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sábado, 20 de março de 2021

LIVRE-ARBÍTRIO E PROVIDÊNCIA "A alma é criada para a felicidade, mas essa felicidade, para apreciá-la no seu valor, para conhecer-lhe o preço, deve ela própria conquistá-la e, para isso, desenvolver livremente as potências que nela estão. Sua liberdade de ação e sua responsabilidade aumentam com sua elevação, pois, quanto mais se esclarece, mais pode e deve conformar o jogo de suas forças pessoais às leis que regem o Universo.""

 

A questão do livre-arbítrio é uma das que mais tem preocupado os filósofos e os teólogos. Conciliar a vontade, a liberdade do homem com o jogo das leis naturais e a vontade divina, pareceu tanto mais difícil quanto a fatalidade cega parecia pesar, aos olhos de um grande número, sobre o destino humano. O ensino dos espíritos elucidou o problema. A fatalidade aparente que semeia de males o caminho da vida é apenas a consequência do nosso passado, o efeito retornando para a causa; é o cumprimento do programa aceito por nós antes de renascermos, segundo os conselhos de nossos guias espirituais, para o nosso grande bem e nossa elevação.

Nas camadas inferiores da criação, o ser ainda se ignora.
Só o instinto e a necessidade o conduzem, e somente nos tipos mais evoluídos que aparecem, como uma aurora pálida, os primeiros rudimentos das faculdades. No estado de humanidade, a alma atingiu a liberdade moral. Seu raciocínio, sua consciência desenvolvem-se cada vez mais, à medida que percorre sua imensa jornada. Colocada entre o bem e o mal, compara e escolhe livremente.
Esclarecida através de suas decepções e seus males, é no meio das provas que sua experiência se forma, que sua força moral se tempera.

A alma humana, dotada de consciência e de liberdade, não pode degenerar na vida inferior. Suas encarnações se sucedem até que tenha adquirido esses três bens imperecíveis, alvo de seus longos trabalhos: a sabedoria, a Ciência e o amor. Sua posse liberta-a para sempre dos renascimentos e da morte e abre-lhe o acesso à vida celeste.

Pelo uso de seu livre-arbítrio, a alma fixa seus destinos, prepara suas alegrias ou suas dores. Mas, nunca, no decorrer de sua marcha, na prova amarga como no meio da ardente luta da paixão, nunca os socorros do Alto lhe foram recusados.
Por mais que se abandone a si mesma, por mais indigna que pareça, desde que desperte sua vontade de caminhar pelo caminho reto, a via sacra, a Providência a ajuda e sustenta.

A Providência, é o espírito superior, é o anjo que vela sobre o infortúnio, é o consolador invisível, cujos fluidos vivificantes sustentam os corações acabrunhados; é o farol aceso na noite para a salvação daqueles que erram no mar tempestuoso da vida. A Providência, é ainda, é sobretudo, o amor divino derramando-se em abundância sobre a criatura.
E que solicitude, que previdência nesse amor! Não é apenas para a alma, para servir de moldura à sua vida, de teatro para os seus progressos, que ela dependurou os mundos no espaço, acendeu os sóis, formou os continentes e os mares? Somente para a alma essa grande obra efetua-se, as forças naturais se combinam, os universos eclodem no seio das nebulosas.

A alma é criada para a felicidade, mas essa felicidade, para apreciá-la no seu valor, para conhecer-lhe o preço, deve ela própria conquistá-la e, para isso, desenvolver livremente as potências que nela estão. Sua liberdade de ação e sua responsabilidade aumentam com sua elevação, pois, quanto mais se esclarece, mais pode e deve conformar o jogo de suas forças pessoais às leis que regem o Universo.

A liberdade do ser se exerce, portanto, num círculo limitado, de um lado, pelas exigências da lei natural, que nenhum ultraje pode sofrer, nenhuma alteração na ordem do mundo; do outro, pelo seu próprio passado, cujas consequências jorram sobre ele através dos tempos, até a reparação completa. Em nenhum caso o exercício da liberdade humana pode entravar a execução dos planos divinos; sem isso, a ordem das coisas seria a cada instante perturbada. Acima das nossas visões limitadas e mutantes, a ordem imutável do Universo se mantém e prossegue. Somos, quase sempre, maus juízes daquilo que é para nós o verdadeiro bem; e se a ordem natural das coisas tivesse que se dobrar aos nossos desejos, que perturbações medonhas não resultariam disso?

O primeiro uso que o homem faria de uma liberdade absoluta seria o de afastar de si todas as causas de sofrimento e de assegurar para si, desde aqui na Terra, uma vida de felicidades. Ora, se há males que a inteligência humana tem o dever e os meios de conjurar e de destruir, — por exemplo, aqueles que provêm do meio terrestre — há outros, inerentes à nossa natureza moral, que só a dor e a compreensão podem dominar e vencer; tais são os nossos vícios. Nesse caso, a dor torna-se uma escola, ou melhor, um remédio indispensável e as provas suportadas são apenas uma repartição equitativa da infalível justiça. É, portanto, a nossa ignorância dos fins objetivados por Deus que nos faz recriminar a ordem domundo e suas leis. Se as criticamos é porque ignoramos osmeios ocultos.

O destino é a resultante, através das nossas vidas sucessivas, dos nossos atos e das nossas livres resoluções. Mais esclarecidos sobre nossas imperfeições, no estado de espíritos, preocupados com os meios de atenuá-los, aceitamos a vida material sob a forma e nas condições que nos parecem próprias para realizar esse objetivo.

Os fenômenos do hipnotismo e da sugestão mental explicam o que acontece, em caso semelhante, sob a influência de nossos protetores espirituais. No estado de sonambulismo, a alma, sob a sugestão do magnetizador, empenha-se em executar tal ou qual ato, num dado tempo. De retorno ao estado de vigília, sem ter conservado nenhuma lembrança aparente dessa promessa, executa-a exatamente. Da mesma maneira, resoluções são tomadas antes de renascer; mas, chegada a hora, ela se adianta à frente dos acontecimentos previstos e deles participa na medida necessária ao seu adiantamento ou à execução da inelutável lei.