizera, João ponderou:
— Oremos e vigiemos, de acordo com a recomendação do Mestre, pois, se ele aqui nos
trouxe, apenas nós três, em sua companhia, isso deve significar para o nosso espírito a
grandeza da sua confiança em nosso auxílio. Puseram-se a meditar silenciosamente.
Entretanto, sem que lograssem explicar o motivo, adormeceram no decurso
da oração.
9
No momento em que Jesus vai ser preso, ocorre o conhecido episódio
de Pedro cortar a orelha direita de Malco, servo do sumo sacerdote. Jesus
aproveita o ensejo para nos legar mais uma das suas preciosas lições quando,
repreendendo o apóstolo, anuncia: “Mete a tua espada na bainha; não beberei
eu o cálice que o Pai me deu?” (João, 18:11)
Sustentando a contenda com o próximo, destruidora tempestade de sentimentos nos
desarvora o coração. Ideais superiores e aspirações sublimes longamente acariciados
por nosso espírito, construções do presente para o futuro e plantações de luz e amor, no
terreno de nossas almas, sofrem desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio
e a violência nos fazem tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos
relegado à retaguarda da evolução.
Depois disso, muitas vezes devemos atravessar aflitivas existências de expiação para corri
gir
as brechas que nos aviltam o barco do destino, em breves momentos de insânia...
Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor: — “Embainha tua
espada...”
Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo o
bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos perturbam
a existência, para que se faça em nós o reinado da luz. De lança em riste, jamais
conquistaremos o bem que desejamos. A cruz do Mestre tem a forma de uma espada
com a lâmina voltada para baixo. Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma
espada simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção
da paz, com felicidade e renovação.
17
181
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan.
O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 6 (O Cristo consolador),
item 4, p. 140-141.
2. SCHUTEL, Cairbar.
Parábolas e ensinos de Jesus. 13. ed. Matão, SP: O Clarim.
2000. Item: A ceia pascoal, p. 258.
3. XAVIER, Francisco Cândido.
Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos
34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 24 (A ilusão do discípulo), p. 160.
4. ______. p. 161.
5. ______. Cap. 25 (A última ceia), p. 165-166.
6. ______. p. 166-167.
7. ______. p.168.
8. ______. p. 169-170.
9. ______. Cap. 27 (A oração do horto), p. 180.
10. ______.
Luz Acima. Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos). 9.ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap.44 (Do aprendizado de Judas), p.187.
11. ______.
Pontos e Contos. Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos).
10.ed. Rio de Janeiro: FEB, 199. Cap. 35 (Nas palavras do caminho), p.
186.
12. ______.
O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Questão 314, p. 182.
13. ______. Questão 315, p. 182.
14. ______. Questão 318, p. 183.
15. XAVIER, Francisco Cândido.
Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel.
27. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2006. Item: Interpretação dos textos
sagrados (Introdução do livro), p. 13-14.
16. ______. Cap. 55 (As varas da videira), p. 125-126.
17. ______.
Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB.
2006. Cap. 114 (Embainha tua espada), p. 291-292.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 9 - A Última Ceia