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quinta-feira, 16 de agosto de 2012
A ÚLTIMA TENTAÇÃO
Irmão X
Dizem que Jesus, na hora extrema, começou a
procurar os discípulos, no seio da agitada multidão que lhe cercava o madeiro,
em busca de algum olhar amigo em que pudesse reconfortar o espírito
atribulado...
Contemplou, em silêncio, a turba enfurecida.
Fustigado pelas vibrações de ódio e crueldade,
qual se devera morrer, sedento e em chagas, sob um montão de espinhos, começou a
lembrar os afeiçoados e seguidores da véspera...
Onde estariam seus laços amorosos da Galiléia?...
Recordou o primeiro contacto com os pescadores do
lago e chorou.
A saudade amargurava-lhe o coração.
Por que motivo Simão Pedro fora tão frágil? que
fizera ele, Jesus, para merecer a negação do companheiro a quem mais se
confiara?
Que razões teriam levado Judas a esquecê-lo? Como
entregara, assim, ao preço de míseras moedas, o coração que o amava tanto?
Onde se refugiara Tiago, em cuja presença tanto se
comprazia?
Sentiu profunda saudade de Filipe e Bartolomeu, e
desejou escutá-los.
Rememorou suas conversações com Mateus e refletiu
quão doce lhe seria poder abraçar o inteligente funcionário de Cafarnaum, de
encontro ao peito...
De reminiscência a reminiscência, teve fome da
ternura e da confiança das criancinhas galiléias que lhe ouviam a palavra,
deslumbradas e felizes, mas os meninos simples e humildes que o amavam
perdiam-se, agora, à distância...
Recordou Zebedeu e suspirou por acolher-se-lhe à
casa singela.
João, o amigo abnegado, achava-se ali mesmo, em
terrível desapontamento, mas precisava socorro para sustentar Maria, a
angustiada Mãe, ao pé da cruz.
O Mestre desejava alguém que o ajudasse, de perto,
em cujo carinho conseguisse encontrar um apoio e uma esperança...
Foi quando viu levantar-se, dentre a multidão
desvairada e cega, alguém que ele, de pronto, reconheceu.
Era a mesmo Espírito perverso que o tentara no
deserto, no pináculo do templo e no cimo do monte.
O Gênio da Sombra, de rosto enigmático, abeirou-se
dele e murmurou:
– Amaldiçoar, os teus amigos ingratos e dar-te-ei
o reino do mundo! Proclama a fraqueza dos teus irmãos de ideal, a fim de que a
justiça te reconheça a grandeza angélica e descerás, triunfante, da cruz!...
Dize que os teus amigos são covardes e duros, impassíveis e traidores e
unir-te-ei aos poderosos da Terra para que domines todas as consciências. Tu
sabes que, diante de Deus, eles não passara de míseros desertores...
Jesus escutou, com expressiva mudez, mas o pranto
manou-lhe mais intensamente da olhar translúcido.
– Sim – pensava –, Pedro negara-o, mas não por
maldade. A fragilidade do apóstolo podia ser comparada à ternura de uma oliveira
nascente que, com os dias, se transforma no tronco robusto e nobre, a desafiar a
implacável visita dos anos. Judas entregara-o, mas não por má-fé. Iludira-se com
a política farisaica e julgara poder substituí-lo com vantagem nos negócios do
povo.
Encontrou, no imo dalma, a necessária justificação
para todos e parecia esforçar-se por dizer o que lhe subia do coração.
Ansioso, o Espírito das Trevas aguardava-lhe a
pronúncia, mas o Cordeiro de Deus, fixando os olhos no céu inflamado de luz,
rogou em tom inesquecível:
– Perdoa,-lhes, Pai! Eles não sabem o que
fazem!...
O Príncipe das Sombras retirou-se apressado.
Nesse instante, porém, ao invés de deter-se na
contemplação de Jerusalém dominada de impiedade e loucura, o Senhor notou que o
firmamento rasgara-se, de alto a baixo, e viu que os anjos iam e vinham, tecendo
de estrelas e flores o caminho que o conduziria ao Trono Celeste.
Uma paz indefinível e soberana estampara-se-lhe no
semblante.
O Mestre vencera a última tentação e seguiria,
agora, radiante e vitorioso, para a claridade sublime da ressurreição eterna.
Do livro “Contos e Apólogos”. Irmão X. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
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JESUS E O MUNDO
Emmanuel
Se Jesus não tivesse confiança na regeneração dos homens e
no aprimoramento do mundo, naturalmente, não teria vindo ao encontro das
criaturas e nem teria jornadeado nos escuros caminhos da terra.
Não podemos, por isso, perder a esperança e nem nos cabe o
desânimo, diante das pequenas e abençoadas lutas que o Céu nos concedeu,
entre as sombras das humanas experiências.
Da escola do mundo saíram diplomados em santificação
Espíritos sublimes, que hoje se constituem abençoados patronos da evolução
terrestre.
Não nos compete menosprezar o plano de aprendizagem que nos
alimenta e nos agasalha, que nos instrui e aperfeiçoa.
Se o melhor não auxilia ao pior, debalde aguardaremos a
melhoria da vida.
Se o bom desampara o mau, a fraternidade não passaria de
mera ilusão.
Se o sábio não ajuda ao ignorante, a educação redundaria em
mentira perigosa.
Se o humilde foge ao orgulhoso, surgiria o amor por
vocábulo inútil.
Se o aprendiz da gentileza menoscaba o prisioneiro da
impulsividade, o desequilíbrio comandaria a existência.
Se a virtude não socorre às vítimas do vício e se o bem não
se dispõe a salvar quantos se arrojam aos despenhadeiros do mal, de coisa
alguma serviria a predicação evangélica no campo de trabalho que a
Providência Divina nos confiou.
O Mestre não era do mundo, mas veio até nós para a redenção
do mundo. Sabia que os seus discípulos não pertenciam ao acervo moral da
Terra, mas enviou-os ao convívio com homens para que os homens se
transformassem nos servidores devotados do bem, convertendo o Planeta em
seu reino de Luz.
