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domingo, 20 de junho de 2021

CONSIDERANDO A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO A SEMELHANÇA DE UMA REUNIÃO MEDIÙNICA,POR JOANA DE ANGELIS

Considerando a Parábola do Bom Samaritano


"Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho." 
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 15º - Item 3.

Conta Lucas, no versículo 25 e seguintes, do Capítulo 10, do Evangelho, que interrogado o Mestre por um doutor pusilâmine que o tentava, a respeito da herança celeste, narrou-lhe o Senhor, após inquiri-lo sobre a Lei, a parábola do bom samaritano, a fim de informar-lhe, na aplicação do amor, quem seria o próximo.

Sintetizemos a narrativa: "Assaltado por malfeitores, um pobre homem foi deixado à margem da estrada que descia de Jerusalém a Jericó. Casualmente passou pela mesma via um doutor, e depois um levita que, embora o vissem, seguiram indiferentes. Um samaritano, porém, por ali passando e o vendo, tomou-se de piedade e o assistiu carinhosamente, conduzindo-o na sua alimária até uma hospedaria onde o deixou cercado de cuidados, dispondo-se a resgatar quaisquer compromissos excessivos, quando por ali passasse de retorno". E ante o assombro do interlocutor O Mestre indagou-lhe, quem seria o próximo do homem sofrido, ao que este respondeu: "O que usou de misericórdia para com ele". Disse, então, Jesus: "Vai, e faze da mesma maneira".

Considerando as nobres sessões de socorro mediúnico aos desencarnados em sofrimento, hoje realizadas pelos adeptos da Doutrina Cristã, recorramos ao ensino de Jesus, na excelente parábola.

O recinto das experiências medianímicas pode ser comparado à hospedagem acolhedora e gentil; o homem caído na orla do caminho, consideremo-lo o espírito tombado nos próprios enganos; o médium doutrinador assemelhemo-lo ao encarregado da estalagem; os médiuns recalcitrantes examinemo-los como o doutor indiferente e o levita sem piedade; o médium obediente ao mandato do serviço socorrista tenhamo-lo como o bom samaritano e a via entre Jerusalém e Jericó convencionemos a estrada dos deveres fraternos por onde todos transitamos. Ainda poderíamos considerar o bálsamo e o unguento postos nas feridas do assaltado como sendo as orações do círculo de corações devotados à tarefa mediúnica; as moedas pagas ao hospedeiro simbolizemo-las como as renúncias e dificuldades, lutas e testemunhos solicitados aos membros da reunião e o doutor da lei, zombeteiro e frio, representemos como sendo os companheiros conhecedores da vida imortal, notificados das surpresas além-do-túmulo, indiferentes, entretanto, às tarefas sacrificiais do auxílio fraterno.

Se abrasado pela mensagem espírita, militas na mediunidade, em qualquer das suas múltiplas manifestações, ou fazes parte de algum círculo de socorro espiritual, unge-te de bondade e dá a tua quota de esforço aos falidos na via da Imortalidade.

Não lhes imponhas verbosidades estrondosas nem debatas, apaixonado, convicções...

Fala-lhes do novo Amanhã e medica-os agora, socorrendo-os com bondade e abnegação.

Sê, em qualquer função que desempenhes na tarefa espírita de assistência mediúnica, o "bom samaritano", considerando todo e qualquer espírito que chegue ao núcleo de trabalho, não como o adversário de ontem, o obsessor de hoje ou o sempre inimigo, mas como o teu próximo a quem deves ajudar, assim como Jesus, redivivo na Mensagem Espírita, continua ajudando-te carinhoso e anônimo.

FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 32.

Fonte:http://www.reflexoesespiritas.org/mensagens-espiritas/2338-considerando-a-parabola-do-bom-samaritano

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Kardec, modelo de devotamento e abnegação

Kardec, modelo de devotamento e abnegação

O devotamento e a abnegação são uma prece contínua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras.”[1]

            Kardec foi um dos mais sólidos modelos de devotamento e abnegação. Aqueles que leem com atenção seus escritos publicados na Revista Espírita colhem alguns aspectos do seu caráter, de suas virtudes que, apesar de sua modéstia e discrição, ressaltam aqui e ali.
            Com o intuito de realçar as qualidade desse nobre Espírito, a quem devemos o legado da ciência espírita, é que garimpamos alguns dos seus escritos que evidenciam seu bom senso e suas virtudes.
            Sabe-se o quanto o Mestre provou da zombaria, da calúnia, da maledicência e do deboche por parte daqueles que não compreenderam a nobre missão que essa alma generosa aceitou desempenhar na Terra, por amor à humanidade.
            A forma como que ele viveu, como enfrentou as mais difíceis situações, os mais furiosos adversários, ficam evidentes em suas obras, em suas próprias palavras, e servem ao aprendizado daqueles que buscam conquistar virtudes e desejam aprender com os exemplos práticos desse Espírito notável, que ficou conhecido na Terra como Allan Kardec.

Ao deparar-se com a fama, ele teve que renunciar ao seu gosto pela quietude ...

            Na propriedade que possuo e que me fica como sobra daquilo que a má-fé não me pôde arrancar, podíamos viver tranquilamente e longe da confusão dos negócios. Tirando-me da obscuridade, o Espiritismo veio lançar-me numa nova via; em pouco tempo vi-me arrastado num movimento que estava longe de prever. Quando concebi a ideia do Livro dos Espíritos, minha intenção era de não me colocar em evidência e de ficar incógnito; mas, prontamente ultrapassado, isto não me foi possível: tive que renunciar ao meu gosto pela solitude, sob pena de abdicar a obra empreendida e que crescia dia a dia. Foi-me preciso seguir o seu impulso e tomar-lhe as rédeas. Se meu nome tem agora alguma popularidade, não fui eu, certamente, que a busquei, pois é evidente que não a devo nem à propaganda, nem à camaradagem da imprensa, e que jamais me aproveitei de minha posição e de minhas relações para me lançar na sociedade, quando isto teria sido fácil.[2]

Coragem, firmeza, humildade e sacrifício...

   “Mas, à medida que a obra crescia, um horizonte mais vasto desenrolava-se à minha frente, cujos limites recuavam. Compreendi então a imensidade de minha tarefa e a importância do trabalho que me restava fazer para completá-la. Longe de me apavorar, as dificuldades e os obstáculos redobraram minha energia; vi o objetivo e resolvi atingi-lo, com a assistência dos bons Espíritos. Eu sentia que não tinha tempo a perder e não o perdi em visitas inúteis nem em cerimônias ociosas. Foi a obra de minha vida. Para ela dediquei todo o meu tempo; a ela sacrifiquei meu repouso e a minha saúde, porque diante de mim o futuro estava escrito em caracteres irrefutáveis. Fi-lo por meu próprio impulso, e minha mulher, que não é nem mais ambiciosa nem mais interesseira que eu, concordou plenamente com meus pontos de vista e me secundou na tarefa laboriosa, como o faz ainda, por um trabalho por vezes acima de suas forças, sacrificando sem pesar os prazeres e distrações do mundo, aos quais sua posição de família a tinham habituado.”[3]

