CAPÍTULO
II
OS MAGOS DO ORIENTE
OS MAGOS DO ORIENTE
OS
MAGOS DO ORIENTE
1
- Tendo pois nascido Jesus em Belém de Judá, em tempo do rei Herodes,
eis que vieram do Oriente uns magos a Jerusalém.
2
- Dizendo: Onde está o rei dos judeus, que é nascido? Porque
nós vimos no Oriente a sua estrela e viemos a adorá-lo.
3
- E o rei Herodes ouvindo isto se turbou e toda Jerusalém com ele.
4
- E convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo,
lhes perguntava onde havia de nascer o Cristo.
5
- E eles lhe disseram: Em Belém de Judá; porque assim está
escrito pelo profeta:
6
- E tu Belém, terra de Judá, não és a de menos consideração
entre as principais de Judá; porque de ti sairá o condutor, que
há de comandar o meu povo de Israel.
7
- E então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles
com todo o cuidado que tempo havia que lhes aparecera a estrela.
8-
E enviando-os a Belém, dísse-lhes: Ide e informai-vos bem que
menino é esse; e depois que o houverdes achado vinde-me dizer, para eu
ir também adorá-lo.
9
- Eles, tendo ouvido as palavras do rei, partiram; e logo a estrela, que tinham
visto no Oriente, lhes apareceu, indo adiante deles, até que chegando,
parou onde estava o menino.
10
- E quando eles viram a estrela, foi sobremaneira grande o júbilo que
sentiram.
11
- E entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se
o adoraram; e abrindo os seus cofres lhe fizeram suas ofertas de ouro, incenso
e mirra.
12 - E havida resposta em sonhos, que não tornassem a Herodes, voltaram
por outro caminho a suas terras.
Segundo
nos informa Emmanuel em seu livro, "A Caminho da Luz", as raças
adâmicas guardaram a lembrança das promessas do Cristo que, por
sua vez, a fortaleceu enviando-lhes periodicamente seus missionários.
Os enviados do Infinito falaram na China milenária, da celeste figura
do Salvador, muitos séculos antes do advento de Jesus. Os iniciados do
Egito o esperavam. Na Pérsia, idealizaram sua trajetória, antevendo-lhe
os passos no caminho do porvir. Na lndia védica, era conhecida quase
toda a história evangélica, que o sol dos milênios futuros
iluminaria na escabrosa Palestina. (Vide Emmanuel, "A Caminho da Luz",
págs. 30 e 31, edição de 1941 ).
Os
magos eram sacerdotes. Na antiga Pérsia formavam uma corporação
que se ocupava do culto religioso e do cultivo da ciência, principalmente
da astronomia. O verdadeiro significado da palavra mago é sábio.
Eram respeitadíssimos pelo povo e dividiam-se em várias classes,
cada uma das quais tinha privilégios e deveres distintos. Levavam uma
vida austera, vestiam-se com extrema simplicidade e não comiam carne.
É fora de dúvida que terão tomado conhecimento das profecias
referentes à vinda do Messias, por meio dos israelitas, quando estes
estiveram cativos na Babilônia. Estas profecias, guardadas carinhosamente
no recesso dos templos, só eram reveladas aos iniciados nas coisas espirituais.
Estudiosos da espiritualidade que eram, não lhes foi difícil compreender
o verdadeiro caráter de Jesus e da missão que vinha desempenhar
entre os homens, motivo pelo qual o esperavam através das gerações.
Cultores da mediunidade que para eles não tinha segredos, são
avisados pelos seus mentores espirituais, logo que Jesus se encarna. E comparando
o aviso recebido com as profecias que possuíam, não duvidaram
em ir prestar suas homenagens ao Messias, há tanto tempo esperado e desejado.
A estrela que os guiava era um espírito que se lhes apresentava em forma
luminosa.
Qual
o objetivo que visavam os mentores espirituais, favorecendo a adoração
dos magos?
O
objetivo era chamar a atenção do povo hebreu de que o Messias
prometido já se tinha encarnado.
Realmente,
os magos despertaram a curiosidade do povo de Jerusalém, tanto que Herodes
os chamou e os inquiriu sobre os motivos que os tinham trazido à cidade.
