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domingo, 16 de março de 2014

O MORDOMO INFIEL

O MORDOMO INFIEL
E' admirável a maneira simples e clara com que o Mestre da Galiléia abordava certos assuntos, tidos, até hoje, como complexos e difíceis de serem apreendidos e solucionados. Jesus tudo esclarecia em poucas e concisas palavras. Os homens, porém, acham que as medidas propostas pelo Instrutor e Guia da Humanidade, acerca de vários problemas sociais, são impraticáveis.

Mas a grande verdade, verdade que cada vez mais e mais se impõe, é que os homens não conseguem resolver seus perturbadores problemas pelos processos e meios que se afastam daqueles, indicados e preconizados por Jesus. E' excusado tergiversar e contornar os casos. Os homens hão-de chegar à conclusão de que só seguindo as pegadas daquele que "é o caminho da verdadeira vida", lograrão sair do caos em que se acham.

A diferença entre os métodos humanos e aqueles adotados pelo divino Mestre, está em que os homens experimentam, procurando acertar, enquanto que Jesus vai, seguro e certo, ferindo o alvo, sem vacilações nem delongas; está ainda em que os homens agem influenciados pelo egoísmo, ao passo que o Filho de Deus atua sempre iluminado pelas claridades do amor, visando ao bem coletivo.

Vamos, pois, meditar a Parábola do Mordomo Infiel. Vejamos como o Senhor a concebeu, segundo o relato de Lucas — Cap. XVI, l a 13.
"Havia um homem rico que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como esbanjador dos seus bens. Chamou-o, então, e lhe disse: Que é isto que ouço dizer de ti? dá conta da tua administração; pois já não podes mais ser meu administrador.

Disse o feitor consigo: Que hei-de fazer, já que o meu amo me tira a administração? Não tenho forças para cavar, e de mendigar tenho vergonha. Eu sei o que farei, para que, quando despedido do meu emprego, tenha quem me receba em suas casas. Convocando os devedores do seu amo, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu amo ? Respondeu ele: Cem cados de azeite. Disse-lhe então: Toma a tua conta; senta-te depressa e escreve cinquenta.

Depois perguntou a outro: Quanto deves tu? Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-Ihe: Toma a tua conta e escreve oitenta. E o amo, sabendo de tudo, louvou o mordomo infiel, por haver procedido sabiamente; porque os filhos do século são mais sábios na sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.

Quem é fiel no pouco, também será no muito; e quem é infiel no pouco, também o será no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso?Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois há-de aborrecer a um e amar a outro, ou há-de unir-se a este e desprezar aqueles. Não podeis servir a Deus e as riquezas.

Em tal importa, em sua literalidade, a Parábola do Mordo infiel. Para sermos sintéticos, como é aconselhável que sejamos em crônicas desta natureza, comecemos por interpretar as personagens que figuram neste conto evangélico. Quem é o rico proprietário? Onde a sua propriedade agrícola? Quem é o administrador infiel? Quem são os devedores beneficiados pela astúcia do mordomo demissionário?

O proprietário prefigura indubitavelmente Aquele que é a Causa Suprema e Soberana, Aquele que é a Causa donde procede o Universo: Deus. Ele é o Senhor, criador, plasmador e mantenedor dos seres, dos mundos e dos sóis. Nele vivemos e nos movemos, porque dele somos geração — como disse Paulo de Tarso.

A propriedade a que alude a parábola é o planeta que habitamos: a Terra. O mordomo infiel — somos nós; é o homem. A nossa infidelidade procede do fato de nos apossarmos dos bens que nos foram confiados para administrar. Somos mordomos dolosos porque praticamos o delito que juridicamente se denomina — apropriação indébita.

Deste caráter são todos os haveres que retemos em mãos, considerando-os nossa propriedade. A realidade, no entanto, é que daqui, da Terra, nada é nosso. Não passamos de simples administradores. Tanto assim, que o dia de prestação de contas chega para todos. E' o que na parábola representa — a demissão. Todo mordomo infiel será, com a morte, despedido da mordomia, despojando-se, então, muito a contragosto, dos bens materiais em cuja posse se achava.

A despeito dos homens saberem que é assim, visto como estão vendo, todos os dias, os abastados serem privados das suas riquezas, as quais passam a pertencer, temporariamente, a terceiros, eles dedicam o melhor de sua inteligência e dos seus esforços na conquista e na retenção dos bens temporais. Iludem-se, deixando-se sugestionar com a idéia de posse. E, nesse delírio, os homens vivem, porfiam e lutam há milênios, sem que se convençam de que tudo, neste mundo, é precário e instável.
Não só as riquezas e fazendas não nos pertencem, como não são igualmente nossos aqueles que estão ligados a nós pelos laços da carne e do sangue. A esposa diz: meu marido. Este, de igual modo, reportando-se à companheira, diz: minha esposa. De fato, porém, não é assim. O estado de viuvez em que ficam homens e mulheres reflete, penosamente, a grande verdade: daqui, nada é nosso.

