Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
Mostrando postagens com marcador Amélia Rodrigues. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Amélia Rodrigues. Mostrar todas as postagens

domingo, 3 de outubro de 2021

O JOIO PERVERSO E O TRIGO DE LUZ "O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los"

 O Joio Perverso e o Trigo de Luz (*)

Cessada a algavaria(tagarelice)  produzida pela turbamulta( multidão em desordem) sempre ansiosa e insatisfeita, depois de inesquecíveis lições de sabedoria, o doce-enérgico Rabi, acompanhado pelos amigos, foi para casa.

Sopravam os favônios do entardecer e o céu cobria-se com sucessivos tecidos evanescentes de variado colorido.

As trilhas luminosas do Astro-rei confraternizavam com as nuvens arredondadas que se adornavam de cores multifárias e uma harmonia mágica pairava no ambiente calmo.

As casas, esparramadas nas praias de seixos escuros e areia marrom, eram abrigos e remansos tranqüilos para os seus habitantes, que falavam sem palavras do intercâmbio de vibrações sutis entre o mundo físico e o transcendental.

A presença de Jesus irradiava harmonia e toda uma sinfonia quase inaudível de incomum beleza permanecia vibrando onde Ele se encontrava.

Aquele havia sido um dia afanoso. As multidões revezavam-se e os aflitos não cessavam de apregoar as suas mazelas, rogando amparo e saúde, que logo desperdiçavam no terrível banquete das alucinações destemidas.

Para que não voltassem aos tumultos nem às insensatezes comprometedoras, o Mestre, dando cumprimento ao que estabelecera a Profecia, abriu a sua boca em parábolas e proclamou coisas que estavam ocultas desde o princípio, e, por isso mesmo, ignoradas.

A partir daquele momento, ninguém se poderia considerar ignorante da verdade, deserdado do reino dos céus, esquecido da Divina Providência. João, o Batista, viera aparelhar, corrigir os caminhos por onde Ele prosseguia ampliando trilhas e anunciando a Era Nova.

A humanidade ali representada reaparecia no futuro dos tempos, renascendo em novos corpos e repetindo a música incomparável do Seu verbo libertador.

Assim aturdidos por tudo quanto haviam visto e ouvido, os companheiros, que não conseguiram entender o incomum significado das declarações, impressionados com alguns dos ensinamentos, aproveitando-se de um momento de repouso, acercaram-se-lhe e pediram-lhe que explicasse a complexa parábola do joio, há pouco narrada.

Invadido pela imensa ternura com que sempre elucidava os atônitos discípulos, Ele esclareceu: 

- O mundo é um campo imenso e abençoado que aguarda a sementeira. Neutro, depende daquele que o vai utilizar, preparando-o convenientemente para que a ensementação se faça coroada de êxito.

" Sempre tem estado aguardando a bênção das sementes que o dignifiquem, para tornar-se área de vida.

" Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem, que veio distribuí-la em toda parte, a fim de que a terra gentil se converta em formoso jardim-pomar. Sem temer qualquer impedimento, entrega-se à tarefa com os olhos postos no futuro.

" A boa semente são os filhos do reino, como as palavras renovadoras e diretrizes de segurança, para que tudo se faça de acordo com os desígnios do Pai, que deseja a felicidade dos Seus filhos e providencia para que nada lhes falte no cometimento da evolução.

"O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los".

"O inimigo que semeou o joio é a inferioridade moral do ser que nele predomina, retendo-a na retaguarda do processo de iluminação pessoal, a que se entrega sem resistência, porque lhe atende os desejos primários a que se encontra acostumado.

" A ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. O mundo moral está em constante transformação, por causa da transitoriedade da existência física, das suas alternâncias e seus processos degenerativos. Por mais longa, sempre se interrompe pelo fenômeno da morte e se encerra o capítulo existencial, chegando o momento da ceifa, que se apresenta na consciência, que refaz o caminho percorrido sob a inspiração dos seres angélicos encarregados de orientar os seres humanos.

"Assim, pois, como é o joio colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo, quando cessar as experiências carnais de cada criatura, que enfrentará a semeadura do mal realizada no próprio coração. Os erros, na condição de erva perniciosa, reaparecerão com todo o vigor, exigindo prosseguimento de viciação agora sob outras condições inexeqüíveis, afligindo e atormentando com as chamas do desejo infrene, ardendo no sentimento e na razão do desgoverno.

"O Filho do homem enviará os Seus anjos que hão de tirar do Seu reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes, porque a consciência quando desperta e avalia o mal que a sim mesma se fez, sem oportunidade imediata de reparação, aflige-se, leva o indivíduo ao sofrimento que o faz estorcer-se e chorar se consolo, por haver-se iludido sem qualquer necessidade.

" O anjo da morte e dos renascimentos físicos, após acolher os aficionados dos escândalos, dos crimes, da perversão, selecionará aqueles que poderão prosseguir na Terra e aqueles outros que serão enviados ao exílio em mundo inferiores, mais primitivos e infelizes, onde recomeçarão a jornada interrompida em condições menos propiciatórias. Será realizada a seleção natural pelos valores espirituais de cada qual, que compreenderá a insânia que se permitiu, envidando esforços hercúleos para se recuperarem.

"Enquanto isso, os justos resplandecerão como o Sol, no reino do seu Pai, porque estarão em paz consigo mesmos, sintonizados com a imortalidade em triunfo, livres das paixões e vinculações com o crime, a hediondez, a sombra que antes neles predominavam."

Um silêncio, feito de unção de alegria e de paz, se abateu sobre a sala modesta onde Ele acabara de falar.

A sua voz permanecia fixada na memória deles para sempre, que se recordariam daquele momento de mágica poesia e grandiosa sinfonia para todos os dias do porvir.

As ansiedades da natureza no entardecer cediam lugar às primeiras manchas de sombras desenhando figuras estranhas no firmamento adornado de luz e calor.

A partir daquele momento as responsabilidades cresciam e delineavam com maior precisão os compromissos que firmariam com o suor do trabalho e sangue do sacrifício.

