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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Vida e Valores (Conflitos existenciais)

Vida e Valores (Conflitos existenciais)

Uma das coisas mais comuns no ser humano é a insatisfação. Esse espinho da insatisfação acompanha o homem, desde as mais longínquas idades e costuma gerar conflitos.
Mas, ao lado da insatisfação, existem dúvidas que geram insatisfações. Há ansiedades em função das insatisfações. Em verdade, percebemos na criatura humana, um número muito grande de conflitos.
Esses conflitos vazam da intimidade do ser e acabam contaminando as coisas feitas por esse ser.
Encontramos nas criaturas humanas, em cada um de nós, os mais variados tipos de conflitos, que costumam se manifestar nas intensidades mais diversas.
Encontramos aqueles que têm, por exemplo, conflitos relativamente ao seu biótipo.
Há pessoas que se acham feias e, porque se acham feias, passam a se punir, a se castigar ou a buscar uma série de supostas atenuantes para sua suposta feiura.
Por causa desse sentimento de feiura, elas têm autoestima baixa, porque a criatura que se julga feia, não tem coragem de sair, de se arrumar, de encontrar um namorado, uma namorada, de ir a festas porque estará sempre supondo que alguém não gosta da sua expressão.
Há aqueloutros que sofrem conflitos, que vivem conflitos, ainda por causa do biótipo, não propriamente por se acharem feios, mas por se acharem gordos, magros demais, baixos demais, altos demais.
Por mais incrível que isso possa parecer, os indivíduos se atormentam por quaisquer dessas situações.
Aqueles que são gordos demais ou que se acham gordos demais poderiam bem imaginar-se numa outra situação. Entre as classes melhor aquinhoadas, não se diz que alguém está gordo, se diz que alguém está forte e a simples palavra mudada de gordo para forte dá uma outra expressividade.
Aquelas criaturas que se acham gordas demasiadamente passam a usar preto, se vestem de preto, porque se diz nos mundos da moda, nos campos da moda, que preto emagrece.
Se isso fosse verdade não se venderiam outras cores no mundo. Em realidade, a cor escura diminui a visão do contorno, mas a criatura continua portando a mesma massa.
Desse modo por que se atormentar porque o corpo é maior do que o convencional?
Mas, qual é o convencional? Estabelecemos que o convencional é ser magro e aí temos os problemas das anorexias com as modelos, com os modelos. Encontramos tantos problemas porque as pessoas desejam ser magras e outras porque são magras.
Quem é magro se acaba de tomar substâncias, de comer alimentos, na tentativa de mudar o processamento glandular, celular e engordar.
E quem é gordo se acaba de fazer dietas da lua, do sol, da água, de Beverly Hills para perder massa.
Os conflitos são os mais variados. Mas há aqueles que têm conflitos porque são baixinhos e usam saltos tenebrosos. Saltos que lhes deformam a coluna vertebral, que lhes causam problemas gravíssimos de postura.
Aqueles que são altos ficam tão complexados que começam a se envergar. Na Inglaterra, uma familiar real mandou cortar parte dos ossos das pernas para baixar um pouco a sua estatura. Conflitos.
Contudo, esses conflitos estão ao nível do corpo, das coisas externas, daquilo que se vê, daquilo que se observa, mas há diversos outros conflitos que estouram no íntimo da alma, se manifestam nas atitudes das criaturas e que ninguém sabe como é que eles nascem, de onde é que eles vêm e o que é que provocarão.
*   *   *
Nesse território dos conflitos, encontramos conflitos de outras ordens. Imaginemos o que vem a ser o conflito sexual nas pessoas. Terrível.
É muito comum que os indivíduos se debatam e isso é uma característica da Humanidade em geral, entre as pressões da sua libido, as pressões da sua imaginação, das suas fantasias, as pressões do seu passado, das suas bagagens, do seu passado espiritual, da sua bagagem ético-moral. Há aqueles que vivem o conflito da definição quanto à sua orientação sexual. Sentem pressões internas para a homossexualidade, mas têm horror porque a sociedade castiga a homossexualidade.
Pretendem ficar no território da heterossexualidade, mas fazendo fantasias homossexuais, bissexuais, multissexuais. Porque tudo isso corresponde a etapas no desenvolvimento da criatura humana.
Não é feio ser hetero, ser homo, ser bi. A criatura se encaixa no seu momento evolutivo.
Não é bonito ser hetero, ser homo, ser bi. O importante é que dirijamos a própria mente para o que precisamos fazer na Terra.
A dignidade, a honestidade, o trabalho por nós mesmos, a ajuda às pessoas e vamos disciplinando da maneira como conseguimos, como nos é mais fácil a expressividade da sexualidade.
É muito comum imaginar-se que a sexualidade está na genitália, na expressão genital. A sexualidade é uma força que está na mente, na alma, no íntimo das criaturas.
Muita gente que se manifesta exteriormente segundo uma característica sexual, digamos, da heterossexualidade, na sua fantasia interna onde a verdade existe, ela vibra em outra sintonia, lida com outras realidades e isso lhe gera conflito.
Devo ficar no armário? Como se diz popularmente, devo sair do armário? Devo me apresentar na praça pública? Pintar-me, não pintar-me, vestir-me opostamente?
Nada disso é sexualidade. Tudo isso faz parte do exibicionismo das pessoas. Porque há mulheres que se vestem de homens, há homens que se vestem de mulheres. Tudo isso faz parte do seu gosto por se fantasiar.
A nossa roupa é uma fantasia, é uma maneira que se escolhe para se apresentar no mundo.
Eu quero me vestir de roxo, de preto, de amarelo. Eu quero com mangas compridas, com mangas curtas. Eu quero com dez botões, com quinze botões. São fantasias.
A realidade mais verdadeira é a que pulsa dentro do ser. Os conflitos sexuais vão desde os problemas meramente psicológicos, que um analista ajudaria resolver, aos homicídios, aos suicídios, à suposição de que está sendo violado, de que está sendo traído, de que está sendo enganado.
Há os conflitos de ordem religiosa: Eu devo ou  não devo ser religioso? O que é ser religioso? Adoto a religião A, a religião B ou a C? Curvo-me aos meus líderes religiosos, faço o que eles me mandam fazer e perco a minha liberdade de escolha? Será que eles de fato conversam com Deus?
Será que realmente eles são intermediários entre mim e Deus? Afinal de contas, devo repetir o que se diz na minha crença ou devo pensar por mim mesmo e ter a minha cabeça baseando-me na minha crença? Os conflitos.
Devo ser fanático? Aqueles que não creem como eu estão no inferno, estão perdidos? Mas os outros que creem diferente de mim alegam que eu também estou perdido. Em que patamar eu fico? Em que patamar me estabeleço?
É muito importante pensar nesses conflitos. De acordo com sua intensidade, eles precisam de um socorro, de uma ajuda. Às vezes, de uma ajuda profissional, de um psicólogo bem recomendado, bem estruturado, porque há vários muito desestruturados.
Precisamos do apoio de um médico, de um psiquiatra. O psiquiatra não é médico de loucos, é um médico que nos ajuda a não ficar loucos ou a tratar a insanidade que surja.
Muitas vezes, precisamos de um apoio do nosso líder religioso, uma conversa, um diálogo para que ele nos ajude a equilibrar as próprias tensões internas. No mundo, não há uma única pessoa que não viva conflitos, de quaisquer ordens.
Há aqueles conflitos que são do cotidiano: se como ou se não como, se vou ou se não vou. Mas há conflitos de ordem grave, que exigem uma resposta séria, uma busca por solução, seja em nível médico, em nível social, em nível psicológico mas, fundamentalmente, que seja uma resolução dentro de nós.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 160, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em julho de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 22.11.2009.
Em 31.01.2010.