Privações dos interesses materiais em proveito da divulgação da Doutrina

“Sem nos afastarmos de nosso gênero de vida, essa posição excepcional não deixou de criar-nos necessidades às quais apenas meus próprios recursos não permitiam prover. Seria difícil imaginar a multiplicidade de despesas que ela acarreta, e que sem isso eu teria evitado. A necessidade de morar em duas residências é, como já disse, um acréscimo de gastos, pela obrigação de ter todo o mobiliário em dobro, sem contar uma porção de gastos miúdos exigidos por essa dupla habitação e as perdas que resultam da negligência de meus interesses materiais, relegados por uma série de trabalhos que me absorvem todo o tempo. Não é uma queixa que formulo, pois minhas ocupações atuais são voluntárias; é um fato que constato, em resposta àqueles que dizem que tudo é lucro para mim no Espiritismo. Quanto aos gastos especiais ocasionados por minha posição, seria impossível enumerá-los, mas, se considerardes que tenho anualmente mais de oitocentos francos de despesas em porte de cartas, independentemente das viagens, e que tenho a necessidade de ligar-me a alguém para me ajudar, e outros pequenos gastos indispensáveis, compreendereis que não exagero dizendo que minhas despesas anuais, que foram crescendo incessantemente, hoje estão mais que triplicadas. Pode-se fazer uma ideia aproximada, a quanto pode se elevar este excedente em oito anos, tomando a média de 6.000 francos por ano. Ora, ninguém contestará a utilidade destas despesas para o sucesso da doutrina, que evidentemente se teria enfraquecido se eu tivesse permanecido no meu retiro, sem ver ninguém e sem as numerosas relações que mantenho diariamente. É o que, entretanto, eu teria sido obrigado a fazer, se nada me tivesse vindo em auxílio.
Pois bem, senhores, o que me proporcionou esse suplemento de recursos foi o produto de minhas obras. Digo com satisfação que foi com o meu próprio trabalho, com o fruto de minhas vigílias que provi, pelo menos em sua maior parte, às necessidades materiais da instalação da doutrina. Assim, eu trouxe uma larga quota-parte à caixa do Espiritismo. Deus quis que ele encontrasse em si mesmo os seus primeiros meios de ação. No princípio eu lamentava que minha pouca fortuna não me permitisse fazer o que eu queria fazer pelo bem da causa, mas hoje aí vejo o dedo da Providência e a realização desta predição tantas vezes repetida pelos bons Espíritos: “Não te inquietes com nada. Deus sabe o que te é preciso e saberá provê-lo.”
Se eu tivesse empregado o produto de minhas obras no aumento de meus prazeres materiais, isto teria resultado em prejuízo do Espiritismo, contudo, ninguém teria tido o direito de objetar, porque eu era bem senhor de dispor à vontade daquilo que só devia a mim mesmo; mas, porque me privava antes, podia privar-me depois; penso que o aplicando à obra, ninguém achará que seja dinheiro mal empregado e os que ajudam na propagação das obras não poderão dizer que trabalham para me enriquecer.[4]

Enfrentando a calúnia e a difamação...

            “Falaram muito dos lucros que eu obtinha com as minhas obras; ninguém sério acredita realmente em meus milhões, malgrado a afirmação dos que diziam saber de boa fonte que eu tinha um estilo de vida principesco, equipagens a quatro cavalos e que em minha casa só se pisava em tapetes de Aubusson. (Revista de junho de 1862). A despeito do que tenha dito, além disso, o autor de uma brochura que conheceis, e que prova, por cálculos hiperbólicos, que o orçamento das minhas receitas ultrapassa a lista civil do mais poderoso soberano da Europa, porque, só na França, vinte milhões de espíritas são meus tributários (Revista de junho de 1863), há um fato mais autêntico do que os seus cálculos. É que jamais pedi qualquer coisa a quem quer que seja, e ninguém jamais me deu nada, a mim pessoalmente; numa palavra, não vivo às custas de ninguém, pois das somas que me foram voluntariamente confiadas no interesse do Espiritismo, nenhuma parcela foi desviada em meu proveito.
            Minhas imensas riquezas proviriam, pois, de minhas obras espíritas. Embora essas obras tenham tido um sucesso inesperado, basta ter poucas noções de negócios de livraria para saber que não é com livros filosóficos que se amontoam milhões em cinco ou seis anos, quando se tem sobre a venda direitos autorais de apenas alguns cêntimos por exemplar. Mas, muito ou pouco, sendo esse produto o fruto de meu trabalho, ninguém tem o direito de se imiscuir no emprego que dele faço, mesmo que se elevasse a milhões, considerando-se que a venda dos livros, assim como a assinatura da Revista, é facultativa e não é imposta em nenhuma circunstância, nem mesmo para assistir às sessões da Sociedade, ninguém tem nada com isto. Comercialmente falando, estou na posição de todo homem que colhe o fruto de seu trabalho; corro o risco de todo escritor, que pode vencer como pode fracassar.”
            “Em todos os tempos temos tido de que viver, muito modestamente, é certo, mas o que teria sido pouco para certa gente nos bastava, graças aos nossos gostos e aos nossos hábitos de ordem e de economia. À nossa pequena renda vinha juntar-se o produto das obras que publiquei antes do Espiritismo, e o de um modesto emprego que tive de deixar quando os trabalhos da Doutrina absorveram todo o meu tempo.”
            “Posto que, sob este ponto de vista, eu não tenha contas a prestar, creio útil, pela própria causa à qual me votei, dar algumas explicações.
            “Para começar, direi que não sendo as minhas obras minha propriedade exclusiva, sou obrigado a comprá-las do meu editor e a pagá-las como um livreiro, com exceção da Revista; que o lucro se acha singularmente diminuído pelas obras que não são vendidas e pelas distribuições gratuitas, feitas no interesse da Doutrina, a pessoas que sem isto delas estariam privadas. Um cálculo muito simples prova que o preço de dez volumes perdidos ou doados, que não deixo de pagar, basta para absorver o lucro de cem volumes. Isto seja dito à guisa de informação e entre parênteses. Tudo somado e feito o balanço, contudo resta alguma coisa. Imaginai a cifra que quiserdes. O que faço com ela? Isto é o que mais preocupa certas criaturas.”

Estilo de vida simples...

            “Quem quer que outrora tenha visto a nossa intimidade e a veja hoje, pode atestar que nada mudou em nossa maneira de viver depois que passei a ocupar-me do Espiritismo. Ela é agora tão simples quanto era outrora. Então é certo que os meus lucros, por enormes que sejam, não servem para nos dar os prazeres do luxo. Será que eu teria a mania de entesourar para ter o prazer de contemplar meu dinheiro? Não penso que o meu caráter e os meus hábitos jamais tenham podido fazê-lo supor. Por que as coisas são assim? Considerando-se que disso não tiro proveito, quanto mais fabulosa a soma, mais embaraçosa a resposta. Um dia saberão a cifra exata, assim como o emprego detalhado, e os criadores de histórias poderão economizar a imaginação.”[5]

Um legado de desprendimento e abnegação...

“Pessoalmente, e embora parte ativa do comitê, não constituiremos sobrecarga ao orçamento, nem por emolumentos, nem por indenização de viagens, nem por uma causa qualquer. Se jamais pedimos algo para nós, ainda menos o faríamos nesta circunstância; nosso tempo, nossa vida, todas as nossas forças físicas e intelectuais pertencem à Doutrina. Declaramos, pois, formalmente, que nenhuma parte dos recursos de que disporá o comitê será desviada em nosso proveito.
Ao contrário, a ele trazemos nossa quota-parte:

1º - Pela cessão do lucro de nossas obras, feitas e por fazer;
2º - Pelo aporte de valores mobiliários e imobiliários.
Assim, fazemos votos para a realização do nosso plano no interesse da Doutrina, e não para criarmos uma posição para nós, da qual não necessitamos. Foi para preparar os caminhos desta instalação que até hoje consagramos o produto de nossos trabalhos, como dissemos acima. Se nossos meios pessoais não nos permitem fazer mais, pelo menos teremos a satisfação de nela haver posto a primeira pedra.[6]

Reconhecimento, gratidão e modéstia...