Com que profundo e sagrado apego as mães dizem: meu filho! Eis que esse filho das suas entranhas, carne da sua carne e sangue de seu sangue, é chamado para o Além, e a mãe fica sem ele! O próprio corpo com que nos apresentamos, essa vestidura carnal que nos dá a forma sob a qual somos conhecidos, também não nos pertence, pois podemos ser privados da sua posse.

E' assim tudo neste meio em que ora vivemos: nada é nosso. Somos meros depositários e usufrutuários, por tempo limitado e incerto, de tudo que nos vem às mãos, inclusive parentes, amigos, mocidade, saúde, beleza até mesmo o indumento físico com que nos achamos vestidos.

Não obstante, todos nos apegamos às coisas terrenas, como se realmente constituíssem legítima propriedade nossa. O egoísmo age em nós como velho instinto de conservação, determinando nossa conduta. Pois bem, já que nos apossamos indevidamente da propriedade que nos foi confiada para administrar, façamos, então, como o mordomo da parábola em apreço. Que fez ele? Conquistou amigos com a riqueza do seu amo. De que maneira? Convocando os devedores daquele, e reduzindo as suas dívidas, para que, após a demissão do cargo que exercia, pudesse contar com amigos que o favorecessem.
O amo, sabendo desse procedimento, longe de censurar, louvou a prudência e a sabedoria do mordomo. E Jesus termina a parábola, dizendo: Assim, eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles, nos tabernáculos eternos.

E' bastante claro o conselho do Mestre, o qual pode ser assim resumido: já que vos apoderais das riquezas terrenas como se fossem vossas, fazei ao menos como este mordomo — isto é, beneficiai os que sofrem, atentai para os necessitados, minorando as suas angústias e padecimentos. Toda vez, pois, que acudimos as necessidades do nosso próximo, reduzimos a conta dos devedores, de vez que toda a sorte de sofrimento importa, quase sempre, em resgate de débitos passados.
Procedendo desta maneira, quando, despojados dos bens terrenos, partirmos para os tabernáculos eternos, teremos ali quem nos receba e acolha com bondade e gratidão. Cumpre notarmos esta frase do Mestre: "Porque os filhos deste século são mais sábios na sua geração do que os filhos da luz. Quer isto dizer que o século, foi mais sábio, preparando o seu futuro, aqui no mundo, dos que os filhos da luz, no que respeita ao modo como procedem para assegurar o porvir que os espera após a morte.


Realmente, se os já esclarecidos sobre a vida futura agissem, procurando garantir a sua felicidade vindoura com o afã e o denodo com que os homens do século procedem no terreno utilitário, para satisfazerem suas ambições, certamente aqueles já teriam galgados planos superiores, deixando uma esteira de luz após a sua passagem por este orbe de trevas.
Basta considerarmos a soma dos esforços, de engenho, de arte, arrojo e sacrifício que os homens empregam na guerra, para ver como os filhos do século vão ao extremo, na loucura das suas ambições. Ora, o que não conseguiriam os filhos da luz, se, na esfera do bem, agissem com tamanha dedicação?
Razão tem o Mestre em proclamar que os homens do século são mais esforçados e diligentes, nas suas empresas, do que os filhos da luz em seus empreendimentos. Ratificando a assertiva de que toda riqueza é iníqua, Jesus borda as seguintes considerações : "Quem é fiel no pouco, também o será no muito; e quem se mostra infiel no pouco, por certo o será também no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso?

Nenhum servo pode servir a dois senhores: a Deus e às riquezas." Está visto que o pouco, o iníquo e o alheio — que nos foram confiados — representam os bens terrenos; ao passo que o muito, as nossas legítimas riquezas estão expressas nos dons do espírito — tais como a sabedoria e a virtude. Estes, porém, só nos serão concedidos quando o merecermos, isto é, quando, experimentados no pouco, tenhamos dado boas contas.

Conforme vemos, a moralidade desta parábola é clara e edificante, envolvendo interessante caso de sociologia. Quando os homens se inteirarem de seu espírito, deixarão de ser ávidos e cúpidos, prestando o seu concurso aos menos favorecidos, não com aquela jactância e vaidade dos que buscam aplausos da sociedade, nem com a falsa visão dos que pretendem negociar com a Divindade uma posição de destaque no Céu —, mas como o cumprimento de um dever natural, de quem sabe que os bens terrenos não constituem privilégio de ninguém, mas devem ser utilizados por todos os filhos de Deus que envergaram a libré da carne neste mundo, a fim de resgatar as culpas do passado, elaborando, ao mesmo tempo, as premissas de um futuro auspicioso.