Vida e Valores (A televisão)

Vida e Valores (A televisão)

Na Universidade do Texas, em Austin, o notável doutor Daniel Buss, desenvolveu um estudo muito interessante a respeito da televisão e dos meios de comunicação de massa.
E nesses estudos, o professor Buss se deu conta de que a televisão tem o condão de modificar os critérios de status e de prestígio no mundo.
Consegue criar ídolos instantaneamente. Transformar pessoas insignificantes em heróis, da noite para o dia.
Ao mesmo tempo a televisão é capaz de derrubar líderes, ídolos com esse mesmo poder de interferir na mentalidade coletiva.
Ao mesmo tempo em que a televisão foi capaz, e vem sendo capaz de produzir essa fenomenologia social, psicossocial, também altera os padrões de vivência psicológica das criaturas. Passa a aumentar a autoestima baixa dos indivíduos porque, cada vez que a criatura vê na telinha um artista, um dos seus ídolos, de determinada maneira vestido, penteado, com o corpo mais ou menos emagrecido, esculturado, malhado, sarado, o telespectador vai se sentindo humilhado por aquele estado de coisas. Ele vai sentindo necessidade de se igualar, de se equiparar ao seu ídolo.
Por causa disso nós vemos que, se numa telenovela, por exemplo, um personagem aparecer vestido de determinada forma, o comércio impõe às massas usar aquela mesma vestimenta.
Determinada joia, corte de cabelo, penteado e lá está a população perfeitamente entrosada com seus ídolos. E a televisão então vai moldando os caracteres dos indivíduos, que nela encontram as suas referências, seu norte, seu prumo.
Por causa disso é que vale a pena cada vez que estejamos pensando, falando na questão televisiva, tomarmos cuidado com a influência que ela esteja desempenhando sobre nossas vidas. Exatamente porque os meios de comunicação visuais que nós conhecemos têm esse poder de mexer na criatura. O índice de insatisfações vai se ampliando.
Cada vez que eu vejo, na televisão, alguma coisa que eu ainda não sou, que eu ainda não tenho, que eu ainda não adquiri, advém-me um desejo muito grande de ter, de ser daquela forma, de fazer daquele modo.
Desde as nossas crianças. Vemo-las dançando como seus ídolos da telinha, jovens desejosos de cantar, de bailar, de fazer as mímicas, as interpretações, em consonância com os seus ídolos. Cada qual vai perdendo a referência de si mesmo e tomando para si a referência do outro.
Naturalmente que para a sociedade, para o desenvolvimento do indivíduo, isso é pernicioso porque nem todos os exemplos, nem todos os padrões que nos são apresentados pelos meios de comunicação visual, são salutares, são saudáveis.
Quantas vezes encontramos artistas falando verdadeiros impropérios contra a honra familiar, ao narrar seus casos pessoais, quase sempre indevidos. E vemos que há uma leva de criaturas que passa a copiá-los. Logo, há que se ter cuidado com esse poder influenciador da televisão.
Mas, quais são as pessoas que a TV consegue influenciar com essa força?
Não são os indivíduos bem educados emocional, moralmente, eticamente. Quase sempre, faz parte esse contingente da leva da Humanidade que não tem outras referências ou não fixou outros valores que não tenham sido esses apresentados pela televisão.
*   *   *
Conforme os estudos do professor Daniel Buss, a televisão e as mídias visuais impõem uma maior importância à aparência física.
Ninguém pode se apresentar diante das câmeras sem que tenha uma boa aparência e, naturalmente, isso mobiliza mil e uma providências, a aparência fisionômica. E surgem as necessidades plásticas, as cirurgias plásticas, os implantes, tudo isso para melhorar a aparência.
Os cabelos, os cortes, as tinturas, as vestimentas, as roupas, a própria expressão do corpo físico... O indivíduo tem que ser magro para fazer sucesso. Ou o indivíduo tem que ser gordo para fazer sucesso. Ele não pode ser como queira, ele tem que obedecer a um padrão de sucesso.
Encontramos, ao lado disto, a diminuição do bem estar psicológico, diz o professor Daniel Buss. E essa diminuição da satisfação psicológica se deve a isso que já cogitamos. Cada coisa que eu vejo que está melhor do que eu, eu a desejo. Cada situação que o artista está vivendo e que eu nunca vivi, eu almejo.
Desse modo vão surgindo as possibilidades de nos enfararmos um com o outro, no caso dos casais. Aquele modelo da telinha, homem ou mulher, começa a falar profundamente à desarmonia que já trazemos na nossa intimidade.
Então queremos encontrar uma pessoa com aquele padrão, conforme aquele ator, aquela atriz, aquele cantor, aquela cantora, aquele atleta. E a nossa infelicidade vai crescendo, tudo porque assistimos à programação televisiva sem o devido ajustamento interior.
Não conseguimos essa educação que nos diz que o valor não é uma coisa que trazemos de fora. O valor é uma construção que fazemos por dentro.
Não importa se, na mídia televisiva, um artista se vista assim ou assado, eu vou me vestir como eu possa.
Não me importa se o galã seja magro ou seja gordo. Eu vou ter o corpo que eu devo ter, que eu preciso ter ou que eu posso ter.
Não nos deve impressionar se aquele artista, aquele astro tenha olhos azuis, verdes, amarelos para que eu me desespere para conseguir uma lente de contato da mesma cromação.
Tudo isso vai fazendo com que passemos a viver para fora de nós, passemos a ver a nossa vida como alguma coisa exterior e não como uma realidade íntima.
É feliz na Terra, não quem está na televisão, não quem aparece na telinha, mas quem consegue viver no mundo as Leis da vida, as Leis de Deus, onde quer que se encontre.
É válido que admiremos a beleza plástica desse ator, dessa atriz, desse cantor, desse bailarino, desse ídolo. É válido. As coisas bonitas são bonitas porque são bonitas.
No entanto, essa educação que vamos impondo a nós próprios, vai fazendo com que vejamos que tudo aquilo não passa de uma grande fantasia. Não conhecemos a vida real desses indivíduos que, à frente das câmeras, são personagens. A realidade do indivíduo que eles são nós desconhecemos totalmente.
Por isto, vale a pena pensarmos em quem é que faz a televisão, quem é que organiza a sua programação, quem é que estrutura seus plantéis de astros e estrelas, homens e mulheres atormentados no mundo como quaisquer outros, com suas deficiências morais, com suas grandezas morais, com suas facilidades emocionais, com suas dificuldades emocionais, com suas carências afetivas, com seu orgulho, sua vaidade. Certamente que esse veículo, tão importante como é a televisão, vai sofrendo os mareios ou vai recebendo as virtudes daqueles que estão por trás da máquina que faz tudo isso acontecer.
É um grande teatro. Mas nós todos proviemos do grande Além para a Terra com um compromisso, não de seguir os passos dos modelos humanos, mas os Bons Espíritos estabelecem que o maior Espírito, que Deus deu ao mundo, para servir de Modelo e de Guia, é o Homem de Nazaré.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 199, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em agosto de 2009.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 11 de julho de 2010.
Em 11.10.2010.