Senhoras, senhores, e vós todos, meus caros e bons irmãos no Espiritismo.
A acolhida tão amiga e benevolente que recebo entre vós, desde a minha chegada, seria bastante para me encher de orgulho, se eu não compreendesse que tais testemunhos se dirigem menos à pessoa do que à Doutrina, da qual não passo de um dos mais humildes obreiros. É a consagração de um princípio e me sinto duplamente feliz, porque esse princípio deve um dia assegurar a felicidade do homem e o repouso da Sociedade, quando for bem compreendido, e ainda melhor quando for praticado. Seus adversários só o combatem porque não o compreendem. Cabe a nós; cabe aos verdadeiros espíritas, àqueles que veem no Espiritismo algo mais do que experiências mais ou menos curiosas, fazê-lo compreendido e propagá-lo, tanto pregando pelo exemplo quanto pela palavra. O Livro dos Espíritos teve como resultado demonstrar o seu alcance filosófico. Se esse livro tem qualquer mérito, seria presunção minha orgulhar-me disso, porque a doutrina que ele encerra não é criação minha. Toda honra pelo bem que ele fez cabe aos sábios Espíritos que o ditaram e que quiseram servir-se de mim. Posso, pois, ouvir o elogio sem que seja ferida a minha modéstia, e sem que o meu amor-próprio por isso fique exaltado. Se eu desejasse prevalecer-me disto, certamente teria reivindicado a sua concepção, em vez de atribuí-la aos Espíritos; e se se pudesse duvidar da superioridade daqueles que cooperaram, bastaria considerar a influência que ele exerceu em tão pouco tempo só pelo poder da lógica, e sem qualquer dos meios materiais próprios para superexcitar a curiosidade.
            Seja como for, senhores, a cordialidade do vosso acolhimento será para mim um poderoso encorajamento na tarefa laboriosa que empreendi e da qual fiz a razão de minha vida, porque me dá a certeza consoladora de que os homens de coração já não são tão raros neste século materialista, como gostam de proclamá-lo. Os sentimentos que fazem nascer em mim esses testemunhos benevolentes são melhor compreendidos do que expressados; e o que lhes dá, aos meus olhos, um valor inestimável, é que não têm por móvel qualquer consideração pessoal. Eu vô-lo agradeço do fundo do coração, em nome do Espiritismo, sobretudo em nome da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que se sentirá feliz pelas demonstrações de simpatia que tendes a bondade de lhe dar, e orgulhosa de contar em Lyon tão grande número de bons e leais confrades. Permiti-me retraçar, nalgumas palavras, as impressões que levo de minha breve passagem entre vós.[7]

Prudência, indulgência e firmeza de propósitos...

Se os meus princípios são falsos, por que não apresentam outros que os substituam, fazendo-os prevalecer? Ao que parece, entretanto, de modo geral eles não são julgados irracionais, já que encontram aderentes em tão grande número. Mas, não será exatamente isso que excita o mau humor de certas pessoas? Se esses princípios não encontrassem partidários, se fossem ridículos, desde o primeiro enunciado seguramente deles não se falaria.
E quanto aos outros, os que pretendem que não avanço bastante rapidamente, esses desejariam me empurrar, - com boa intenção, quero crer, pois é sempre melhor pressupor o melhor que o pior, em um caminho onde não quero me arriscar. Sem, pois, me deixar influenciar seja pelas ideias de uns, seja pelas de outros, sigo a rota que eu mesmo tracei: tenho um objetivo, vejo-o, sei como e quando o atingirei e não me inquietam os clamores dos que passam por mim.
Crede, Senhores, as pedras não faltam em meu caminho. Passo por cima delas, mesmo das mais altas e pesadas. Se se conhecesse a verdadeira causa de certas antipatias e de certos afastamentos, muitas surpresas nos aguardariam![8]

Fé na vida futura, respeito, humildade ante a lisonja e outras armadilhas da inveja

É ainda preciso, entretanto, mencionar as pessoas que são postas, relativamente a mim, em posições falsas, ridículas e comprometedoras, e que procuram se justificar, em última instância, recorrendo a pequenas calúnias: os que esperavam seduzir-me pelos elogios, crendo poder levar-me a servir aos seus desígnios e que reconheceram a inutilidade de suas manobras para atrair minha atenção; aqueles que não elogiei nem incensei e que isso esperavam de mim; aqueles, enfim, que não me perdoam por ter adivinhado suas intenções e que são como a serpente sobre a qual se pisa. Se todas essas pessoas decidissem se colocar, por um instante sequer, em uma posição extraterrena e ver as coisas um pouco mais do alto, compreenderiam bem a puerilidade de quanto as preocupa e não se espantariam com a pouca importância que a tudo isso dão os verdadeiros espíritas. É que o Espiritismo abre horizontes tão vastos que a vida corporal, curta e efêmera, se apaga com todas as suas vaidades e suas pequenas intrigas, ante o infinito da vida espiritual.
Não devo, entretanto, omitir uma censura que me foi endereçada: a de nada fazer para trazer de novo a mim as pessoas que se afastam. Isso é verdadeiro e a reprovação fundamentada; eu a mereço, pois jamais dei um único passo nesse sentido e aqui estão os motivos de minha indiferença. Aqueles que de mim se aproximam, fazem-no porque isto Ihes convém; é menos por minha pessoa do que pela simpatia que Ihes despertam os princípios que professo. Os que se afastam fazem-no porque não Ihes convenho ou porque nossa maneira de ver as coisas reciprocamente não concorda. Por que, então, iria eu contrariá-los, impondo-me a eles? Parece-me mais conveniente deixá-los em paz. Ademais, honestamente, carece-me tempo para isso. Sabe-se que minhas ocupações não me deixam um instante para o repouso. Além disso, para um que parte, há mil que chegam. Julgo um dever dedicar-me, acima de tudo, a estes e é isso que faço. Orgulho? Desprezo por outrem? Oh! Não! Honestamente, não! Eu não desprezo ninguém; lamento os que agem mal, rogo a Deus e aos Bons Espíritos que façam nascer neles melhores sentimentos;  e isso é tudo. Se retornam, são sempre recebidos com júbilo. Mas correr ao seu encalço, isso não me é possível fazer, mesmo em razão do tempo que de mim reclamam as pessoas de boa vontade, e, depois, porque não empresto a certos indivíduos a importância que eles a si próprios atribuem. Para mim, um homem é um homem, isto apenas! Meço seu valor por seus atos, por seus sentimentos, nunca por sua posição social. Pertença ele às mais altas camadas da sociedade, se age mal, se é egoísta e negligente de sua dignidade é, a meus olhos, inferior ao operário que procede corretamente, e eu aperto mais cordialmente a mão de um homem humilde, cujo coração estou a ouvir, do que a de um potentado cujo peito emudeceu. A primeira me aquece, a segunda me enregela.
Homens da mais alta posição honram-me com sua visita, porém nunca, por causa deles, um operário ficou na antecâmara. Muitas vezes, em meu salão, o príncipe se assenta ao lado do operário; se se sentir humilhado, eu direi que ele não é digno de ser espírita. Mas sinto-me feliz em dizer, eu os vi, muitas vezes, apertarem-se as mãos, fraternalmente, e, então, um pensamento me ocorria: "Espiritismo, eis um dos teus milagres; este é o prenúncio de muitos outros prodígios!"[9]

Tolerância, moderação, bondade, benevolência, singeleza, dedicação e amorosidade...

