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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

10 - O LEGADO DA TOLERÂNCIA


A perene madrugada inebriava aquelas vidas.
Dias assinalados pela apoteose da esperança, inundados de amor, em que a cornucópia da misericórdia derramava bênçãos em abundância, constituíam uma quadra que jamais a Terra experimentara nos seus fastos passados ou voltaria a
gozar no futuro...
A paisagem dos corações cada vez se multiplicava pela presença dos aflitos e angustiados que se atropelavam na expectativa de fruir os resultados felizes daqueles momentos, que, talvez, fossem interrompidos logo mais...
As conjunturas da política dominante e ignominiosa do usurpador estrangeiro produziam sulcos de revolta no solo das almas, e os bajuladores armavam ciladas nas bocas torpes dos representantes da comunidade, procurando pôr a perder o Pomicultor Sublime.
Onde Êle surgia, à semelhança de radiosa luz, atraía necessitados do corpo e da alma. Suas sementes de amor eram espalhadas fartamente em tentativas constantes de futura fecundação abençoada.
Os convidados ao colégio da fraternidade, que conviviam na Sua intimidade, armazenavam os grãos da vida, aprimorando a terra íntima do espírito para fecundá-los oportunamente.
Não compreendiam, porém, em toda a magnitude a grandeza da Mensagem que Êle espalhava em fortuna farta.
Assim, repontavam ciúmes em forma de zelo exacerbado, — queixas injustificáveis, —todas essas bagatelas da pequenez humana na planície das paixões, sem forças para superarem os óbices, galgando por fim o planalto da compreensão geral.
A Boa Nova seguia triunfalmente e muitos que dela sebeneficiavam saíam a comunicar a outros corações o milagre da sua claridade lenificadora.
As narrações exaltadas competiam com os ódios que explodiam resultantes do despeito gratuito dos comensais da politicagem religiosa e da administração ingrata.
* * *
Senhor, eis que encontramos um homem pelo caminho que curava em Teu Nome, expulsando Espíritos infelizes, — revelou, expedito, João, retornando de pequena viagem. (*)
E que fizeste? — Inquiriu Jesus.
Repreendemo-lo — protestou o discípulo inexperiente. — Expusemos que êle não tinha o direito de usar o Teu nome, pois que não privava contigo, não formava no grupo dos nossos. E fi-lo, defendendo os nossos objetivos para que os propósitos de elevação em que nos empenhamos não se entorpeçam através de
pessoas incapazes de imprimir à própria vida a excelência da lição que nos transmite.
Brilhavam em júbilo os olhos do jovem companheiro, excessivamente zeloso quanto ao futuro do Evangelho nascente.
Jesus, porém, fitou-o com infinita bondade, admoestando-o, benigno:
— Fizeste mal; pois todo aquele que não é contra nós é por nós.
"Se alguém em meu nome expulsa Espíritos maus, asserenando obsessos e acalmando obsessores, cultivando nas almas o pólen da saúde que se converte em pomar de tranqüilidade, não poderá voltar-se contra nós, depois, assacando calúnias e no futuro erguendo-nos acusações. A palavra de amor é moeda de paz
para aquisição do continente das almas."
E desejando expressar de maneira inolvidável o significado da tolerância e da caridade, prosseguiu:
— O servidor do Evangelho deve fiscalizar com sincera acuidade as nascentes íntimas dos sentimentos de modo a cercear no começo os adversários cruéis, que são o egoísmo e o orgulho, a inveja e o ciúme com toda a corte de nefandos sequazes. . . Os inimigos de fora não conseguem atingir o homem, senão exteriormente, pois que só alcançam a forma, sem lobrigarem mudar a constituição
intrínseca do ser. Vinculado ao ideal superior da vida a que se entrega, o discípulo sincero compreende os que dormem no amolecimento das paixões, desculpa os perseguidores e não receia que outros corações, também, fascinados pela luz da verdade, desejem integrar-se no lídimo ideal da solidariedade a benefício de todos.
Dia virá em que a Mensagem da Boa Nova se espalhará pelos múltiplos campos do mundo em formosa semeadura de abnegação, convocando multidões ao ministério excelso. Irmanados no ideal do serviço, todos aqueles que nos não combaterem ajudar-nos-ão, contribuindo eficientemente para a colheita dos resultados valiosos.
Como se se alongasse pelos confins dos tempos, pressentindo as dores acerbas e as lutas árduas pela implantação do Reino de Deus entre os homens, o Mestre concluiu:
Irromperão em catadupas violentas os rios do sofrimento, de quando em quando, arrebentando represas e correndo destruidores com o objetivo de esmagar os que estejam à frente, em nome das paixões irrefreáveis, ou em caudais contínuas
ameaçando arrastar os que teimem em suportar-lhes o ímpeto. . . Eu estarei vigilante, porém, acima das vicissitudes, socorrendo os timoneiros da fé e recolhendo os náufragos.. . No entanto, as desagregações internas, as disputas intestinas pela supremacia de uns em detrimento de outros, as lutas pela herança,
esgrimindo as armas nefastas das guerras surdas e as intrigas sutis, serão mais danosas do que as agressões que procedam do mundo contra o nosso ideal de amor. . . 

