Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
Mostrando postagens com marcador Parábola. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Parábola. Mostrar todas as postagens

domingo, 3 de outubro de 2021

O JOIO PERVERSO E O TRIGO DE LUZ "O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los"

 O Joio Perverso e o Trigo de Luz (*)

Cessada a algavaria(tagarelice)  produzida pela turbamulta( multidão em desordem) sempre ansiosa e insatisfeita, depois de inesquecíveis lições de sabedoria, o doce-enérgico Rabi, acompanhado pelos amigos, foi para casa.

Sopravam os favônios do entardecer e o céu cobria-se com sucessivos tecidos evanescentes de variado colorido.

As trilhas luminosas do Astro-rei confraternizavam com as nuvens arredondadas que se adornavam de cores multifárias e uma harmonia mágica pairava no ambiente calmo.

As casas, esparramadas nas praias de seixos escuros e areia marrom, eram abrigos e remansos tranqüilos para os seus habitantes, que falavam sem palavras do intercâmbio de vibrações sutis entre o mundo físico e o transcendental.

A presença de Jesus irradiava harmonia e toda uma sinfonia quase inaudível de incomum beleza permanecia vibrando onde Ele se encontrava.

Aquele havia sido um dia afanoso. As multidões revezavam-se e os aflitos não cessavam de apregoar as suas mazelas, rogando amparo e saúde, que logo desperdiçavam no terrível banquete das alucinações destemidas.

Para que não voltassem aos tumultos nem às insensatezes comprometedoras, o Mestre, dando cumprimento ao que estabelecera a Profecia, abriu a sua boca em parábolas e proclamou coisas que estavam ocultas desde o princípio, e, por isso mesmo, ignoradas.

A partir daquele momento, ninguém se poderia considerar ignorante da verdade, deserdado do reino dos céus, esquecido da Divina Providência. João, o Batista, viera aparelhar, corrigir os caminhos por onde Ele prosseguia ampliando trilhas e anunciando a Era Nova.

A humanidade ali representada reaparecia no futuro dos tempos, renascendo em novos corpos e repetindo a música incomparável do Seu verbo libertador.

Assim aturdidos por tudo quanto haviam visto e ouvido, os companheiros, que não conseguiram entender o incomum significado das declarações, impressionados com alguns dos ensinamentos, aproveitando-se de um momento de repouso, acercaram-se-lhe e pediram-lhe que explicasse a complexa parábola do joio, há pouco narrada.

Invadido pela imensa ternura com que sempre elucidava os atônitos discípulos, Ele esclareceu: 

- O mundo é um campo imenso e abençoado que aguarda a sementeira. Neutro, depende daquele que o vai utilizar, preparando-o convenientemente para que a ensementação se faça coroada de êxito.

" Sempre tem estado aguardando a bênção das sementes que o dignifiquem, para tornar-se área de vida.

" Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem, que veio distribuí-la em toda parte, a fim de que a terra gentil se converta em formoso jardim-pomar. Sem temer qualquer impedimento, entrega-se à tarefa com os olhos postos no futuro.

" A boa semente são os filhos do reino, como as palavras renovadoras e diretrizes de segurança, para que tudo se faça de acordo com os desígnios do Pai, que deseja a felicidade dos Seus filhos e providencia para que nada lhes falte no cometimento da evolução.

"O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los".

"O inimigo que semeou o joio é a inferioridade moral do ser que nele predomina, retendo-a na retaguarda do processo de iluminação pessoal, a que se entrega sem resistência, porque lhe atende os desejos primários a que se encontra acostumado.

" A ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. O mundo moral está em constante transformação, por causa da transitoriedade da existência física, das suas alternâncias e seus processos degenerativos. Por mais longa, sempre se interrompe pelo fenômeno da morte e se encerra o capítulo existencial, chegando o momento da ceifa, que se apresenta na consciência, que refaz o caminho percorrido sob a inspiração dos seres angélicos encarregados de orientar os seres humanos.

"Assim, pois, como é o joio colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo, quando cessar as experiências carnais de cada criatura, que enfrentará a semeadura do mal realizada no próprio coração. Os erros, na condição de erva perniciosa, reaparecerão com todo o vigor, exigindo prosseguimento de viciação agora sob outras condições inexeqüíveis, afligindo e atormentando com as chamas do desejo infrene, ardendo no sentimento e na razão do desgoverno.

"O Filho do homem enviará os Seus anjos que hão de tirar do Seu reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes, porque a consciência quando desperta e avalia o mal que a sim mesma se fez, sem oportunidade imediata de reparação, aflige-se, leva o indivíduo ao sofrimento que o faz estorcer-se e chorar se consolo, por haver-se iludido sem qualquer necessidade.

" O anjo da morte e dos renascimentos físicos, após acolher os aficionados dos escândalos, dos crimes, da perversão, selecionará aqueles que poderão prosseguir na Terra e aqueles outros que serão enviados ao exílio em mundo inferiores, mais primitivos e infelizes, onde recomeçarão a jornada interrompida em condições menos propiciatórias. Será realizada a seleção natural pelos valores espirituais de cada qual, que compreenderá a insânia que se permitiu, envidando esforços hercúleos para se recuperarem.

"Enquanto isso, os justos resplandecerão como o Sol, no reino do seu Pai, porque estarão em paz consigo mesmos, sintonizados com a imortalidade em triunfo, livres das paixões e vinculações com o crime, a hediondez, a sombra que antes neles predominavam."

Um silêncio, feito de unção de alegria e de paz, se abateu sobre a sala modesta onde Ele acabara de falar.

A sua voz permanecia fixada na memória deles para sempre, que se recordariam daquele momento de mágica poesia e grandiosa sinfonia para todos os dias do porvir.

As ansiedades da natureza no entardecer cediam lugar às primeiras manchas de sombras desenhando figuras estranhas no firmamento adornado de luz e calor.

A partir daquele momento as responsabilidades cresciam e delineavam com maior precisão os compromissos que firmariam com o suor do trabalho e sangue do sacrifício.

Já não eram menos, aqueles homens simples arrebanhados entre os pescadores, os de menos cultura, os cobradores de impostos, os exegetas, os indagadores. Eles eram uma síntese da humanidade, sem os vernizes sociais enganosos e alguns envolvidos pela ganga dura que ocultava o diamante precioso. 

O Amigo se encarregava de trabalhá-los a todos para as tarefas que teriam que executar até o fim dos milênios.

... Eram homens tocos e modestos, sem dúvida, no corpo, mas antes de tudo, Espíritos convidados para o grande banquete da Boa Nova, para o qual vieram...

_________

(*) Mateus 13 - 36 a 43.

Nota da autora espiritual 


Amélia Rodrigues por Divaldo P.Franco

sexta-feira, 16 de abril de 2021

TERIA O CHAMADO 'BOM LADRÃO IDO PARA O PARAÍSO?


"[...]A Doutrina Espírita nos ensina que apenas os Espíritos puros, que já atingiram elevado índice de perfeição, terão acesso a essas elevadas regiões[...]E' evidente que o Espírito do chamado Bom Ladrão não o acompanhou, mas passou a sentir um novo estado de Espírito; passou a desfrutar de serenidade, sentiu toda a extensão dos seus desvios e, interiormente, sentiu a necessidade do reajuste, de resgatar todo o mal que havia semeado.Com isso, em novas reencarnações, que forçosamente deveria ter no futuro, viveria num estágio melhor, experimentaria em seu coração os benefícios da paz, da serenidade e do amor, esforçando-se por redimir-se dos delitos do pretérito; passaria a conceber que na Justiça Divina não existe a promoção pela graça, ou pelo milagre, na senda evolutiva, mas Deus, em sua infinita misericórdia, lhe daria novas oportunidades, a fim de se enquadrar no rol dos homens sensatos, ponderados, que vivem num estado de paz interior e de uma relativa felicidade."