“Dependeria de mim abrir as portas da alta sociedade, porém nunca fui nelas bater. Isso exigiria um tempo que prefiro empregar mais utilmente. Coloco em primeira instância o consolo que é preciso oferecer aos que sofrem, erguer a coragem dos caídos, arrancar um homem de suas paixões, do desespero, do suicídio, detê-lo talvez no limiar do crime! Não vale mais isto do que os lambris dourados? Guardo milhares de cartas que para mim mais valem do que todas as honrarias da Terra e que olho como verdadeiros títulos de nobreza. Assim, pois, não vos espanteis se deixo partir aqueles que me dão as costas.
Tenho adversários, eu sei! Mas o número deles não é tão grande quanto poderia fazer supor a enumeração mencionada. Eles se encontram nos grupos que citei, mas são apenas indivíduos isolados e seu número pouca coisa é em comparação com os que desejam testemunhar-me sua simpatia. Além disso nunca conseguiram perturbar-me o repouso, nem uma vez sequer suas maquinações e suas diatribes me emocionaram e devo acrescentar que essa profunda indiferença de minha parte, o silêncio que oponho aos seus ataques, não é o que os exaspera menos. Por mais que façam, jamais conseguirão fazer-me sair da moderação e da regra que tenho por conduta. Nunca se poderá dizer que respondi à injúria com injúria. As pessoas que me conhecem na intimidade podem dizer se jamais os mencionei; se alguma vez, na Sociedade, foi dita uma única palavra, se foi feita uma única alusão relativamente a qualquer um deles. Mesmo pela "Revista” jamais respondi às suas agressões, se dirigidas à minha pessoa, e Deus sabe que elas não têm faltado!
De que adianta, ademais, seu malquerer? De nada! Nem contra a doutrina nem contra mim. A doutrina espírita prova, por sua marcha progressiva, que nada tem a temer. Quanto a mim, não ocupo nenhuma posição, por isso nada existe que me pode ser tirado; não peço nada, nada solicito e, assim, nada me pode ser recusado. Não devo nada a ninguém, desse modo nada há que me possa ser cobrado; não falo mal de ninguém, nem mesmo daqueles que o dizem de mim. Em que poderiam, então, prejudicar-me? É certo que se pode atribuir a mim o que eu não disse e isso já se fez mais de uma vez. Mas, aqueles que me conhecem são capazes de distinguir o que digo daquilo que não sou capaz de dizer e eu agradeço a quantos, em semelhantes circunstâncias, souberam responder por mim. O que afirmo, estou sempre pronto a repetir na presença de quem quer que seja, e quando afirmo não ter dito ou feito uma coisa, julgo-me no direito de ser acreditado.
Ademais, o que representa tudo isso em face do objetivo que nós, os Espíritas sinceros e devotados, perseguimos conjuntamente? Desse futuro imenso que se desenrola diante dos nossos olhos? Acreditai-me, Senhores, fora preciso ver como um roubo perpetrado contra a grande obra, os instantes que perdêssemos preocupados com essas mesquinharias. De minha parte agradeço a Deus por me haver, já aqui na Terra, concedido tantas compensações morais ao preço de tribulações tão passageiras, bem como pela alegria de assistir ao triunfo da doutrina espírita.
            Peço-vos perdão, Senhores, por vos haver, por tão longo tempo, entretido com assuntos relativos a mim, mas acredito útil estabelecer nitidamente esta posição, a fim de que vos seja possível saber em quem acreditar, de conformidade com as circunstâncias e para que possais estar convencidos de que minha linha de conduta está traçada e que dela nada me fará desviar. De resto, creio que destas observações, - abstração feita de minha pessoa - poderão resultar alguns ensinamentos úteis.[10]


“... Ele morreu esta manhã, entre 11 e 12 horas, subitamente, ao entregar um número da Revue a um caixeiro de livraria que acabava de comprá-lo; ele se curvou sobre si mesmo, sem proferir uma única palavra: estava morto... Paris, 31 de março de 1869.”[11]


[1] O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI - O Cristo consolador  - Consolador prometido, item 4.
[2] Revista Espírita, dezembro de 1868 - Constituição transitória do Espiritismo
[3] Revista Espírita, junho de 1865 - Relatório do caixa do Espiritismo.
[4] Idem
[5] Revista Espírita, dezembro de 1868 - Constituição transitória do Espiritismo.
[6] Idem
[7] Revista Espírita, outubro de 1860- Banquete oferecido pelos Espíritas Lioneses ao Sr. Allan Kardec.
[8] Viagem Espírita em 1862 – Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux - Discurso I
[9] Idem
[10] Viagem Espírita em 1862 – Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux - Discurso I
[11] Catálogo Racional, Obras que podem server para fundar uma biblioteca espírita – Ed. Masdras, 2004.
http://www.ipeak.com.br/site/conteudo.php?id=237&idioma=1

sábado, 5 de outubro de 2013

SAI DE TI MESMO


Maria Dolores

Se carregas contigo o tempo atormentado
Sob tristeza e desencanto,
É natural te aflijas, entretanto,
Não te entregues ao luxo de chorar.
Sai de ti mesmo e escuta, em derredor,
Aqueles que se vão sem rumo certo,
Suportando no peito o coração deserto
Na penúria que mora entre a noite e o pesar.
                  
Não importa o que foste e o que sofreste
E nem a dor alheia, em mágoas mudas,
Procurará saber a crença em que te escudas,
Nem pergunta quem és...
Os que seguem no pó do sofrimento,
Vivendo de coragem, semi-morta,
Rogam-te auxílio à porta,
Rojando-se-te aos pés...
 
Desce da torre em que te vês somente
E escuta-lhes a história dolorida:
Esse chora sem lar, outro é quase suicida
Cansado de amargura e solidão;
Aquele envelheceu, sem alguém que o quisesse,
Outra é mãe desprezada, anêmica e sozinha,
Sombra que foi mulher, que respira e caminha,
Sabendo agradecer a fortuna de um pão.
 
Sai de ti mesmo e vem!... Esquece-te em serviço...
É Jesus que te chama ao bem que não se cansa,
Acharás, ao servir, renovada esperança,
Paz e fé, sob a luz de nobres cireneus!...
E sem horas a dar ao desalento e ao tédio,
Quando encontres a noite, cada dia,
Dirás ao Céu, em prece de alegria:
- Por tudo quanto tenho agradeço, meu Deus!...
 

Livro: “Caminhos do Amor” – Psicografia de Francisco Cândido Xavier – Espírito Maria Dolores

O BEM-AVENTURADO

O BEM-AVENTURADO
André Luiz
 
Na paisagem invadida de sombras, a multidão sofria e lutava por encontrar uma porta libertadora.

Na movimentação dos infelizes, surgiam conflitos e padecimentos, incompreensões e entraves que somente serviam para acentuar a penúria e o medo, as aflições e as feridas reinantes no caminho.

Alguns beneméritos apareceram com o objetivo de solucionar o enigma da região.

Culto orientador intelectual elevou-se à grande tribuna, envolvida igualmente de trevas, e procurou instruir e consolar a campacta fileira de sofredores, conquistando o respeito geral; contudo, nem todos lhe compreenderam as palavras e áridas discussões se fizeram no vale da espessa neblina.

Veio um grande benfeitor e, compadecido, distribui vasta provisão de alimento e agasalho aos famintos e aos nus, merecendo o aplauso de muitos; entretanto, achava-se limitado às possibilidades individuais e não pode atender a todos, perseverando o império da dor no círculo popular.

Surgiu um médico e dispôs-se a curar os corpos doentes e amparou a comunidade, quanto lhe foi possível, recebendo expressivo reconhecimento público; mas não conseguiu satisfazer a exigência total do extenso domínio de sombras, mantendo-se o vale na antiga situação de expectativa e discórdia.

Apareceu um filósofo e aconselhou regras especiais de meditação, atraindo o carinho e a gratidão dos pesquisadores intelectualizados; no entanto, era incapaz de resolver todos os problemas e a paisagem prosseguiu dolorosa e escura.

Mas, surgiu um homem de boa vontade que, depois de recolher bênçãos e valores, no serviço aos semelhantes, acendeu uma luz no próprio coração.
Maravilhoso milagre surpreendeu o vale inteiro.
Nem mais contendas, nem mais reclamações.
Precipitou-se a multidão para a claridade daquele que soubera transformar-se em lâmpada viva e brilhante, descortinando a estrada libertadora.

Tal benfeitor correspondia à exigência de todos e solucionara o problema geral.
E, por bem-aventurado, avançou para a frente, com o poder de guiar e auxiliar, por haver improvisado em si mesmo o poder silencioso de amar e servir.

Não duvidemos, em nossas dificuldades, de aprender e ensinar, recebendo as luzes do Alto e distribuindo-as no grande vale da luta humana.

Todos os títulos de fraternidade e benemerência são veneráveis, mas, o coração que se une ao Cristo e se converte em luz para todos os companheiros da romagem terrestre é, sem contestação, o autor feliz da caridade maior.
 LIVRO: APOSTILAS DA VIDA - PSICOGRAFIA CHICO XAVIER

sábado, 6 de abril de 2013

III-O que pode transforma intimamente " Os Malefícios do Álcool "

03 - OS MALEFÍCIOS DO ÁLCOOL

"O meio em que certos homens se encontram não é para eles o motivo principal de muitos vícios e crimes?
- Sim, mas ainda nisso há uma prova escolhida pelo Espírito, no estado de liberdade; ele quis se expor à tentação, para ter o mérito da resistência. " (Allan Kardec.O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo I - A. Lei Divina ou Natural. Pergunta 644.)

"A alteração das faculdades intelectuais pela embriaguez desculpa os atos repreensíveis?
- Não, pois o ébrio voluntariamente se priva da razão para satisfazer paixões brutais: em lugar de uma falta, comete duas."
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo X. Lei da Liberdade. Pergunta 848.)

