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sábado, 22 de maio de 2021

A FÉ SEGUNDO O NÍVEL EVOLUTIVO DE CADA UM. [...]As crianças (físicas na idade temporal ou intelectuais pela infância do "espírito"), interpretam fé como acreditar. [...]Os que vivem mais no plano astral (emocional) acham que a fé é um "sentimento", uma emoção, que se acende ou apaga, [...] Os intelectualizados que baseiam tudo no raciocínio horizontal e na pesquisa. preferem, como sinônimo de fé, a palavra convicção, certeza confiança.[...] Outros preferem considerar a fé: como demonstração de fidelidade[...]

                       A FÉ

Mat. 17-19-21
19. Então chegando-se os discípulos a Jesus em particular, perguntaram: "Por que não pudemos nós expulsá-lo"?
20. Jesus respondeu-lhes: "Por vossa falta de fé, pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para lá, e ele passará; e nada vos será impossível" .
21. Mas esse tipo não sai senão com oração e jejum".

Marc. 9:28-29
28. E tendo entrado ele em casa, perguntaramlhe seus discípulos particularmente: "Porque não pudemos nós expulsá-lo"?
29. Respondeu-lhes: "Esta espécie só pode sair pela oração e jejum".

Marcos tem o cuidado de avisar-nos que os discípulos se dirigiram ao Mestre "depois que estavam em casa", fato que Mateus assinala apenas com a expressão "em particular".

A pergunta revela ansiedade: "por que não pudemos expulsá-lo"?
E a resposta esclarece para todos: "por falta de fé".

Já havia sido dito que TUDO é possível ao que crê. E agora mais uma lição nos chega, com palavras "e comparações repetidas das lições rabínicas, onde era frequente a expressão "pequeno como grão de mostarda"; e também, para significar algo muito difícil, dizia se "como transportar montanhas". A uni-ão dos dois termos, porém, é particularidade do Evangelho.

O último versículo de Marcos (29) dá uma pequena desculpa aos discípulos: esse tipo (de espíritos) só pode sair pela oração e pelo jejum". Nem todos os códices têm "pelo jejum" (aleph, B, K ) , que é suprimido por Nestle, Swete, Lagrange, Huby e Pirot; Merck o coloca entre chaves; mas é mantido por von Soden, Vogels e Prat. Realmente, os rabinos ensinavam que "quem quer que ore sem ser atendido, ponha-se a jejuar" (cfr. Strack e Eillerbeck, o. c. , vol. 1, pág" 760). Esse versículo parece ter sido transportado para constituir o vers. 21 de Mateus, que falta em aleph, B, theta, em três minúsculos e em todas as versões copta, etiópica, siríaca hierosolymitana, e no mss. "k" da vetus latina, e na Vulgata.

Vem agora a lição sobre a fé. Preciosa e esclarecedora, incisiva e categórica. De fato, uma LIÇÃO.
O intelecto, na meditação em contato com o Eu verdadeiro ou com a individualidade ("em casa"),indaga das razões por que não conseguiu o domínio das emoções. E a resposta é taxativa: falta de fé.

A dúvida é o pior veneno para a criatura. Tiago (1:6-8) entendeu a lição do Mestre: "Peça-se com fé, sem hesitar, pois aquele que hesita é como a onda do mar impelida e agitada pelo vento; esse homem nada recebe do Senhor pois é homem de dupla alma, instável em todos os seus caminhos".(grifo nosso)

Que significa, afinal, pístis, a FÉ?
A definição vai depender do nível evolutivo em que cada um se encontre, para compreender o sentido da palavra. 

Vejamos:

1. As crianças (físicas na idade temporal ou intelectuais pela infância do "espírito"), interpretam fé como acreditar. Se acredito no que alguém me diz, sem pedir provas, demonstro fé na pessoa. Essa fé recebe geralmente o designativo de "fé do carvoeiro", ou do homem "crente" que, por não saber nada, acredita em tudo o que lhe dizem, sem capacidade para raciocinar por si: é a fé do simplório e do ignorante, exaltada em certos círculos humanos como virtude máxima, e até como condição essencial e única para a criatura "salvar-se".