Já não eram menos, aqueles homens simples arrebanhados entre os pescadores, os de menos cultura, os cobradores de impostos, os exegetas, os indagadores. Eles eram uma síntese da humanidade, sem os vernizes sociais enganosos e alguns envolvidos pela ganga dura que ocultava o diamante precioso. 

O Amigo se encarregava de trabalhá-los a todos para as tarefas que teriam que executar até o fim dos milênios.

... Eram homens tocos e modestos, sem dúvida, no corpo, mas antes de tudo, Espíritos convidados para o grande banquete da Boa Nova, para o qual vieram...

_________

(*) Mateus 13 - 36 a 43.

Nota da autora espiritual 


Amélia Rodrigues por Divaldo P.Franco

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

MULTIDÃO E JESUS "Por muitos séculos soarão as vozes das multidões necessitadas e torpes, no festival demorado das lágrimas.Mesmo hoje, evocando os acontecimentos de Genesaré, defrontam-se as multidões buscando as soluções imediatas para o corpo, no pressuposto de que estão tentando atender o espírito exculpando-se das paixões, aparentando manter os compromissos com Jesus mediante um comércio infeliz para com as informações e conquistas imperecíveis."

 


A multidão! Sempre o Senhor esteve visitado pela multidão.


A multidão, porém, são as chagas sociais, as dores superlativas, as agonias e decepções, as lutas e angústias, as dificuldades.


Em toda parte o Mestre esteve sempre cercado pela multidão.


Através das Suas mãos perpassavam as misericórdias, as blandícias, manifestava-se o amor. . .


O seu dúlcido e suave olhar penetrava a massa amorfa sob a dor repleta de aflitos e ansiosos lenindo as desesperações e angústias que penetram as almas como punhais afiados e doridos.


A multidão são o imenso vale de mil nonadas(argueiros) e muitas necessidades humanas mesquinhas, onde fermentam os ódios, e os miasmas da morte semeiam luto e disseminam a peste em avalanche desesperadora num contágio de longo porte. . .


Ele viera para a multidão, que somos todos nós, os sedentos de paz, os esfaimados de justiça, os atormentados pelo pão do corpo e na alma. ..


Todos os grandes Missionários desceram das altas planuras para as multidões que são o nadir da Humanidade.


Por isto sempre encontraremos Jesus cercado pela multidão.


Ele é paz.


Sua presença acalma, diminuindo o fragor da batalha, amainando guerras de fora quanto conflitos de dentro.


Ele é amor.


O penetrar do seu magnetismo dulcifica, fazendo que os valores negativos se convertam em posições refletidas, em aquisições de bênçãos.


Quando Ele passa, asserenam-se as ansiedades. Rei Solar, onde esteja, haverá sempre a claridade de um perene amanhecer.


Ele tomara a barca com os Amigos do ministério e vencera o mar na serenidade do dia.


As águas tépidas, aos ósculos do Astro-rei, refletem o céu azul de nuvens brancas e garças. . .


Há salmodias que cantam no ar, expectativas que dormem e despertam nos espíritos. . .


Chegando às praias de Genesaré, a notícia voa nos pés alígeros da ansiedade e a multidão se adensa. ..


As informações se alargam pelas aldeias vizinhas, pelos povoados ribeirinhos. . .


Todos trazem os seus. . . Os seus pacientes, familiares e conhecidos, problemas e querelas. . .


Exibem chagas purulentas, paralisias, dificuldades morais, misérias e tormentos de toda espécie.


Obsessos ululam e leprosos choram, cegos clamam e surdos-mudos atordoam-se.


A atroada (estrondo) dos atropelos que o egoísmo desatrelado produz, a inquietação individual, o medo de perder-se a oportunidade tumultua todos, os semblantes se angustiam, os ruídos se fazem perturbadores, enquanto Ele, impávido, sereno, acerca-se e toca, deixando-se tocar. . .


Transfiguram-se as faces, sorriem os rostos antes deformados, inovimentam-se os membros hirtos e os sorrisos, em lírios brancos ngastados nas molduras dos lábios arroxeados, abrem-se, exaltam o Rabi, cantam aleluias.


A música da saúde substitui a patética da enfermidade, a paz adorna a fronte fatigada dos guerreiros inglórios.


Partem os que louvam, chegam os que rogam. . .


Há silêncios que se quebram em ribombar de solicitações contínuas. Há vozes que emudecem na asfixia das lágrimas.


Das fímbrias(franjas) das suas vestes, que brilham em claridade desconhecida, desprendem-se as virtudes e estas curam, libertam, asserenam, felicitam. . .


Genesaré encontra o seu apogeu, encanta-se com o Profeta. . . O Rabi, o Aguardado, reveste-se de misericórdia e todos exultam.


Narram os evangelistas que naquela visita à cidade formosa e humilde ocorreram todos os milagres que o amor produz.


No entanto, por cima de tais expectativas e conquistas transitórias, Jesus alonga o olhar para o futuro e descortina, além dos painéis porvindouros, a Nova Humanidade destituída das cangas atribulatórias, constringentes e justiçadoras com que o homem se libera, marchando na direção do Pai.


Até este momento, o Senhor sabe que os homens ainda são as suas necessidades imediatas e tormentosas em cantochões de agonia lenta. . .


Por muitos séculos soarão as vozes das multidões necessitadas e torpes, no festival demorado das lágrimas.


Mesmo hoje, evocando os acontecimentos de Genesaré, defrontam-se as multidões buscando as soluções imediatas para o corpo, no pressuposto de que estão tentando atender o espírito exculpando-se das paixões, aparentando manter os compromissos com Jesus mediante um comércio infeliz para com as informações e conquistas imperecíveis. . .


Cristianismo, todavia, é Jesus em nós, insculpido no santuário dos sentimentos, esflorando esperança e fé.


Atendamos à enfermidade, à viuvez, ao abandono, à solidão e à fome sem nos esquecermos de que, revivendo o Mestre Insuperável, os Imortais que ora retornam, buscam, essencialmente, libertar o homem de si mesmo, arrebentando os elos escravocratas que os fixam às mansardas soezes do primitivismo espiritual de cada um, a fim de alçá-lo à luz perene e conduzi-lo às praias da nova Genesaré do amor, onde Ele, até hoje, espera por todos nós, a aturdida multidão de todos os tempos.