Ao gesto de dar esmolas, eivado de egoísmo, e, não raro, de hipocrisia, teremos a idéia de Justiça, derivada da compreensão das responsabilidades assumidas pelos detentores de riquezas, provindas desta ou daquela origem, pouco importa, visto como, consoante o critério evangélico, elas são sempre iníquas. E o meio de justificá-las está em proceder como o mordomo infiel, reduzindo a conta dos devedores, isto é, minorando as angústias materiais do próximo.

São esses os ensinamentos que nos dão os Espíritos do Senhor, que são as virtudes do Céu. Eles assim agem no desempenho do mandato que lhes foi confiado, consoante a seguinte promessa de Jesus:— "Em tempo oportuno, eu vos enviarei o Espírito da Verdade. Ele vos lembrará as minhas palavras e vos revelará novos conhecimentos, à medida que puderdes comportá-los."

Essa plêiade de Espíritos está em atividade. Não há forças nem traças humanas capazes de sustar a sua ação, a qual se exercerá; mau grado os interesses contrariados. Sua finalidade é esclarecer as consciências, revivendo, em espírito e verdade, a doutrina inconfundível de Jesus, o único Mestre, Senhor e Guia da Humanidade, luz do mundo e caminho da verdadeira vida!

Vinícius 
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QUE É A VERDADE?

QUE É A VERDADE?
''Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade ?" (João, 18:38)
Afirma o Evangelho de João que, ao entrar Pilatos na audiência, após um ligeiro colóquio com Jesus Cristo, perguntou-lhe: "Logo tu és rei?", indagação que mereceu do Mestre a seguinte resposta: "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz".
Face a uma resposta de tamanha grandeza, Pilatos limitou-se a perguntar-lhe: "Que coisa é a Verdade?".
Entretanto, como o obscurantismo e os interesses mundanos sempre foram os maiores inimigos da verdade, houve naquela hora um início de tumulto no pátio do Pretório, provocado pelos fanáticos que ali estavam sob a égide dos escribas, dos fariseus e daqueles que tinham nas mãos os poderes religiosos, todos eles interessados na crucificação do tão esperado Messias.
A pergunta ficou, portanto, sem resposta, uma vez que as trevas se fazem sentir sempre, nos momentos psicológicos, em todos os lugares onde a luz do esclarecimento ameaça brilhar.
Talvez o Mestre não quisesse discorrer sobre a verdade com um homem que não a podia compreender, pois, minutos após, apesar de não ver em Jesus qualquer crime, não trepidou em entregá-lo nas mãos dos seus detratores para que o levassem ao sacrifício. Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz.
Evidentemente, Pilatos não tinha qualquer noção sobre o que fosse a verdade. A verdade apregoada pelos judeus não calava bem aos olhos do procônsul romano. O representante do Império não podia aceitar como expressão da verdade os seguintes ensinamentos ministrados pelos escribas:
- Teria o mundo sido criado em seis dias?
- Teriam Adão e Eva sido os primeiros habitantes da Terra?
- Teria realmente Josué conseguido parar o movimento do sol para poder completar um morticínio?
- Como poderia Moisés receber do Alto um mandamento que ordenava o "não matarás", e ele mesmo ordenava verdadeiras matanças de criaturas humanas?
- Se Caim matou Abel e saiu pelo mundo, não existindo qualquer outra mulher, como poderia ele constituir família e ter descendentes?
- Teria realmente Jonas vivido três dias e três noites no ventre de uma baleia?
- Poderia a mulher de Lot transformar-se numa estátua de sal?
Com que técnica poderia Noé ter construído uma arca tão descomunal que pudesse abrigar em seu interior um casal de cada espécie vivente na Terra? Como poderia ele conciliar dentro dela animais tradicionalmente inimigos bem como alimentá-los durante quarenta dias?
Desconhecendo Pilatos a interpretação dessas narrativas o bafejo do Espírito, é evidente que não podia também aceitar como verdadeiras .
De forma idêntica, não podia o Procônsul entender como poderia ser "eleita" de Deus uma casta sacerdotal eivada de sentimentos felinos e de interesses profundamente político mundanos.
Como conciliar os atos, maus e cheios de rapinagem desses homens, com os resplendores da verdade? Uma religião que se baseava nas tradições inócuas, nos atos exteriores do culto, no ódio e na vingança, jamais poderia ter qualquer parentesco com o que é apregoado como verdade. Se Jesus chamou os escribas e fariseus de hipócritas, como poderiam eles ser lídimas expressões dessa mesma verdade?
O Espiritismo representa o advento do Consolador prometido e, como tal, o seu papel é de restabelecer na Terra as primícias da verdade. Evidentemente, quando ele se consolidar definitivamente no seio dos povos, ruirão por terra todos os sistemas e métodos alicerçados sobre a mentira, Tudo aquilo que não for representativo da verdade, será removido dos seus pedestais.
Não tendo Jesus Cristo a oportunidade de esclarecer Pilatos sobre o que é a verdade, o Espiritismo vem agora, na hora propícia, quando os tempos são chegados, fazer com que a luz da verdade possa iluminar os horizontes do mundo, onde, até agora, somente tem prevalecido a mentira, o mistério, o orgulho, a vaidade, o fanatismo, a hipocrisia, a intolerância e o ódio.
O Cristo poderá, então, através das vozes que emanam dos Espíritos, responder não somente a Pilatos, mas a todos os homens o que é a verdade.
Paulo A. Godoy
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Imitação do Evangelho (...)"Com esta obra o edifício começa a destacar-se e já se pode entrever a cúpula desenhando-se no horizonte"...