O álcool (palavra de origem árabe: ai = a, cohol = coisa sutil) não é alimento nem remédio. É tóxico. Chegando ao seio da substância nervosa, excita-a e diminui sua energia e resistência, e deprime os centros nervosos fazendo surgir lesões mais graves: paralisias, delírios (delirium tremens). Como tóxico, atinge de preferência o aparelho digestivo: o indivíduo perde o apetite, o estômago se inflama e a ulceração da sua mucosa logo se manifesta. A isto se juntam as afecções dos órgãos vizinhos, quase sempre incuráveis. Uma delas (terrível) é a cirrose hepática, que se alastra progressivamente no fígado, onde as células vão morrendo por inatividade, até atingir completamente esse órgão, de funções tão importantes e delicadas no aparelho digestivo.
O que se vê nos hospitais durante a autópsia do cadáver de um alcoólatra crônico é algo horripilante. O panorama interno do cadáver pode ser comparado ao de uma cidade completamente destruída por um bombardeio atômico. Além das catástrofes provocadas no organismo físico, quantos males e acidentes desastrosos são ocasionados pela embriaguez! Os jornais, todos os dias, enchem as suas páginas com tristes casos de crimes e desatinos ocorridos com indivíduos e mesmo famílias inteiras, provocados por criaturas alcoolizadas.

A embriaguez é hábito que se observa difundido em todas as camadas sociais. Mudam-se os tipos de bebidas: das mais populares, ao alcance do trabalhor braçal, às mais sofisticadas, para os homens de "status". No entanto, o costume é o mesmo, os prejuízos, iguais. Em geral, a tendência para beber vem de uma perturbação da afetividade que pode ser originada na infância. Os problemas infantis gerados nos desequilíbrios familiares, pela falta de carinho dos pais ou por outros conflitos — são comumente as raízes desse estado íntimo propício ao alcoolismo.

O alcoolismo deve ser encarado, nos casos profundos, como uma doença orgânica, como o é, por exemplo, o diabetes. Deve ser evitado radicalmente, sob pena de se sofrer amargamente as suas consequências nos processos de recuperação em clínicas especializadas. Há indivíduos que buscam na bebida um estado de liberação das suas tensões recônditas, ou então o esquecimento momentâneo de suas mágoas ou aflições, o que denota uma necessidade de refletir corajosamente sobre essas causas, buscando novos rumos para o seu próprio esclarecimento.
A bebida só leva à autodestruição, e nada de construtivo oferece às suas vítimas. As alterações das faculdades intelectuais causadas pela embriaguez, principalmente da autocensura, que priva a criatura da razão, tem levado homens probos a cometer desatinos, crimes passionais e tragédias. Na embriaguez, o domínio sobre a nossa vontade é facilmente realizado pelas entidades tenebrosas, conduzindo-nos aos atos de brutalidade.

O viciado em álcool quase sempre tem a seu lado entidades inferiores que o induzem à bebida, nele exercendo grande domínio e dele usufruindo as mesmas sensações etílicas. Cria-se, desse modo, dupla dependência: uma por parte da bebida propriamente dita, com toda a carga psicológica que a motivou; outra por parte das entidades invisíveis que hipnoticamente exercem sua influência, conduzindo, por sugestão, o indivíduo à ingestão de álcool. O processo que se recomenda para a libertação da bebida é ter em mente, sempre que o desejo se apresentar, a idéia dolorosa das consequências funestas do álcool.
Nessas horas, devem ser reprimidos os impulsos com a lembrança de tudo aquilo de repugnante e desagradável que o álcool provoca. Em particular, os espíritas conhecem - e são fortalecidos com as idéias relativas às consequências espirituais, principalmente no sofrimento dos suicidas após o desencarne. O álcool reduz a resistência física, diminui o tempo de vida e, por isso, o seu praticante é considerado um suicida.

Nesses momentos de tentação à bebida, quando estamos imbuídos do desejo de libertação, o auxílio do Plano Espiritual vem a nosso favor, mas necessário se faz o apoio na nossa própria vontade para surtirem os efeitos esperados. É frequente a alegação, por parte dos viciados, de que a bebida para eles é necessária, e que a sua vontade nada pode conter. Quando alguém assim afirma, demonstra que não tem nenhuma vontade de deixar de beber, e nesses casos pouco se pode fazer. O importante, mesmo, é que primeiro seja despertada a vontade de largar o álcool e, a partir disso, seja assumido voluntariamente o propósito de não mais se deixar levar pela imaginação, pelas idéias induzidas às vezes obsessivamente, ou mesmo pelos convites de "amigos" que façam companhia nas bebericagens.

A sede, o sabor, a oportunidade social, as comemorações, a obrigatoriedade em aceitar um drinque oferecido por alguém visitado são as muitas desculpas que temos para ingerir as doses de álcool. Precisamos, porém, estar atentos para não cometer exageros, abusos, e não resvalar por esse hábito social, que pode terminar por nos condicionar a ele.

FAÇA SUA AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

1. Acha que a eventual ingestão de bebidas alcoólicas pode levá-lo ao vício?

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2. Sabe conter-se nas ocasiões sociais em que lhe são oferecidas bebidas alcoólicas?
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3. Sente necessidade incontrolável de tomar bebidas alcoólicas nas refeições ou quando tem sede?
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4. Sente-se mais extrovertido ou mais à vontade, em grupos de pessoas, quando toma alguma bebida alcoólica?
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5. No caso de todos à sua volta estarem bebendo, sente-se igualmente obrigado a fazê-lo? Por quê?
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6. Já se sentiu completamente embriagado?
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7. Já experimentou as consequências digestivas ou neurológicas que a bebida provoca?
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8. Sendo um inveterado na bebida, já sentiu vontade de libertar-se dela? Conseguiu algo?
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9. Tem dificuldades em não se deixar levar pelo desejo de tomar um drinque?
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10. As bebidas alcoólicas fazem algum bem à saúde?

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Ney P. Peres

sexta-feira, 8 de março de 2013

Estudo Aprofundado do Espiritismo-Livro I - Roteiro 3 - Módulo 2 " O Cristianismo"