2. Os que vivem mais no plano astral (emocional) acham que a fé é um "sentimento", uma emoção, que se acende ou apaga, aumenta e diminui, segundo o estado emocional da criatura. É a fé que se conquista diante de um ato de generosidade ou se perde, num segundo, diante de uma desilusão; mais baseada nos outros, com suas qualidades e defeitos, do que em si mesmos, em seu próprio conhecimento da verdade. É a fé que vibra altaneira e provoca, às vezes, gestos heróicos e repentinos, mas que também pode levar a extremos opostos de aridez e até de ateísmo absoluto, de materialidade total.

3. Os intelectualizados que baseiam tudo no raciocínio horizontal e na pesquisa. preferem, como sinônimo de fé, a palavra convicção, certeza confiança. Representa, então, uma virtude intelectual, um fruto da experiência, e não mais uma emoção. Supõe o conhecimento profundo do assunto: a certeza científica baseada nesse conhecimento é a fé. É a segurança do químico que, ao fazer as combinações de ácidos com bases, tem a certeza de que obterá um sal: fé absoluta, fé raciocinada e experimentada, com fundamento em fatos vividos e verificados sob controle.

4. Outros preferem considerar a fé: como demonstração de fidelidade (por exemplo, o Prof. Huberto Rohden, de quem recebemos uma carta a esse respeito). Esses, já vivendo acima do intelecto, sintonizados com a "razão" (ou individualidade), compreendem que a faculdade essencial à criatura é a fidelidade aos princípios. Uma vez conhecido o caminho e encontrado o Mestre, não haverá mais esmorecimentos nem desvios, não se permanecerá mais no saber, nem no dizer, nem mesmo no fazer, mas se exigirá de si mesmo o máximo, o SER, o SER TOTAL, INTEGRAL, ser igual ao Mestre, numa completa e total FIDELIDADE DE REPRODUÇÃO, como a cópia de carbono com o original, como a estátua de gesso com o molde de barro, como a imagem no espelho com quem se mira. Essa a interpretação que demos à quarta bem-aventurança (veja vol. 2): felizes os que buscam o ajustamento, a justeza, do modelado com o modelo, do cristão com o Cristo.

A qualquer dessas interpretações, podemos aplicar, cada um em seu grau, a lição ministrada: a fé, ainda que do tamanho de um grão de mostarda, ou seja, embora ainda esteja no início do desenvolvimento, nos primeiros passos da caminhada, já será suficiente para obter-se extraordinário efeito.

Lógico que o efeito corresponderá, em grandeza, ao adiantamento do nível evolutivo de quem a possuie a vive. Mas, não é mister diplomar-se como professor de matemática superior, para realizar as quatro operações. Desde que a faculdade exista, desde que a causa aja, o efeito é produzido. Para fazer luz numa lâmpada, não há necessidade de movimentar-se uma usina elétrica e nem mesmo de possante gerador: até uma pilha acende uma lâmpada de 6 volts, mas a luz é feita; é fraca, mas é luz.

Assim, a "montanha" poderá ser transportada de cá para lá. Seja uma montanha de dificuldades, ou de terra, ou de defeitos, ou de fluidos ou de correntes do astral, ou quaisquer outras.

A expressão "montanha" exprime, simplesmente, algo de grande, de imenso, de "impossível" de abraçar-se com os curtos braços humanos. Não há montanha que resista a quem tem fé: "nada é impossível ao que crê".

Quem meditar profundamente nessa frase, encontrará a força de vencer quaisquer obstáculos, quer interprete a fé como "crença", ou como "sentimento", ou como "convicção" ou como "fidelidade" a nosso-modelo, o CRISTO.

No entanto, há coisas que a fé opera apenas por meio da ORAÇÃO. Não é da "reza" repetida mecanicamente em novenas e trezenas, mas a oração da união total com o Cristo Interno, a meditação e o mergulho em que a criatura consegue "ajustar-se" totalmente ao Criador, em que a onda sonora sintoniza perfeitamente com a emissora, em que o cristão se CRISTIFICA (2.º Cor. 1:21).

A palavra "jejum" que aparece em alguns códices e é rejeitada por numerosos hermeneutas, tem sua razão de ser nesta interpretação, pois com ela não se entende o jejum da comida física, mas o jejum "da materialidade".

 Explicamo-nos: aquele que se desprende da matéria e vive unido do Espírito, ou seja, "que vive na matéria sem ser da matéria, ou que vive no mundo sem ser do mundo" (Huberto
Rohden), esse é o que "jejua". 