O cristão que foge ao contato com o mundo, a pretexto de
garantir-se contra o pecado, é uma flor parasitária e improdutiva na
árvore do Evangelho, e o Senhor, longe de solicitar ornamentos para a sua
obra, espera trabalhadores abnegados e fiéis que se disponham a remover o
solo com paciência, boa vontade e coragem, a fim de que a Terra se
habilite para a sementeira renovadora do grande amanhã.
Do livro Coragem. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
NA INTIMIDADE DOMÉSTICA
Emmanuel
A história do bom samaritano, repetidamente estudada,
oferece conclusões sempre novas.
O viajante compassivo encontra o ferido anônimo na estrada.
Não hesita em auxiliá-lo.
Estende-lhe as mãos.
Pensa-lhe as feridas.
Recolhe-o nos braços sem qualquer idéia de preconceito.
Conduze-o ao albergue mais próximo.
Garante-lhe a pousada.
Olvida conveniências e permanece junto dele, enquanto
necessário.
Abstém-se de indagações.
Parte ao encontro do dever, assegurando-lhe a assistência
com os recursos da própria bolsa, sem prescrever-lhe obrigações.
Jesus transmitiu-nos a parábola, ensinando-nos o exercício
da caridade real, mas, até agora, transcorridos quase dois milênios,
aplicamo-la, via de regra, às pessoas que não nos comungam o quadro
particular.
Quase sempre, todavia, temos os caídos do reduto doméstico.
Não descem de Jerusalém para Jericó, mas tombam da fé para
a desilusão e da alegria para a dor, espoliados nas melhores esperanças,
em rudes experiências.
Quantas vezes surpreendemos as vítimas da obsessão e do
erro, da tristeza e da provação, dentro de casa !
Julgamos, assim, que a parábola do bom samaritano produzirá
também efeitos admiráveis, toda vez que nos decidirmos a usá-la, na vida
íntima, compreendendo e auxiliando os vizinhos e companheiros, parentes e
amigos, sem nada exigir e sem nada perguntar.
(De “Coragem”, de
Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos)
|
HORA DIFÍCIL
Emmanuel
Os Amigos
Espirituais auxiliam aos companheiros encarnados na terra, em toda parte e
sempre. sobretudo, com alicerces na inspiração e no concurso indireto.
Serviço no bem do próximo, todavia, será para todos eles o veículo
essencial. Contato fraterno por tomada de ligação.
*
Suportarás
determinadas tarefas sacrificiais com paciência e, através daqueles que se
te beneficiam do esforço, os Mensageiros da Vida Superior te estenderão
apoio imprevisto.
Darás tua
contribuição no trabalho espontâneo, em campanhas diversas, a favor dos
necessitados, e, pelos irmãos que te cercam, oferecer-te-ão esperança e
alegria.
Visitarás o doente
e, utilizando o próprio doente, renovar-te-ão as idéias.
Socorrerás os menos
felizes, e, por intermédio daqueles que se lhes vinculam à provação e à
existência, dar-te-ão bondade e simpatia.
Ajudarás a criança
desprotegida e, mobilizando quantos se lhe interessam pelo destino,
descerrar-te-ão vantagens inesperadas.
Desculparás ofensas
recebidas e, servindo-se dos próprios beneficiários de tua generosidade e
tolerância, surpreender-te-ão com facilidades e bênçãos a te enriquecerem
as horas.
*
Permaneça o
tarefeiro na tarefa que lhe cabe e os emissários do Senhor encontrarão
sempre meios de lhe prestarem assistência e cooperação. entretanto, eles
também, os doadores da luz, sofrem, por vezes, a intromissão da hora
difícil. Quando o obreiro se deixa invadir pelo desânimo, eis que os
processos de intercâmbio entram em perturbação e colapso, de vez que,
entorpecida a vontade, o trabalhador descamba para a inércia e a inércia,
onde esteja, cerra os canais do auxílio, instalando o deserto espiritual.
Do Livro “Coragem”.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
QUANDO O TÉDIO APAREÇA
Emmanuel
Quando o desalento te ameace o caminho, pensa nos outros,
naqueles que não dispõem de tempo para qualquer entrevista com o tédio.
Se te acreditar amargurando lições demasiado severas no
educandário da vida, freqüenta, de quando em quando, a escola das grandes
provações, onde os aprendizes se acomodam na carteira das lágrimas. Muitos
jazem na rua, estendendo mãos fatigadas aos que passam com pressa... Em
maioria, são doentes que a onda renovadora do grupo social atirou à praia
da assistência pública ou mães aflitas a quem as exigências de filhos
pequeninos ainda não permitem a liberalidade de uma profissão...
Provavelmente, alguém dirá que entre eles se encontram
oportunistas e malfeitores que se fantasiam de enfermos para te assaltarem
a bolsa em nome da piedade. Compreendemos semelhante alegação e
justificamo-la, porque o mal existe sempre onde lhe queiramos destacar a
presença e, conquanto te roguemos o benefício da prece, em favor dos que
agem assim, mais por ignorância que por maldade, apelamos para que
consultes ainda aquelas outras salas de aula que se enfileiram no recinto
dos hospitais e nos albergues esquecidos. Acompanha os estudos daqueles
cujo corpo se carrega de feridas dolorosas para agradeceres a pele sadia
que te veste a figura ou segue a cartilha de agoniadas emoções dos que se
recolhem nos manicômios, sorvendo angústia e desespero nos resvaladouros
da loucura ou da obsessão, a fim de valorizares o cérebro tranqüilo que te
coroa a existência... Visita os asilos que resguardam a sucata do
sofrimento humano e observa as disciplinas dos que foram entregues às
meditações da penúria, para quem um simples sanduíche é um brinde raro e
partilha os exercícios de saudade e de dor dos que foram abandonados pelos
entes que mais amam, a fim de abençoares o pão de tua casa e os afetos que
te enriquecem os dias.
Quando o tédio te procure, vai à escola da caridade... Ela
te acordará para as alegrias puras do bem e te fará luz no coração,
livrando-te das trevas que costumam descer sobre as horas vazias.