"E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino,

E disse-lhe Jesus: "Em verdade te digo, que hoje estarás comigo no Paraíso."

- (Lucas, 23:42-43)


Teria o Espírito imperfeito do chamado Bom Ladrão ido para Paraíso, juntamente com o excelso Espírito de Jesus Cristo? Ele apenas proferiu algumas ligeiras palavras de simpatia, e será que isso teria sido o bastante para ele adentrar as alcandoradas regiões celestiais, da mesma maneira como o fez Jesus Cristo?


A Doutrina Espírita nos ensina que apenas os Espíritos puros, que já atingiram elevado índice de perfeição, terão acesso a essas elevadas regiões.


Entretanto, houve uma promessa emanada de Jesus: Hoje estarás comigo no Paraíso". É evidente que o Mestre, pendurado no madeiro infamante, não poderia jamais formular uma promessa em vão. Por isso, como ocorre com numerosos ensinamentos de Jesus, cumpre se deduza dessa passagem evangélica o sentido alegórico que ela encerra, interpretando-a, não pela "letra que mata", mas pelo "Espírito que vivifica".


Viver no Paraíso ou nas regiões umbralinas é simplesmente um estado consciencial. Um indivíduo que vive em constante estado de revolta, que pratica toda a sorte de maldades, que menospreza os mais comezinhos princípios da bondade e do amor, que espanca esposa e filhos, que se embriaga ou se chafurda nos vícios, que alimenta ódio contra os seus semelhantes, vive com a sua consciência num estado verdadeiramente infernal.


Não desfruta da paz de Espírito e está em constante estado de revolta interior, blasfemando contra tudo e contra todos. Por outro lado, um homem que pratica o bem sem mistura do mal, que sente o coração inundado dos sentimentos de amor ao próximo, que se rege pelas normas da brandura, da tolerância, da fraternidade, que vive em paz com os seus familiares, que abomina os vícios, os desregramentos, vive num estado conciencial de paz, de serenidade.


Com fundamento nesses dois parâmetros, pode-se afirmar que a criatura humana, mesmo aqui na Terra, pode viver no chamado Inferno ou no Paraíso.


O chamado Bom Ladrão, evidentemente, dado o gênero de vida que levava, prejudicando o seu próximo,  apropriando-se dos bens alheios e semeando a maldade e talvez até a morte, bem revelava o estado de inferioridade de seu Espírito. No entanto, condenado pela justiça dos homens a morrer na cruz, evidencia que os crimes por ele praticados eram de acentuada gravidade.


Todavia, suspenso no madeiro, sentiu, repentinamente, um sentimento de remorso, ao ver Jesus, um inocente, um expoente do amor, morrer de maneira tão infamante. Ele se condoeu; sentiu no âmago do seu coração que havia apenas praticado o mal, que não havia; amuado o seu próximo. Ao ouvir os impropérios que o outro ladrão, crucificado, dirigia a Jesus, exclamou: "E nós, na verdade, com justiça fomos condenados e estamos recebendo o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez."


E, dirigindo-se ao Mestre, disse: "Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino", merecendo a promessa de Jesus: "Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso". Espírito elevado que é, Jesus que assolava aquele seu irmão menor, viu o seu arrependimento, e, como o remorso é a porta da redenção espiritual, sentenciou: "Hoje estarás comigo no Paraíso."


E' evidente que o Espírito do chamado Bom Ladrão não o acompanhou, mas passou a sentir um novo estado de Espírito; passou a desfrutar de serenidade, sentiu toda a extensão dos seus desvios e, interiormente, sentiu a necessidade do reajuste, de resgatar todo o mal que havia semeado.


Com isso, em novas reencarnações, que forçosamente deveria ter no futuro, viveria num estágio melhor, experimentaria em seu coração os benefícios da paz, da serenidade e do amor, esforçando-se por redimir-se dos delitos do pretérito; passaria a conceber que na Justiça Divina não existe a promoção pela graça, ou pelo milagre, na senda evolutiva, mas Deus, em sua infinita misericórdia, lhe daria novas oportunidades, a fim de se enquadrar no rol dos homens sensatos, ponderados, que vivem num estado de paz interior e de uma relativa felicidade.


Com isso, estaria ele desfrutando de um "Paraíso" consciencial, quando comparado com o estado verdadeiramente infernal em que viveu na existência que havia culminado com a sua crucificação.


O Mestre não falhou em sua promessa, pois o enquadrou numa senda diferente, que o conduziria melhor na caminhada rumo a Deus, diminuindo, paulatinamente, a distância que o separava do Criador; abreviaria o tempo necessário para, realmente, adentrar as regiões elevadas dos Planos Divinos, região comumente chamada de "Paraíso".