Com efeito, mesmo estando diante das iguarias tentadoras do mundo e de suas paixões, ele permanece sem nelas tocar, em oração (unido ao CRISTO) e em jejum (desligado da matéria). Então, está realmente ESPIRITUALIZADO, ou, melhor ainda, CRISTIFICADO. Esse é o que possui o poder máximo no domínio espiritual da Terra, com largas e profundas repercussões mesmo no domínio material, sem necessidade de buscar nem treinar "poderes", com exercícios exóticos.

Livro : Sabedoria do Evangelho Volume 4
Autor: Carlos Pastorino

domingo, 19 de maio de 2019

O Deserto

[...]O deserto, facultando a solidão, o silêncio, induz o Espírito à reflexão, especialmente se buscado para essa finalidade.
Hodiernamente, o deserto pode ser considerado como a viagem de interiorização, na busca da realidade que se é.
A mente, auto-analisando-se, percebe quais as necessidades verdadeiras e aquelas secundárias que são distrações, mediante a busca do poder e do prazer, facultando-se eleger as melhores diretrizes para conseguir a superação do sofrimento, o encontro com Deus, que no mundo agitado faz-se quase impossível de o conseguir.
Nessa região inexplorada e desértica da alma, o Espírito refrigera-se na esperança, renovando a coragem para enfrentar as refregas do cotidiano, sem os atropelos injustificáveis nem os recuos proporcionados pelo desânimo.[...]O deserto faz parte da existência humana. Não são poucos os indivíduos que nele se precipitam, infelizmente, nas regiões inóspitas do sentimento, vazias de realidade, abandonadas pelas aspirações superiores da vida. É o abismo da alma, ao qual se atiram aqueles que perdem os objetivos imediatistas, que desfalecem nos combates por falta de confiança em novas batalhas, que se entregam ao medo, à frustração ou se deixam consumir pela revolta, pelo ódio, pelo ressentimento ...

Em face da balbúrdia que estruge voluptuosa em toda parte, o ser humano movimenta-se aturdido, sem rumo.
A sensibilidade emocional aguçada, em decorrência da ansiedade como da frustração, torna-o insatisfeito, atormentado, paranóide com tendência esquizóide que o vergasta, infelicitando-o.
Os apelos incessantes para as extravagâncias e os apetites sexuais desorganizam-no interiormente, fazendo-o sentir-se incompleto, mesmo quando tudo, aparentemente, se encontra com aspecto compensador.
Ocorre que o Espírito é o ser fundamental e não o corpo, ao qual se imanta pela necessidade de evolução, permanecendo escravo, quando jovem, pelo que gostaria de fruir e quando idoso, lamentando o que não desfrutou.
Essa dificuldade de entender o objetivo real da vida proporciona-lhe um comportamento paradoxal, pois que, podendo conquistar a liberdade, demora-se na escravidão espontânea, vivenciar a felicidade, fixa-se nos tormentos, conseguir o bem-estar pleno, detém-se na insegurança do que já dispõe.
Cada um vive exteriormente as paisagens íntimas que cultiva.
Apegando-se aos valores relativos do mundo, alegra-se e aflige-se, conquista e perde, demorando-se em vicissitudes desnorteantes.
A cada momento faz-se-lhe mais urgente a introspecção, a análise cuidadosa das aspirações, bem como dos projetos de vida.
No passado e ainda em alguns lugares no presente, homens e mulheres necessitados de paz têm buscado o silêncio em monastérios de reclusão, em eremitérios especiais, nos montes isolados, nos desertos ...
A fim de refundir o ânimo e a capacidade do povo judeu, longamente escravizado pelos egípcios, nele despertando sentimentos novos, Moisés levou-o ao deserto por quarenta anos, a fim de que tivesse tempo de avaliar a própria situação. Embora os rudes embates experimentados, criou uma cultura rígida e fiel aos postulados abraçados, que vem atravessando os milênios, sem perda do objetivo anelado.
O príncipe Sidartha Gautama, anelando pela paz, após haver experimentado o poder, a dissolução e o ócio, procurou técnicas de recolhimento sem o conseguir, até que, no deserto, adquiriu a iluminação.
Jesus, ensinando esquecimento de si mesmo, ante a imperiosa necessidade de prosseguir Uno com Deus, buscou o deserto onde jejuou por quarenta dias e quarenta noites.
Saulo de Tarso, após o encontro revolucionário com Jesus, foi para o deserto a fim de meditar, amadurecendo os conceitos novos que lhe chegaram, de modo que não lhe diminuísse o ânimo nem o devotamento, quando se resolveu por dedicar-se ao ministério de iluminação.
O deserto, facultando a solidão, o silêncio, induz o Espírito à reflexão, especialmente se buscado para essa finalidade.
Hodiernamente, o deserto pode ser considerado como a viagem de interiorização, na busca da realidade que se é.
A mente, auto-analisando-se, percebe quais as necessidades verdadeiras e aquelas secundárias que são distrações, mediante a busca do poder e do prazer, facultando-se eleger as melhores diretrizes para conseguir a superação do sofrimento, o encontro com Deus, que no mundo agitado faz-se quase impossível de o conseguir.
Nessa região inexplorada e desértica da alma, o Espírito refrigera-se na esperança, renovando a coragem para enfrentar as refregas do cotidiano, sem os atropelos injustificáveis nem os recuos proporcionados pelo desânimo.
O grande silêncio, ao qual não está acostumado invade-o, dando-lhe uma sensação de segurança e de paz, enquanto a mente desperta para o exame de si mesma, diluindo os vapores tóxicos do imediatismo, pensando no futuro irisado de bênçãos.
Ali não há lugar para conflitos, logo passam os primeiros períodos de recolhimento, quando então as ambições acalmam-se, e no seu lugar permanecem o equilíbrio e a alegria.
Em face da transitoriedade de tudo quanto é terreno, diante do permanente onde a vida se desenvolve, as questões fundamentais assomam e passam a direcionar a razão e a emoção, propiciando bem-estar, fortalecimento e harmonia. 