Do livro Coragem. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
DECÁLOGO DO BOM ÂNIMO
André
Luiz
1 - Dificuldades? Não perca tempo, lamuriando. Trabalhe.
2 - Críticas? Nunca aborrecer-se com elas. Aproveite-as no
que mostrem de útil.
3 - Incompreensões? Não busque torná-las maiores, através
de exigências e queixas. Facilite o caminho.
4 - Intrigas? Não lhes estenda a sombra. Faça alguma luz
com o óleo da caridade.
5 - Perseguições? Jamais revidá-las. Perdoe esquecendo.
6 - Calúnias? Nunca enfurecer-se contra as arremetidas do
mal. Sirva sempre.
7 - Tristezas? Afaste-se de qualquer disposição ao
desânimo. Ore abraçando os próprios deveres.
8 - Desilusões? Por que debitar aos outros a conta de
nossos erros? Caminhe para frente, dando ao mundo e à vida o melhor ao seu
alcance.
9 - Doenças? Evite a irritação e a inconformidade.
Raciocine nos benefícios que os sofrimentos do corpo passageiro trazem à
alma eterna.
10 - Fracassos? Não acredite em derrotas. Lembre-se de que,
pela bênção de Deus, você está agora em seu melhor tempo – o tempo de
hoje, no qual você pode sorrir e recomeçar, renovar e servir, em meio de
recursos imensos.
Do livro Coragem. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
|
DEPRESSÕES
Emmanuel
Se trazes o Espírito
agoniado por sensações de pessimismo e tristeza, concede ligeira pausa a
ti mesmo, no capítulo das próprias aflições, a fim de raciocinar.
*
Se alguém te
ofendeu, desculpa.
Se feriste alguém,
reconsidera a própria atitude.
Contratempos do
mundo estarão constantemente no mundo, onde estiveres.
Parentes difíceis
repontam de todo núcleo familiar.
Trabalho é Lei do
Universo
Disciplina é
alicerce da educação.
Circunstâncias
constrangedoras, assemelham-se a nuvens que aparecem no firmamento de
qualquer clima.
Incompreensões com
relação a caminhos e decisões que se adote são empeços e desafios, na
experiência de quantos desejem equilíbrio e trabalho.
Agradar a todos, ao
mesmo tempo, é realização impossível.
Separações e
renovações representam imperativos inevitáveis do progresso espiritual.
Mudanças equivalem a
tratamento da alma, para os ajustes e reajustes necessários à vida.
Conflitos íntimos
atingem toda criatura que aspire a elevar-se.
Fracassos de hoje
são lições para os acertos de amanhã.
Problemas enxameiam
a existência de todos aqueles que não se acomodam com estagnação.
*
Compreendendo a
realidade de toda pessoa que anseie por felicidade e paz, aperfeiçoamento
e renovação, toda vez que sugestões de desânimo nos visitem a alma,
retifiquemos em nós o que deva ser corrigido e abraçando o trabalho que a
vida nos deu a realizar, prossigamos à frente.
Do Livro “Coragem”.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
OS DIREITOS DA MULHER
Conversávamos antes da reunião sobre os direitos da mulher
perante o homem. Os comentários eram os mais diversos, quanto ao que
ocorre no mundo neste sentido. Quando os deveres em pauta nos chamaram à
tarefa, O Livro dos Espíritos, aberto ao acaso, deu-nos a questão 201 para
estudo. Após as explanações habituais, o nosso caro Emmanuel trouxe-nos a
página “Especialmente à Mulher”.
ESPECIALMENTE À MULHER
Emmanuel
Homem e mulher guardam idênticos direitos perante as Leis
da Vida.
E ambos, análogas características de imortalidade; os
mesmos atributos do espírito eterno.
Entretanto, a Sabedoria da Criação entregou à mulher as
chaves da vida. Com ela, a repetição do berço, nos prodígios do
renascimento.
O homem dominará a natureza, erguerá impérios, influenciará
povos ou marcará época; no entanto a humanização de tudo isso pertence à
mulher que o embala nos vínculos de sua própria renovação.
Por muito poderosos hajam sido os conquistadores da Terra,
no passado e no presente, e por mais cultos os filósofos que traçam as
diretrizes da cultura humana, de nenhum deles a vida suprimiu a
necessidade das entranhas femininas para que se lhes gerasse a existência;
e ainda agora, quando a ciência do mundo se dispõe a intervir nos
processos da reencarnação, procurando nova nidação dos recursos genéticos,
a favor da gestação em proveta criadora, nenhum sistema de sublimação
espiritual pode substituir a assistência materna, no trabalho do
renascimento físico, porque unicamente o amor é a luz da civilização,
conduzindo-a para a integração com Deus.
***
Se te encontras na experiência feminina, ante os
impositivos da evolução, é natural te compreendas, no mesmo nível do homem
relativamente à cultura e à inteligência, com a mesma segurança de
competência. Mas para a demonstração disso, não busques os pontos de
vivência em que a maioria dos homens falhou tantas vezes.
Para te mostrares tão eficiente quanto os melhores
companheiros da Terra, não é necessário desças aos precipícios a que
tantos se arrojaram na própria imprevidência.
Recorda que podes ombrear com todos eles em matéria de
trabalho e habilitação, entendimento e responsabilidade, mas é preciso
pensar que Deus não confiou aos homens os dons que te concedeu na
perpetuação da vida e no sustento do amor.
Livro
“Caminhos de Volta” – Psicografia Francisco Cândido Xavier – Espíritos
Diversos.
Parábola do Semeador, sob a ótica de Joaana de Angelis
“Saiu o semeador para semear a sua
semente. E quando semeava, uma parte caiu á beira do caminho; foi
pisada, e as aves do Céu a comeram. Outra caiu sobre a pedra; e tendo
crescido, secou, porque não havia umidade. Outra caiu no meio de
espinhos; e com ela cresceram os espinhos, e sufocaram-na. E outra caiu
na boa terra, e, tendo crescido, deu fruto a cento por um. Dizendo isto
clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. (...)”
(Mateus, XIII, 1-9-Lucas, VIII, 4-15.)