Vida e Valores (A Internet)

Vida e Valores (A Internet)

Quem poderia imaginar que o invento de Norberto Wainer desse para o mundo os resultados que vem dando.
Norberto Wainer pensou, demoradamente, numa forma de criar uma máquina que pudesse realizar tudo o que o cérebro humano é capaz de realizar. Com uma vantagem: sem a inércia característica da criatura humana.
Quando precisamos apertar um botão, por exemplo, temos a vontade, a mente aciona o nosso sistema nervoso, que atua sobre a musculatura. Então, apertamos o botão. É um lapso de segundo, mas o suficiente para errarmos o alvo.
Dessa maneira, Wainer pensou numa máquina que fizesse isso: apertasse o botão, sem essa movimentação neurológica, até realizar o fato. Surge, então, o cérebro eletrônico.
Válvulas, cabos, peças diversas compuseram o primeiro cérebro eletrônico, que ocupava quase um edifício de dois andares, para que toda aquela parafernália mecânica pudesse funcionar.
Na medida em que o tempo se passou, graças aos implementos que foram sendo adicionados àquele conhecimento básico, o nosso cérebro eletrônico se transformou no computador.
E, hoje, qualquer criança tem o seu computador, através do qual atua no que quiser, desde jogos, games até compras, negócios, investimentos, que são feitos através do computador.
Tudo graças a esse conjunto de coisas que antecederam esse progresso: o conhecimento da eletricidade, a invenção do telefone ou o tubo de raios catódicos, conhecido como CRT. Também a construção das redes, o surgimento do conceito de redes e a invenção dos chips.
Quando se juntou tudo isso, passamos a conhecer a Internet.
Graças à Internet que, por sua vez, só existe por causa do computador,  vivemos num mundo em que já não se imagina sem ela, Internet.
Tudo que fazemos hoje é através da Internet. Nossas inscrições em concursos, os diários universitários, tudo pela Internet.
Para fazermos compras, para pagarmos contas, para recebermos cartas, mandarmos cartas, mensagens variadas, tabelas, gráficos, desenhos, programas, livros: Internet.
Num breve lapso de tempo, nos comunicamos com o outro lado do mundo, imageticamente. Passamos a usar determinadas câmeras, as famosas Webcam, para projetar para quem se comunica conosco onde quer que esteja, a nossa imagem, a imagem do que quisermos e os outros nô-las remeterem.
Fazemos reuniões empresariais, estudantis, políticas, através da Internet. A partir disso, o mundo é outro mundo.
Percebemos como, gradativamente, a Divindade, que ama a Terra e os terrestres, vai permitindo que se abram portas de progressos inimagináveis antes.
Como é que nós vivemos tanto tempo sem a Internet?
Não sentíamos falta dela. O gênio de um homem é que começou a maquinar que, sem a ajuda de um aparelho que suprimisse a nossa inércia, seria muito difícil continuar a fazer coisas grandes no mundo.
A Internet vem sendo um instrumento que, à semelhança do poder, do ouro, do dinheiro, é usado a nosso bel prazer.
Por causa disso, vale a pena considerar como usamos a Internet.
*   *   *
Esse instrumento notável que é a Internet, bênção de Deus para o nosso progresso humano, também vem sendo usado por muita gente de má índole.
A Internet permite o anonimato. Não somos obrigados a aparecer, de rosto nu, nas telas que nos registram as mensagens.
Acompanhamos a ação de indivíduos inteligentes, que poderiam trabalhar para o bem, mas preferem prestar serviço ao mal, ao equívoco, ao desequilíbrio, à treva humana.
Temos os hackers, por exemplo, que são verdadeiros gênios da eletroeletrônica, da informática e que poderiam usar esses conhecimentos para fins nobilitantes. Contudo, usam-no para delinquir, para penetrar indevidamente em programas alheios.
Ao lado disso, encontramos os que se valem da Internet para o cometimento de crimes variados, para a calúnia. O indivíduo joga na rede misérias, horrores do pensamento, incriminando pessoas, atirando na lama nomes, covardemente, porque pode se valer de um pseudônimo. Não precisa assinar a mensagem, pode fazer de conta que é quem não é, em verdade.
Quantos problemas com crianças, adolescentes têm sido criados na Internet, exatamente porque o adulto se faz passar por outra criança ou adolescente, usa seu jargão, fala sua linguagem e aí estão os crimes de pedofilia... pela Internet.
Crianças são seduzidas a darem endereços, nome dos pais, dados pessoais e, na sua ingenuidade, desorientadas pelos próprios pais, vão passando, imaginando que estejam conversando com outra criança.
Os problemas de bullying, quando crianças escolares, alunos são bombardeados por colegas ou por professores, diminuindo a sua autoestima, determinando problemas psicológicos ou mesmo psiquiátricos de grave repercussão.
Mas, encontramos aqueles que fazem bom uso porque, graças à Internet,  podemos entrar nos conhecimentos da Ciência, dos filósofos, no mundo das artes, da cultura em geral.
Podemos viajar, através de programas que nos levam a conhecer as ruas e avenidas do mundo. Podemos encontrar telas de museus, os mais famosos, penetrar nos salões notáveis desses museus e contemplar a beleza que ali é exposta para quem viaja, para vê-los.
A Internet, nas mãos do bem, tem patrocinado cursos acadêmicos, cursos escolares à distância, com rigor, com controles.
É claro que há também pilhérias, brincadeiras de mau gosto, chamadas de cursos. No entanto, há coisas sérias, coisas graves, coisas belas, realizadas via Internet.
Dessa maneira, nos damos conta de que todas as bênçãos que Deus permite chegar ao mundo, a criatura humana, na sua impetuosidade, no seu estilo excitado de ser, deseja lançar mão, deseja se assenhorear. E, porque o nosso lado ético-moral não anda assim tão bem desenvolvido, muitos querem tirar proveito, ainda que por meios escusos, dessas bênçãos que Deus nos envia. A Internet não escapou disto.
Cabe a você, cabe a todos nós, a observância da ética, da moralidade, no uso desse veículo importante para a nossa vida social.
Sabermos que aquilo que estamos plantando na Internet e que se espalha pelo mundo inteiro, de bom ou de ruim, um dia, mais cedo ou mais tarde, teremos que voltar para recolher.
Se forem coisas boas, recolheremos esses frutos doces da felicidade. Se negativas, teremos que amargar a reconstrução do bem na Terra.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 206, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em agosto de 2009.
                                                                         Em 24.01.2011.

   

quarta-feira, 13 de março de 2013

Vida e Valores (Amai-vos e instruí-vos)

Vida e Valores (Amai-vos e instruí-vos)