(*) Mateus 14:34-36. Marcos 6:53-56. (Notas da Autora espiritual).


Amélia Rodrigues

Psicografia de Divaldo Franco

domingo, 26 de setembro de 2021

O Semeador saiu a semear... sob a ótica de Amélia Rodrigues

SEMENTE DE LUZ E VIDA

(...) Assentado no barco , Jesus alongou os olhos pela planície dos corações e lembrou se da terra inculta . Tomado de imenso Amor pelos homens , depois de falar sobre muitas coisas, considerou:

Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho.

A luz derrama filões de ouro vivo no céu anilado
O ar transparente cicia aos ouvidos atenciosos da multidão.

(...) E vieram as aves, e comeram-na...

O Reino dos Céus é semelhante...
O homem bom semeou a boa semente na boa terra; enquanto dormia, um homem mal semeou joio na boa terra. E cresceram o trigo e joio. Ora, para salvar o grão sadio foi necessário arrancar o escalracho, erradicando naturalmente , muito trigo são. O joio , em molhos , foi queimado e o trigo ensacado foi posto no celeiro.  

                                                                    * * *

O grão de mostarda é o menor de todos, no entanto, cresce e a planta se torna grandiosa. As aves nela se alojam, procurando agasalho nos seus ramos...

                                                                    * * *

O fermento insignificante leveda a massa toda.

                                                                   * * *

O tesouro que um homem encontrou é tão valioso , que quando possuía vendeu para tê-lo seu.
Outro homem descobriu uma pérola de incomparável valor e de tudo se desfez para consegui-la...

                                                                   * * *

Uma rede lançada ao mar reuniu muitos peixes, bons e maus, que foram separados pelo pescador. Assim , mais tarde, serão separados os homens que se candidatam ao Reino dos Céus...

                                                                   * * * 

Outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante . Vindo o Sol , queimou-se, e secou-s, porque não tinha raiz...
As coisas ocultas, Ele as desvela em parábolas.
Era uma vez...
Um homem , pai de família, preparou a terra,planou-a , circundando-a de um valado(vala rasa guarnecida de tapume...que cerca uma propriedade rural) , e construiu nela um lagar , edificou uma torre e arrendou-a a trabalhadores. À época dos frutos mandou buscar a parte que lhe pertencia. Os posseiros da terra mataram os primeiros servos , os que vieram depois , e mesmo o Filho do Homem , os criminosos o mataram. Quando, porém, o dono veio...
                                                                 * * *

O pai disse ao filho: Vem trabalhar em minha vinha.
-Não quero !-mas, arrependendo-se , foi. Chamado o segundo filho , este respondeu:
-Vou!- Mas não lhe dou importância...

                                                                 * * *

O rei, chegando a ocasião das bodas do filho, mandou os servos convidarem amigos.Os amigos ,porém, não quiseram ir. Novos áulicos saíram a repetir o convite, narrando a excelência do banquete que os aguardava , mas eles não desejaram respeita-lo. Revoltados com a insistência do rei , mataram os servos. O rei, sabendo da ingratidão dos convidados, ordenou ao seu exército que fosse exterminar os homicidas...
                                                                * * *
Dez eram ao todo.
Cinco eram noivas loucas.Gastaram o óleo e ficaram sem luz. Puseram-se a dormir.Ao chegarem os noivos...
Eram cinco noivas, virgens e loucas...
                                                        
                                                                * * *

-Eu sei que és severo. Amedrontado, enterrei o seu talento, o que me confiaste.
-Mau servo!Tome quanto tem deem-no a quem já o tem.

                                                               * * *
As melodias cantam no ar leve e transparente.
(...)outra caiu entre os espinhos e os espinhos cresceram e sufocaram-na...
Quem poe uma candeia acesa sob o alqueire ou escondida?

                                                               * * *
Uma figueira brava à borda do caminho foi solicitada à doação de frutos;como não fosse ocasião própria de produzi-los, foi considerada inditosa, digna de ser arrancada e lançada ao fogo até converter-se em cinza...

                                                                * * *
Respondeu-lhe o enfático doutor da Lei: "Aquele que usou de misericórdia com ele."
Vai e faze o mesmo. Esse é o teu próximo...

                                                                * * *

Amigo, empresta-me três pães.
- Não me importunes. 
Levantar-se-á esse amigo para livrar-se do importuno.

                                                               * * *
Oh! Dize a meu irmão que reparta os seus bens comigo. 
-Quem me pôs a mim por juiz ou repartidor de bens?

                                                               * * *

Nunca te sentes nos primeiros lugares, sem que tenhas sido mandado pelo teu anfitrião...

                                                              * * *

(...)e outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem , outra a sessenta e outro a trinta...
Hipérbatos , sínquises e hipérboles veste as abstrações; e, como poemetos, são excertos de vida as canções do Reino de Deus.
Era uma vez...
Um credor tinha dois devedores, e como ambos não lhe pudessem pagar...
Bem-aventurados aqueles servos,os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!...

                                                                    * * *

"Qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim...
"-Pai , pequei contra o céu e perante a ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze me como um dos teus jornaleiros.
" Trazei o melhor vestido e vesti-lo , pondo lhe um anel na mão , alparcas nos pés. Este meu filho estava morto e vive; tinha se perdido , e foi achado..."
   
                                                                    * * *

E o fariseu dizia : eu pago o tributo , sou justo, cumpro com os deveres que a Lei prescreve...Mas aquele que ali está...
No entanto, o Senhor lhe disse...
                                                                   * * *

Louvou o amo aquele mordomo injusto por haver procedido prudentemente ,porque os filhos desse mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz...
Granjeai amigos... Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito...
                                                           
                                                                  * * *

E a viúva dizia : faze-me justiça contra o meu adversário...
Far-lhe-ei justiça, disse o juiz, para que ela não volte a importunar-me...

                                                                 * * *

"Deu-lhe dez minas..."
"Havia um homem rico, a quem , depois de morto, Abraão disse..."
"Estes, os últimos, são os primeiros e os primeiros serão os últimos..."
"Quem tem ouvidos, ouça..."