“Saiu o semeador para semear a sua
semente. E quando semeava, uma parte caiu á beira do caminho; foi
pisada, e as aves do Céu a comeram...”
Uma semente que não cresce e não cria raízes é aquela que é plantada superficialmente, podemos trazer esta experiência para o nosso dia a dia, nas relações pessoais, profissionais e até mesmo religiosa, as quais encaramos superficialmente.
Nós em muitos momentos da vida somos rígidos, “solos” duros, áridos, impedindo assim que as boas sementes germinem. Enquanto não permitirmos que a semente adentre o nosso ser, ela não vai germinar e conseqüentemente não vai criar raízes, às vezes não permitimos isso por estarmos em uma condição “confortável”, ou seja, acomodado.
E na maioria das vezes, ouvimos os ensinamentos, mas jamais achamos que eles servem para nós, sempre os projetamos para outras pessoas, e nunca para nós.
“Receando ser ele mesmo, tornasse pessoa espelho, a refletir as conveniências dos outros, ou, homem-parede, a reagir contra todas às vibrações que lhe são dirigidas antes de as examinar”
(Joanna de Angelis-Homem Integral)
“Outra caiu sobre a pedra; e tendo crescido, secou, porque não havia umidade...”
“Como o próprio Jesus disse, este solo é aquele que recebeu rápida e alegremente a Sua palavra, mas não tem raiz em si mesmo.”
Somos nós, eufóricos quando movidos somente pela impulsividade, não nos aprofundamos em nossas raízes, ou seja, partimos para nossas empreitadas na vida, mas sem buscarmos o devido preparo para termos “sucesso” em nossas buscas.
Assim também é na luta pelo nosso melhoramento espiritual, se deixarmos a semente do Evangelho criar raízes profundas dentro de nós, nosso crescimento será mais significativo, uma arvore não pode crescer exuberantemente em sua verticalidade, se não possuir fortes e profundas raízes que a sustentarão.
Esta semente representa aquelas pessoas que não possuem raízes em si mesmas.
Quantas iniciam cursos de estudos da Doutrina Espírita, que certamente nos ajudam muito a criarmos melhores condições para nossa existência,e de hora para outra simplesmente desaparecem, usando trabalho profissional e outros, para justificar sua ausência, outras freqüentam reuniões com belas palestras e com profundas mensagens, e acham tudo muito lindo, mas não deixam esses momentos se aprofundarem dentro de si, em boas reflexões, e acaba tudo passando, alguns partem para os trabalhos necessários dentro da Casa Espírita, iniciam grandes projetos, mas no primeiro obstáculo, desiste de tudo.
Esta é a segunda semente, houve todos as lições, tem acesso a tudo de bom, mas existe nelas uma grande falta de enraizamento e de aprofundamento, deixando que todas as suas atividades sejam plenamente superficiais.
“O ser humano possui profundidade que deve ser penetrada, superando a superficialidade no dia a dia”
(Joanna de Angelis)
“Outra caiu no meio de espinhos; e com ela cresceram os espinhos, e sufocaram-na...”
Os espinhos são as nossas sombras, que ficam escondidas e crescem e quando desejamos partir para uma renovação moral, pois as boas raízes começam a crescer, as nossas melhores qualidades e as maiores virtudes são contaminadas por estes espinhos, por estas sombras.
“Toda vez que a pessoa tenta a conscientização intima, o encontro com o “eu” profundo, a busca interior, as sensações predominantes nas paisagens físicas, perturbam-lhe a decisão, impedindo a experiência”
(Joanna de Angelis)
Se já nos conhecemos um pouco, e sabemos das sombras que trazemos dentro de nós, também sabemos de nossas boas conquistas, então devemos iniciar já uma batalha para que estas sombras não se sobreponham as nossas qualidades, impedindo o nosso crescimento.
Precisamos então trabalhar mais as nossas sombras, buscar as raízes, nos aprofundarmos, deixar o orgulho de lado e passarmos, com esse mergulho em nós mesmos, nos aceitar mais e procurar disseminar estes espinhos de dentro de nós. Como nos orienta a Benfeitora Joanna de Angelis, buscar o nosso “self” e nos conhecermos profundamente.
“A aquisição da consciência é um
processo lento e profundo, porque se encontra em germe no próprio “ser”,
como a pérola preciosa na concha escura no molúsculo...”
(Joanna de Angelis)
Nada acontece de hora para outra, mas é preciso fazer nossa parte para que consigamos transformar nossas feridas em pérolas, é preciso deixar que todos os ensinamentos nos penetrem verdadeiramente para que ao absorvermos, possamos partir para a vivencia no dia a dia, fazendo com que os espinhos caiam e deixem os frutos bons das boas sementes crescerem e se multiplicarem.
E outra caiu na boa terra, e, tendo crescido, deu fruto a cento por um.
“Nesse homem atribulado dos nossos dias, a Divindade deposita confiança em favor de uma renovação para um mundo melhor e uma sociedade mais feliz, buscar os valores que lhes dormem soterrados no íntimo é a razão de sua existência corporal no momento, encontrar-se com a vida, enfrentá-la e triunfar eis o seu fanal.”
(Joanna de Angelis)
“Quantos de vós aqui presentes darão
frutos? Quantos de vós que estão aqui vão permitir que tudo que vocês
escutaram e escutam se enraízem, transformem vocês e sigam a adiante se
transformando nessa árvore que dará frutos e que vão gerar novas e boas
sementes?
(Bezerra de Menezes)
Fonte:Blog: Estudos Espiritas
Fonte:Blog: Estudos Espiritas
O SEMEADOR INCOMPLETO
Irmão X
Conta-se que existiu um cristão inteligente e sincero,
de convicções forte e maneiras francas, que, onde estivesse, atento às
letras evangélicas, não deixava de semear a palavra do Senhor.
Excelente conversador, ocupava a tribuna com êxito
invariável. As imagens felizes fluíam-lhe dos lábios quais arabescos
maravilhosos de som. Ensinava sempre, conduzia com lógica, aconselhava com
acerto, espalhava tesouros verbais. No entanto, reconhecia-se
incompreendido de toda gente.