Não é difícil prestar atenção no fato de que um dos grandes tormentos da atualidade, como de todos os tempos do mundo, chama-se ignorância. Todas as vezes que nos deixamos conduzir pela ignorância ou que alguém mergulha nesse pântano da ignorância, é natural que muitas coisas ficarão a dever, muitas coisas se perderão e outras tantas se confundirão.
A ignorância é uma das piores tragédias que pode acontecer à alma humana. Por isso, nessa gama de obstáculos, na nossa vivência social, o desconhecimento, o não saber tem provocado os mais tremendos e horrendos fenômenos sócio-morais. Quando pensamos na ignorância, nos damos conta de que os nobres Mensageiros da Humanidade, aqueles que têm a incumbência de nos inspirar espiritualmente e que, em todos os povos têm trazido as mensagens das regiões ignotas do amor e da paz, nos ensinaram que seria importante adotarmos dois mandamentos. Mandamentos, instruções, proposições, como quisermos.
O primeiro desses mandamentos: Amai-vos; o segundo, Instruí-vos. Quando pensamos nesta dualidade: Amai-vos e instruí-vos, certamente que passamos a imaginar a instrução acadêmica. Cada criatura deveria fazer cursos acadêmicos. É importante que a gente estude. Importantíssimos são os cursos acadêmicos quando bem feitos, quando com bons propósitos. Eles penetram nosso cérebro e nos ajudam a ser pessoas úteis na sociedade.
Mas, essa instrução que os nobres Espíritos nos levam não é somente a instrução acadêmica. É a instrução reflexão. Criarmos o hábito de pensar nas coisas, criarmos o hábito de questionar as coisas, de indagar para entender melhor.
Quantas vezes vivemos numa rua,  anos a fio e, à frente do nosso portão ou do nosso prédio existe uma árvore, que  nunca tivemos a preocupação de saber que árvore é aquela. Como é que se chama? A que família pertence? Ela é capaz de rachar a calçada ou não? É uma leguminosa ou não? É uma dicotiledônia? Parecem palavrões esses nomes, mas fazem parte das classificações dos vegetais.
É muito importante que pensemos nisso. Às vezes, moramos num lugar e  há uma grande praça ou  uma pequena praça, da qual nunca soubemos o nome. Não nos interessamos! A  ignorância se alimenta no desinteresse, a ignorância faz festa na desatenção. É por isso que se torna importantíssimo que  nos instruamos conhecendo coisas, estudando formalmente mas, também procurando nos assenhorear da vida que nos cerca, daquilo que está à nossa volta.
Conhecer as cores da roupa que se está usando. Perguntar na loja: Que cor é essa? Porque há tantas cores artificiais hoje e, muitas vezes, desconhecemos. Se conversarmos com um decorador, com um arquiteto, eles nos falarão de cores inimagináveis por nós.
Daí, como é bom saber, sair da ignorância. E, para que essa sabedoria se configure como algo de utilidade para nós, refletir, amadurecer. Por que tal coisa acontece sempre nessa data? Por que determinado fenômeno ocorre nessas circunstâncias?
Gradativamente, tomamos do livro, perguntamos a alguém, conversamos com alguém que seja entendido e vamos diminuindo o nosso grau de ignorância. É tão importante para que possamos melhorar a condição de vida no planeta, identificando onde estamos, sabendo porque ali estamos e, por conseguinte, o que nos cabe fazer nesse lugar, em que ora estamos. Amai-vos e instruí-vos, portanto, é uma legenda para a nossa vida, que não deve ser deixada de lado.
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Nesse território do conhecimento, é tão bonito chegarmos no museu e identificarmos um Van Gogh, um Modigliani, um Toulouse, um Rembrandt, um Picasso. Na medida em que vamos conhecendo essas coisas, a nossa cultura aumenta em torno das artes plásticas. Ao olharmos uma escultura, ao invés de dizermos o nome da escultura, é comum dizermos: É um Rodin, é um Michelângelo, é um Rafael. Começamos a identificar pelos estilos os artistas plásticos da História do mundo.
Mas não vivemos apenas de conhecimentos. Os conhecimentos são importantes para nós, mas o que será o conhecimento sem amor? O Apóstolo Paulo, ao escrever aos Coríntios e se referir à caridade disse: Ainda que eu fale a língua de todos os homens, compreenda a linguagem dos anjos, se eu não tiver caridade, de nada isso me adiantará porque eu serei como um sino que soa, que faz barulho, mas que não tem vida. Ainda que eu dê todos os meus haveres para os pobres e meu próprio corpo eu ofereça para ser queimado na fogueira, se eu não tiver caridade, isso de nada me servirá.
Quando pensamos nisso, nos lembramos de que Paulo chamou caridade ao amor dinâmico. Caridade então significando amor dinâmico, amor em ação. De que vale a cultura sem amor dinâmico? De que me vale a cultura se eu não consigo colocá-la a serviço da vida, a serviço do próximo, a serviço do bem? Por isso, ao lado da instrução, que nos é importantíssima, o amor nos é fundamental.
Não foi à toa que o Evangelista João estabeleceu que Deus é amor.Quando falamos em amor, estamos falando a essência da vida, que é o próprio Criador. E, na nossa relação humana, na nossa relação, aqui na Terra, como dependemos do amor! Amor que nos permite aconselhar e ouvir conselhos, abraçar e sermos abraçados. Amor que nos permite chamar atenção, admoestar, ao mesmo tempo em que nos permitimos ser chamados atenção, sermos admoestados, quando erramos.
É o amor que faz com que surjam as amizades, é o amor que nos aproxima, marido e mulher, que foram um dia enamorados. É o amor que permite que nos nasçam os filhos. É o amor que nos ensina a conduzir os filhos. É o amor que  nos apascenta  nas horas de crise. É o amor que nos fala que, aqui na Terra, não é a nossa casa definitiva, como lembrou Jesus: Meu reino não é deste mundo. Eu me vou para vos preparar o lugar. Se fosse de outro modo, eu já vos teria dito.
Então, amar e instruir, amar e instruir-se é vital para nós. Não é à toa que o Espírito de Verdade trouxe para a Humanidade essa proposta: Amai-vos. E o amor comporta entendimento, indulgência, perdão, participação, cooperação. O amor, que é Deus, essencialmente.
E o conhecimento nos tornará, ao invés de meros conhecedores, nos tornará sábios. O conhecedor é aquele que detém teorias. O sábio é aquele que vivencia as teorias que carrega em si. Amai-vos e instrui-vos, onde quer que estejamos, nas relações quaisquer que sejam. Nunca será demais sabermos as coisas! Termos essa curiosidade, já que o ser humano é um animal curioso.
Mas o amor, que pulsa na intimidade de Deus, é a virtude por excelência que nos retirará da vaidade que, muitas vezes, o conhecimento nos leva e nos fará caminhar descalços, pelas alamedas da simplicidade, enaltecendo em definitivo a nossa caminhada terrestre.
           
                 Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 188, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em janeiro de 2009.
 Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 28.03.2010.
Em 07.06.2010.

Vida e Valores (Educação religiosa dos filhos)

Vida e Valores (Educação religiosa dos filhos)