Paulo A. Godoy

quarta-feira, 27 de março de 2013

Parábolas e símbolos



Pergunta-se, frequentemente, por qual razão falava Jesus por parábolas.
A interrogação pode ser respondida após breve e cuidadosa reflexão.
Desejando que a Sua mensagem ultrapassasse o tempo em que era enunciada e o lugar em que se fazia ouvida, não poderia ficar encerrada nas formulações verbais vigentes, pela pobreza da própria linguagem.
Se assim fora, à medida que o tempo avançasse, ficaria superada em razão da maneira como fora formulada.
Utilizando-se, porém, da parábola, do conhecimento dos símbolos, deu-lhe caráter de permanência em todas as épocas.
A Semiótica ou disciplina que estuda os símbolos, demonstra a facilidade que os mesmos representam para o entendimento de tudo quanto é transcendental ou subjetivo, tornando-o de fácil identificação. Talvez o símbolo seja o recurso mais recurso de comunicação entre os seres humanos.
Especialistas em paleontologia encontraram-nos gravados em cascas de ovos há mais de sessenta mil anos, o que confirma a sua perenidade.
Todo símbolo reveste-se de um significado, não somente num como em todos os lugares, em qualquer idioma ou dialeto, facilitando o entendimento da sua representação.
Demais, uma narrativa amena, em forma de parábola, facilmente é entendida, ao mesmo tempo, memorizada, e quando é narrada, embora se alterem as palavras, o símbolo nela incluído ressalta e preserva-lhe o significado.
Convivendo com mentes pouco esclarecidas culturalmente, numa época de obscurantismo e de graves superstições, deveria superar os limites de então e coroar as futuras conquistas do conhecimento intelectual.
Concomitantemente, o seu objetivo era o de insculpir o pensamento no imo das emoções, e as parábolas, por centrarem o seu significado nos símbolos, jamais seriam olvidadas ou adulteradas.
Caberia à psicologia do futuro penetrar nos arcanos do inconsciente humano, no qual se arquivam todos os acontecimentos e se transformam em símbolos, que se fazem decompostos à medida que são liberados em catarse espontânea...
Uma figueira brava e uma rede de pescar, uma pérola e uma semente de mostarda em qualquer idioma e em todas as épocas preservam a sua realidade, facilitando o entendimento da narrativa na qual comparecem.
Desejando apresentar o reino dos Céus de forma inconfundível como deveria ser, totalmente desconhecido então, explicitado num símbolo adquiria fácil compreensão dos ouvintes e mais acessível assimilação emocional.
A moderna psicologia analítica, assim como a psicanálise penetram nos símbolos para interpretar os arquétipos, as heranças ancestrais, os mitos e contos de fadas, que se encontram arquivados nos recessos profundos do inconsciente humano.
Recorrem aos sonhos e às associações, para desvelar as imagens sombreadas e guardadas em símbolo que, interpretados, facultam trabalhar-se os conflitos, a fim de dilui-los.
Jesus foi e permanece sendo o mais qualificado psicoterapeuta da Humanidade, antecipando as doutrinas psicológicas, a fim de iluminá-las quando surgissem.
*   *   *
Todos os seres humanos têm no seu jornadear conflitos semelhantes aos do filho pródigo, que foge do lar, atraído pela ilusão do prazer e, tombando na realidade angustiante que desconhecia, retorna à segurança do pai generoso...
Como expressar em profundidade excepcional a lição do bom samaritano, propondo o amor ao inimigo em forma de caridade compassiva, senão conforme o fez Jesus?
A reflexão em torno das virgens loucas, insensatas e das prudentes, que se preservaram, teoriza,  de forma segura, o significado da fidelidade ao dever de maneira muito especial.
O pastor que vai em busca da ovelha extraviada, assim como a mulher que procura a dracma perdida, são especiais e inesquecíveis ensinamentos sobre a valorização e a dedicação pessoal.
As extraordinárias imagens simbólicas de     que Ele se utilizou para ser compreendido e dizer da Sua grandeza sem autoencômios nem relevações desnecessárias, refletem-Lhe a sabedoria:
- Eu sou a luz do mundo...
- Eu sou a porta das ovelhas...
- Eu sou o caminho, a verdade e a vida...
- Eu sou o pão da vida...
- Eu sou a videira...
-Aquele que beber da água que eu lhe der...
Nas admoestações, os Seus célebres ais ainda convidam à meditação:
- Ai de vós os ricos!...
-Ai de ti Corazim! Ai de ti Betsaida!...
-Ai do homem pelo qual vem o escândalo...
-Ai de vós escribas e fariseus...
-Ai de vós, porque sois semelhantes aos túmulos...
Não menos enriquecedores são os postulados de amor e de promessa de plenitude em favor daqueles que Lhe forem fiéis:
- O que fizerdes a um destes em meu nome...
- Eu vos apresentarei a Meu Pai...
-Eu vos mando como ovelhas mansas...
-Eu os aliviarei...
As canções de exaltação penetram, ainda hoje, a acústica de todas as almas, que Lhe ouvem os enunciados incomparáveis:
- Um homem tinha dois devedores...
- Ide convidar os estropiados, os excluídos, os infelizes...
- O Reino dos Céus é semelhante a um homem que...
-Eu estarei convosco para sempre...
*   *   *
As suaves parábolas de Jesus são o coroamento melódico da sinfonia das bem-aventuranças que a Humanidade jamais olvidará.
Todos os seres humanos estão incluídos no sermão do monte, quando o amor se transforma na fonte inexaurível da trajetória evolutiva dos Espíritos.
Por fim, Ele exclamou:
- O Reino dos Céus está dentro de vós...
Exultai!
 
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião
mediúnica de 6 de novembro de 2012, no Centro Espírita  Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 11.3.2013.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A preguiça


Revista Espírita, junho de 1858
Dissertação moral ditada por São Luís à senhorita Hermance Dufaux
(5 de maio de 1858)

l

Um homem saiu de madrugada e foi para a praça pública para ajustar trabalhadores. Ora, ele viu dois homens do povo que estavam sentados de braços cruzados. Foi a um deles e o abordou dizendo: "Que fazes tu aqui?" e este tendo respondido: "Não tenho trabalho", aquele que procurava trabalhadores lhe disse: "Tome tua enxada, e vá para o meu campo, sobre a vertente da colina, onde sopra o vento sul; cortarás a urze e revólveres o solo até que a noite chegue; a tarefa é rude, mas terás um bom salário." E o homem do povo carregou a enxada sobre os ombros, agradecendo-lho em seu coração.
O outro trabalhador, tendo ouvido isso, se ergueu do seu lugar e se aproximou dizendo: "Senhor, deixai-me também ir trabalhar em vosso campo;" e o senhor tendo dito a ambos para segui-lo, caminhou adiante para lhes mostrar o caminho. Depois, quando chegaram à beira da colina, dividiu a obra em duas partes e se foi dali.
Depois que partiu, o último dos trabalhadores que havia contratado, primeiramente pôs fogo nas urzes do lote que lhe coube em partilha, e trabalhou a terra com o ferro de sua enxada. O suor jorrou do seu rosto sob o ardor do sol. O outro o imitou primeiro murmurando, mas se cansou cedo do seu trabalho, e cravando sua enxada sob o sol, sentou-se perto, olhando seu companheiro trabalhar.
Ora, o senhor do campo veio perto da noite, e examinou a obra realizada, e tendo chamado a ele o obreiro diligente, cumprimentou-o dizendo: "Trabalhaste bem; eis teu salário," e lhe deu uma peça de prata, despedindo-o. O outro trabalhador se aproximou também e reclamou o preço de sua jornada; mas o senhor lhe disse: "Mau trabalhador, meu pão não acalmará tua fome, porque deixaste inculta a parte de meu campo que te havia confiado;" não é justo que aquele que nada fez seja recompensado como aquele que trabalhou bem; e o mandou embora sem nada lhe dar.

II

Eu vos digo, a força não foi dada ao homem, e a inteligência ao seu espírito, para que consuma seus dias na ociosidade, mas para que seja útil aos seus semelhantes. Ora, aquele cujas mãos sejam desocupadas e o espírito ocioso será punido, e deverá recomeçar sua tarefa.
Eu vos digo, em verdade, sua vida será lançada de lado como uma coisa que não foi boa em nada, quando seu tempo se tiver cumprido; compreendei isto por uma comparação. Qual dentre vós, se há em vosso pomar uma árvore que não produz bons frutos, não dirá ao seu servidor Cortai essa árvore e lançai-a ao fogo, porque seus ramos são estéreis. Ora, do mesmo modo que essa árvore será cortada por sua esterilidade, a vida do preguiçoso será posta de lado porque terá sido estéril em boas obras.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Parábola do Juiz Iníquo