Certos de que o povo escolhido também sabia da chegada do Cristo, candidamente
respondiam que o tinham vindo adorar.
De
nada valeu o aviso. Israel não soube perceber o advento do Salvador.
A
FUGIDA PARA O EGITO; A MATANÇA DOS INOCENTES
13
- Partidos que eles foram, eis que apareceu um anjo do Senhor em sonhos a José
e lhe disse: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e foge para o Egito
e fica-te lá até que eu te avise. Porque Herodes tem de buscar
o menino para o matar.
14
- E José, levantando-se, tomou de noite o menino e sua mãe
e retirou-se para o Egito.
15
- E ali esteve até a morte de Herodes; para se cumprir o que proferira
o Senhor pelo profeta que diz: Do Egito chamei a meu filho.
16
- Herodes então, vendo que tinha sido iludido pelos magos, ficou muito
irado por isso e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em
todo o seu termo, que tivessem dois anos e daí para baixo, regulando-se
nisto pelo tempo que tinha exatamente averiguado dos magos,
17
- Então se cumpriu o que estava anunciado pelo profeta Jeremias, que
diz:
18
- Em Ramá se ouviu um clamor, um choro e um grande lamento; vinha a ser
Raquel chorando a seus filhos, sem admitir consolação pela falta
deles.
Tendo
sido avisados os poderes terrenos de que o Rei Espiritual da Terra viera iniciar
o seu reinado no coração dos homens, a reação das
trevas foi de ódio.
E
deliberaram destruí-la.
A
Providência Divina, porém, fez com que o Messias fosse colocado
em lugar seguro, enquanto se manifestava o temporário poder das trevas.
Obediente
às intuições superiores que recebiam, os magos voltam a
seus países, sem se avistarem de novo com os perseguidores do menino.
É
decretada a matança dos inocentes. As crianças atingidas por este
violento desencarne, eram espíritos em expiação.
Em
encarnações passadas muito tinham errado, tornando-se, desse modo,
merecedores do castigo pelo qual passaram.
Durante
o progresso do Evangelho, vemos as trevas se insurgirem contra ele em quatro
ocasiões: A primeira, quando Jesus nasceu. A segunda, quando Jesus foi
crucificado. A terceira, quando os Apóstolos se espalharam pelo mundo,
levando o Evangelho a todos os povos; então assistimos às perseguições
dos cristãos. E a quarta é de nossos dias, quando, com o advento
do Espiritismo, o Consolador que viria explicar o que Jesus deixou para mais
tarde e reviver-Ihe os preceitos, seus adeptos foram ridicularizados.
A
VOLTA DO EGITO
19
- E sendo morto Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José
no Egito.
20
- Dizendo: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e vai para a terra de
Israel; porque são mortos os que buscavam o menino para o matar.
21
- José, levantando-se, tomou o menino e sua mãe e veio para a
terra de Israel.
22
- Mas ouvindo que Arquelao reinava na Judéía em lugar de seu pai
Herodes, temeu ir para lá; e avisado em sonhos se retirou para as partes
da Galiléía.
23
- E veio morar numa cidade que se chama Nazaré; para se cumprir o que
fora dito pelos profetas: Que será chamado Nazareno.
Em
preservar a vida do menino, defendendo-o de seus perseguidores, devemos admirar
a obediência de José, esposo de Maria e pai de Jesus.
Obedecendo
às intuições de seus guias espirituais e ao seu anjo da
guarda, José rendeu um preito de adoração e de veneração
a Deus, nosso Pai.
Se
José não tivesse obedecido às inspirações
superiores, teria falhado na missão que lhe fora conferida de velar pela
infância de Jesus.
Observemos
aqui a ação maravilhosa da mediunidade. Os magos, José
e Maria, receberam as ordens dos planos superiores por meio da mediunidade que
possuíam. Por aí vemos que todo médium que trata amorosamente
de sua mediunidade e sabe obedecer às inspirações de seus
superiores espirituais, tem, na própria mediunidade, um arrimo seguro
para triunfar de suas provas e de suas expiações na Terra.
Eliseu
Rigonatti