Em verdade, no fundo, exaltava o amor; todavia, acima
de tudo, queria ser amado. Salientava os benefícios da cooperação;
contudo, estimava a colaboração alheia, sentindo-se diminuído quando as
situações lhe reclamavam concurso fraterno. Sorria, contente, ao receber o
titulo de orientador; entretanto, dificilmente sabia utilizar o titulo de
irmão. Habituara-se, por isso, ao patriarcado absorvente criado pelos
homens na imitação do patriarcado libertador de Deus.
Com a passagem do tempo, todavia, suas palavras
perderam o brilho. Faltava-lhe a claridade interior que somente a
integração com Jesus pode proporcionar.
Servo caprichoso e rígido, insulou-se no estudo das
letras sagradas e buscou situar-se nos símbolos da Boa Nova, descobrindo
para ele mesmo a posição do semeador incompreendido.
As estações correram sucessivas e a luz de cada dia
encontrou-o sempre sozinho e distante...
Dizia-se enfastiado das criaturas. Semeara entre elas,
afirmava triste, as melhores noções da vida, recebendo, em troca, a
ingratidão e o abandono. Sentia-se ausente de sua época, desajustado entre
os companheiros e descrente do mundo. E porque não desejava contrariar a
si mesmo, retirara-se das atividades sociais, a fim de aguardar a morte.
Efetivamente, o anjo libertador, decorrido algum tempo,
veio subtraí-lo ao corpo físico.
Estranho, agora, durante muitos anos. Mantinha-se
apagada a lâmpada de seu coração. Não possuía suficiente luz para
identificar os caminhos novos ou para ser visto pelos emissários celestes.
O inteligente instrutor, por fim, valeu-se da prece.
Afinal, fora sincero em seus pontos de vista e leal a si próprio. E tanto
movimentou os recursos da oração que o Senhor, ouvindo-lhe as suplicas bem
urdidas, desceu em pessoa aos círculos penumbrosos.
Sentindo-se agraciado, o infeliz alinhou frases
preciosas que Jesus anotava em silencio.
Depois de longa exposição verbal do aprendiz, perguntou
o Mestre, amável:
- Que missão desempenhaste entre os homens?
O interpelado fixou o gesto de quem sofre o golpe da
injustiça e esclareceu:
- Senhor, minha tarefa foi semelhante à daquele
semeador de tua parábola. Gastei varias dezenas de anos, espalhando tuas
lições na Terra. No entanto, não fui bem-sucedido no ministério. As
sementes que espargi a mancheias sempre caíram em terra sáfara. Quando não
eram eliminadas pelas pedras do orgulho, apareciam monstros da vaidade,
destruindo-as, surgiam espinhos da insensatez sufocando-as, crescia o lodo
do mal, anulando-me o serviço. Nunca fugi ao esforço de oferecer teus
ensinamentos com abundância. Atirei-os aos quatro cantos do mundo, através
da tribuna privada ou da praça livre. Todavia, meu salário tem sido o
pessimismo e a derrota...
Jesus fitava-o, condoído. E porque os lábios divinos
nada respondessem, o aprendiz acentuou:
- Portanto, é imperioso reconhecer que te observei as
advertências... Fui sincero contigo e fiel a mim mesmo...
Verificando-se novo intervalo, disse o Senhor com
imperturbável serenidade:
- Se atiraste tantas semente a esmo, que fazias do
solo? Acreditas que o Supremo Criador conferiu eternidade ao pântano e ao
espinheiro? Que dizer do lavrador que planta desordenadamente, que não
retira as pedras do campo, nem socorre o brejo infeliz? É fácil espalhar
sementes porque os principais sublimes da vida procedem originariamente da
Providencia Divina. A preparação do solo, porém, exige cooperação direta
do servo disposto a contribuir com o próprio suor. Que fizeste em favor
dos corações que converteste em terra de tua semeadura? Esperavas, acaso
que o logo lodacento te procurasse as mãos para ser drenado, que as pedras
te rogassem remoção, que os carrascais te pedissem corrigenda?
Permaneceria a sementeira fora do plano educativo estabelecido pelo Pai
Eterno para o Universo inteiro?
Ante nova pausa que se fizera, o crente, desapontado,
objetou:
- Contudo, tua parábola não se refere aos nossos
deveres para com o solo...
- Oh! – tornou Jesus, complacente – estará o mestre
obrigado a resolver os problemas dos discípulos? Não me reportei a Vinha
do Mundo, à charrua do esforço, ao trigo da verdade e ao joio da mentira?
Não expliquei que o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se
transformou em servo de todos? Não comentei, muitas vezes, as necessidades
do serviço?
O ex-instrutor silenciou em pranto convulso.
O Senhor, todavia, afagou-lhe pacientemente a fronte e
recomendou:
- Volta, meu amigo, ao campo do trabalho terrestre e
não te esqueças do solo, antes de semear. Cada coração respira em clima
diferente. Enquanto muitos permanecem na zona fria da ignorância outros se
demoram na esfera tórrida das paixões desvairadas. Volta e vive com eles,
amparando a cada um, segundo as suas necessidades. Aduba a sementeira do
bem, de conformidade com as exigências de cada região. Esse ministério
abençoado reclama renuncia e sacrifício. Atendendo aos outros, ajustarás a
ti mesmo. Por enquanto, és apenas o semeador incompleto. Espargiste as
sementes, mas não consultaste as necessidade de chão. Cada gleba tem as
suas dificuldades, os seus problemas e percalços diversos. Vai e, antes de
tudo, distribuí o adubo da fraternidade e do entendimento.
Nesse instante, o ex-pregador da verdade sentiu-se
impelido por vento forte. A lei do renascimento arrebatava-o às esferas
mais baixas, onde, novamente internado na carne, trabalharia, não para ser
compreendido, mas para compreender.
Livro:
Pontos e Contos
Psicografia Francisco Cândido Xavier - Pelo espírito: Irmão
X
PORTA ESTREITA
Emmanuel
"Porfiai por entrar
pela porta estreita,
porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão."
porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão."