Rodolfo Calligaris
Querendo Jesus ensinar a seus discípulos que deviam orar sempre e nunca desanimar, propôs-lhes a seguinte parábola: - "Havia em certa cidade um juiz, que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que vinha constantemente ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. Ele, por algum tempo, não a queria atender, mas depois disse consigo: Se bem que eu não tema a Deus, nem respeite os homens, mas, como esta viúva me incomoda, julgarei a sua causa, para que ela não continue a molestar-me com suas visitas. Ouvi, acrescentou o Mestre, o que disse esse juiz injusto; e não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora seja demorado a atendê-los? Digo-vos que bem depressa lhes fará justiça". (Lucas, 18:1-8).
Conquanto diferente na forma, esta parábola se assemelha bastante, na essência. Àquela outra, do Amigo Importuno, registrada pelo próprio evangelista”. (Lucas, no cap. II, 5 a 13).
Nesta, como naquela, Jesus nos exorta a confiar na Justiça Divina, na certeza de que, consoante o refrão popular, ela "tarda, mas não falha".
De fato, se mesmo homens iníquos, isto é, maldosos, perversos, insensíveis aos direitos do próximo e indiferente à Moral, como o juiz de que nos fala o texto acima, não resistem ao assédio daqueles que lhes batem à porta com insistência, e, para verem-se livres de importunações, acabam resolvendo-lhes as questões, como poderia Deus, que é a perfeição absoluta, deixar de atender aos nossos justos reclamos e solicitações?
Se, malgrado todas as deficiências e fraquezas dos que, na Terra, presidem aos serviços judiciais, as causas têm que ser solucionadas um dia, ainda que com grande demora, porque duvidar ou desesperançar das providências do Juiz Celestial?
Ele, que não é indiferente sequer à sorte de um pardal, que tudo sabe, tudo pode e tanto nos ama, negligenciaria a respeito de nossos legítimos interesses, deixar-nos-ia sofrer qualquer injustiça, mínima que fosse?
Não!
Quando, pois, sintamos que o ânimo nos desfalece, por afigurar-se que os males que nos afligem sobre excedem nossas forças, oremos e confiemos.
Deus não desampara a nenhum de seus filhos.
Se, às vezes, parece não ouvir as nossas súplicas, permitindo perdurem nosso sofrimento é porque, à feição do lapidário emérito, que se esmera ao extremo no aperfeiçoamento de suas gemas preciosas, também Ele, sabendo ser a dor o melhor instrumento para a lapidação de nossas almas, nos mantém sob a sua ação enérgica, mas eficiente, a fim de que sejam quebradas as estrias de nosso mau caráter, nos expunjamos de nossas mazelas e nos tornemos, o mais breve possível, dignos de ascender à Sua inefável companhia.
Sim, em todos os transes difíceis da existência, oremos e confiemos.
Se o fizermos com fé, haveremos de sentir que, embora os trilhos da experiência que nos cumpre palmilhar continuem cheios de pedras e de espinhos, a oração, jorrando luz à nossa frente, nos permitirá avançar com segurança, vencendo, incólumes, os tropeços do caminho!

sábado, 29 de setembro de 2012

NÃO DAR PÉROLAS AOS PORCOS


"Não deis aos cães as covas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas." (Mateus, 7:6)

Que espécie de coisas santas se pode deitar aos cães, e quem, por acaso, quem atirará suas pérolas aos porcos? Jesus Cristo acrescentou, ainda, em seus ensinamentos: para evitar que os porcos, pisando-as, se firam, e, virando contra vós, vos despedacem.

Trata-se, evidentemente, de um ensino um tanto exótico, o qual, entretanto, como tantos outros ensinamentos do Mestre, encerra um sentido alegórico, passível de interpretação à luz meridiana da razão, uma vez que o apóstolo afirmou que a letra mata e o Espírito vivifica.

Procuremos, pois, elucidar essa questão à luz dos próprios ensinamentos evangélicos.

Quando Jesus fez a sua peregrinação pela Terra, dado o fato de ser um renovador, que vinha revolver, vinha revolucionar os costumes e abalar os alicerces de um mundo prenhe de corrupção e de aberrações de todos os matizes, não demorou em granjear elevado número de inimigos.

Seus maiores detratores foram justamente os sacerdotes judeus, que manipulavam o povo, ensinando-lhe doutrinas e práticas deletérias. Eles, que conheciam as Escrituras e não ignoravam que elas vaticinavam o advento do Messias, deveriam ser, portanto, os mais achegados amigos e admiradores do Cristo e de sua obra incomparável. No entanto, agiram ao contrário, tornando-se os mais acerbos inimigos de Jesus.

Além dos sacerdotes, o Mestre defrontou-se com outros
renhidos opositores: os escribas, os fariseus e os saduceus, além dos próprios poderes políticos da época, os quais tinham nítido interesse em contemporizar com os costumes e as tradições dos judeus, a fim de exercerem o seu domínio, a sua hegemonia. Desse modo, o embate era entre forças terrenas, poderosas, e Jesus Cristo com o seu pequenino grupo de apóstolos e admiradores. Uma luta desigual, entre um manso cordeiro e uma malta de lobos vorazes.

As pregações de Jesus, verdadeiras coisas santas e pérolas de inestimável valor, caíram no seio desses seus inimigos como verdadeiros petardos, que vinham abalar a muralha aparentemente inexpugnável de suas velhas e enraizadas tradições e preconceitos.
Eles se enfureceram, quando viram os seus interesses contrariados pela nova doutrina revelada pelo Cristo; isso fez com que se rebelassem contra os maravilhosos ensinamentos evangélicos, e, tais como animais feridos, investiram-se contra o grande Enviado dos Céus, deixando de esposar as novas idéias redentoras. Travou-se, assim, uma luta entre a luz e as trevas.
Assim como Deus faz o sol brilhar sobre justos e injustos e a chuva beneficiar bons e maus, as coisas santas, oriundas do Céu, oferecidas preciosas pérolas dos ensinamentos do Mestre foram oferecidas a esses homens recalcitrantes, mas eles, como autênticos cegos que não querem ver, não compreendendo o valor das palavras ensinadas e a verdade nelas contida, sentiram-se feridos em seus interesses, avançaram contra o Inovador e seus emissários, crucificando um, flagelando outros e matando muitos deles.
Desse modo, as pérolas foram pisadas e as coisas santas menosprezadas. Evidentemente, esse ensinamento de Jesus também representou uma admoestação a todos os seareiros de boa vontade, para que evitem discorrer sobre os seus ensinamentos com criaturas empedernidas e refratárias a tudo o que vem do Alto, aos rebelados que se insurgem contra as leis de Deus, ou mesmo em ambientes inadequados, onde alguns homens preferem chafurdar-se no lamaçal dos vícios e da imoralidade, relegando para plano secundário as coisas nobilitantes, que impulsionam o Espírita para a frente e para o Alto.

Muitos homens, de corações endurecidos, se insurgem contra essas idéias reformistas, que objetivam iluminar a mente dos Seres e os horizontes do mundo, porque isso representará um fim ao império das trevas. Conseqüentemente, no auge da desespero, investem-se contra os inovadores, blasfemando e tornando-se verdadeiros entraves ao encaminhamento da Humanidade, rumo a seus relevantes objetivos, obstaculizando uma mais rápida aproximação entre as criaturas humanas e o seu Criador.