                                                                 * * *

E Ele falava por parábolas.
Parábolas , "alegorias que escondem verdades".
Revestidos da pureza das pombas e da vivacidade das serpentes os discípulos da verdade chegam à vida.
"Se a vossa fé for do tamanho de um grão de mostarda..."
O semeador saiu a semear...
Parábolas, verdades nas alegorias. 

                                                                 * * *
                                                           
Os grãos se transformam em grãos e a messe(conquista) afortunada é ouro em pendões de vida.
Simples e desataviadas(que não é rebuscado) , suas palavras são palavras do povo. Ninguém , no entanto, as coordenava como Ele as enunciava.
Havia realmente "algo"n´Ele, na sua forma de dizer.
"Ninguém fala como Ele fala" - murmuravam até mesmo os que , conspirando , procuravam motivo de traí-LO.
"Fala com autoridade" - reconheciam todos.

                                                                 * * *

A semente é luz e vida.
Vida na semente.
Luz na Vida.

                                                                 * * *

O Bom Pastor dá Vida pelas suas ovelhas.
Entretanto pela porta estreita, a que se caracteriza pelas dificuldades, o acesso ao reino da Ventura plena se faz triunfal.
Vigiando à porta da entrada, pode o morador defender a casa do assalto dos bandidos que espreitam e se vestem de sombras para agressão nas sombras.
Os escolhidos são os grãos felizes que se multiplicam em mil sementes compensando a sementeira toda.

                                                              * * *

A charneca das paixões é planície de esperança sob ação da semente.
Na imensa várzea , porém , o dia a dia das criaturas se transforma em lutas por nada.
O solo a arrotear , imenso, quase ao abandono...
" O semeador saiu a semear."

                                                            * * *

Parábolas e espírito de vida.
Vida nas parábolas.
Aos seus, aos discípulos, Ele as explicava.

                                                            * * *

Já não é dia.
O negro tule(seda muito fina) da noite corisca nos engastes alvinitentes(branca brilhante) dos astros, e o vento canta uma onomatopéia em litania(ladainha) ininterrupta.
O Semeador repousa.
" O Reino dos Céus está dentro de vós..."
"Vos sois deuses..."
"Buscai primeiro o Reino..."
"Quando eu for erguido atrairei todos a mim."                                     

                                                            * * *

A madrugada da Era Nova raia.
O semeador foi erguido...numa cruz.
Rasgados , os braços atraem, o coração aguarda.
Caminho para a Vida- o semeador.
Caminho até a porta- o semeador
A cruz das renúncias e sacrifícios como uma áspera charrua na gleba do espírito -ponte entre os abismos : o "eu" propínquo( vizinho, próximo) e "ele" próximo - longínquo.
A charneca (terreno arenoso...,com vegetação rasteira) reflete a estrela.
A estrela desce ao charco , fica presa à água que a retém e repousa na montanha altaneira.

                                                          * * *
O semeador espera...
"Ele saiu a ensinar por parábolas."
" E outras caíram em terra fértil e produziram."
A semente é a Palavra para quem busca a Verdade.
A Verdade é Vida.
O semeador saiu a semear...


Fonte: Primícias do Reino. Divaldo Franco, pelo Espírito Amélia Rodrigues.
12ed. 2015.Editora Leal

terça-feira, 11 de maio de 2021

A MULTIDÃO E A TRAGÉDIA DO GÓLGOTA -


 FRAGMENTOS DOS TEXTOS:
 [...]  Não parecia que os peregrinos de Jerusalém haviam acorrido à cidade para as comemorações alegres da Páscoa, mas, tão somente, para procederem à condenação do humilde Messias de Nazaret[...]Como homem, estou contra este povo inconsciente e infeliz e tudo faria por salvar o inocente; mas, como romano, acho que uma província, como esta, não passa de uma unidade econômica do Império[...]Os ódios, confraternizando com os ciúmes, espalharam injúrias que eram glosadas pela ingratidão de muitos que lhe foram comensais da ternura e receberam de Suas mãos o pábulo da vida estuante. Fervilhando as constrições obsidentes[...]As hordas desenfreadas da Espiritualidade inferior galvanizam no ódio os que se permitem as licenças das paixões dissolventes. Sempre se repetirão aquelas cenas nos linchamentos das ruas, nas prisões arbitrárias, nas injustiças tornadas legais[...]A obsessão coletiva como tóxico morbífico domina os participantes da inominável atuação infeliz. Ele não se defende, não reclama, nada pede. Submete-se e confia em Deus...




       No grande dia do Calvário



Da câmara isolada, onde se reunia o apressado e reduzido conselho de patrícios, podiam observar-se os ecos rumorosos da turba amotinada, em espantosa gritaria. Um ajudante de ordens do governador, de nome Políbius, homem sensato e honesto, penetrou no recinto, pálido e quase trêmulo, dirigindo-se a Pilatos:Senhor governador, a multidão enfurecida ameaça invadir a casa, se não confirmardes a sentença condenatória de Jesus Nazareno, dentro do menor prazo possível… — Mas, isso é um absurdo — retrucou Pilatos, emocionado. — E, afinal, que diz o profeta em tais circunstâncias? Sofre tudo sem uma palavra de recriminação e sem um apelo oficial aos tribunais de justiça? — Senhor — replicou Políbius, igualmente impressionado —, o prisioneiro é extraordinário na serenidade e na resignação. Deixa-se conduzir pelos algozes com a docilidade de um cordeiro e nada reclama, nem mesmo o supremo abandono em que o deixaram quase todos os diletos discípulos da sua doutrina!

  Comovido com os seus padecimentos, fui falar-lhe pessoalmente e, inquirindo-o sobre os seus martírios, afirmou que poderia invocar as legiões de seus anjos e pulverizar toda a Jerusalém dentro de um minuto, mas que isso não estava nos desígnios divinos e, sim, a sua humilhação infamante, para que cumprissem as determinações das  Escrituras. (Isaias) 

Fiz-lhe ver, então, que poderia recorrer à vossa magnanimidade, a fim de se ordenar um processo dentro de nossos dispositivos judiciários, de maneira a comprovar sua inocência e, todavia, recusou semelhante recurso, alegando que prescinde de toda proteção política dos homens, para confiar tão somente numa justiça que diz ser a de seu Pai que está nos Céus!