"Interliguem-se todos aqueles que sonham com a imortalidade, os que me amam, afastando barreiras e derrubando obstáculos para que mais rapidamente se implantem as realidades do amor e do perdão no solo das vidas...
"Ninguém se escandalize nunca, por encontrar fora da grei o mensageiro da saúde, o intermediário do bem, porque aparentemente estejam desvinculados das linhas conhecidas do serviço.
"Meu Pai dispõe de recursos que nos escapam e como é o Autor de tudo e de todos, cumpra cada um irrestritamente com o seu dever, transferindo para Êle, o Senhor de todos nós, os resultados do nosso trabalho."
Silenciou, tranqüilo, e uma aragem de confraternização penetrou melhor nos homens que O escutavam, no reduzido grupo da amizade, como se avaliassem as responsabilidades que lhes cabiam.
Face ao dever maior, a tolerância é medida de justo progresso, tradutora das conquistas realizadas pelo discípulo fiel e afervorado da Verdade, no serviço redentor.
(*) Marcos 9:38 a 42.
Nota da Autora espiritual. 


Amélia Rodrigues
Livro : Luz do Mundo


Uma verdadeira poesia evangélica

O Excelso Canto


Os simples, excluídos, pobres, famintos de paz e amor, misturavam-se, uniam-se em busca da mesma Palavra.

Subiram a Montanha.

Jesus estava no topo.

A montanha, sua grandeza especial é o símbolo: Jesus desce aos homens no profundo abismo e resgata o homem, conduzindo-os sobre escarpas lacerantes até Deus.

Os homens, na sua subida devem esquecer-se das querelas emocionais e viver o díptico: subir-descer.

Jesus observa a multidão subindo o monte. Ali Ele fez o Poema Maior:

- Bem aventurados os pobres de espírito.

- Bem aventurados os que choram.

- Bem aventurados os mansos.

A Terra é testemunha do Poema.

- Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça.

- Bem aventurados os misericordiosos.

- Bem aventurados os limpos de coração.

Verão à Deus!

- Bem aventurados os pacificadores.

Clarear as mentes.

- Bem aventurados os que são perseguidos por causa do Reino dos Céus.

Dar o direito de errar e o dever de não persistir no erro.

Perdoar e pedir perdão.

Jesus continua:

"...Sois o sal da Terra.

"Sois a luz do mundo...

"Não cuideis que vim destruir a Lei...

"Ide reconciliar com vossos irmãos...

"Não cometais adultério, nem escandalizeis...

"Não jureis...

"Não resistais ao mal...

"Amai ao vosso próximo, aos vossos inimigos...

"Sede perfeitos...

"Orai assim: Pai Nosso que estais nos céus...

"Não ajunteis tesouros na Terra"

É quase noite e os astros são testemunhas deste concerto.

É a carta magnífica dos ensinamentos puros que nos levarão à Deus, hoje e sempre.

E o Poema prossegue vibrante:

..."Ninguém pode servir a dois senhores...

"Olhai os lírios dos campos e as aves do céu...
Buscai primeiro o Reino dos Céus e sua justiça...