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
3
Objetivos • Identificar a missão de João Batista como precursor de Jesus.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso.
E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse:
Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará
à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se
alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá
vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua
mãe. Lucas, 1:11-15
• Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu
alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus
é maior do que ele. Mateus,11:11
JOÃO BATISTA - O PRECURSOR
92
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. O nascimento de João Batista
O nascimento de João Batista foi revestido de um clima de expectativas e surpresas, uma vez que Isabel, sua mãe, encontrava-se numa idade em que, usualmente, as mulheres não engravidam.
Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; o nome dela era Isabel. E eram ambos justos perante Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos
do Senhor. E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade. E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma, segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do
Senhor para oferecer o incenso. E toda a multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso. Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso. E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse:
Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida
forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o
fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto. Disse, então, Zacarias ao anjo: Como saberei isso? Pois eu já sou velho, e minha mulher, avançada em idade. E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e
dar-te estas alegres novas. Todavia ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas aconteçam, porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo se hão de cumprir. E o povo estava esperando a Zacarias e maravilhava-se de que tanto se
demorasse no templo. E, saindo ele, não lhes podia falar; e entenderam que tivera alguma visão no templo. E falava por acenos e ficou mudo. E sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para sua casa. E, depois daqueles dias, Isabel, sua mulher, concebeu e, por cinco meses, se ocultou, dizendo: Assim me fez o Senhor, nos dias em que atentou em mim, para destruir o meu opróbrio entre os homens. (Lucas, 1:5-25)
Foi necessário que ocorresse a mudez de Zacarias, não como um castigo, mas para que se cumprisse as predições anunciadas pelo anjo. O povo deveria perceber que alguém especial iria nascer, um Espírito consagrado a Deus; um profeta enviado para anunciar a vinda do Messias, previsto nas escrituras e ardentemente aguardado pelos judeus.
E completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho. E os seus vizinhos e parentes ouviram que tinha Deus usado para com ela de grande misericórdia e alegraramse com ela. E aconteceu que, ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino e lhe chamavam
Zacarias, o nome de seu pai. E, respondendo sua mãe, disse: Não, porém será chamado João. E disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome. E perguntaram, por acenos, ao pai como queria que lhe chamassem. E, pedindo ele uma
tabuinha de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome é João. E todos se maravilharam. E logo a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; e falava, louvando a Deus. E veio temor sobre todos os seus vizinhos, e em todas as montanhas da Judéia foram divulgadas todas essas coisas. E todos os que as ouviam as conservavam em seu coração, dizendo: Quem será, pois, este menino? E a mão do Senhor estava com ele. (Lucas, 1:57-66)
João Batista desenvolvia-se plenamente, preparando-se para a sua missão.
O menino crescia e se robustecia em espírito, e esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel. (Lucas, 1:80)
As mãos de Deus, indiscutivelmente, pousavam sobre o seu lar. Depois... Ao seguir para o deserto, vestiu-se como o antigo profeta Elias: uma pele de camelo no corpo, em volta
dos rins um cinto de couro... Iniciara o ministério por volta do ano 15 do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos, governador da Judéia e Herodes Antipas tetrarca da Galiléia... 1
2. João Batista, o precursor
Apareceu João batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados. E toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
E João andava vestido de pêlos de camelo e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre, e pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia
das sandálias. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo. (Marcos, 1:4-8)
João Batista veio de uma linhagem sacerdotal, mas não seguiu o sacerdócio, pelo menos na forma como o seu pai praticava. Adotou um modo de vida simples, ascético, alimentando-se com frugalidade (de mel e gafanhotos) e vivendo, mais tempo, no deserto da Judéia. Foi um profeta.
Pregador rude, homem de viver austeríssimo, desprezou as comodidades da vida, a ponto de se alimentar com o que achava no deserto e de se vestir com a pele de animais. Assim,
impressionou fortemente o povo, que acorria a ouvi-lo e a pedir-lhe conselhos. Poderoso médium inspirado, foi o transmissor das mensagens do Alto, pelas quais se anunciava a chegada do Mestre e o começo dos trabalhos de regeneração da humanidade. A todos que queriam tornar-se dignos do reino dos céus, João aconselhava que fizessem penitência.
Qual seria essa penitência, primeiro passo a ser dado em direção ao reino de Deus? Não eram as longas orações, nem os donativos e esmolas; nem as peregrinações aos lugares santos; nem as construções de capelas; nem jejuns; nem votos; nem as promessas; não era a adoração de imagens nem a entronização delas. A penitência não consistia em formalidades exteriores, mas sim na reforma do caráter e na retificação dos atos errados que cada um tinha praticado. 4
Após o período passado no deserto, João Batista inicia a sua pregação.
Com zelo profético ele anuncia a vinda do reino dos céus.
Transcorridos alguns anos, vamos encontrar o Batista na sua gloriosa tarefa de preparação do caminho à verdade, precedendo o trabalho divino do amor, que o mundo conheceria em Jesus-Cristo. João, de fato, partiu primeiro, a fim de executar as operações iniciais para a grandiosa conquista. Esclarecendo com energia e deixando-se degolar em testemunho à Verdade, ele precedeu a lição da misericórdia e da bondade. O Mestre dos mestres quis colocar a figura franca e áspera do seu profeta no limiar de seus gloriosos ensinos e, por isso, encontramos em João Batista um dos mais belos de todos os símbolos imortais
do Cristianismo. [...] João era a verdade, e a verdade, na sua tarefa de aperfeiçoamento, dilacera e magoa, deixando-se levar aos sacrifícios extremos. 8
A pregação de João Batista, todavia, era contundente, desagradando a muitos, em conseqüência. Revelava um temperamento ardente, apaixonado.
Como a dor que precede as poderosas manifestações da luz no íntimo dos corações, ela recebe o bloco de mármore bruto e lhe trabalha as asperezas para que a obra do amor surja, em sua pureza divina. João Batista foi a voz clamante do deserto. Operário da primeira hora, é ele o símbolo rude da verdade que arranca as mais fortes raízes do mundo, para que o reino de Deus prevaleça nos corações. Exprimindo a austera disciplina que antecede a espontaneidade do amor, a luta para que se desfaçam as sombras do caminho, João é o primeiro sinal do cristão ativo, em guerra com as próprias imperfeições do seu mundo interior, a fim de estabelecer em si mesmo o santuário de sua realização com o Cristo. Foi por essa razão que dele disse Jesus: — “Dos nascidos de mulher, João Batista é o maior de todos». 8
A fama de João Batista chega, então até os sacerdotes judeus e aos levitas que resolvem interrogá-lo.
Quem és tu? E confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. E perguntaramlhe:
Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu:
Não. Disseram-lhe, pois: Quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram?
Que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus, e perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água, mas, no meio de vós, está um a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias. Essas
coisas aconteceram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.
No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele do qual eu disse: após mim vem um homem que foi antes de mim, porque já era primeiro do que eu. (João, 1:19-30)
Posteriormente, vamos ver que é o próprio Cristo quem testemunharia a respeito de João Batista, enaltecendo a sua missão: «Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista.» (Mateus, 11:11)
Enfim, João Batista arcaria com a responsabilidade de abrir para a Humanidade a era evangélica. Por isso é que Jesus diz que dos nascidos de mulher, nenhum foi maior do que João Batista; isto é, não se encarnou ainda nenhum espírito com missão maior do
que a de João Batista
. [...] Jesus, conquanto justifique o amor que o povo consagrava a João Batista, adverte-o de que no mundo espiritual existiam Espíritos ainda maiores, por serem mais evoluídos que João Batista. 5
O Espiritismo aceita a idéia de ser João Batista a reencarnação do profeta Elias. Há muitas semelhanças na personalidade de ambos, indicativas de que se tratava do mesmo Espírito. O próprio Jesus afirma, segundo as anotações de Mateus: «Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça»
(Mateus, 11:13-15) Em um outro momento, após o fenômeno da transfiguração, os apóstolos Pedro, Tiago e João, ao descerem do monte, são orientados por Jesus a guardarem silêncio sobre o que presenciaram (transfiguração).
E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão até que o Filho do Homem seja ressuscitado dos mortos. E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem, então, os escribas que é mister que Elias venha primeiro?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então, entenderam os
discípulos que lhes falara de João Batista. (Mateus, 17:9-13)
As pregações de João Batista, a despeito de agradarem o povo, eram criticadas pelos sacerdotes e familiares do rei Herodes.
A mensagem de João Batista caiu em Israel como fogo na palha. [...] As multidões que
o ouviam incluíam publicanos e prostitutas. [...] O Judaísmo nunca se deparara com nada exatamente igual a isso, [...]. 2
João Batista desagradava os sacerdotes porque introduziu modificações nas práticas religiosas do Judaísmo. Em primeiro lugar estabelece, no batismo pela água, uma forma de renascimento ou metáfora da redenção espiritual.
Segundo as suas orientações, a pessoa nascia judeu, mas para se redimir deveria passar por um processo simbólico de renascimento. «O rito de João era tão singular que foi nomeado segundo ele (“Batista”), e Jesus claramente o vê como dado a João por Deus mediante revelação.» 2
Outro ponto, provocador de sérias controvérsias religiosas entre o clero judaico, foi o fato de João não fazer caso do templo judaico e dos seus ritos; talvez a rejeição dos sacerdotes a João tenha relação primordial com a onda generalizada de repulsa à corrupção do templo e dos seus sacerdotes no século I d.C., e que foi asperamente criticada pelo precursor. 2
A família real também detestava João Batista porque dele recebia, em público, constantes críticas a respeito do modo indecoroso em que viviam.
Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante delee agradou a Herodes, pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que pedisse. E ela, instruída previamente por sua mãe, disse: Dá-me aqui num prato a cabeça de João
Batista. E o rei afligiu-se, mas, por causa do juramento e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse. E mandou degolar João no cárcere, e a sua cabeça foi trazida num prato e dada à jovem, e ela a levou a sua mãe. E chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram, e foram anunciá-lo a Jesus. (Mateus, 14:6-12)
O nascimento e vida de João Batista teve uma única finalidade, segundo o Espiritismo: anunciar a vinda do Cristo, daí ser ele chamado – com justiça – o precursor.
João Batista é o símbolo do cristão que se sacrifica pela Verdade. Todavia João Batista não sofreu unicamente pela Verdade que pregava. Em virtude da lei de causa e efeito, sabemos que não há efeito sem causa. Por conseguinte, para que João Batista sofresse a pena de decapitação é porque ainda tinha dívidas de encarnações anteriores a pagar. Apesar do alto grau de espiritualidade que tinha alcançado, João teve de passar pela mesma pena que
infligira aos outros. De fato, se João Batista era Elias, poderemos ver nessa decapitação o saldo da dívida que tinha contraído quando, como Elias, mandou decapitar os sacerdotes de Baal. É Justiça Divina que se cumpre, nada deixando sem pagamento. 7
Após João Batista, o povo judeu não teve outro profeta. Foi o último de uma linhagem que se preparou para trazer ao mundo a mensagem de Jesus.
João é o último profeta enviado pelo Senhor para ensinar os homens a viverem de acordo com os mandamentos divinos. De agora em diante Jesus legará o Evangelho ao mundo, como um roteiro seguro que o conduzirá a Deus. E hoje temos o Espiritismo, um profeta que está em toda parte, falando ao coração e à inteligência de todas as criaturas: aos humildes e aos letrados, aos pobres e aos ricos, aos sãos e aos doentes, espalhando ensinamentos espirituais de fácil compreensão. 6
Referências
FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues.
4. ed. Salvador [BA]: LEAL, 1987, p. 20-21 (Respingos históricos).
2. DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Vol. 1: As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzer e Michael D. Coogan. Tradução de Maria Luiza X. de A.
Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002, p. 161.
3. GODOY, Paulo Alves. O evangelho por dentro. 2. ed. São Paulo: FEESP,
1992, p. 133 (João Batista - o precursor de Jesus-Cristo).
4. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Editora
Pensamento - Cultrix, 2003. Cap. 3, p. 17.
5. ______. Cap. 11, p. 104.
6. ______. p. 104-105.
7. ______. Cap. 14, p. 142-143.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos.
33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 2 (Jesus e o precursor), p. 24.