 [...]que poderíamos fazer para evitar-lhe a morte nefanda, nas mãos criminosas da massa inconsciente?[...]sugiro a pena dos açoites na praça pública, por ver se assim conseguimos amainar as iras populares, evitando ao prisioneiro a morte ignominiosa nas mãos de celerados sem consciência

[...]Vivendo na Judeia há quase sete anos, conheço este povo e sei de suas temíveis atitudes, quando as suas paixões se desencadeiam.  O suplício foi, então, ordenado, no pressuposto de evitar maiores males.[...] Nesse instante doloroso, Públio e alguns romanos se ausentaram por momentos da câmara privada onde se reuniam, a fim de observarem os movimentos instintivos da massa fanática e ignorante. Não parecia que os peregrinos de Jerusalém haviam acorrido à cidade para as comemorações alegres da Páscoa, mas, tão somente, para procederem à condenação do humilde Messias de Nazaret.[...] Políbius, cientificando o governador de que a pena do açoite não havia saciado, infelizmente, as iras da população enfurecida, que reclamava a crucificação do condenado.

[...] Penosamente surpreendido, exclamou o senador, dirigindo-se a Pilatos, com intimidade: — Não tendes, porventura, algum prisioneiro com processo consumado, que possa substituir o profeta em tão horrorosas penas? As massas possuem alma caprichosa e versátil e é bem possível que a de hoje se  satisfaça com a crucificação de algum criminoso, em lugar desse homem, que pode ser um mago ou visionário, mas é um coração caridoso e justo. O governador da Judeia concentrou-se por momentos, recorrendo à memória, com o fim de encontrar a desejada solução. Lembrou-se então de Barrabás, personalidade temível, que se encontrava no cárcere aguardando a última pena, conhecido e odiado de todos pelo seu comprovado espírito de perversidade, respondendo afinal: — Muito bem!… Temos aqui um celerado, no cárcere, para alívio de todos, e que poderia, com efeito, substituir o profeta na morte infamante!… E mandando fazer o possível silêncio, de uma das eminências do edifício, ordenou que o povo escolhesse entre o bandido e Jesus. 

 Mas, com grande surpresa de todos os presentes, a multidão bradava com sinistro alarido numa torrente de impropérios: — Jesus!… Jesus!… Absolvemos Barrabás!… Condenamos a Jesus!… Crucificai-o!… Crucificai-o!… Todos os romanos se aproximaram das janelas, observando a inconsciência da massa criminosa, no ímpeto de seus instintos desencadeados. 

 — Que fazer diante de tal quadro? — perguntou Pilatos, emocionado, ao senador que o ouvia atentamente. 
 — Meu amigo — respondeu Públio, com energia ,— se a decisão dependesse tão somente de mim, fundamentá-la-ia em nossos códigos judiciários, cuja evolução não comporta mais uma condenação tão sumária como esta, e mandava dispersar a multidão inconsciente à pata de cavalo; mas, considero que as minhas atribuições transitórias, junto ao vosso governo, não me outorgam direito a tais desmandos e, além disso, tendes aqui uma experiência de sete anos consecutivos. De minha parte, suponho que tudo foi feito para que as decisões não fossem precipitadas.

(...) Como homem, estou contra este povo inconsciente e infeliz e tudo faria por salvar o inocente; mas, como romano, acho que uma província, como esta, não passa de uma unidade econômica do Império, não nos competindo, a nós outros, o direito de interferência nos seus grandes problemas morais e presumindo desse modo, que a responsabilidade desta morte nefanda deve caber agora, exclusivamente, a essa turba ignorante e desesperada e aos sacerdotes ambiciosos e egoístas que a dirigem.

 Pilatos enterrou a fronte nas mãos, como a refletir maduramente naquelas ponderações; mas, antes que pudesse externar sua opinião, eis que Políbius aparece aflito, exclamando em atitude discreta: — Senhor governador, é preciso apressar vossa decisão. Espíritos maldizentes começam a duvidar da vossa fidelidade aos poderes do César, compelidos pela intriga dos sacerdotes do templo, colocando a vossa dignidade em terreno equívoco para todos… 

Além disso, a populaça tenta invadir a casa, tornando-se necessário assumirdes atitude decisiva, sem perda de um minuto.  Pilatos ficou rubro de cólera, diante de semelhantes injunções, exclamando irritado, como se estivesse sob o jugo do mais singular dos determinismos: — Está bem! Lavarei as mãos deste ignominioso delito! O povo de Jerusalém será satisfeito… 

 E, procedendo a esse ato que o celebrizaria para sempre, dirigiu algumas palavras ao condenado, mandando, em seguida, recolhe-lo a uma cela, onde pudesse permanecer alguns minutos, sem as grosseiras investidas da turba impetuosa, antes que a multidão o conduzisse ao Gólgota, que, na linguagem usual, deverá ser traduzido por Lugar da Caveira. 

 Um sol abrasador tornara sufocante e insuportável a atmosfera. Saciada, afinal, a fúria da multidão nos seus desvairamentos infelizes, numerosos soldados seguiram o prisioneiro, que demandava o monte da crucificação, a passos vacilantes sob o madeiro da ignomínia, que a justiça da época destinava aos bandidos e aos ladrões. Até o momento de sua saída sob a cruz, ninguém se interessara por ele, junto à autoridade do governador da Judeia... Depreendia daí o senador que, quantos seguiam o Mestre de Nazaret nas margens do lago, em Cafarnaum, o haviam abandonado inteiramente. De uma das janelas do palácio, considerou, penalizado, o desprezo infligido àquele homem que um dia, o dominara com a força magnética da sua personalidade incompreensível, observando a ondulação da turba enfurecida, ao sair o inesquecível cortejo. Ao lado do Mestre não se via mais a carinhosa assistência dos discípulos e seus numerosos seguidores. Apenas algumas mulheres — entre as quais se destacava o vulto impressionante e agoniado de sua mãe — o amparavam afetuosamente, no doloroso e derradeiro transe. Aos poucos, a praça extensa aquietou-se ao calor sufocante da tarde que se avizinhava. À distância, ouvia-se ainda a vozearia da plebe, aliado ao relinchar dos cavalos e ao tinir das armaduras. 