Nem sempre nós observamos que os nossos filhos são seres espirituais.
Nossos filhos são Espíritos. Não importa qual seja nossa crença, não importa se não tenhamos crença religiosa, o fato é que os nossos filhos são os filhos de Deus, emprestados aos nossos cuidados, durante um tempo mais ou menos longo na Terra.
Quando pensamos nisso, nos vem à mente a razão pela qual a Divindade situa esses filhos junto a nós. Situa Seus filhos junto a outros filhos que já estejam a mais tempo na encarnação.
Quando pensamos nisso, temos que levar em conta que há razões bastante ponderáveis, bastante plausíveis para que nós recebamos, por parte do Criador, um ou mais de Seus filhos sob os nossos cuidados.
A partir daí então, pensar o que é que Deus quer de nós com relação a esses filhos postos sob nossas mãos.
Sem qualquer dúvida, qualquer de nós que chega à Terra para uma nova existência, para uma nova experiência, ou se quisermos, para uma nova encarnação, vem com o propósito de evoluir. Como um aluno que vai cada dia à classe, cada dia volta à escola para ir complementando o aprendizado.
Ninguém consegue fazer o aprendizado de um curso inteiro numa única aula, num único mês, num único semestre, nem num único ano.
Por isso, quando nós olhamos para os nossos filhos, é bom que tenhamos essa percepção de que eles são nossos filhos biológicos, porque lhes demos um corpo físico. Mas, em realidade, eles são filhos de Deus como nós. Vieram do grande Rei, do grande Pai, do grande Senhor do Universo.
E, como nem sempre nós chegamos à Terra zerados, com relação aos valores atormentados que acumulamos, muitos chegamos cumulados de tormentos, de angústias, de problemas trazidos de outras existências, de fobias, de crimes, que precisamos acertar com a consciência.
Nossos filhos são assim. Muitas vezes são crianças inteligentíssimas, espertas, cheias de brilho, de viço, capazes de captar rapidamente tudo quanto nós lhes ensinamos e, às vezes, coisas que não lhes ensinamos.
O lado intelectual está maravilhoso, mas o que aprendemos dos bons anjos, dos Espíritos guias, é que a maior parte dos nossos filhos vêm à Terra para ajustar exatamente o que lhes faltou no passado, o lado moral, o lado espiritual, o lado ético.
Muitos deles têm muita facilidade de aprender coisas que mexam com o intelecto. Rapidamente aprendem música, aprendem a tocar instrumentos de ouvido, aprendem a cantar, são dançantes, bailarinos. Jogar, praticar esportes dos mais variados, tudo eles aprendem com muita facilidade.
Mas há um lado que relutam sempre. É o lado que se relaciona com as coisas de Deus.
É muito comum que as crianças não queiram ir à sua Igreja, ao Centro Espírita, à Sinagoga. É muito comum que as crianças reajam. E caberá aos pais não forçá-las de modo violento, mas persuadi-las, a partir de vários recursos, para que elas passem a gostar de participar dessa vida social religiosa da família.
Não sabemos, em realidade, de onde vêm nossos filhos. Jesus Cristo estabeleceu, ao conversar com Nicodemos, que o Espírito sopra onde quer. Nós não sabemos de que realidades eles vêm, nem para que realidades eles vão.
Por causa disso, vale a pena levar nossos filhos para a experiência da fé religiosa. Para a vivenciação da fé religiosa.
Como é que vamos fazer isto?
Aquela religião que nos alimenta, que nos nutre, que nos faz pessoas felizes... Essa mesma, vamos procurar oferecer aos nossos filhos.
Não importa se, mais tarde, quando se tornem independentes, eles mudem de crença, eles mudem de religião, eles adotem outro sistema filosófico de crer em Deus.
Mas, enquanto estiverem sob nossos cuidados, enquanto forem nossos dependentes, nós os levaremos para aquele ambiente, aquele espaço de crença, de cultivo das idéias Divinas que nos faz feliz, que nos alimenta, que nos nutre a alma.
Será importantíssimo que nós verifiquemos nesses Espíritos, nesses filhos nossos, aqueles seres que precisam urgentemente dessa luz religiosa.
Vale a pena pensar que, se os nossos filhos não são nossos filhos essencialmente, são os filhos e filhas da vida por si mesma, como disse o poeta Kalil Gibran.
Em linguagem religiosa, eles são os filhos de Deus emprestados aos nossos cuidados, para que saibamos reencaminhá-los.
* * *
Quando se fala em levar os filhos para a vida religiosa, é porque cabe aos pais redimensionar a vida desses filhos, reencaminhando esses Espíritos para Deus.
É natural pensar que nós encaminhamos nossos filhos para Deus por diversas estradas. Eles deverão aprender a estudar, aprender a aprender. Deverão ser boas pessoas, honestas, dignas criaturas mas, fundamentalmente, aprender elas próprias, nossas crianças, a manter contato com o Pai Criador.Aprender a se elevar através do pensamento. A desenvolver dentro de si a sua oração, a ter mais confiança nos poderes sublimes da vida.
Isso tudo é uma riqueza incomensurável que os pais podemos colocar na alma dos nossos filhos.
Mas, quando falamos em dar uma religião aos nossos filhos, é importante que não os transformemos em pessoas religiosistas, acostumadas a irem ao templo, como quem vai ao clube social.
Será importantíssimo que criemos nos nossos filhos a alma de religiosidade. Aquela reverência profunda e honesta ao Criador da vida.
Não importa qual seja essa crença, mas deverá ser uma crença que não possa ser desmentida pelos fatos, desmentida pelo progresso da Ciência. Porque, todas as vezes que ensinarmos aos nossos filhos coisas que logo mais a Ciência demonstrará em contrário, que os fatos do cotidiano os levem a entender diferente e a constatar diferente, eles deixarão de crer naquilo que nós lhes estamos apresentando. Também deixarão de crer em tudo quanto diga respeito à religião.
Vale a pena levar nossos filhos para uma religião amadurecida, cujos princípios estejam assentados nas Leis da Natureza, para o que as descobertas da Ciência, as vozes da Ciência sirvam de reforço, de embasamento, de instrumentalização.
Por isso, saber que nossos filhos são Espíritos nos ajuda muito, nessa proposta de orientá-los para o bem. Jamais apresentar a eles os maus exemplos de nossa conduta ou apresentar-lhes como bons exemplos os maus exemplos dos outros.
Levar nossos filhos a entender que o mau exemplo de alguém jamais deverá ser seguido por nós, por mais que esse alguém nos seja próximo, nos seja familiar, nos seja uma pessoa amiga.
Mas, o erro não pode servir de padrão para as nossas vidas. E é a partir disto, que nós verificaremos que o sentimento religioso é vida e, como Jesus Cristo nos veio dizer que nos trouxera vida abundante, será sempre importante vivenciar junto aos nossos filhos, esses princípios que queremos que eles aprendam, vivenciar junto a eles aquilo que queremos que eles vivenciem na sociedade, vivenciem junto aos outros.
Será um valor, um tesouro, uma herança que os nossos filhos jamais perderão.Vale a pena, dessa maneira, pensar na instrução religiosa. Levar nossos filhos ao templo. Ensinar aos nossos filhos a prática da oração. Mas, fundamentalmente, levá-los a vivenciar a prática do amor, a resistência ao mal, às tentações do mal, resistir a todas as intempéries morais que se abatem sobre a Terra.
Para isto, não basta freqüentar uma casa religiosa. É preciso ter aprendido a verdade ensinada por Jesus Cristo, seja qual for a interpretação, desde que esta interpretação nos eleve, nos amadureça, nos transforme em homens e mulheres de bem e os nossos filhos aos quais amamos tanto, serão convertidos igualmente em homens e mulheres de bem.
A religião não deve ser uma arma, uma esgrima com a qual digladiamos com os outros. E Jesus Cristo não pode ser transformado por nós, numa muralha divisória entre as criaturas. Jesus terá que ser um toldo de unidade, de fraternidade.
Se estivermos elegendo para nossos filhos uma educação não cristã, se estivermos nas práticas Muçulmanas, nas práticas do Judaísmo, do Taoísmo, do Budismo, não importa. Todas essas práticas levam à proposta do bem, induzem os indivíduos à prática do bem.
Por isso, será fundamental que trabalhemos com eles a importância da vivência do bem, não importa qual seja a religião.
Se formos cristãos, deveremos ter em Jesus Cristo o nosso Modelo, o nosso Padrão, o Guia da Humanidade. E, somente a partir dos Seus ensinamentos é que conseguiremos entender que o sentimento religioso é um sentimento de vida, e Ele, que veio para que tivéssemos vida em abundância, certamente veio nos ensinar a viver uma religiosidade abundante, uma religiosidade que, de fato, nos colocasse nos caminhos que nos endereçassem ao nosso Criador.
Educar os nossos filhos sob todos os aspectos, mas principalmente, ensinar-lhes a buscar no íntimo de si mesmos, a figura do nosso Pai Celeste.
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 114, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em outubro de 2007. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 15 de junho de 2008.
Em 26.05.2008.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Vida e Valores (O anticoncepcional)



A Dra. Susan Blackmore, da Universidade de Bristol, na Inglaterra, juntamente com o Dr. Colin Blackwell, estabeleceram suas visões a respeito do anticoncepcional. Sim, a respeito da pílula.

E, nas falas de ambos, conseguimos ler que eles interpretam a pílula anticoncepcional como tendo sido um grandíssimo movimento revolucionário na década de 1960, que teve o poder, teve o condão de dar liberdade às práticas sexuais.

Asseveram que o anticoncepcional deu à mulher essa possibilidade de dirigir seu corpo e não permitir a fecundidade, quando não tivesse nela qualquer interesse.