- Jesus. (LUCAS,
13:24.)
Antes da reencarnação
necessária ao progresso, a alma estima na "porta estreita" a sua
oportunidade gloriosa nos círculos carnais.
Reconhece a
necessidade do sofrimento purificador.
Anseia pelo
sacrifício que redime.
Exalta o obstáculo
que ensina.
Compreende a
dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a
lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos
infinitos da vida.
Obtém o vaso frágil
de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e
aperfeiçoamento.
Reconquistando,
porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as
"portas largas" por onde transitam as multidões.
Fugindo à
dificuldade, empenha-se pelo menor esforço.
Temendo o sacrifício,
exige a vantagem pessoal.
Longe de servir aos
semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.
E, no sono doentio do
passado, atravessa os campos de evolução, sem algo realizar de útil,
menosprezando os compromissos assumidos.
Em geral, quase todos
os homens somente acordam quando a enfermidade lhes requisita o corpo às
transformações da morte.
"Ah! se fosse
possível voltar!...
" - pensam todos.
Com que aflição
acariciam o desejo de tornar a viver no mundo, a fim de aprenderem a
humildade, a paciência e a fé!...
com que transporte de
júbilo se devotariam então à felicidade dos outros! ...
Mas... é tarde.
Rogaram a "porta
estreita" e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço
justo.
E porque se
acomodaram muito bem nas "portas largas", volvem a integrar as fileiras
ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.
Livro: Vinha de Luz -
Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier
PRIMEIRAS LIÇÕES DE MORAL DA INFÂNCIA
PRIMEIRAS LIÇÕES DE MORAL DA INFÂNCIA
De
todas as chagas morais da sociedade, parece que o egoísmo é a mais
difícil de desarraigar. Com efeito, ela o é tanto mais quanto mais é
alimentada pelos mesmos hábitos da educação. Parece que se toma a tarefa
de, desde o berço, excitar certas paixões que, mais tarde tornam-se uma
segunda natureza. E admiram-se dos vícios da sociedade, quando as
crianças os sugam com o leite. Eis um exemplo que, como cada um pode
julgar, pertence mais à regra do que à exceção.
Numa
família de nosso conhecimento, há uma menina de quatro a cinco anos, de
uma inteligência rara, mas que tem os pequenos defeitos das crianças
mimadas. Isto é, é um pouco caprichosa, chorona, teimosa, e nem sempre
agradece quando lhe dão qualquer coisa, o que os pais cuidam bem de
corrigir porque, fora destes defeitos, segundo eles, ela tem um coração de ouro, expressão consagrada. Vejamos como eles se conduzem para lhe tirar essas pequenas manchas e conservar o ouro em sua pureza.
Um
dia trouxeram um doce à criança e, como de costume, lhe disseram: "Tu o
comerás se fores boazinha". Primeira lição de gulodice. Quantas vezes, à
mesa, não dizem a uma criança que não comerá tal petisco se chorar.
"Faze isto, ou faze aquilo", dizem, "e terás creme" ou qualquer outra
coisa que lhe apeteça; e a criança é constrangida, não pela razão, mas
em vista de satisfazer um desejo sensual que aguilhoa. E ainda muito
pior, quando lhe dizem o que não é menos freqüente, que darão o seu
pedaço a uma outra. Aqui já não é só a gulodice que está em jogo, é a
inveja. A criança fará o que lhe dizem, não só para ter, mas para que a
outra não tenha. Querem dar-lhe uma lição de generosidade? Dizem-lhe:
"Dá esta fruta ou este brinquedo a fulaninho". Se ela recusa, não deixam
de acrescentar, para nela estimular um bom sentimento: "Eu te darei um
outro." De modo que a criança não se decide a ser generosa senão quando
está certa de nada perder.
Certo
dia, testemunhamos um fato bem característico deste gênero. Era uma
criança de cerca de dois anos e meio, a quem tinham feito semelhante
ameaça, acrescentando: "Nós o daremos ao irmãozinho e tu não comerás. E
para tornar a lição mais sensível, puseram o pedaço no prato deste; mas o
irmãozinho, levando a coisa a sério, comeu a porção. A vista disto, o
outro ficou um lacre e não era preciso ser o pai, nem a mãe, para não
ver o relâmpago de cólera e de ódio que brilhou de seus olhos. A semente
estava lançada: poderia produzir bom grão?
Voltemos
à menina, da qual falamos. Como não se deu conta da ameaça, sabendo por
experiência que raramente a executavam, desta vez foram mais firmes,
pois compreenderam que era necessário dominar esse pequeno caráter, e
não esperar que a idade lhe tivesse dado um mau hábito. Diziam que é
preciso formar cedo as crianças, máxima muito sábia, e para pô-la em
prática, eis o que fizeram: "Prometo-te," disse a mãe, " que se não
obedeceres, amanhã cedo darei o teu bolo à primeira menina pobre que
passar. " Dito e feito. Desta vez queriam o bem e dar-lhe uma boa lição. Assim,
no dia seguinte de manhã, avistada uma pequena mendiga na rua,
fizeram-na entrar, obrigaram a filha a tomá-la pela mão e ela mesma lhe
dar o bolo. Então elogiaram a sua docilidade. Moralidade: a filha disse:
"É mesmo, se eu soubesse teria tido pressa em comer o bolo ontem." E
todos aplaudiram esta resposta espirituosa. Com efeito, a criança tinha
recebido uma forte lição, mas de puro egoísmo, da qual não deixará de
aproveitar-se uma outra vez, pois agora sabe o que custa a generosidade
forçada. Resta saber que frutos darão mais tarde esta semente quando,
com mais idade, a criança fizer aplicação dessa moral em coisas mais
sérias que um bolo.