 Impressionados com o espetáculo que, aliás, não era incomum na Palestina, reuniram-se os romanos em uma das salas amplas do palácio governamental, em animada palestra, comentando os instintos e paixões ferozes da plebe enfurecida. Daí a minutos, Cláudia mandava servir doces, vinhos e frutas, e, enquanto a conversação timbrava os problemas da província e as intrigas da corte de Tibério, mal imaginava aquele punhado de criaturas que, na cruz grosseira e humilde do Gólgota, ia acender-se uma gloriosa luz para todos os séculos terrestres.. 

Emmanuel 
Trecho do livro: Há dois mil anos , Cap.8-1ª parte.

                     ***

         O Calvário e a obsessão

[...]Os ódios, confraternizando com os ciúmes, espalharam injúrias que eram glosadas pela ingratidão de muitos que lhe foram comensais da ternura e receberam de Suas mãos o pábulo da vida estuante. Fervilhando as constrições obsidentes que se impunham, os adversários da liberdade espiritual da Terra, em desgoverno no Mundo Espiritual, dominaram os que se não armaram de vigilância e equilíbrio, tornando-se fáceis presas do anti-Cristo, a fim de que a tragédia do Gólgota se consumasse.

[...] As hordas desenfreadas da Espiritualidade inferior galvanizam no ódio os que se permitem as licenças das paixões dissolventes. Sempre se repetirão aquelas cenas nos linchamentos das ruas, nas prisões arbitrárias, nas injustiças tornadas legais, quando as massas afluem aos espetáculos hediondos e se asselvajam, tornando-se homicidas incomparáveis...
 
Como podiam aquelas gentes desconhecer a brandura do Pastor Divino, esquecer Suas concessões e "prodígios"? 

[...] A covardia moral, abrindo as faculdades psíquicas ao intercâmbio com os Espíritos imperfeitos e obsessores, todo o bem recebido negou, a fim de poupar-se. Transformou o inocente em algoz, em revolucionário desnaturado e elegeu o crime como elemento de justiça. 

O grande espetáculo da loucura coletiva se aproxima do Calvário. A obsessão coletiva como tóxico morbífico domina os participantes da inominável atuação infeliz. Ele não se defende, não reclama, nada pede. Submete-se e confia em Deus. Jesus é o exemplo, o ideal para a consunção do desar que vencerá os séculos a mais horrenda explosão coletiva que passará à História… 

 Amélia Rodrigues

                        * * *

Para Nossa Reflexão , trecho do Evangelho Segundo O Espiritismo, por Larcodaire:

[...]Deverá ele ainda expulsar os vendilhões do templo, que maculam tua casa, esse recinto de orações? E, quem sabe?, oh, homens, se Deus vos concedesse essa graça, se não o renegaríeis de novo, como outrora? Se não o acusaríeis de blasfemo, por vir abater o orgulho dos fariseus modernos? Talvez, mesmo, se não o faríeis seguir de novo o caminho do Gólgota?