"Não julgueis...

"Pedi e dar-se-vos-á..."

"Buscais e encontrareis...

"Batei e abrir-se-vos-á...

"Entrai pela porta estreita...

"Acautelai-vos contra os falsos profetas..."

Um grande silêncio se abate sobre a montanha.

Não muito longe, o amanhã convidará todos aqueles ouvintes ao testemunho em postes e presídios, entre feras, nos campos de batalha do mundo, nos sórdidos pavimentos da aflição, como herdeiros legítimos do Reino de Deus.

Amélia Rodrigues
Primícias do Reino

O Semeador por Amélia Rodrigues

Semente de Luz e Vida


Manhã de Sol. Jesus sai para semear e colher.

Respira fundo e lembra-se da Terra inculta.

"Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho."

"...E vieram as aves e comeram-na..."

O Reino dos Céus é semelhante.

O homem bom semeou a boa semente na boa terra; e cresceram trigo e joio. O joio em molhos foi queimado e o trigo ensacado foi posto no celeiro.

O grão de mostarda é o menos de todos, no entanto, cresce e a planta se torna grandiosa. As aves nela se alojam...

O fermento insignificante leveda a massa toda...

O tesouro que um homem encontrou é tão valioso que tudo quanto possuia vendeu, para tê-lo seu. Outro homem descobriu uma pérola de incomparável valor, e de tudo se desfez para consegui-la...

"Outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante. Vindo o Sol, queimou-se e secou-se, porque não tinha raiz..."

O pai disse ao filho: vem trabalhar em minha vinha.
- Não quero! - mas, arrependendo-se, foi.
Chamado o outro filho, este respondeu:
- Vou! - mas não deu importância.

Dez eram ao todo. Cinco eram noivas loucas. Gastaram o óleo e ficaram sem luz. Ao chegarem os noivos...

- Eu sei que és severo. Amedrontado, enterrei o seu talento, o que me confiastes.
- Mau servo, tomem quanto tem e dêem-no a quem já o tem.

"...Outra caiu entre espinhos e os espinhos crescera, e sufocaram-na..."
Quem põe uma candeia acessa sob o alqueire ou escondida?

Respondeu-lhe o enfático doutor da Lei:
"Aquele que usou de misericórdia com ele".
Vai e faze o mesmo. Este é o teu próximo...

Nunca te sentes nos primeiros lugares, sem que tenha sido mandado pelo teu anfitrião...

"...E outra caiu em boa terra e deu fruto: uma sem, outro a sessenta e outro a trinta..."

Era uma vez...
Um credor tinha dois devedores e como ambos não lhe pudessem pagar...

Bem aventurados aqueles servos, os quais, quando o senhor vier, achar vigiando...

- Pai, pequei contra o céu e perante a ti, não sou digno de ser chamado teu filho...
- Trazei o melhor vestido e vesti-o, este meu filho estava morto e vive: tinha se perdido e foi achado.

"Havia um homem rico, a quem depois de morto, Pai Abraão disse..."
"Estes, os últimos, são os primeiros e os primeiros serão os últimos..."
"Quem tem ouvidos, ouça..."

Ele falava por parábolas.
"Se a nossa fé for do tamanho de um grão de mostarda..."
Parábolas, verdades nas alegorias.

A semente é luz da vida.
Vida na semente.
Luz na Vida.

O Bom Pastor dá a vida pela suas ovelhas.

Parábolas e espírito de vida.
Vida nas parábolas.
Aos seus, aos discípulos, Ele as explicava.

O semeador repousa.
"O reino dos céus está dentro de vós...
"Vóis sois deuses...
"Buscais primeiro o reino...
"Quando eu for erguido, atrairei todos a mim".

O semeador foi erguido... numa cruz.
Caminho para a vida - o semeador.
Caminho até a porta - o semeador.
A cruz das renúncias e sacrifícios - ponte entre os abismos: o "eu" e "ele", o próximo.

O semeador espera.
Ele saiu para ensinar por parábolas.
A semente é a palavra para quem busca a Verdade.
A Verdade é a Vida.
O semeador saiu a semear.

Amélia Rodrigues
Primícias do Reino