Sabe-se
de todos os pensamentos que este cínico fato pode ter feito germinar
nessa cabecinha? Depois disto, como querem que uma criança não seja
egoísta quando, em vez de nela despertar o prazer de dar e de lhe
representar a felicidade de quem recebe, impõem-lhe um sacrifício como
punição? Não é inspirar aversão ao de dar àqueles que necessitam? Um
outro hábito, igualmente freqüente é o de castigar a criança mandando-a
comer na cozinha com os criados. A punição está menos na exclusão da
mesa, do que na humilhação de ir para a mesa da gente de serviço. Assim
se acha inoculado, desde a mais tenra idade, o vírus da sensualidade, do
egoísmo, do orgulho, do desprezo aos inferiores, das paixões, numa
palavra, que com razão são consideradas como as chagas da humanidade. É
preciso ser dotado de uma natureza excepcionalmente boa para resistir a
tais influências, produzidas na idade mais impressionável, e onde não
podem encontrar o contrapeso nem da vontade, nem da experiência. Assim,
por pouco que aí se ache o germe das más paixões, o que é o caso mais
ordinário, dada a natureza dos Espíritos que, em maioria, se encarnam na
terra, não podem senão desenvolver-se sob tais influências, ao passo
que seria preciso observar-lhe os menores traços para os apagar.
Esta
falta, sem dúvida, é dos pais; mas, é bom dizer, muitas vezes estes
pecam mais por ignorância do que por má vontade. Em muitos, há
incontestavelmente, uma culposa despreocupação, mas em muitos outros a
intenção é boa, é o remédio que nada vale, ou que é mal aplicado. Sendo
os primeiros médicos da alma dos filhos, deveriam ser instruídos, não só
de seus deveres, mas dos meios de cumpri-los. Não basta ao médico saber
que deve procurar curar: é preciso saber como agir. Ora, para os pais,
onde estão os meios de instruir-se nesta parte tão importante de sua
tarefa? Hoje dá-se muita instrução à mulher; fazem-na passar por exames
rigorosos; mas algum dia foi exigido da mãe que soubesse como fazer para
formar o moral de seu filho? Ensinam-lhe receitas caseiras; mas lhe foi
iniciada aos mil e um segredos de governar os jovens corações? Assim,
os pais são abandonados, sem guia, à sua iniciativa; eis porque tantas
vezes seguem caminhos errados; também recolhem, nos erros dos filhos já
crescidos, o fruto amargo de sua inexperiência ou de uma ternura mal
entendida, e a sociedade inteira lhes recebe o contragolpe.
Desde
que é reconhecido que o egoísmo e o orgulho são a fonte da maioria das
misérias humanas; que enquanto reinarem na terra não se pode esperar nem
a paz, nem a caridade, nem a fraternidade, então é preciso atacá-los no
estado de embrião, sem esperar que fiquem vivazes.
Pode
o Espiritismo remediar esse mal? Sem nenhuma dúvida; e não hesitamos em
dizer que é o único suficientemente poderoso para fazê-lo cessar. Por
um novo ponto de vista, do qual faz observar a missão e a
responsabilidade dos pais; fazendo conhecer a fonte das qualidades
inatas, boas ou más; mostrando a ação que se pode exercer sobre os
Espíritos encarnados e desencarnados; dando a fé inquebrantável, que
sanciona os deveres; enfim, moralizando os próprios pais. Ele já prova
sua eficácia pela maneira mais racional pela qual são educadas as
crianças nas famílias verdadeiramente Espíritas. Os novos horizontes que
abre o Espiritismo fazem ver as coisas de outra maneira. Sendo o seu
objetivo o progresso moral da humanidade, forçosamente deverá iluminar o
grave problema da educação moral, primeira fonte da moralização das
massas. Um dia compreender-se-á que este ramo da educação tem seus
princípios, suas regras, como a educação intelectual, numa palavra, que é
uma verdadeira ciência. Talvez um dia, também, será imposta a toda mãe
de família a obrigação de possuir esses conhecimentos, como se impõe ao
advogado a de conhecer o Direito.
A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE
A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE
(Bordeaux - médium: Sra. Cazemajoux)
(Publicado na Revista Espírita, fevereiro de 1862)
A FÉ
Sou a irmã mais velha da Esperança e da Caridade. Chamo-me Fé.
Sou
grande e forte. Aquele que me possui não teme o ferro nem o fogo, pois
ele é à prova de todos os sofrimentos físicos e morais. Irradio sobre
vós com um facho cujos jatos brilhantes se refletem no fundo dos vossos
corações e vos comunico a força e a vida. Entre vós, dizem que
transporto montanhas, mas eu vos digo: venho erguer o mundo, porque o
Espiritismo é a alavanca que me deve ajudar. Uni-vos a mim. Eu venho
convidar-vos. Eu sou a Fé.
Eu
sou a Fé! Moro com a Esperança, a Caridade e o Amor, no mundo dos
Espíritos Puros. Muitas vezes deixei as regiões etéreas e vim à Terra
para vos regenerar, dando-vos a vida do espírito; mas, fora os mártires
dos primeiros tempos do cristianismo e alguns fervorosos sacrifícios, de
tempos em tempos feitos ao progresso da ciência, das letras, da
indústria e da liberdade, não encontrei entre os homens senão
indiferença e frieza, e tristemente retomei o meu voo para os céus.
Julgais-me em vosso meio, mas vos enganais, porque a Fé sem obras é uma
aparência de Fé. A verdadeira Fé é a vida e a ação.
Antes
da revelação do Espiritismo a vida era estéril; era uma árvore
ressequida pelos raios e que nenhum fruto produzia. Reconhecem-me por
meus atos: eu ilumino as inteligências; aqueço e fortaleço os corações;
afasto para bem longe as influências enganadoras e vos conduzo para Deus
pela perfeição do espírito e do coração. Vinde colocar-vos sob minha
bandeira. Eu sou poderosa e forte. Eu sou a Fé.
Sou
a Fé, e o meu reino começa entre os homens, reino pacífico que os
tornará felizes no presente e na eternidade. A aurora do meu
aparecimento entre vós é pura e serena; seu sol será resplendente e seu
ocaso virá docemente embalar a Humanidade nos braços de eternas
felicidades. Espiritismo! Derrama sobre os homens o teu batismo
regenerador. Eu lhes faço um apelo supremo. Eu sou a Fé.