Mesmo no convívio com as demais pessoas que se encontram em turbulência, as conquistas hauridas no deserto mais se fortalecem, estimulando ao prosseguimento das afirmações internas que agora brotam em exuberância.
A paz irradia-se do coração, e a mente encontra-se aberta às propostas do amor e da caridade, como até antes ainda não havia ocorrido.
Sem a aprendizagem na quietação da alma, nessa noite escura que o silêncio clareia de luzes formosas, o amor como a caridade são apressados, assinalados pelos interesses do ego, facilmente alteráveis, conforme o humor de cada momento. A saturação, o vazio existencial, o cansaço, assomam com freqüência porque a ação é feita de entusiasmo sem reflexão e de audácia sem sabedoria.
Conta-se que São Bernardo, certo dia, sentindo-se agitado, diante dos muitos afazeres, enquanto transitava de um para outro lado, deteve-se e refletiu: Bernardo, para onde estás correndo, se somente um destino é o correto - Jesus?! De imediato, asserenou-se, passando a resolver todas as questões em clima de alegria e de bom humor, sem pressa nem tormento.
Quando se está afadigado na busca de diferentes objetivos, superficiais uns e desnecessários outros, a vida transcorre agitada, o tempo-sem-tempo faz-se um tormento, retirando os benefícios da luta.
Por isso, torna-se necessária a ida ao deserto, a fim de conseguir-se os tesouros que proporcionam soluções adequadas e respostas próprias a todas as questões afligentes da existência.
É natural que o ser humano procure viver de maneira compatível com a época e as circunstâncias sociais em que se encontra. Todavia, é-lhe um desafio a eleição de conduta em torno da sua realidade espiritual, que não deve ser ignorada ou, quando identificada, não ser postergada .
O deserto faz parte da existência humana.
Não são poucos os indivíduos que nele se precipitam, infelizmente, nas regiões inóspitas do sentimento, vazias de realidade, abandonadas pelas aspirações superiores da vida. É o abismo da alma, ao qual se atiram aqueles que perdem os objetivos imediatistas, que desfalecem nos combates por falta de confiança em novas batalhas, que se entregam ao medo, à frustração ou se deixam consumir pela revolta, pelo ódio, pelo ressentimento ...
Nessa área de difícil saída estorcegam aqueles que se descuidaram de si mesmos e rumaram pelos caminhos sem saída apresentados pela ilusão.
Quando buscado conscientemente, para meditar, orar, descobrir-se, o deserto refloresce em uma primavera intérmina sob os cuidados de Jesus.
Joanna de Ângelis

Fonte: Site : A Casa do Espiritismo

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A QUESTÃO DO JEJUM


O significado geral da palavra jejum é abstinência, ausência do elemento que entra em nós, ou do elemento que deveria viver conosco.