Paulo A. Godoy

PARÁBOLA DA CANDEIA


"Ninguém, depois de acender uma cadeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo de uma cama; pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram veja a luz. Porque não há coisa oculta que não venha a ser manifesta; nem coisa secreta que se não haja de saber e vir à luz. Vede, pois, como ouvis; porque ao que tiver, ser-lhe-á dado; e ao que não tiver, até aquilo que pensa ter, ser-lhe-á tirado".
(Lucas, VIII, 16-18)
"E continuou Jesus: Porventura vem a candeia para se pôr debaixo do módio ou debaixo da cama? Não é antes para se colocar no velador? Porque nada está oculto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para ser divulgado. Se alguém tem ouvidos de ouvir, ouça. Também lhe disse: Atentai no que ouvis. A medida de que usais, dessa usarão convosco: e ainda se vos acrescentará. Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que pensa ter, ser-lhe-á tirado".
(Marcos, IV, 21-25
1 - CAIRBAR SCHUTEL
A luz é indispensável à vida material e à vida espiritual. Sem luz não há vida; a vida é luz quer na esfera física, quer na esfera psíquica. Apague-se o Sol, fonte das luzes materiais e o mundo deixará, incontinenti, de existir. Esconda-se a luz da sabedoria e da religião sob o módio da má fé ou do preconceito, e a Humanidade não dará mais um passo, ficará estatelada debatendo-se em trevas.
Assim, pois, tão ridículo é acender uma candeia e colocá-la debaixo da cama, como conceber ou receber um novo conhecimento, uma verdade nova e ocultá-la aos nossos semelhantes. Acresce ainda que não é tão difícil encontrar o que se escondeu porque "não há coisa oculta que não venha a ser manifesta". Mais hoje, mais amanhã, um vislumbre de claridade denunciará a existência da candeia que está sob o leito ou sob o módio, e que desapontamento sofrerá o insensato que aí a colocou!
A recomendação feita na parábola é que a luz deve ser posta no velador a fim de que todos a vejam, por ela se iluminem, ou, então, para que essa luz seja julgada de acordo com a sua claridade. "Uma árvore má não pode dar bons frutos"; e o combustível inferior não dá, pela mesma razão, boa luz. Julga-se a árvore pelos frutos e o combustível pela claridade, pela pureza da luz que dá. A luz do azeite não se compara com a do petróleo, nem esta com a do acetileno; mas todas juntas não se equiparam à eletricidade.
Seja como for, é preciso que a luz esteja no velador, para se distinguir uma da outra. Daí a necessidade do velador. No sentido espiritual, que é justamente o em que Jesus falava, todos os que receberam a luz da sua doutrina precisam mostrá-la, não a esconderem sob o módio do interesse, nem sob o leito da hipocrisia. Quer seja fraca, média ou forte; ilumine na proporção do azeite, do petróleo, do acetileno ou da eletricidade, o mandamento é: "Que a vossa luz brilhe diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras (que são as irradiações dessa luz) glorifiquem o vosso Pai que está nos Ceús".
Ter luz e não fazê-la iluminar, é colocá-la sob o módio é o mesmo que não a ter; e aquele que não a tem e pensa ter, até o que parece ter ser-lhe-á tirado. Ao contrário, "aquele que tem, mais lhe será dado", isto é, aquele que usa o que tem em proveito próprio e de seus semelhantes, mais lhe será dado. A chama de uma vela não diminui, nem se gasta o seu combustível por acender cem velas; ao passo que estando apagada é preciso que alguém a acenda para aproveitar e fazer aproveitar sua luz.
Uma vela acendendo cem velas, aumenta a claridade, ao passo que, apagada, mantém as trevas. E como temos a obrigação de zelar, não só por nós como pelos nossos semelhantes, incorremos em grande responsabilidade pelo uso da "medida" que fizemos; se damos um dedal não podemos receber um alqueire; se uma oitava, não podemos contar com um quilo em restituição, e, se nada damos, o que havemos de receber? A luz não pode permaner sob o módio, nem debaixo da cama. A candeia, embora, matéria inerte, nos ensina o que devemos fazer, para que a palavra do Cristo permaneça em nós, possamos dar muitos frutos e sejamos seus discípulos.
Assim, o fim da luz é iluminar e o do sal é conservar e dar sabor. Sendo os discípulos de Jesus luz e sal, mister se faz que ensinem, esclareçam, iluminem, ao mesmo tempo que lhes cumpre conservar no ânimo de seus ouvintes, de seus próximos, a santa doutrina do meigo Rabino, valendo-se para isso do Espírito que lhe dá o sabor moral para ingerirem esse pão da vida que verdadeiramente alimenta e sacia.
Assim como a luz que não ilumina e o sal que não conserva para nada prestam, assim, também, os que se dizem discípulos do Cristo e não cumprem os seus preceitos, nem desempenham a tarefa que lhes está confiada, só servem para serem lançados fora da comunhão espiritual e serem pisados pelos homens. A candeia sob o módio não ilumina; o sal insípido não salga, não conserva, nem dá sabor.
CAIRBAR SCHUTEL
2 - PAULO ALVES GODOY
O mundo já foi contemplado com três grandes revelações: a primeira, quando do advento de Moisés; a segunda, com a vinda de Jesus Cristo e, a terceira, com a revelação do Espiritismo, ou a vinda do Espírito Consolador.
Quando Moisés levou a cabo a primeira, aqueles que o sucederam aureolaram-na com tantos aparatos exteriores e com tantos formalismos inócuos, que os seus ensinamentos se tomaram obscuros. Por isso, Deus, em Seu infinito amor, enviou Seu próprio Filho para trazer a segunda revelação, nova luz que passou a iluminar os horizontes do mundo; contudo, segundo afirma o evangelista João, logo no início do seu Evangelho "os homens temeram a luz porque suas obras eram más".
O Pai de misericórdia e amor, condoído dos homens, que ainda e dessa vez impregnaram a Doutrina do Cristo com sistemas inócuos e incompatíveis com a verdade, enviou o Espírito de Verdade a fim de restaurar as primícias dos ensinamentos do Meigo Rabi da Galiléia.
Veio o Espiritismo e os homens devem agora difundir as luzes de que essa Doutrina dimana, pois a sua finalidade básica " de afugentar da Terra as trevas da ignorância e do obscurantismo, colocando a luz sobre o velador, para que ela, como uma cidade edificada sobre uma montanha, seja vista por todos.
Não se deve jamais, consoante a recomendação de Jesus, acender uma lâmpada e colocá-Ia sob um vaso, porém, deve-se colocá-la sobre o velador, de forma a poder ser vista por todos.
Esse ensino de Jesus objetiva esclarecer que, qualquer pessoa que adquirir conhecimentos em torno de uma verdade, ainda que seja em pequena escala, não deverá guardar a luz desse conhecimento apenas para si, mas procurar divulgá-lo a fim de que todos venham a haurir dos seus benefícios.
Corroborando ainda mais a parábola, em outra parte do Evangelho, afirmou Jesus: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus". (Mateus 5: 16)
Assim como não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte, também resplandecerá a sua luz sobre a Terra, e sobressairá o homem compenetrado dos seus deveres, que se edificou moral e espiritualmente. Por isso, disse Jesus: "Vós sois a luz do mundo", referindo-se aos apóstolos, no entanto, tendo Ele dito que deveríamos nos tornar perfeitos, como perfeito é o Pai Celestial, é óbvio que todos nós temos o potencial para nos transformar em luzes do mundo.
Na Parábola da Candeia, Jesus Cristo preceituou a necessidade de darmos guarida às Suas recomendações, tornando-nos obreiros atuantes e de decisão inquebrantável, projetando-nos, não apenas pelas palavras, mas sobretudo pelos atos. É importante saber, entretanto, que para adquirirmos essa luz interior, há necessidade de nos desvencilharmos das viciações contraídas no desenrolar das vidas pretéritas e, isso se fará, através das reencarnações sucessivas que Deus, por excesso de misericórdia, nos concede.
Existe muita gente guardando, avarentamente, apenas para si, os conhecimentos que adquirem, não tolerando qualquer idéia de espargí-los. Isso sucede com os homens, em todos os campos de atividades humanas. Muitos passam seus conhecimentos apenas para seus filhos ou familiares, não concebendo a idéia de transferi-los a um estranho.
Guardar um ensinamento de ordem espiritual apenas para si, incita danos para o Espírito, uma vez que o Mestre preceituou na parábola que "não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz". De nada adianta uma pessoa que conheceu determinada verdade, guardá-la somente para si, pois o tempo se encarregará de fazer com que ela seja manifesta para todos.
Nos séculos passados, muitas coisas erradas foram apregoadas como verdades fundamentais, e muitos mentores religiosos, com o objetivo de emprestar-Ihes maior autoridade não trepidaram em rotulá-las como "revelação do Espírito santo". Eram condenados às fogueiras os que ousavam delas discordar. Nos tempos modernos, com a ampliação dos sistemas de comunicação, já não poderá prevalecer essa sistemática, imposta pelo processo do "ferro e fogo".
Jesus Cristo veio trazer à Terra um manancial de verdades irretorquíveis, entretanto, essas verdades atentavam contra as inverdades apregoadas pelos doutores da Lei de sua época, e Ele teve que carregar pesada cruz até o cimo do Calvário, onde foi crucificado.
Deveremos, pois, propugnar para que as luzes dos nossos conhecimentos sejam manifestas a todos. Importa sermos como uma cidade edificada sobre um monte, para que as virtudes e a luz, que espargem de nós, sejam vistas e passem a beneficiar a todos.
Complementando os ensinamentos contidos na parábola da Candeia, ensinou-nos o Mestre: "Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grande serão essas trevas. A candeia do corpo são os olhos, de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Os vossos olhos refletem as trevas ou as luzes que residem dentro de vós".
Os nossos olhos, por sua vez, refletem tudo aquilo que reside no recesso de nossas almas e, como decorrência, devemos procurar nos enquadrar nos ensinamentos dos Evangelhos, processando dentro de nós a REFORMA ÍNTIMA, que Jesus Cristo simbolizou como sendo a conquista do Reino dos Céus.
Paulo Alves de Godoy
3 - RODOLFO CALLIGARIS
Estas palavras de Jesus: "não se deve pôr a candeia debaixo da cama, mas sobre o velador, a fim de que todos os que entrem, vejam a luz", dão-nos a entender, claramente, que as leis divinas devem ser expostas por aqueles que já tiveram a felicidade de conhecê-las, pois sem esse conhecimento paralisar-se-ia a marcha da evolução humana.
Não espalhar os preceitos cristãos, a fim de dissipar as trevas da ignorância que envollvem as almas, fora esconder egoisticamente a luz espiritual que deve beneficiar a todos.
Manda a prudência, entretanto, que se gradue a transmissão de todo e qualquer ensinamento à capacidade de assimilação daquele a quem se quer instruir, de vez que uma luz intensa demais o deslumbraria, ao invés de o esclarecer.
Cada idéia nova, cada progresso, tem que vir na época conveniente. Seria uma insensatez pregar elevados códigos morais a quem ainda se encontrasse em estado de selvageria, tanto quanto querer ministrar regras de álgebra a quem mal dominasse a tabuada.
Essa a razão por que Jesus, tão frequentemente, velava seus ensinos, servindo-se de figuras alegóricas, quando falava aos seus contemporâneos. Eram criaturas demasiado atrasadas para que pudessem compreender certas coisas. Já aos discípulos, em particular, explicava o sentido de muitas dessas alegorias, porque sabia estarem eles preparados para isso.
Mas, como frisa a parábola em tela, "nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente". À medida que os hoomens vão adquirindo maior grau de desenvolvimento, procuram por si mesmos os conheciimentos que lhes faltam, no que são, aliás, auxiliados pela Providência, que se encarrega de guiá-los em suas pesquisas e lucubrações, projetando luz sobre os pontos obscuros e desconhecidos, para cuja inteligência se mostrem amadurecidos.
Os que, por se acharem mais adiantados, intelectual e moralmente, forem sendo iniciados no conhecimento das verdades superiores, e se valham delas, não para a dominação do próximo em proveito próprio, mas para edifiicar seus irmãos e conduzi-los na senda do aperfeiçoamento, maiores revelações irão tendo, horizontes cada vez mais amplos se lhes descortinarão à vista, pois é da lei que, "aos que já têm, ainda mais se dará."
Quanto aos que, estando de posse de umas tantas verdades, movidos por interesses rasteiros fazem disso um mistério cujo exame proíbem,- o que importa "colocar a luz debaixo da cama", nada mais se lhes acrescentará, e "até o pouco que têm lhes será tirado", para que deixem de ser egoístas e aprendam a dar de graça o que de graça hajam recebido.
A vida nos planos espirituais, questão que interessa profundamente os sistemas filosóficos e religiosos, por muitos e muitos séculos permaneceu como um enigma indevassável chegou, porém, o momento oportuno em que deveria "aparecer publicamente", e daí o advento do Espiritismo.
Rasgaram-se, então, os véus que encobriam esse imenso universo, tão ativo e real quanto o em que respiramos, e, à luz dessa nova revelação, a sobrevivência da alma deixa de ser apenas uma hipótese ou uma esperança, para firmar-se como confortadora e esplêndida reaalidade.
Rodolfo Calligaris