GEORGES, bispo de Périgueux
A ESPERANÇA
Meu
nome é Esperança. Sorrio à vossa entrada na vida; sigo-vos passo a
passo e não vos deixo senão nos mundos onde para vós se realizam as
promessas de felicidade, incessantemente murmuradas aos vossos ouvidos.
Sou vossa fiel amiga. Não repilais minhas inspirações. Eu sou a
Esperança.
Sou
eu que canto através do rouxinol e que solto, aos ecos das florestas,
essas notas lamentosas e cadenciadas que vos fazem sonhar com o céu. Sou
eu que inspiro à andorinha o desejo de aquecer os seus amores ao abrigo
de vossas moradas; que brinco na brisa ligeira que acaricia os vossos
cabelos; que espalho aos vossos pés o suave perfume das flores dos
vossos canteiros, e quase não pensais nesta amiga tão devotada! Não a
repilais: é a Esperança!
Tomo
todas as formas para me aproximar de vós: Sou a estrela que brilha no
azul; o quente raio de sol que vos vivifica; embalo as vossas noites com
sonhos ridentes; expulso para longe as negras preocupações e os
pensamentos sombrios; guio vossos passos para o caminho da virtude;
acompanho-vos nas visitas aos pobres, aos aflitos, aos moribundos, e vos
inspiro palavras afetuosas e consoladoras. Não me repilais. Eu sou a
Esperança.
Eu
sou a Esperança! Sou eu que, no inverno, faço crescer na casca dos
carvalhos o musgo espesso com que os passarinhos fazem seus ninhos; sou
eu que, na primavera, coroo a macieira e a amendoeira de flores rosas e
brancas e as espalho sobre a Terra como um tapete celeste, que faz
aspirar a mundos felizes. Estou convosco principalmente quando sois
pobres e sofredores, e minha voz ressoa incessantemente aos vossos
ouvidos. Não me repilais. Eu sou a Esperança.
Não
me repilais, porque o anjo do desespero me faz uma guerra cruel e se
esgota em vãos esforços para junto de vós tomar o meu lugar. Nem sempre
sou a mais forte, e quando ele consegue me afastar vos envolve com suas
asas fúnebres; desvia os vossos pensamentos de Deus e vos conduz ao
suicídio. Uni-vos a mim para afastar sua funesta influência, e
deixai-vos embalar docemente em meus braços, porque eu sou a Esperança.
FELÍCIA, filha da médium.
A CARIDADE
Eu
sou a Caridade, sim, a verdadeira Caridade. Em nada me pareço com a
caridade cujas práticas seguis. Aquela que entre vós usurpou o meu nome é
fantasista, caprichosa, exclusiva, orgulhosa. Venho premunir-vos contra
os defeitos que, aos olhos de Deus, empanam o mérito e o brilho de suas
boas ações. Sede dóceis às lições que o Espírito de Verdade vos dá por
minha voz. Segui-me, meus fiéis: eu sou a Caridade.
Segui-me.
Conheço todos os infortúnios, todas as dores, todos os sofrimentos,
todas as aflições que assediam a Humanidade. Sou a mãe dos órfãos, a
filha dos velhos, a protetora e suporte das viúvas. Curo as chagas
infectas; trato de todos os doentes; visto, alimento e abrigo os que
nada têm; subo aos mais humildes tugúrios e às mais miseráveis
mansardas; bato à porta dos ricos e poderosos porque onde quer que
exista uma criatura humana, há, sob a máscara da felicidade, dores
amargas e cruciantes. Oh! Como é grande minha tarefa! Não poderei
cumpri-la se não vierdes em meu auxílio. Vinde a mim: eu sou a Caridade.
Não
tenho preferência por ninguém. Jamais digo aos que de mim necessitam:
“Tenho os meus pobres; procurai alhures.” Oh! falsa caridade, quanto mal
fazes! Amigos, nós nos devemos a todos. Crede-me. Não recuseis
assistência a ninguém. Socorrei-vos uns aos outros com bastante
desinteresse para não exigirdes reconhecimento da parte dos que tiverdes
socorrido. A paz do coração e da consciência é a suave recompensa de
minhas obras: eu sou a verdadeira Caridade.
Ninguém sabe na Terra o número e a natureza de meus benefícios.
Só
a falsa caridade fere e humilha aqueles a quem beneficia. Evitai esse
funesto desvio. As ações desse gênero não têm mérito perante Deus e
atraem a sua cólera. Só ele deve saber e conhecer os generosos impulsos
de vossos corações, quando vos tornais os dispensadores de seus
benefícios. Guardai-vos, pois, amigos, de dar publicidade à prática da
assistência mútua; não mais lhe deis o nome de esmola; crede em mim: eu
sou a Caridade.
Tenho
tantos infortúnios a aliviar que por vezes tenho os seios e as mãos
vazios. Venho dizer-vos que espero em vós. O Espiritismo tem como divisa
Amor e Caridade, e todos os verdadeiros
espíritas quererão, no futuro, conformar-se a esse sublime preceito
ensinado pelo Cristo há dezoito séculos. Segui-me, pois, irmãos, e eu
vos conduzirei ao Reino de Deus, nosso pai. Eu sou a Caridade.
ADOLFO, bispo de Argel.
Instruções dadas por nossos Guias sobre as três comunicações acima
Meus
amigos, vós deveis ter pensado que um de nós havia dado os ensinamentos
sobre a fé, a esperança e a caridade. E tínheis razão.
Felizes
por ver Espíritos tão elevados vos dando, com frequência, conselhos que
vos devem guiar em vossos trabalhos espirituais, não é menor nossa
suave e pura alegria, quando vimos ajudar-vos na tarefa do vosso
apostolado espírita.
Podeis, pois, atribuir ao Espírito de Georges a comunicação sobre a Fé; sobre a Esperança, a Felícia: aí encontrareis o estilo poético que tinha em vida; e a da Caridade ao senhor Dupuch, bispo de Argel, que na Terra foi um de seus fervorosos apóstolos.
Ainda teremos que tratar da caridade sob outro ponto de vista. Fá-lo-emos dentro de alguns dias.
VOSSOS GUIAS
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