Há o jejum do alimento, da água, da roupa, e até daqueles que conviviam conosco, mas de nós se ausentaram por qualquer motivo, ou deles nos ausentamos. Nos tempos farisaicos, o jejum era um dos preceitos máximos da Lei. Os fariseus e escribas usavam muito do jejum. Em geral, os judeus eram jejuadores. Julgavam que a religião consistia em não comer e não beber, ou em não comer e não beber isto ou aquilo. A religião daquela gente consistia em comida e bebida e não na prática da caridade, no amor a Deus.

João Batista, homem de autoridade singular, obedecia o preceito judaico do jejum, mas pregava o batismo do arrependimento das faltas. Queria certamente mostrar aos judeus que, submetendo-se aos preceitos judaicos, não era um herege; portanto sua palavra deveria ter autoridade e ser recebida com amor, com boa vontade, e ser executada tal como era ordenada.
Os discípulos de João forçosamente haviam de seguir as pegadas do seu Mestre. Demais, João Batista e seus discípulos não traziam missão alguma religiosa. Seu único escopo, ou, por outra, a exclusiva tarefa que lhe fora confiada, resumia-se em aparelhar o caminho para Jesus passar, em apresentar o Messias ao público, mostrar às gentes o "Cordeiro de Deus", o Agnus Dei, como dizia ele "qui tolle pecoata mundi". As relações de João com Jesus foram passageiras. Descoberto o Cristo, pela Revelação que João havia recebido do Alto:

"Este é meu Filho Amado, ouvi-o", o Profeta do Deserto seguiu o seu rumo, até ser preso e degolado. Jesus, ao contrário, foi o grande missionário e sua missão consistia numa embaixada de Amor e de Verdade; Ele tinha que plantar no mundo uma Árvore Nova, a Árvore da Vida, e precisava suplantar toda mentira, toda falsidade, todas as convenções, todos os preceitos humanos que mantinham a aparência de religião, para que a sua Doutrina não fosse sufocada por esses espinhos.
E o jejum era um desses mandamentos que o sectarismo judaico fazia prevalecer com aparência religiosa. Como poderiam seus discípulos sentir ausência do que não estava ausente? Como poderão os convidados jejuar enquanto o noivo se acha com eles sentado à mesa, servindo-os de finas iguarias e deliciosos manjares? E que oração precisavam mais fazer os seus discípulos, se o Representante de Deus se achava junto deles, dando-lhes ainda muito mais do que precisavam?

O que teriam os discípulos de rogar, de pedir a Deus? Estando eles com o Mestre, assim como os convivas à mesa com o noivo, só lhes cabia ouvir os ensinos que o Senhor lhes dava e se alegrarem com Jesus, como os convidados para um banquete se alegram com o dono da casa e procuram corresponder às gentilezas que lhes são feitas.

Chegariam, porém, dias em que lhes seria tirado o "noivo"; então, nesses dias, não poderiam deixar de jejuar. Num banquete não se jejua, porque o dono das bodas proporciona aos convidados todos os comestíveis e bebidas que possam satisfazer os convivas.

Pela mesma forma, não podem jejuar os que convivem em companhia de Jesus, pois assim como o "noivo" dá aos convidados os comestíveis que alimentam o corpo, Jesus dá los seus "chamados" o alimento que vivifica a alma e a conserva para a Vida Eterna. Jejum implica a falta de alguém ou de alguma coisa. Quem está com Jesus não pode sentir falta de quem quer que seja, nem de coisa alguma.
Mesmo um amigo, um parente que se tenha de nós separado pela morte, se nós estivermos de verdade com Jesus, fácil nos será reatarmos as relações com esse parente ou com esse amigo, direta ou indiretamente. O jejum é sinal de tristeza, de inapetência, de desânimo da vida, e aqueles que se esforçam por estar com Jesus, que cultivam os seus ensinos, estudando-os com amor, não podem jejuar: comem e bebem como faziam os discípulos do Senhor.
Resta-nos dizer algo sobre o último trecho da passagem evangélica, mas os leitores encontrarão a explicação dos odres e dos remendos no livro: "Parábolas e Ensinos de Jesus" (verificar no Ícone Parábolas). Pela concordância dos Evangelistas, vemos mais que Levi é o próprio Mateus, escritor do primeiro Evangelho contido no Novo Testamento.
Cairbar Schutel
Livro: O Espírito do Cristianismo