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

NA INTIMIDADE DOMÉSTICA


Emmanuel
 
A história do bom samaritano, repetidamente estudada, oferece conclusões sempre novas.
O viajante compassivo encontra o ferido anônimo na estrada.
Não hesita em auxiliá-lo.
Estende-lhe as mãos.
Pensa-lhe as feridas.
Recolhe-o nos braços sem qualquer idéia de preconceito.
Conduze-o ao albergue mais próximo.
Garante-lhe a pousada.
Olvida conveniências e permanece junto dele, enquanto necessário.
Abstém-se de indagações.
Parte ao encontro do dever, assegurando-lhe a assistência com os recursos da própria bolsa, sem prescrever-lhe obrigações.
Jesus transmitiu-nos a parábola, ensinando-nos o exercício da caridade real, mas, até agora, transcorridos quase dois milênios, aplicamo-la, via de regra, às pessoas que não nos comungam o quadro particular.
Quase sempre, todavia, temos os caídos do reduto doméstico.
Não descem de Jerusalém para Jericó, mas tombam da fé para a desilusão e da alegria para a dor, espoliados nas melhores esperanças, em rudes experiências.
Quantas vezes surpreendemos as vítimas da obsessão e do erro, da tristeza e da provação, dentro de casa !
Julgamos, assim, que a parábola do bom samaritano produzirá também efeitos admiráveis, toda vez que nos decidirmos a usá-la, na vida íntima, compreendendo e auxiliando os vizinhos e companheiros, parentes e amigos, sem nada exigir e sem nada perguntar.
(De “Coragem”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos)
 

Parábola do Semeador, sob a ótica de Joaana de Angelis


“Saiu o semeador para semear a sua semente. E quando semeava, uma parte caiu á beira do caminho; foi pisada, e as aves do Céu a comeram. Outra caiu sobre a pedra; e tendo crescido, secou, porque não havia umidade. Outra caiu no meio de espinhos; e com ela cresceram os espinhos, e sufocaram-na. E outra caiu na boa terra, e, tendo crescido, deu fruto a cento por um. Dizendo isto clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. (...)”
(Mateus, XIII, 1-9-Lucas, VIII, 4-15.)

“Saiu o semeador para semear a sua semente. E quando semeava, uma parte caiu á beira do caminho; foi pisada, e as aves do Céu a comeram...”

Uma semente que não cresce e não cria raízes é aquela que é plantada superficialmente, podemos trazer esta experiência para o nosso dia a dia, nas relações pessoais, profissionais e até mesmo religiosa, as quais encaramos superficialmente.
Nós em muitos momentos da vida somos rígidos, “solos” duros, áridos, impedindo assim que as boas sementes germinem. Enquanto não permitirmos que a semente adentre o nosso ser, ela não vai germinar e conseqüentemente não vai criar raízes, às vezes não permitimos isso por estarmos em uma condição “confortável”, ou seja, acomodado.
E na maioria das vezes, ouvimos os ensinamentos, mas jamais achamos que eles servem para nós, sempre os projetamos para outras pessoas, e nunca para nós.

“Receando ser ele mesmo, tornasse pessoa espelho, a refletir as conveniências dos outros, ou, homem-parede, a reagir contra todas às vibrações que lhe são dirigidas antes de as examinar”
(Joanna de Angelis-Homem Integral)

“Outra caiu sobre a pedra; e tendo crescido, secou, porque não havia umidade...”