Evangelho Segundo O Espiritismo Cap.7 item 11

sábado, 15 de abril de 2017

O CALVÁRIO E A OBSESSÃO



Ele viera para "que os que não criam, cressem", e, para tanto, deveria doar a vida num supremo sacrifício.
 Sabia que os homens, sanguissedentos, diante do Seu holocausto, passariam a encarar melhor a excelência do amor, entregando-se, posteriormente, em imitação ao seu gesto.
 Para uma tão grandiosa oferenda, porém, conjugaram-se as forças díspares em luta no coração das criaturas.
 Claro que não se fariam necessárias as acusações indébitas, a fuga dos amigos, a traição. . . Aos contumazes perseguidores da verdade não faltariam argumentos e manobras hábeis com que colimariam
 as suas metas nefárias.
 Ele sabia que aquela seria a derradeira jornada a Jerusalém. . .
 Ante a algaravia com que O saudaram à entrada, não entremostrou qualquer júbilo. Enquanto os amigos encaravam os aplausos como sinal evidente de triunfo, nEle ressoavam quais prenúncios das grandes dores. . .
 A ternura e passividade de que dava mostras durante aqueles dias inquietavam os mais afoitos, os discípulos mais invigilantes, os que anelavam pela glória terrena, não obstante as incessantes demonstrações e provas de que não estabeleceria no mundo as balizas do reino de Deus, nem tão-pouco a felicidade real. . .
 A precipitação armou Judas de ansiedade, interiormente visitado pela indução hipnótica de Entidades perversas que lhe aproveitaram o desalinho da emoção, interessadas em desnaturar a mensagem e anular a força do amor pacificante.
 As mesmas mentes desarticuladas pelo ódio, contrapondo-se ao "reino do Cordeiro", ante os receios gerais, perturbaram Pedro logo após a prisão do Amigo, fazendo-o pusilânime, em face da negação que se permitiu repetidas vezes. ..
 As mesmas forças da injunção criminosa em aguerrido combate reuniram-se, açoadas pela inveja e despeito, desde o domingo do triunfo aparente, à entrada de Jerusalém, a fim de converterem o Enviado de Deus, no Excelso Crucificado. . .
 Os ódios, confraternizando com os ciúmes, espalharam injúrias que eram glosadas pela ingratidão de muitos que lhe foram comensais da ternura e receberam de Suas mãos o pábulo da vida estuante.
 Fervilhando as constrições obsidentes que se impunham, os adversários da liberdade espiritual da Terra, em desgoverno no Mundo Espiritual, dominaram os que se não armaram de vigilância e equilíbrio, tornando-se fáceis presas do anti-Cristo, a fim de que a tragédia do Gólgota se consumasse. . .
 Jesus, porém, houvera asseverado: "Quando eu for erguido atrairei todos a mim."
 Nenhuma surpresa, portanto, no Senhor, diante dos contornos volumosos da hecatombe que tomava forma contra Ele.
 Em expressiva serenidade esperou o eclodir apaixonado da força violenta dos fracos.
 A noite fria e angustiante, antes da prisão, não lhe abatera o ânimo. Içara-0 a Deus através da oração e dulcificara-O, fazendo-O atingir a plenitude da auto-doação. ..
 As hordas desenfreadas da Espiritualidade inferior galvanizam no ódio os que se permitem as licenças das paixões dissolventes.
 Sempre se repetirão aquelas cenas nos linchamentos das ruas, nas prisões arbitrárias, nas injustiças tornadas legais, quando as massas afluem aos espetáculos hediondos e se asselvajam, tornando-se homicidas incomparáveis. . .
 Como podiam aquelas gentes desconhecer a brandura do Pastor Divino, esquecer Suas concessões e "prodígios"?
 Como puderam selar os lábios aqueles beneficiários da Sua misericórdia e complacência, ante a arbitrariedade dos crimes que presenciavam?
 A covardia moral, abrindo as faculdades psíquicas ao intercâmbio com os Espíritos imperfeitos e obsessores, todo o bem recebido negou, a fim de poupar-se. Transformou o inocente em algoz, em revolucionário desnaturado e elegeu o crime como elemento de justiça. O grande espetáculo da loucura coletiva se aproxima do Calvário. A obsessão coletiva, como tóxico morbífico, domina os participantes da inominável atuação infeliz.
 Ele não se defende, não reclama, nada pede. Submete-se e confia em Deus.
 As aragens da Natureza, de raro em raro na tarde abafada, saturam-se das vibrações do desespero e do ódio que assomam e dominam os corações entenebrecendo as mentes e explodindo no ar.
 Sempre os homens exigirão uma vítima para a sanha dos seus tormentos.
 Jesus é o exemplo máximo, o ideal para a consunção do desar que vencerá os séculos como a mais horrenda explosão coletiva que pastará à História.
 No bárbaro espetáculo, os pretensos dominadores da Erraticidade inferior crêem-se vitoriosos. . . Supõem estabelecidos os parâmetros dos seus domínios no mundo.
 No entanto, quando o clímax da tarde de horror atemoriza as testemunhas da tragédia, Ele relanceia o olhar dorido e lobriga apenas João, Sua mãe e as poucas mulheres abnegadas aos pés da Cruz, fiéis, macerados e intimoratos, confiando. . .
 É o bálsamo da alegria que Iene as imensas exulcerações que O dilaceram.
 Nem todos desertaram. A fúria possessiva da treva não alcançara os que tiveram acesa a luz da abnegação e do amor.
 Olhou além e mais profundamente os presentes e os que se refugiaram longe deles, os que armaram as cenas, os que se locupletam em gozos mentirosos sobre a fugidiça vitória. Seu olhar penetrou os promotores reais do testemunho, aqueles que transitavam livres das roupagens físicas. . .
 No ápice da dor arquejante, bradou Jesus:
— "Perdoa-os, meu Pai! Eles não sabem o que fazem."
 A sinfonia patética logrou, então, o máximo. Toda a orquestração de dor converteu-se em musicalidade de esperança e amor.
 Ele não perdoava apenas os crucificadores, mas, também, os desertores, os negadores, os receosos e pusilânimes, os ingratos e maledicentes, os insensatos e rebeldes... Na imensa gama dos acolhidos pelo Seu perdão, alcançava os promotores desencarnados dos mil males que engendraram nos homens a prova das suas mazelas e o agravamento das suas penas. . .
 Sua voz alcançou os penetrais do Infinito e lucilou nos báratros das consciências inditosas dos anti-Cristos de todos os tempos, abrindo-lhes os braços da oportunidade ao recomeço e à redenção.
A conspiração para que se consumasse o holocausto do Calvário, em que o Filho de Deus testemunhou seu amor pelos homens, foi tramada pelos inimigos impenitentes desencarnados, vencidos pelo despeito na luta pela vitória da violência com que sintonizaram os transitórios donatários da posição governamental e religiosa da Terra, como daqueles que se lhe entregaram a soldo.
 O perdão doado da culminância da Cruz é a aliança inquebrável da união do Seu amor com todos nós, os caminhantes retardatários da via da evolução, convocando-nos à perene vigilância contra a obsessão e qualquer natureza que nos sitia e persegue implacavelmente. . .
 Amélia Rodrigues

domingo, 29 de maio de 2016

O Calvário e a Obsessão (...)"A precipitação armou Judas de ansiedade, interiormente visitado pela indução hipnótica de Entidades perversas que lhe aproveitaram o desalinho da emoção, interessadas em desnaturar a mensagem e anular a força do amor pacificante. As mesmas mentes desarticuladas pelo ódio, contrapondo-se ao "reino do Cordeiro", ante os receios gerais, perturbaram Pedro logo após a prisão do Amigo, fazendo-o pusilânime, em face da negação que se permitiu repetidas vezes(...)Os ódios, confraternizando com os ciúmes, espalharam injúrias que eram glosadas pela ingratidão de muitos que lhe foram comensais da ternura e receberam de Suas mãos o pábulo da vida estuante."



Ele viera para "que os que não criam, cressem", e, para tanto, deveria doar a vida num supremo sacrifício.

Sabia que os homens, sanguissedentos, diante do Seu holocausto, passariam a encarar melhor a excelência do amor, entregando-se, posteriormente, em imitação ao seu gesto.

Para uma tão grandiosa oferenda, porém, conjugaram-se as forças díspares em luta no coração das criaturas.

Claro que não se fariam necessárias as acusações indébitas, a fuga dos amigos, a traição. . . Aos contumazes perseguidores da verdade não faltariam argumentos e manobras hábeis com que colimariam
as suas metas nefárias.

Ele sabia que aquela seria a derradeira jornada a Jerusalém. . .

Ante a algaravia com que O saudaram à entrada, não entremostrou qualquer júbilo. Enquanto os amigos encaravam os aplausos como sinal evidente de triunfo, nEle ressoavam quais prenúncios das grandes dores. . .