quinta-feira, 7 de março de 2013

III - O QUE SE PODE TRANSFORMAR INTIMAMENTE- Vícios

01 - OS VÍCIOS
"Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical?- Já o dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele se deriva todo o mal Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles, não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quiser se aproximar da perfeição moral, deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades. " (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capitulo XII. Perfeição Moral. Pergunta 913.)

Vamos ao encontro de alguns dos condicionamentos e dependências os seres humanos apresentam mais comumente. Certamente o conhecimento desses vícios nos colocará em confronto com eles e nos dará ensejo a uma aferição de como estamos situados os homens em geral. Ninguém, na nossa sociedade, é criticado, ou rejeitado, pelo fato de fumar, beber, jogar, comer bem ou ter suas aventuras sexuais. Tudo isso já foi até mesmo consagrado como natural e, portanto, aceito amplamente como "costumes da época".
Estamos alheios aos perigos e às consequências que os citados hábitos nos acarretam. Além disso, os meios de comunicação estão abertos, sem restrições, à propaganda envolvente e maciça que induz a humanidade ao fumo, ao álcool, ao jogo, à gula e ao sexo. É inacreditável como a sociedade parece se deixar mansamente conduzir, sem a menor reação coletiva, a tão perniciosos incentivos, difundidos por todos os meios.

Em alguns países já há restrições à propaganda de bebidas alcoólicas e de marcas de cigarros, o que representa alguma reação a esses produtos de consumo. No entanto, são igualmente produtos de consumo as revistas e os filmes que exploram o uso indiscriminado das funções sexuais e estimulam o erotismo, produtos esses que se constituem em agentes contaminadores do comportamento moral do homem, que nos induzem ao viciamento das idéias pelo desejo de satisfações ilusórias, fragmentando a resistência ao prazer inconsistente e enfraquecendo os laços das uniões conjugais bem formadas.

Os chamados "hotéis de alta rotatividade" multiplicam-se nos arredores das capitais brasileiras, comprovando a crescente onda da "liberdade sexual", resultado da enganosa suposição de que todas as nossas insatisfações possam ser solucionadas apenas por atos sexuais. Deixamos de abordar aqui o problema dos tóxicos, que são disseminados principalmente entre os jovens, levando-os às mais trágicas e dolorosas experiências, enquanto enriquecem as secretas organizações que manipulam o submundo dos traficantes. Explorados são os moços, precisamente no que diz respeito aos seus desajustes e carências, iludidos por aqueles aproveitadores que os enganam, oferecendo soluções fáceis, acorrentando-os em processos difíceis de recuperação.

Outro entorpecente e agente enganoso do homem é o jogo. O que se tem arrecadado das loterias demonstra o nível de preocupação do nosso trabalhador, que busca fora de si a sorte e o enriquecimento rápido. Ficam a imaginar em detalhes o que seria feito com o dinheiro ganho, centralizando nele a razão principal do que se pode pretender na vida. Mais sonhos e quimeras que apenas alimentam as consciências inadvertidas, desconhecedoras de que as dificuldades existem para desenvolver as potencialidades do nosso espírito, a capacidade de lutar e vencer com esforço próprio. Raramente encontramos campanhas ou propagandas esclarecedoras dos malefícios do fumo, do álcool, do jogo, da gula, dos abusos do sexo e dos prejuízos do tóxico.

Condicionada como está a tantos vícios, de que modo entrará a humanidade na nova fase do progresso moral preceituada por Kardec?
É impraticável conciliar aquele ensinamento com a enorme propagação dos vícios, que envolve cada vez mais as criaturas de todas as idades, incentivando os prazeres individuais sem qualquer senso de responsabilidade e nenhuma preocupação com suas consequências. Parece-nos sensato que deveríamos esperar exatamente o contrário, isto é, a crescente valorização dos homens pelos exemplos no bem e nas atitudes nobres, compatíveis com um clima de respeito ao próximo, de solidariedade humana, de zelo ao patrimônio orgânico e ao manancial de energias procriadoras que detemos.

Numa análise realista, para mudar os rumos da humanidade nesses dias em que pouco se entende da natureza espiritual do homem e da sua destinação além-túmulo, é de se esperar grandes transformações. Mas de que forma? Será que esse desejado progresso moral cairá dos céus sem qualquer esforço nosso? É evidente que será edificado pelos homens de boa vontade, pelos trabalhadores das últimas horas, pelos poucos escolhidos dos que possam restar dos muitos já chamados, pelos Aprendizes do Evangelho que resistirem ao mal e souberem enfrentar não mais as feras e as fogueiras dos circos romanos, porém as feras dos próprios instintos animais e o fogo da agressividade que precisamos atenuar, controlar e transformar.

E para superarmos os defeitos mais enraizados no nosso espírito precisamos fortalecer a nossa vontade, iniciando com a luta por eliminar os vícios mais comuns. Ninguém conseguirá vencer essa batalha se não estiver se preparando para enfrentá-la. Essa condição, no entanto, não se consegue sem trabalho, sem testemunho da vontade aplicada. É, sem dúvida, conquista individual que se pode progressivamente cultivar.

A - A IMAGINAÇÃO NOS VÍCIOS

A criatividade representa, no ser inteligente, um dos seus mais importantes atributos. Pela imaginação penetramos nos mais insondáveis terrenos das idéias. Dirigimos vôos ao infinito, descobrimos os véus no mundo da física, da Química, da Anatomia, da Fisiologia, fazemos evoluir as Ciências, criamos as invenções, desenvolvemos as artes e constatamos o espírito. Essa imaginação, por outro lado, tem sido mal conduzida pelo homem, tanto de modo consciente quanto por desejos inconscientes, levando-o a muitos dissabores, contrariedades, sofrimentos e outras consequências graves.