“Como o próprio Jesus disse, este solo é aquele que recebeu rápida e alegremente a Sua palavra, mas não tem raiz em si mesmo.”

Somos nós, eufóricos quando movidos somente pela impulsividade, não nos aprofundamos em nossas raízes, ou seja, partimos para nossas empreitadas na vida, mas sem buscarmos o devido preparo para termos “sucesso” em nossas buscas.
Assim também é na luta pelo nosso melhoramento espiritual, se deixarmos a semente do Evangelho criar raízes profundas dentro de nós, nosso crescimento será mais significativo, uma arvore não pode crescer exuberantemente em sua verticalidade, se não possuir fortes e profundas raízes que a sustentarão.
Esta semente representa aquelas pessoas que não possuem raízes em si mesmas.
Quantas iniciam cursos de estudos da Doutrina Espírita, que certamente nos ajudam muito a criarmos melhores condições para nossa existência,e de hora para outra simplesmente desaparecem, usando trabalho profissional e outros, para justificar sua ausência, outras freqüentam reuniões com belas palestras e com profundas mensagens, e acham tudo muito lindo, mas não deixam esses momentos se aprofundarem dentro de si, em boas reflexões, e acaba tudo passando, alguns partem para os trabalhos necessários dentro da Casa Espírita, iniciam grandes projetos, mas no primeiro obstáculo, desiste de tudo.
Esta é a segunda semente, houve todos as lições, tem acesso a tudo de bom, mas existe nelas uma grande falta de enraizamento e de aprofundamento, deixando que todas as suas atividades sejam plenamente superficiais.

“O ser humano possui profundidade que deve ser penetrada, superando a superficialidade no dia a dia”
(Joanna de Angelis)

“Outra caiu no meio de espinhos; e com ela cresceram os espinhos, e sufocaram-na...”

Os espinhos são as nossas sombras, que ficam escondidas e crescem e quando desejamos partir para uma renovação moral, pois as boas raízes começam a crescer, as nossas melhores qualidades e as maiores virtudes são contaminadas por estes espinhos, por estas sombras.

“Toda vez que a pessoa tenta a conscientização intima, o encontro com o “eu” profundo, a busca interior, as sensações predominantes nas paisagens físicas, perturbam-lhe a decisão, impedindo a experiência”
(Joanna de Angelis)

Se já nos conhecemos um pouco, e sabemos das sombras que trazemos dentro de nós, também sabemos de nossas boas conquistas, então devemos iniciar já uma batalha para que estas sombras não se sobreponham as nossas qualidades, impedindo o nosso crescimento.
Precisamos então trabalhar mais as nossas sombras, buscar as raízes, nos aprofundarmos, deixar o orgulho de lado e passarmos, com esse mergulho em nós mesmos, nos aceitar mais e procurar disseminar estes espinhos de dentro de nós. Como nos orienta a Benfeitora Joanna de Angelis, buscar o nosso “self” e nos conhecermos profundamente.

“A aquisição da consciência é um processo lento e profundo, porque se encontra em germe no próprio “ser”, como a pérola preciosa na concha escura no molúsculo...”
(Joanna de Angelis)

Nada acontece de hora para outra, mas é preciso fazer nossa parte para que consigamos transformar nossas feridas em pérolas, é preciso deixar que todos os ensinamentos nos penetrem verdadeiramente para que ao absorvermos, possamos partir para a vivencia no dia a dia, fazendo com que os espinhos caiam e deixem os frutos bons das boas sementes crescerem e se multiplicarem.
E outra caiu na boa terra, e, tendo crescido, deu fruto a cento por um.

“Nesse homem atribulado dos nossos dias, a Divindade deposita confiança em favor de uma renovação para um mundo melhor e uma sociedade mais feliz, buscar os valores que lhes dormem soterrados no íntimo é a razão de sua existência corporal no momento, encontrar-se com a vida, enfrentá-la e triunfar eis o seu fanal.”
(Joanna de Angelis)

“Quantos de vós aqui presentes darão frutos? Quantos de vós que estão aqui vão permitir que tudo que vocês escutaram e escutam se enraízem, transformem vocês e sigam a adiante se transformando nessa árvore que dará frutos e que vão gerar novas e boas sementes?
(Bezerra de Menezes)

Fonte:Blog: Estudos Espiritas

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O mordomo infiel

 O mordomo infiel
"Havia um homem rico, que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como esbanjadorde seus bens. Chamou-o e perguntou-lhe: Que é isto que ouço dizer de ti? dá conta datua mordomia; pois já não podes mais ser meu mordomo. Disse o administrador consigo: Quehei-de fazer, já que meu amo me tira a administração? Não tenho forças para cavar, demendigar tenho vergonha. Eu sei o que hei-de fazer para que, quando for despedido do meuemprego, me recebam em suas casas. Tendo chamado cada um dos devedores do seu amo,perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu amo? Respondeu ele: Cem cados de azeite.Disse-lhe, então: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve cinqüenta. Depoisperguntou a outro: E tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-lhe: Tomaa tua conta, e escreve oitenta. E o amo louvou o administrador iníquo, por haver procedidosabiamente; porque os filhos deste mundo são mais sábios para com sua geração do que osfilhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da iniqüidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco,também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também é injusto no muito. Se, pois, nãofostes fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéisno alheio, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores;porque ou há-de aborrecer a um e amar o outro, ou há-de unir-se a um e desprezar o outro.Não podeis servir a Deus e a Mamon." Personagens da Parábola: O amo ou proprietário: Deus.O mordomo infiel: o homem.Os devedores beneficiados: Nosso próximo.A propriedade agrícola: O mundo em que habitamos.Moralidade: o homem é mordomo infiel porque se apodera dos bens que lhe são confiados paraadministrar, como se tais bens constituíssem propriedade sua. Acumula esses bens, visandoexclusivamente a proveitos pessoais; restringe sua expansão, assenhoreia-se da terra cujacapacidade produtiva delimita e compromete. Enfim, todo o seu modo de agir com relação àpropriedade, que lhe foi confiada para administrar, é no sentido de monopolizá-la, segregá-la embenefício próprio, menosprezando assim os legítimos direitos do proprietário.Diante de tal irregularidade, o senhorio se vê na contingência de demiti-lo. Essa exoneração docargo verifica-se com a morte. Todo Espírito que deixa a Terra é mordomo demitido. A parábolafigura um, cuja prudência louva. E' aquele que, sabendo das intenções do amo a seu respeito ereconhecendo que nada lhe era dado alegar em sua defesa, procura, com os bens alheios aindaem seu poder, prevenir o futuro. E como faz? Granjeia amigos com a riqueza da iniqüidade, istoé, lança mão dos bens acumulados, que representam a riqueza do amo sob sua guarda, e, comela, beneficia a várias pessoas, cuja amizade, de tal forma, consegue conquistar.E o amo (Deus) louva a ação do mordomo (homem) que assim procede, pois esses a quem eleaqui na Terra beneficiara serão aqueles que futuramente o receberão nos tabernáculos eternos(paramos celestiais, espaço, céu, etc).O grande ensinamento desta importante parábola está no seguinte: Toda riqueza é iníqua. Nãohá nenhuma legítima no terreno das temporalidades. Riquezas legítimas ou verdadeiras sãounicamente as de ordem intelectual e moral: o saber e a virtude. Não assiste ao homem odireito de monopolizar a terra, nem de açambarcar os bens temporais que dela derivam. Seudireito não vai além do usofruto. Como, porém, todos os homens são egoístas e queremmonopolizar os bens terrenos em proveito exclusivo, o Mestre aconselha com muita justeza que, aomenos, façam como o mordomo infiel: granjeiem amigos com esses bens dos quais ilegalmentese apossaram.A parábola vertente contém, em suma, uma transcendente lição de sociologia, encerrando umlibelo contra a avareza e belíssima apologia da liberalidade e do altruísmo, virtudes cardeais doCristianismo .Obedecem ao mesmo critério, acima exposto, estes outros dizeres da parábola: Quem é fiel nopouco, também é fiel no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiaráas verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? Não podeis servir
  a dois senhores: a Deus e às riquezas.E' claro que a riqueza considerada como sendo
o pouco, como sendo a iníqua  e a alheia, é aquela que consiste nos bens temporais; e a riqueza reputada como sendo o muito, como sendo o frutoda justiça e que constitui legítima propriedade nossa, é aquela representada pelo saber, pelavirtude, pelos predicados de caráter, numa palavra, pela evolução conquistada pelo Espírito nodecurso das existências que se sucedem na eternidade da vida.A terra não constitui propriedade de ninguém: é patrimônio comum. E, como a terra, qualqueroutra espécie de bens, visto como toda a riqueza é produto da mesma terra. Ao homem édado desfrutá-la na proporção estrita das suas legítimas necessidades. Tudo que daí passa ouexcede é uma apropriação indébita.Não se acumula ar, luz e calor para atender aos reclamos do organismo. O homem serve-senaturalmente daqueles elementos, sem as egoísticas preocupações de entesourar.O testemunho eloqüente e insofismável dos fatos demonstra que o solo, quanto mais dividido eretalhado, mais prosperidade, mais riqueza e paz assegura aos povos e às nações.
"Radix omnium malorum est avaritia."

