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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mundos Transitórios


PAULO DE TARSO SÃO THIAGO
“Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes
podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde
descansem de uma demasiado longa erraticidade (...)” (“O Livro dos Espíritos”, de Allan
Kardec. Parte 2ª. Cap. VI Q-234)

A Astronomia e a Astrofísica, a partir sobretudo da descoberta e do
aperfeiçoamento do telescópio ótico, do radiotelescópio e do telescópio orbital,
com o apoio das hipóteses e teorias da moderna Física, têm permitido ao homem
uma visão assaz abrangente do Cosmo.
Embora um sem-número de incógnitas e interrogações permaneçam sem
solução definitiva, já são do conhecimento da Ciência os processos de formação e
evolução das estrelas, a estrutura e composição em larga escala das galáxias e
do espaço intergalático, a existência, possivelmente como regra, de sistemas
planetários, os mecanismos de produção de energia em escala universal. Seres
humanos orbitaram a Terra em satélites artificiais ou caminharam na superfície da
Lua e sondas espaciais exploraram o sistema solar, além de Plutão, enviando aos
laboratórios informações a respeito da superfície e da atmosfera dos planetas.
Um dos objetivos mais intensamente perseguidos pelos cosmologistas é a
detecção de formas de vida orgânica fora da Terra. Esforços têm sido feitos nesse
sentido, sem sucesso até o momento. Para a Ciência, portanto, até prova em
contrário, o nosso planeta é o único que detém o fenômeno da vida e a
Humanidade está só no Universo.
A lógica filosófica, contudo, rejeita este posicionamento, por considerá-lo
absurdo, em face do que se conhece da constituição do Cosmo. Se assim fora, a
vida na Terra seria o resultado de uma ocorrência, cuja probabilidade é ínfima,
num processo aleatório cego. A crença num Criador rechaça a hipótese da
aleatoriedade e nos leva a admitir um propósito em toda a dinâmica da vida na
Terra e no Universo. A esse respeito, a Ciência é carente de dados e se omite e a
Filosofia a contradiz, através da especulação e da lógica corrente.
Para sanar a contradição, recorremos então à Revelação, que trouxe novas
luzes à questão. Referimo-nos à Terceira Revelação, à Doutrina Espírita,
codificada por Allan Kardec e divulgada ao mundo, a partir de 1857, através das
obras básicas, e ampliada posteriormente, nos últimos cento e quarenta anos, por
uma vasta literatura espírita.
As questões 55 a 58 de “O Livro dos Espíritos” abordam, ainda que sem
muitos detalhes, a problemática da vida fora do nosso planeta. Em resposta à
pergunta 55 (“São habitados todos os globos que se movem no espaço?”),
formulada pelo Codificador, os Espíritos Superiores dão a seguinte resposta:
“Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em
bondade e em perfeição. Entretanto, há homens que se têm por espíritos muito fortes e
que imaginam pertencer a este pequenino globo o privilégio de conter seres racionais.
Orgulho e vaidade! Julgam que só para eles criou Deus o Universo”.
Resposta admirável e que inspira credibilidade, porque isenta de rodeios e
de expressões rebuscadas. É positiva e direta, não deixando espaço para
dúvidas. Afirma de forma peremptória que a vida e a inteligência não são
exclusividade da Terra, mas se espalham nos incontáveis mundos disseminados
pelo Universo infinito.
Em “A Gênese”, obra que compõe o pentateuco kardequiano, nas questões
53 a 61, do capítulo VI, que correspondem aos tópicos A Vida Universal e
Diversidade dos Mundos, tecem-se considerações mais detalhadas sobre o
assunto, reafirmando a pluralidade dos mundos habitados.
O “Evangelho segundo o Espiritismo” dedica um capítulo inteiro (cap. III) à
questão, sob o título: Há muitas moradas na casa de meu Pai, expressão retirada
do Novo Testamento, do seguinte trecho:
“Não se turbe o vosso coração. – Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas
moradas na casa de meu Pai, se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para
vos preparar o lugar. – Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar,
voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais”.
(João, 14;1-3).
As muitas moradas a que se referia Jesus são os mundos materiais que
rolam pelo espaço. Em sua diversidade, abrigam seres de variadas estruturas e
formas, todos eles em processo evolutivo incessante, e que buscam, consciente
ou inconscientemente, o aperfeiçoamento espiritual.
Na esfera dessa transcendental questão, há um tópico interessante,
curioso e pouco abordado na literatura espírita ou não-espírita. Trata-se de
Mundos transitórios, enfeixado nas questões 234 a 236 de “O Livro dos Espíritos”.
O trecho em epígrafe é parte da resposta à pergunta 234, formulada pelo
Codificador. Da análise do tópico em discussão, pode-se elaborar a seguinte
sinopse a respeito, acrescentando-se algumas conclusões racionais:
·  Os chamados mundos transitórios são orbes – planetas, satélites, algumas
categorias de estrelas – que, apesar de não albergarem seres orgânicos, por
suas condições físicas impróprias, constituem-se estações de repouso a
Espíritos errantes.
·  A Lua, por exemplo, é um forte candidato a mundo transitório, por sua completa
esterilidade, no que concerne à vida orgânica. A Terra já o teria sido, durante o
período de sua formação, conforma afirmam os Espíritos Reveladores nas
alíneas d e e, da questão 236. É possível que alguns planetas do sistema solar
também o sejam presentemente, a exemplo de Vênus e Mercúrio.
·  Os Espíritos errantes que se demoram em mundo transitórios aí permanecem
temporariamente. Embora estagiem em regime, digamos assim, de repouso
mental, porque afastados das lides reencarnatórias e dos sofrimentos e
embates impostos pela condição ordinária de erraticidade, eles podem evoluir,
principalmente na vertente intelectual, pois encontram subsídios e o campo
apropriado para o aprendizado.
·  Por serem destituídos de corpo orgânico-material, os Espíritos errantes que
“habitam” os mundos transitórios podem deixá-lo livremente, no momento que
lhes aprouver, temporária ou definitivamente. Segundo a sua condição
evolutiva, seus “vôos” podem ser maiores ou menores. Ficam restritos a
paragens próximas ou podem percorrer o espaço sideral, em visita a estrelas e
galáxias.
·  A condição de mundo transitório é temporária, sendo um estágio no processo
de transformação e evolução do orbe.
Segundo as teorias científicas mais aceitas atualmente, a Lua é um orbe
“morto”, porque já não apresenta qualquer condição de albergar vida orgânica.