Foram mostrando como é que o anticoncepcional mexeu na maneira como a mulher era vista no contexto social. A visão machista da mulher foi forçada a sofrer alterações de monta.

Também lembraram que, graças ao incremento dos anticonceptivos, a mulher pôde ocupar o lugar que lhe cabia e que lhe era negado, no contexto social.

O anticoncepcional igualmente promoveu uma grandíssima revolução na questão que era bastante discutida sobre a divisão do trabalho. O que cabia à mulher, o que cabia aos homens.

Ao longo de muitas décadas, desde a de 1960, essa questão do anticoncepcional ganhou bastante destaque. No entanto, desde a década de 1940, bioquímicos, químicos trabalharam buscando uma solução para o que chamavam de grave problema das relações sexuais: a procriação.

E, a partir disso, na América do Norte, nos Estados Unidos, os pesquisadores trataram de investigar um produto à base da testosterona, o hormônio masculino, para que houvesse uma pílula para os homens. E isso porque eram os homens tradicionalmente, historicamente, que tinham uma vida mais liberada, que tinham uma vida mais solta, mais libertina. Então, seria válido, pensavam eles, criar-se uma pílula para os homens.

O que acontece é que, depois da pílula criada e em fase de testes, os pesquisadores foram a muitos presídios norte-americanos e ofereceram aos presidiários, com a devida autorização da Justiça, a oportunidade de eles servirem de cobaia ao uso da pílula, sob a condição de que receberiam indultos e, até mesmo, liberações totais de suas penas.

Ao longo das consequências, os pesquisadores notaram algo que não esperavam. Em função dos órgãos sexuais masculinos serem externos, aquele produto gerou sobre os homens, primeiro, uma impotência precoce; depois, uma retração do órgão genital.

Pode-se bem perceber que os pesquisadores interromperam ali o trabalho. Não era conveniente, à época, criar-se uma pílula para o homem, capaz de produzir tamanho desastre na autoestima masculina.

Então, se voltaram para a mulher, cujos órgãos sexuais são internos e à base de estrogênio, de progesterona, ainda em quantidades nada científicas, apresentaram as primeiras pílulas. As primeiras mulheres que se decidiram por usá-las, se saíram muito mal.

Os problemas de mama, os cânceres abundaram até que, ao longo do tempo, a própria farmacologia, a bioquímica foram ajustando os níveis de estrogênio, de progesterona para que os médicos, ao conhecer o funcionamento orgânico de suas pacientes, pudessem indicar essa ou aquela pílula.

Deste modo, o problema grave foi atenuado, mas cada mulher responde por si, em virtude do uso que faça indiscriminado ou não, de anticonceptivos.

Não há dúvida de que a mulher tem o direito de se proteger, de se cuidar, mas não apenas em termos corporais.

*   *   *

O cuidado com o corpo é fundamental. Nenhuma mulher tem a obrigação de reproduzir aleatoriamente, reproduzir por reproduzir. Ela tem direito a se cuidar, tem o dever de se cuidar.

 Nada obstante, a mulher obedece a um programa no plano da Divindade. Lemos em O livro dos Espíritos, uma pergunta que é dirigida aos Imortais a respeito da missão do homem e da mulher: Qual é a mais importante para o Criador?

E a resposta incisiva das Entidades Espirituais, que orientam o planeta, é que a missão que Deus concedeu à mulher é superior àquela concedida ao homem, porque é a mulher que o educa.

Dessa maneira, começamos a perceber que seria lamentável se a mentalidade feminina descesse para esses patamares e fizesse com que a mulher se convertesse meramente numa máquina de fazer sexo. Cabe a ela a procriação, sem dúvida, mas cabe a ela o amor.

A mulher é essencialmente mãe, mesmo quando não tenha filhos do seu próprio corpo. A mulher é essencialmente mestra, professora. É essencialmente orientadora.

A natureza, nas mãos de Deus, fez com que a mulher tivesse uma sensibilidade maior. Então, qualquer produto químico que no organismo do homem realize um determinado efeito, em razão da sensibilidade feminina, no seu organismo, esse efeito será mais drástico.

É por essa razão que, quando percebemos esse uso indiscriminado de pílulas, desde as meninas novas até suas mães, até mulheres maduras, apenas para evitar-se a gravidez, lamentamos profundamente.

Porque naturalmente pensamos que a pílula, o anticoncepcional, não deveria existir apenas com esse propósito. Originalmente mesmo, o anticoncepcional surgiu para equilibrar o ciclo menstrual das mulheres. Não era chamado de anticoncepcional.

Os médicos descobriram que, ao regularizar o ciclo feminino, também agia sobre a hipófise, provocando sobre essa glândula um estado orgânico na mulher como se ela estivesse grávida. E, a partir daí, ela simulando essa gravidez, impede o amadurecimento de novos óvulos.

Essa era a função do anticoncepcional, como elemento utilizável pelas mulheres: fazer com que o organismo simulasse o tempo todo que a mulher está num estado de gestação, pela não ação da hipófise. Verificamos que a mulher simula, durante um longuíssimo tempo, algo que não é real e, obviamente, haverá consequências sobre o seu organismo.

Muitas alegam: Mas foi recomendação do meu médico!

Mas a orientação médica desses dias, com as exceções louváveis, é uma orientação materialista.

Grande número de facultativos não admite a existência da alma, do ser espiritual, não admite que nós sejamos Espíritos e que não estamos na Terra apenas para fazer sexo pelo sexo.

O sexo, ao lado da função procriadora, deve alimentar as almas que se unem pelos vínculos do respeito e do amor.

Deve servir para os grandes feitos da inteligência, para iluminar as criaturas e esses hormônios trocados, esses elementos trocados, do psiquismo de um para o psiquismo de outro, tem um endereço mais alto, que é a felicidade íntima da criatura.

É por essa razão que, quando o homem visita o bordel, o lupanar, para apenas auferir o prazer sensorial, aquilo não o satisfaz e ele tem que voltar de novo, como alguém que, na sede, decidir-se por beber água do mar. Pela sua salinidade, ela não sacia a sede.

É a partir disso então que, diante do anticoncepcional tão desbragadamente utilizado, vale a pena pensar que a mulher tem uma função diante das Leis Divinas. Usando ou não o contraceptivo, pensar que ela é a grande geradora da vida, a grande colaboradora de Deus, pelo mundo afora.



Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 198, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.

Programa gravado em agosto de 2009.

Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 15.08.2010.                                                                                           Em 16.11.2010.
      

Vida e Valores (Magnetismo pessoal)



Cada criatura humana é um magneto que caminha pela Terra.

A Terra em si mesma é um grande corpo magnético. Mas, cada criatura humana é um corpo magnético sobre outro corpo magnético.

Cada qual de nós carrega a sua capacidade magnética, e essa capacidade magnética é assim chamada pelo poder de atrair que cada um de nós detém.

Essa experiência o ser humano alcançou, graças a essas experiências remotas que vimos trazendo ao longo da evolução dos seres, dos mundos, dos planetas, desde quando o átomo é dotado de uma capacidade de atrair as partículas ao seu redor, desde que o núcleo atômico se tornou responsável por atrair a sua volta a nuvem de elétrons, até a criatura que atrai a sua volta um conjunto de pessoas.

Ao longo da História da Humanidade,  em toda e qualquer sociedade, desde que os grupos humanos deixaram de ser grupos anômicos, sem coordenação, sem regulação, para se tornar grupos sociais, nunca mais encontramos um  desses grupos que não tivesse uma liderança.

As criaturas humanas, de uma maneira ou de outra, exigem alguém que as conduza, um líder, e nunca houve falta desses líderes em toda e qualquer sociedade da Terra.