A capacidade mental do homem está condicionada ao alcance da sua imaginação e ao uso que dela faz no seu mundo íntimo. A faculdade de pensar apresenta uma característica dinâmica, que nos proporciona, pelas experiências acumuladas, a percepção sempre mais ampla da nossa realidade interior e do mundo que nos cerca, num crescente evoluir. Desse modo, as nossas experiências, em todas as áreas, servem de referência para novas e constantes mudanças. Nunca regredimos. Quando muito, momentaneamente estacionamos em alguns aspectos particulares, mas nos demais campos de aprendizagem realizamos avanços. É como num ziguezague mais ou menos tortuoso que vamos caminhando na nossa trajetória evolutiva, porém sempre na direção do tempo, que jamais se altera no sentido do seu avanço.

O homem, pela sua imaginação, cria as suas carências, envolve-se nos prazeres, absorve-se nas sensações e perde-se pelos torvelinhos do interesse pessoal. Cristaliza-se, por tempos, nos vícios que a sua própria inteligência criou, necessidades da sua condição inferior, que ainda se compraz nos instintos, reflexos da animalidade atuante em todos nós encarnados. O ser pensante sabe os males que lhe causam o fumo, o álcool, o jogo, a gula, os abusos do sexo, os entorpecentes, embora proporcionem instantes de fictício prazer e preenchimento daquelas necessidades que a sua mente plasmou.

Tornam-se, então, hábitos repetitivos, condicionamentos que comodamente aceitamos muitas vezes sem quaisquer reações contrárias. Quem conseguiria justificar com razões evidentes as necessidades de fumar, de beber, de jogar, de comer demasiado, e da prática livre do sexo? O organismo humano se adapta às cargas dos tóxicos ingeridos e o psiquismo fixa-se nas sensações. Na falta delas, o próprio organismo passa a exigir, em forma de dependências, as doses tóxicas ou as cargas emocionais às quais se habituara, e a criatura não consegue mais libertar-se; fica viciada. Sente-se, então, incapaz de agir e prossegue sem esforço, contaminando o corpo e a alma, escravizando-se inapelavelmente aos horrores do desequilíbrio e da enfermidade.

Transfere da vida presente para a subsequente certos reflexos ou impregnações magnéticas que o perispírito guarda pelas imantações recebidas do próprio corpo físico e do campo mental que lhe são peculiares. As predisposições e as tendências se transportam, de alguma forma, para a nova experiência corpórea e, nessas oportunidades de libertação que nos são oferecidas, muitas vezes sucumbimos aos mesmos vícios do passado distante. Admitimos, à luz do Espiritismo, um componente reencarnatório nos vícios, o que de certa forma esclarece os casos crônicos e patológicos provocados pelo fumo, álcool, gula, jogo e pelas aberrações sexuais. Raramente estamos sozinhos nos vícios. Contamos também com as companhias daqueles que se servem dos mesmos males, tanto encarnados como desencarnados, em maior ou menor intensidade de sintonia, funcionando como fator de indução à prática dos vícios que ambos usufruem.
Muitas vezes podemos querer deixar tal ou qual vício, mas aquelas companhias nos sugestionam, persuadem e induzem. Como "amigos" do nosso convívio, apelam diretamente, convencendo-nos e arrastando-nos. Como entidades espirituais, agem hipnoticamente no campo da imaginação, transmitindo as ondas magnéticas envolventes das sensações e desejos que juntos alimentamos. Desse modo, ao iniciar o trabalho de extirpar os vícios, podemos estar dentro de um processo em que os três componentes abordados se verifiquem, ou seja: a própria imaginação e o organismo condicionados, a tendência reencarnatória e a persuasão das companhias visíveis e invisíveis.

B - A TENTAÇÃO NOS VÍCIOS

A somatória dos três componentes citados apresenta-se ao nosso intimo sob a forma de tentações. Interpretamos as tentações como sendo as manifestações de desejos veementes, de impulsos incontidos, a busca desesperada de prazeres ou necessidades que sabemos serem prejudiciais, mas que não estamos suficientemente fortes para conter. As tentações podem surgir em algumas circunstâncias como pela primeira vez, e podem repetir-se por muitas vezes, naqueles estados de ansiedade em que somos irresistivelmente impulsionados a cometer engimos para satisfazer desejos. As primeiras tentações estão, quase sempre, mescladas com a curiosidade, com o desejo de experimentar o desconhecido. Nesses casos, a influência dos já experimentados é, na maioria das vezes, o meio desencadeante dos vícios.
Alguém nos leva a praticá-los pela primeira vez quando assim cedemos às primeiras tentações. Esse procedimento é comum nos fumantes, nos alcoólatras, nos jogadores de azar, nos drogados, nos masturbadores. É a imitação que dá origem ao hábito, costume ou vício. Devemos considerar que todos nós somos tentados aos vícios e a muitos outros comprometimentos morais. Podemos ceder às tentações, mas a partir dos primeiros resultados colhidos nas experiências praticadas podemos nos firmar no propósito de não repeti-las e de não chegarmos à condição de viciados. Há também incontáveis ocasiões em que as tentações nem chegam a nos provocar, porque simplesmente não encontram eco dentro de nós. Isto é, já atingimos um nível de amadurecimento ou de consciência em que já não nos sintonizamos mais com aquelas categorias de envolvimentos ou de atrações. Não sentimos necessidade de experimentar o que possam nos sugerir; já nos libertamos, de alguma forma.

C - QUAL O NOSSO OBJETIVO?

Indiscutivelmente, todos nós colhemos, no sofrimento, os frutos amargos dos vícios, cedo ou tarde. Aí, na maioria, as criaturas despertam e começam a luta pela sua própria libertação. Não precisamos, porém, chegar às últimas consequências dos vícios para iniciar o trabalho de auto-descondicionamento. Podemos ganhar um tempo precioso e deliberadamente propormo-nos o esforço de extirpá-los de nós mesmos. É uma questão de ponderar com inteligência e colocar a imaginação a serviço da construção de nós mesmos. Esse é o nosso objetivo: compreender razoavelmente as características dos vícios e buscar os meios para eliminá-los.

Perguntamos: O que o amigo leitor acha que é fundamental em qualquer processo de conquista individual? É o querer? É a vontade posta em prática?É a ação concretizando o ideal?

Primeiro, perguntemos a nós mesmos se queremos deixar mesmo de fumar, de beber, de jogar, e se desejamos controlar a gula, o sexo.

E por quê? Temos razões para isso? O que nos motiva a iniciar esse combate? Será apenas para sermos bonzinhos? Ou teremos razões mais profundas? É claro que sabemos as respostas. O que ainda nos impede de assumirmos novas posições é o apego às coisas materiais, aos interesses pessoais, que visam a satisfazer os nossos sentidos físicos, digamos periféricos, ainda grosseiros e animais, indicativos de imperfeições. É uma questão de opção pessoal, livre e disposta a mudanças. A vontade própria poderá ser desenvolvida, até com pouco esforço; não será esse o problema para a nossa escolha. A questão é decidir e comprometer-se consigo mesmo a ir em frente.

Comecemos, então, por eliminar os vícios mais comuns, aqueles já citados, de conhecimento amplo e de uso social, que apresentaremos detalhadamente nos capítulos seguintes. Coloquemo-nos em posição de renunciar aos enganosos prazeres que os mesmos possam estar nos oferecendo e lutemos! Lutemos com todo o nosso empenho e não voltemos atrás!

D - FAÇA SUA AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

1. Sente-se irresistivelmente condicionado a algum vício?
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2. Sofre as consequências maléficas que os mesmos provocam?
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3. Já tentou libertar-se voluntariamente de algum desses vícios?
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4. Analise como começou neles e conclua:

— Por livre desejo?
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- Por sugestão de alguém?
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5. Quando tentado a experimentar algum dos vícios sociais, cede facilmente?
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6 -. Percebe, por vezes, a sua imaginação articulando sensações que o satisfazem ao alimentá-las?
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7 - Já pensou que esse tipo de imaginação nos predispõe a cometê-las?
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8 - Tem dificuldades em afastar da mente os devaneios e os pensamentos ligados a prazeres íntimos?
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9 - Já chegou a compreender a necessidade de eliminar os vícios?
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10 - Acha que poderá com o próprio esforço deles se libertar?

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Ney P. Peres