Não há água, pelo menos sob forma líquida e gasosa, e nem atmosfera. No
passado, ela teria sido um astro “vivo”, e a sua morte, a resultante do processo
evolutivo natural e inexorável.
As estrelas com massa aproximadamente igual à do Sol, um pouco maior
ou menor, seguem um caminho evolutivo que as conduz, em seu estágio final, ao
que os astrônomos chamam de anãs brancas. São astros densos, quentes e de
baixa luminosidade. Por terem consumido todo o combustível nuclear,
responsável pela produção de energia, sofreram colapso gravitacional, reduzindose
a 1% do seu raio original. A aceleração da gravidade à sua superfície é muito
elevada e a pressão atmosférica, imensa.
As estrelas de nêutrons são o estágio final de estrelas de massa três a
quatro vezes superior à do Sol. Ao se esgotar o combustível nuclear, elas sofrem
colapso gravitacional, reduzindo seu diâmetro a poucos quilômetros e atingindo
densidades em torno a 10 elevada a 14a. potência de g/cm3, ou seja, cem trilhões
de vezes maior do que a da água destilada. Seu núcleo é composto
principalmente de nêutrons, partículas que normalmente fazem parte do núcleo
atômico. A força de gravidade na superfície de uma estrela de nêutrons é tão
intensa que um ser humano seria literalmente esmagado. Nenhum ser vivo
poderia portanto sobreviver a semelhante condição.
Estrelas suficientemente maciças, de massa várias vezes maior que a do
Sol, podem ter um destino ainda mais extraordinário que as estrelas de nêutrons.
Ao sofrerem colapso gravitacional, devido ao esgotamento do combustível
nuclear, a pressão atinge patamares inimagináveis, determinando reversão no
sentido do movimento da matéria. Há então brusca expansão, à semelhança de
uma enorme explosão. Grande quantidade de energia é produzida. Elas se
tornam extraordinariamente luminosas e são conhecidas pela curiosa
denominação de supernovas. Por ocasião da explosão, uma parte da matéria que
as constitui é lançada no espaço e a porção remanescente, que ainda é
considerável, passa a se contrair incessantemente, atingindo uma densidade
superior à das estrelas de nêutrons. A gravidade em sua superfície é de tal ordem
que dela nem mesmo a luz é capaz de escapar. Esses objetos são conhecidos
como buracos negros, por que são invisíveis à observação ótica. Os astrônomos
suspeitam que a maioria das galáxias contém em seu centro um tal objeto. A
Física moderna define um buraco negro como “uma região do espaço-tempo
intensamente curva que consiste numa singularidade cercada por um horizonte de
eventos”.
Anãs brancas, estrelas de nêutrons e buracos negros são fortes candidatos
a mundos transitórios.
Os Espíritos desencarnados são destituídos de corpo material e por isso
não sofrem ação da gravidade e nem são susceptíveis à pressão atmosférica ou a
quaisquer outros fatores de ordem física.
A título de esclarecimento e para que não restem dúvidas na mente do
leitor, a condição de erraticidade é o estado em que se encontram os Espíritos
desencarnados, nos intervalos entre as existências corporais. Significa isto que os
Espíritos errantes ainda não atingiram uma posição evolutiva que lhes permita
dispensar o processo encarnatório.
Deus, em Sua infinita sabedoria, planejou o Universo e instituiu leis, de
forma que nada seja ou se torne inútil. As coisas e os seres transformam-se
continuamente, seguindo o seu destino. Porém, não há nenhum momento ou
estágio nesse processo de transformação que não tenha o seu nicho ou sua
função. Tudo contribui de alguma maneira para o concerto universal.
Revista O Reformador fevereiro de 1999