Houve um período em que as comunidades planetárias, as comunidades humanas entendiam que a virtude do conhecimento, a virtude da moralidade, a virtude da sabedoria estaria com os idosos, os anciães. E surgiu na Terra a chamada aristocracia dos patriarcas, dos anciães.

Acreditava a criatura humana que, quanto mais velha fosse a pessoa, maior a soma de suas experiências, maior a gama de suas experiências, melhor o poder de dirigir outras criaturas.

De certo modo é verdade. Quanto mais vivida seja a pessoa, mais experiências ela carrega e, com essas experiências, terá mais chance de abordar os outros, de orientar os outros, uma vez que se orienta a si mesma.

No entanto, na medida em que o tempo foi passando, essas aristocracias e, particularmente, essa aristocracia dos patriarcas ou do patriarcado, foi cedendo lugar a outras porque se os anciães tinham experiência, maturidade, não tinham força física. E as comunidades precisavam de alguém que tivesse força física para as defender.

Surgiu a aristocracia da força bruta. E, nessa aristocracia da força bruta, os líderes que, a princípio, defendiam as comunidades que os houveram convidado, atraído e solicitado sua ajuda e seu socorro, passaram a dominar essas comunidades, a se atribuir poderes que não lhes haviam sido dados e depois a transferi-los para seus herdeiros, filhos, irmãos, sobrinhos, etc.

Naturalmente, a aristocracia da força bruta, que foi mais uma liderança pela Terra, foi cedendo lugar à aristocracia do nascimento, o nome que a pessoa detinha; a aristocracia do poder econômico, o dinheiro que a pessoa detinha; à aristocracia do intelecto: quanto mais o indivíduo soubesse, maiores poderes teria, até chegarmos à necessidade de uma aristocracia que, de fato, conduzisse bem os homens pela Terra.

Já que precisamos instintivamente, pela nossa natureza social, de uma liderança, por que não uma liderança que pudesse nos orientar intelectualmente? Uma liderança que, ao mesmo tempo, nos pudesse conduzir em níveis morais?

Sentimos, por isso, a importância de que, ao longo dos tempos da Terra, possamos encontrar, possamos desenvolver, possamos ter uma aristocracia de poder intelectual e de poder moral. Uma aristocracia intelecto-moral.

Essa certamente nos dará possibilidades de desenvolver os campos mais diversos de nossa vida.

Essa liderança, essa aristocracia nos permitirá desenvolver nosso potencial intelectual, nosso saber, nosso conhecimento, mas também nos ensinará a dar boa vazão a esse saber, a esse conhecimento; nos ensinará a trabalhar tais conhecimentos que tenhamos para o bem. E a nossa aristocracia intelecto-moral, a nossa liderança intelecto-moral nos endereçará para a felicidade.

*   *   *

Essa felicidade naturalmente terá muito a ver com o esforço que tenhamos feito por conquistá-la.

Como falamos, cada qual de nós é um magneto que se desenvolve, que se move na Terra, sobre o planeta, que também é um gigantesco corpo magnético.

É por isso que os analistas e psicanalistas de várias idades do mundo, desde o século XIX, vêm nos trazendo com Freud, com Adler, com Gustav Jung, essas noções de que cada qual de nós carrega em si o chamado “it”, ou se quisermos, um magnetismo pessoal.

Não é à toa que vemos pessoas capazes de atrair para o seu derredor um contingente imenso de outros indivíduos, que se sente bem junto delas, que acata as suas determinações.

Encontramos diversos indivíduos espalhados mundo afora, que afugentam as pessoas do seu derredor, que ninguém suporta estar ao seu lado, mesmo a sua família, mesmo as pessoas que lhes deveriam ser mais próximas E a que se deve isso?

A princípio, podemos cogitar desse nosso magnetismo pessoal. Liberamos determinadas energias, se quisermos dizer assim, liberamos de nós determinados fluidos, que fazem com que as criaturas sintonizadas com os mesmos ideais nossos tenham vontade de se aproximar. Elas não sabem porque, mas sabem que alguma coisa em nós as atrai.

Por outro lado, liberamos de nós determinadas substâncias psíquicas que impõem aos outros um afastamento de nós. Criaturas que até gostariam de estar ao nosso lado, não sabem explicar bem porquê mas, alguma coisa lhes impõe fugir de nós: nosso magnetismo pessoal.

Quanto mais sejamos criaturas egoístas, personalistas, individualistas, a tendência é que se aproximem de nós as pessoas de mesmo matiz psicológico, de mesmo teor idealístico, e passamos a compor os grupos, os bandos, passamos a compor as falanges.

De acordo com a inclinação dos nossos sentimentos, atraímos indivíduos com inclinações similares.

O mundo fala, por exemplo, que Hitler matou a seis milhões de judeus, que Hitler fomentou isso, fomentou aquilo. Não discutimos a tragédia que o caráter de Adolf Hitler impôs ao mundo ocidental.

No entanto, ele não fez isso sozinho. Ele fez isso com dezenas e centenas de oficiais, de homens comuns, mulheres comuns da sociedade que, com ele, com suas ideias compactuavam.

Vejamos o magnetismo de Hitler, capaz de reunir, depois daquele célebre encontro na cervejaria de Munique, aquele contingente enorme de criaturas que o aplaudiu, até deparar-se com a tragédia que ele fomentou no solo europeu e no mundo.

Mas, ao mesmo tempo, notamos indivíduos como Gandhi, com sua fala mansa e firme, com seu caráter de não querer fazer uma guerra contra a violência, porque ele afirmava que qualquer movimento contra a violência teria que ser violento também.

Ele promoveu um movimento pela não violência de qualquer teor. Reuniu ao seu redor toda a Índia. Os seus jejuns se tornaram famosos, porque com esses jejuns ele promovia a religação dos seus irmãos, da Índia, do Paquistão, que surgiu depois.

Gandhi foi esse líder excepcional, com sua energia, e até hoje, depois da sua morte em 1946, Gandhi é para nós esse ícone da liberdade, atraindo em torno do seu nome legiões de criaturas de boa vontade, de homens e mulheres que prezam a liberdade.

Mas, de todos os seres que passaram pela Terra, o magnetismo pessoal mais atraente foi o de Jesus de Nazaré. Nada obstante, nós não conseguimos entendê-Lo.

Ele era tão especial que não conseguimos compreendê-Lo. Mas Ele, pacientíssimo, nos disse:

Quando Eu for erguido no madeiro atrairei todos os homens a Mim.

E foi somente depois da Sua crucificação que passamos a nos interessar por Ele.

No entanto, quando na Terra, onde estava? Estava cercado pelas multidões de famintos, famintos de comida, famintos de amor, famintos de paz, famintos de esperança, famintos de Deus.

Esse Deus que Jesus Cristo exprimiu tão bem com a Sua vivência, e espalhou tão bem entre nós, com o Seu luminoso e formidável magnetismo pessoal.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 93, apresentado por Raul Teixeira,
sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em agosto de 2007.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 8 de março de 2009.
Em 13.07.2009.

Vida e Valores (Felicidade)


Costumeiramente, a felicidade é considerada a partir de valores de ordem material. É bem compreensível que assim seja no mundo em que nós vivemos. Afinal, vivemos num mundo cujas referências são todas elas, ou quase todas elas, a partir de coisas do mundo físico.

Nada obstante, em todos os tempos se haja falado que nós somos seres espirituais, ainda que as religiões hajam dito, desde sempre, que nós somos filhos de Deus e somos seres espirituais, essas informações, essas referências, quase sempre, deixaram a desejar. Elas não eram bem exatas, não eram bem completas.

A Humanidade passou a ter, a respeito das coisas espirituais, uma reflexão um tanto inadequada, porque passamos a associar o Espírito a fantasmas, às almas doutro mundo, a esses seres que são forjados na mente coletiva, na mente humana e, por causa disso, são fantasias que as mentes costumam criar.