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Parábola do Mordomo Infiel

Artigo extraído do livro "Em Busca do Mestre" - 4ª Edição - Março de 1995 - Edições FEESP.

“Havia um homem rico, que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como esbanjador de seus bens. Chamou-o e perguntou-lhe: Que é isto que ouço dizer de ti? Dá conta de tua mordomia; pois já não podes mais ser meu mordomo. Disse, então consigo, o administrador: Que farei agora, já que meu amo me tira a mordomia? Não tenho forças para cavar, e, de mendigar tenho vergonha. Eu sei, porém, o que me cumpre fazer, para que, despedido da mordomia, tenha quem me receba em suas casas. Em seguida, convocou os devedores do seu amo, dizendo ao primeiro deles: Quanto deves ao meu amo? Respondeu ele: cem cados de azeite. Disse-lhe, então: Senta-te depressa, e escreve cinqüenta. Depois indagou de outro: E tu quanto deves? Respondeu ele: cem coros de trigo. Disse-lhe: Toma a tua conta, e escreve oitenta. E assim fez com os demais. E o amo, sabendo disso, louvou o administrador iníquo, por haver procedido sabiamente; pois os filhos deste mundo são mais sábios para com sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da iniqüidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco, também o será no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que ficará sendo vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois ou há de aborrecer a um e servir o outro, ou há de unir-se a um e desprezar o outro. Não podeis, pois, servir a Deus e a Mamom”.
Sintetizemos a parábola, interpretando os seus personagens: O amo ou proprietário: Deus.
O mordomo infiel: o homem.
Os devedores beneficiados: nosso próximo, os sofredores em geral.
A propriedade agrícola: O mundo que habitamos.
Moralidade: o homem é mordomo infiel porque se apodera dos bens que lhe são confiados para administrar, como se tais bens constituíssem propriedade sua. Acumula esses bens, visando exclusivamente a proveitos pessoais: restringe sua expansão, assenhoreia-se da terra cuja capacidade produtiva delimita e compromete. Enfim, todo o seu modo de agir com relação à propriedade que lhe foi confiada para administrar, é no sentido de monopolizá-la em benefício próprio, menosprezando assim os legítimos direitos do Proprietário. Diante de tal proceder irregular, o Senhorio vê-se na contingência de demiti-lo. Essa exoneração, que não é lavrada a pedido, consuma-se com a morte. Todo o Espírito que desencarna é um mordomo despedido do emprego. A parábola figura um deles, cuja prudência é motivo de elogios. É aquele que, sabendo que ia ser despedido, e que nada poderia levar consigo, nem lhe assistia tampouco o que alegar em seu abono diante da demissão, procura, com os bens alheios ainda em seu poder, prevenir o seu futuro. E, como faz, granjeia amigos com a riqueza da iniqüidade, isto é, lança mão dos bens acumulados, que representam a riqueza do Amo sob sua guarda, e, com ela, beneficia os vários devedores, cuja amizade, de tal maneira consegue conquistar! E o Amo (DEUS) louva a ação do mordomo (homem) que assim procede, pois esse a quem ele aqui no mundo beneficiaria serão aqueles que futuramente o receberão nos Tabernáculos eternos (páramos celestiais, céus, espaço, etc.).
O grande ensinamento desta importante parábola está no seguinte: Toda riqueza é iníqua. Não há nenhuma legítima no terreno das temporalidades do século. Riquezas legítimas ou verdadeiras são unicamente as de ordem intelectual e moral: o saber e a virtude. Não assiste ao homem o direito de monopolizar a terra, nem de açambarcar os bens que dela derivam. Seu direito não vai além do usufruto. Como, porém, todos os homens são ainda egoístas e querem monopolizar os bens terrenos em proveito exclusivo, o Mestre aconselha, com muita justeza, que, ao menos, façam como o Mordomo Infiel: Granjeiem amigos com esses bens dos quais ilegalmente se apossaram, reduzindo, assim, o débito dos que, nesta existência, resgatam culpas.
A parábola em apreço contém, em sua essência, transcendente lição de sociologia, encerrando um libelo contra à avareza, e belíssima apologia da liberalidade e do altruísmo, virtudes cardeais do Cristianismo.
Obedecem ao mesmo critério acima exposto, estes outros dizeres: Quem é fiel no pouco também será fiel no muito. Se não fostes fiel nas riquezas injustas, quem vos confiará as legítimas? E se não destes boas contas do alheio, quem vos dará aquilo que se tornará vosso?
É claro que a riqueza classificada como sendo o “pouco”, como sendo iníqua e alheia é a que consiste nos bens materiais; enquanto que, a riqueza reputada como sendo o “muito”, à legítima e a que constitui propriedade inalienável é aquela representada pelos predicados de caráter, pela virtude, numa palavra, pela evolução conquistada pelo Espírito no transcurso das existências que se sucedem na eternidade da vida.
A terra constitui propriedade de ninguém: é patrimônio comum. E, como a terra, qualquer outra espécie de bens, visto como toda a riqueza é produto da terra. Ao homem é dado desfrutá-la na proporção das suas legítimas necessidades. Tudo que passa daí é uma apropriação indébita. Não se acumula ar, luz e calor para atender reclamos do corpo. O homem serve-se naturalmente daqueles elementos, sem as egoísticas pretensões de entesourar.
O testemunho eloqüente dos fatos demonstra que o solo quanto mais dividido e retalhado, mais prosperidade, mais riquezas e felicidade assegura aos povos e às nações.
De outra sorte, comprova também que a causa fundamental das guerras – esse flagelo, essa expressão de barbárie, selvageria e bruteza – está na ambição e na megalomania de possuir e dominar o mundo, como se este pudesse constituir propriedade do homem.