Vida e Valores (Amai-vos e instruí-vos)
Não
é difícil prestar atenção no fato de que um dos grandes tormentos da
atualidade, como de todos os tempos do mundo, chama-se ignorância. Todas
as vezes que nos deixamos conduzir pela ignorância ou que alguém
mergulha nesse pântano da ignorância, é natural que muitas coisas
ficarão a dever, muitas coisas se perderão e outras tantas se
confundirão.
A
ignorância é uma das piores tragédias que pode acontecer à alma humana.
Por isso, nessa gama de obstáculos, na nossa vivência social, o
desconhecimento, o não saber tem provocado os mais tremendos e horrendos
fenômenos sócio-morais. Quando pensamos na ignorância, nos damos conta
de que os nobres Mensageiros da Humanidade, aqueles que têm a
incumbência de nos inspirar espiritualmente e que, em todos os povos têm
trazido as mensagens das regiões ignotas do amor e da paz, nos
ensinaram que seria importante adotarmos dois mandamentos. Mandamentos,
instruções, proposições, como quisermos.
O primeiro desses mandamentos: Amai-vos; o segundo, Instruí-vos. Quando pensamos nesta dualidade: Amai-vos e instruí-vos,
certamente que passamos a imaginar a instrução acadêmica. Cada criatura
deveria fazer cursos acadêmicos. É importante que a gente estude.
Importantíssimos são os cursos acadêmicos quando bem feitos, quando com
bons propósitos. Eles penetram nosso cérebro e nos ajudam a ser pessoas
úteis na sociedade.
Mas,
essa instrução que os nobres Espíritos nos levam não é somente a
instrução acadêmica. É a instrução reflexão. Criarmos o hábito de pensar
nas coisas, criarmos o hábito de questionar as coisas, de indagar para
entender melhor.
Quantas vezes vivemos numa rua, anos a fio e, à frente do nosso portão ou do nosso prédio existe uma árvore, que nunca
tivemos a preocupação de saber que árvore é aquela. Como é que se
chama? A que família pertence? Ela é capaz de rachar a calçada ou não? É
uma leguminosa ou não? É uma dicotiledônia? Parecem palavrões esses
nomes, mas fazem parte das classificações dos vegetais.
É muito importante que pensemos nisso. Às vezes, moramos num lugar e há uma grande praça ou uma pequena praça, da qual nunca soubemos o nome. Não nos interessamos! A ignorância se alimenta no desinteresse, a ignorância faz festa na desatenção. É por isso que se torna importantíssimo que nos
instruamos conhecendo coisas, estudando formalmente mas, também
procurando nos assenhorear da vida que nos cerca, daquilo que está à
nossa volta.
Conhecer as cores da roupa que se está usando. Perguntar na loja: Que cor é essa?
Porque há tantas cores artificiais hoje e, muitas vezes, desconhecemos.
Se conversarmos com um decorador, com um arquiteto, eles nos falarão de
cores inimagináveis por nós.
Daí,
como é bom saber, sair da ignorância. E, para que essa sabedoria se
configure como algo de utilidade para nós, refletir, amadurecer. Por que
tal coisa acontece sempre nessa data? Por que determinado fenômeno
ocorre nessas circunstâncias?
Gradativamente,
tomamos do livro, perguntamos a alguém, conversamos com alguém que seja
entendido e vamos diminuindo o nosso grau de ignorância. É tão
importante para que possamos melhorar a condição de vida no planeta,
identificando onde estamos, sabendo porque ali estamos e, por
conseguinte, o que nos cabe fazer nesse lugar, em que ora estamos. Amai-vos e instruí-vos, portanto, é uma legenda para a nossa vida, que não deve ser deixada de lado.
* * *
Nesse
território do conhecimento, é tão bonito chegarmos no museu e
identificarmos um Van Gogh, um Modigliani, um Toulouse, um Rembrandt, um
Picasso. Na medida em que vamos conhecendo essas coisas, a nossa
cultura aumenta em torno das artes plásticas. Ao olharmos uma escultura,
ao invés de dizermos o nome da escultura, é comum dizermos: É um Rodin,
é um Michelângelo, é um Rafael. Começamos a identificar pelos estilos
os artistas plásticos da História do mundo.
Mas
não vivemos apenas de conhecimentos. Os conhecimentos são importantes
para nós, mas o que será o conhecimento sem amor? O Apóstolo Paulo, ao
escrever aos Coríntios e se referir à caridade disse: Ainda
que eu fale a língua de todos os homens, compreenda a linguagem dos
anjos, se eu não tiver caridade, de nada isso me adiantará porque eu
serei como um sino que soa, que faz barulho, mas que não tem vida. Ainda
que eu dê todos os meus haveres para os pobres e meu próprio corpo eu
ofereça para ser queimado na fogueira, se eu não tiver caridade, isso de
nada me servirá.
Quando
pensamos nisso, nos lembramos de que Paulo chamou caridade ao amor
dinâmico. Caridade então significando amor dinâmico, amor em ação. De
que vale a cultura sem amor dinâmico? De que me vale a cultura se eu não
consigo colocá-la a serviço da vida, a serviço do próximo, a serviço do
bem? Por isso, ao lado da instrução, que nos é importantíssima, o amor
nos é fundamental.
Não foi à toa que o Evangelista João estabeleceu que Deus é amor.Quando
falamos em amor, estamos falando a essência da vida, que é o próprio
Criador. E, na nossa relação humana, na nossa relação, aqui na Terra,
como dependemos do amor! Amor que nos permite aconselhar e ouvir
conselhos, abraçar e sermos abraçados. Amor que nos permite chamar
atenção, admoestar, ao mesmo tempo em que nos permitimos ser chamados
atenção, sermos admoestados, quando erramos.
É
o amor que faz com que surjam as amizades, é o amor que nos aproxima,
marido e mulher, que foram um dia enamorados. É o amor que permite que
nos nasçam os filhos. É o amor que nos ensina a conduzir os filhos. É o
amor que nos apascenta nas horas de crise. É o amor que nos fala que, aqui na Terra, não é a nossa casa definitiva, como lembrou Jesus: Meu reino não é deste mundo. Eu me vou para vos preparar o lugar. Se fosse de outro modo, eu já vos teria dito.
Então,
amar e instruir, amar e instruir-se é vital para nós. Não é à toa que o
Espírito de Verdade trouxe para a Humanidade essa proposta: Amai-vos. E o amor comporta entendimento, indulgência, perdão, participação, cooperação. O amor, que é Deus, essencialmente.
E
o conhecimento nos tornará, ao invés de meros conhecedores, nos tornará
sábios. O conhecedor é aquele que detém teorias. O sábio é aquele que
vivencia as teorias que carrega em si. Amai-vos e instrui-vos,
onde quer que estejamos, nas relações quaisquer que sejam. Nunca será
demais sabermos as coisas! Termos essa curiosidade, já que o ser humano é
um animal curioso.
Mas
o amor, que pulsa na intimidade de Deus, é a virtude por excelência que
nos retirará da vaidade que, muitas vezes, o conhecimento nos leva e
nos fará caminhar descalços, pelas alamedas da simplicidade, enaltecendo
em definitivo a nossa caminhada terrestre.
Transcrição
do Programa Vida e Valores, de número 188, apresentado por Raul
Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em janeiro de 2009.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 28.03.2010.
Em 07.06.2010.
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