Sempre que se fala em alma, em Espírito, se imaginam seres vestidos de lençois brancos, ou arrastando correntes ou uivando pelas noites, ou coisas desse gênero.

Poucas vezes se pensou na realidade nossa como Espíritos, em termos intelectuais, em termos mentais, em termos morais. Desse modo, as referências da felicidade estão atreladas a essas questões do mundo físico.

Costuma se pensar que felicidade está vinculada às posses que se tem. Muita gente imagina que só será feliz quando tiver o carro, quando tiver a casa, quando tiver dinheiro no banco, quando puder viajar, quando comprar roupas de grife, quando, quando, quando... Vamos sempre jogando a felicidade para patamares mais distantes.

Jamais fruímos a felicidade agora, já, no momento em que estamos vivendo. Há sempre um ritual intelectual que nos faz arremessar essa felicidade ou encontro com essa felicidade, para os dias do futuro.

Os discursos nossos, os discursos de todos ou de quase todos, estão sempre vinculados a: Quando eu tiver, quando eu comprar, quando eu for....

Então, a riqueza é uma das referências para a felicidade. No dia em que o indivíduo ganhar na loteria, no dia que conseguir uma herança, no dia em que ficar rico, ele será feliz.

Até conseguir ganhar na loteria, que dificilmente acontecerá; até o dia em que lhe surgir uma herança, que é uma coisa quase inabordável; até o dia em que ficar rico através do seu trabalho comum, o que também é, francamente, muito difícil, ele não consegue ser feliz.

O indivíduo não consegue ser feliz no momento em que está, com as pessoas com quem está, na realidade em que vive. Está sempre procrastinando, empurrando para trás, retardando a felicidade.

É muito interessante, porque Vicente de Carvalho, um poeta nosso, brasileiro, santista escreveu, um dia, que a felicidade é como um pomo, que nunca o pomos onde nós estamos, e nunca estamos onde nós o pomos.

Ele fez um jogo de palavras francamente verdadeiro, porque nunca pomos a felicidade onde estamos.

A felicidade está sempre além, num lugar, numa situação, numa condição social, numa condição de vida que não é aquela que estamos usufruindo agora. E onde pomos a felicidade, nós nunca estamos lá, porque a projetamos para somente quando determinadas coisas aconteçam.

É muito comum que o menino diga que ele será feliz quando fizer dezoito anos, e com dezoito anos, ele terá a chave da casa, ele poderá guiar carros, ele poderá fazer muitas coisas. Até chegar aos dezoito anos ele se impede de ser feliz aos treze, aos quatorze, aos quinze, etc.

Mas, depois que ele faz dezoito anos, a felicidade será quando ele conseguir uma namorada ou quando se casar. E ele vai empurrando isso. Quando se casa e não consegue a felicidade com o casamento, ele projeta quando tiver filhos. Desse modo, vamos empurrando para trás a felicidade que é como um pomo, como um fruto, nós nunca o pomos onde estamos, e jamais estamos onde nós o pomos.

É por causa disto que deveremos começar a refletir e a pensar que somos seres espirituais e que a felicidade não pode ser uma coisa projetada para longe, ela deve estar bem junto a nós.

* * *

É natural pensar que todo esse conforto material perseguido pelas pessoas, perseguido por nós, de fato nos dá uma gama de satisfação.

Quem é que não gostaria de ter dinheiro, quem é que não gostaria de ter uma boa posição social, econômica? Quem é que não gostaria de ser famoso e ser conhecido, de desfrutar dessas considerações do mundo, ainda que passageiras?

Poucas seriam as pessoas que responderiam que não.

No entanto, a felicidade decorre da maneira como nós encaramos a vida. Sim, a felicidade tem dimensões psicológicas.

Por isso, visitamos, muitas vezes, hospitais onde as pessoas sofrem, lugares de padecimentos, de dores, às vezes atrozes. Vamos visitar essas pessoas, cheios de angústias, com os nossos problemas cá de fora, do mundo e ao lhes perguntar como estão, elas nos surpreendem com uma bofetada de luvas: Eu estou bem, estou muito bem. E nós não conseguimos entender como é que uma pessoa operada, muitas vezes esperando morrer, com uma doença incurável ou com um mal grave, possa nos dizer que está bem.

Tudo com ela está bem, exatamente porque ela não está considerando o seu estado de felicidade a partir do corpo físico, embora o corpo físico também faça parte da nossa felicidade, ou deva fazer. Mas ela está além dessa consideração material. Porque é o modo como a gente vive por dentro que estabelece como é que vamos considerar a vida de fora.

Como o Cristo disse que o reino dos céus não tem aparências exteriores, está dentro de cada um de nós, é verdade que muitas vezes nós, ainda que passemos apertos materiais, carregamos uma certa satisfação interna, não por passar dificuldades, isso seria masoquismo, mas pela maturidade com que passamos essas dificuldades.

Daí encontrarmos pessoas pobres contentes e acharmos pessoas ricas desgraçadas.

É por isso que, ao pensarmos na felicidade como uma dimensão psicológica, uma dimensão psíquica, uma dimensão espiritual, verificamos que muitas pessoas que vivem dificuldades materiais conseguem extrair dessa dificuldade, alegrias íntimas, alegrias para sua vida, capazes de causar inveja a muita gente rica.

É por isso que muita gente rica, nada obstante tenha muito dinheiro, tenha posição social, tenha todas as facilidades, vive infeliz.

No meio dos ricos, quantas vezes achamos suicídios incompreensíveis a princípio, porque as pessoas dizem: Mas tinha tudo, tinha poder, tinha riqueza, tinha beleza! Mas não tinha harmonia íntima. Muitas vezes não tinha objetivo de vida. Então, a saída para esses indivíduos foi a tentativa de se autodestruir.

Encontramos, por vezes, nos meios ricos, homicídios. Mas como?

Pessoas às quais não faltava nada, pelo menos na suposição do vulgo. Faltava-lhes quase sempre o essencial, a harmonia interior. A felicidade nasce dessa harmonia.

Quantas vezes achamos no meio de gente rica a prostituição, de todos os sentidos. A prostituição dos costumes, a prostituição sexual. Encontramos a drogadição, no meio de gente que pode pagar caro pelas doses de cocaína, de heroína e de tudo mais que infelicita a vida.

Podemos garantir sim, como estabelece o brocardo popular que o dinheiro, a fortuna material não traz a felicidade. Indubitavelmente, ajuda no conforto, ajuda na harmonia material, mas não resolve os nossos enigmas da alma.

Desse modo, a felicidade vai sempre depender da nossa visão de mundo, da maturidade com que nós experimentamos o mundo.

Se estou no mundo como quem se acha numa penitenciária, a minha vida será um tormento, uma infelicidade. Se eu estiver no mundo como quem se acha numa escola, eu farei das dificuldades elementos de progresso, de crescimento, de harmonia.

Se eu me sentir na Terra como quem está num lar, entenderei que todas as dificuldades me são necessárias para que eu as supere, porque eu estou rodeado de irmãos, de criaturas com as quais eu posso interagir positivamente.

A felicidade não é, de fato, uma regalia deste mundo, ela está dentro de nós.

É por isto que Allan Kardec perguntou se no mundo se poderia experimentar a felicidade no grau maior, e os Seres Imortais responderam-lhe que não, porque a Terra é um mundo de provas e expiações. No entanto, poderemos ser tão felizes quanto a Terra permite que sejamos. Vamos buscar essa felicidade maior, que o mundo nos enseja.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 142, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 1º de março de 2009.
Em 25.06.2009.