A ternura e passividade de que dava mostras durante aqueles dias inquietavam os mais afoitos, os discípulos mais invigilantes, os que anelavam pela glória terrena, não obstante as incessantes demonstrações e provas de que não estabeleceria no mundo as balizas do reino de Deus, nem tão-pouco a felicidade real. . .

A precipitação armou Judas de ansiedade, interiormente visitado pela indução hipnótica de Entidades perversas que lhe aproveitaram o desalinho da emoção, interessadas em desnaturar a mensagem e anular a força do amor pacificante.

As mesmas mentes desarticuladas pelo ódio, contrapondo-se ao "reino do Cordeiro", ante os receios gerais, perturbaram Pedro logo após a prisão do Amigo, fazendo-o pusilânime, em face da negação que se permitiu repetidas vezes. ..

As mesmas forças da injunção criminosa em aguerrido combate reuniram-se, açoadas pela inveja e despeito, desde o domingo do triunfo aparente, à entrada de Jerusalém, a fim de converterem o Enviado de Deus, no Excelso Crucificado. . .

Os ódios, confraternizando com os ciúmes, espalharam injúrias que eram glosadas pela ingratidão de muitos que lhe foram comensais da ternura e receberam de Suas mãos o pábulo da vida estuante.

Fervilhando as constrições obsidentes que se impunham, os adversários da liberdade espiritual da Terra, em desgoverno no Mundo Espiritual, dominaram os que se não armaram de vigilância e equilíbrio, tornando-se fáceis presas do anti-Cristo, a fim de que a tragédia do Gólgota se consumasse. . .

Jesus, porém, houvera asseverado: "Quando eu for erguido atrairei todos a mim."

Nenhuma surpresa, portanto, no Senhor, diante dos contornos volumosos da hecatombe que tomava forma contra Ele.

Em expressiva serenidade esperou o eclodir apaixonado da força violenta dos fracos.

A noite fria e angustiante, antes da prisão, não lhe abatera o ânimo. Içara-0 a Deus através da oração e dulcificara-O, fazendo-O atingir a plenitude da auto-doação. ..

As hordas desenfreadas da Espiritualidade inferior galvanizam no ódio os que se permitem as licenças das paixões dissolventes.

Sempre se repetirão aquelas cenas nos linchamentos das ruas, nas prisões arbitrárias, nas injustiças tornadas legais, quando as massas afluem aos espetáculos hediondos e se asselvajam, tornando-se homicidas incomparáveis. . .

Como podiam aquelas gentes desconhecer a brandura do Pastor Divino, esquecer Suas concessões e "prodígios"?

Como puderam selar os lábios aqueles beneficiários da Sua misericórdia e complacência, ante a arbitrariedade dos crimes que presenciavam?

A covardia moral, abrindo as faculdades psíquicas ao intercâmbio com os Espíritos imperfeitos e obsessores, todo o bem recebido negou, a fim de poupar-se. Transformou o inocente em algoz, em revolucionário desnaturado e elegeu o crime como elemento de justiça. O grande espetáculo da loucura coletiva se aproxima do Calvário. A obsessão coletiva, como tóxico morbífico, domina os participantes da inominável atuação infeliz.

Ele não se defende, não reclama, nada pede. Submete-se e confia em Deus.

As aragens da Natureza, de raro em raro na tarde abafada, saturam-se das vibrações do desespero e do ódio que assomam e dominam os corações entenebrecendo as mentes e explodindo no ar.

Sempre os homens exigirão uma vítima para a sanha dos seus tormentos.

Jesus é o exemplo máximo, o ideal para a consunção do desar que vencerá os séculos como a mais horrenda explosão coletiva que pastará à História.

No bárbaro espetáculo, os pretensos dominadores da Erraticidade inferior crêem-se vitoriosos. . . Supõem estabelecidos os parâmetros dos seus domínios no mundo.

No entanto, quando o clímax da tarde de horror atemoriza as testemunhas da tragédia, Ele relanceia o olhar dorido e lobriga apenas João, Sua mãe e as poucas mulheres abnegadas aos pés da Cruz, fiéis, macerados e intimoratos, confiando. . .

É o bálsamo da alegria que Iene as imensas exulcerações que O dilaceram.

Nem todos desertaram. A fúria possessiva da treva não alcançara os que tiveram acesa a luz da abnegação e do amor.

Olhou além e mais profundamente os presentes e os que se refugiaram longe deles, os que armaram as cenas, os que se locupletam em gozos mentirosos sobre a fugidiça vitória. Seu olhar penetrou os promotores reais do testemunho, aqueles que transitavam livres das roupagens físicas. . .

No ápice da dor arquejante, bradou Jesus:

— "Perdoa-os, meu Pai! Eles não sabem o que fazem."

A sinfonia patética logrou, então, o máximo. Toda a orquestração de dor converteu-se em musicalidade de esperança e amor.

Ele não perdoava apenas os crucificadores, mas, também, os desertores, os negadores, os receosos e pusilânimes, os ingratos e maledicentes, os insensatos e rebeldes... Na imensa gama dos acolhidos pelo Seu perdão, alcançava os promotores desencarnados dos mil males que engendraram nos homens a prova das suas mazelas e o agravamento das suas penas. . .

Sua voz alcançou os penetrais do Infinito e lucilou nos báratros das consciências inditosas dos anti-Cristos de todos os tempos, abrindo-lhes os braços da oportunidade ao recomeço e à redenção.

A conspiração para que se consumasse o holocausto do Calvário, em que o Filho de Deus testemunhou seu amor pelos homens, foi tramada pelos inimigos impenitentes desencarnados, vencidos pelo despeito na luta pela vitória da violência com que sintonizaram os transitórios donatários da posição governamental e religiosa da Terra, como daqueles que se lhe entregaram a soldo.

O perdão doado da culminância da Cruz é a aliança inquebrável da união do Seu amor com todos nós, os caminhantes retardatários da via da evolução, convocando-nos à perene vigilância contra a obsessão e qualquer natureza que nos sitia e persegue implacavelmente. . .

Amélia Rodrigues
Fonte: A Casa do Espiritismo