"Imitação do Evangelho"
Ségur, 9 de agosto de 1863 — Médium, o Sr. d'A...
NOTA. — A ninguém comunicara eu o objeto da obra em que estava trabalhando; guardei tanto segredo acerca do título, que lhe dei, que o próprio editor, o Sr. Didier, só veio a saber dele quando a foi imprimir. O título era, na primeira edição, Imitação do Evangelho. Mais tarde, porém, devido à observação do Sr. Didier e de outros, foi substituído por este: O Evangelho segundo o Espiritismo. Assim pois as reflexões contidas nas comunicações seguintes não podiam ser o resultado de idéias preconcebidas do médium.
P. Que pensais da nova obra em que, atualmente, trabalho?
R. Este livro de doutrina terá influência considerável. Tu atacas as questões capitais e não somente o mundo religioso encontrará nele as máximas, que lhe são necessárias, mas a vida prática das nações obterá excelentes instruções.
Fizeste bem em tratar de questões de alta moral prática sob o ponto de vista do interesse geral, dos interesses sociais e dos religiosos. A dúvida precisa ser destruída; a Terra e a sua população civilizada estão preparadas; há longo tempo os teus amigos do espaço a tem roteado: lança pois a semente que te confiamos, porque é tempo de fazer a Terra gravitar na ordem radiante das esferas para sair da penumbra e do nevoeiro, que obscurece as inteligências.
Acaba a tua obra: conta com a proteção do teu guia — guia de todos nós — e com o concurso devotado dos mais fiéis Espíritos, em cujo número podes contar-me.
P. Que dirá dela o clero?
R. Clamará heresia porque atacas as penas eternas e outros pontos sobre os quais apóiam o seu crédito e influência. Clamará tanto mais quanto mais se sentir ferido do que pela publicação de O Livro dos Espíritos, cujos principais dados ele pode, em rigor, aceitar. Agora porém vais entrar em nova senda, pela qual o clero não poderá acompanhar-te.
O anátema secreto tornar-se-á oficial e os espíritas serão, como os judeus e os pagãos, excomungados pela Igreja romana. Em compensação verão crescer o seu número na medida dessas perseguições, principalmente vendo-se o clero acusar de demoníaca uma doutrina, cuja moralidade brilhará, como um raio de luz do sol, com a publicação do teu novo livro e dos que se seguirem.
Aproxima-se a hora em que deverás abertamente declarar o que é o Espiritismo e mostrar a todos onde está a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo; aproxima-se a hora em que, à face do céu e da terra, deverás proclamar o Espiritismo como única tradição verdadeiramente cristã, única instituição realmente divina e humana. Escolhendo-te, conheciam os Espíritos a solidez das tuas convicções e que a tua fé, como um muro de aço, resistiria a todos os ataques. Entretanto, amigo, se a tua coragem não fraquejou ao peso da árdua tarefa, saibas que até hoje só comestes o pão alvo e que, agora, vão começar as dificuldades.
Sim, caro mestre, aparelha-se a grande batalha; o fanatismo e a intolerância, irritados pelos êxitos da tua propaganda, vão atirar sobre ti e os teus com armas envenenadas. Prepara-te para a luta. Tenho confiança em ti, como tens em nós, porque a tua fé é das que transportam as montanhas e fazem caminhar por cima das águas. Coragem pois e que a tua obra se complete.
Conta conosco e, principalmente, com o grande Espírito do Mestre de todos, que te protege de maneira muito particular.(113)
(113) Esta mensagem mostra sem rebuços, numa hora histórica do Espiritismo, que a natureza da doutrina é essencialmente religiosa. Por outro lado, reafirma a ligação do Espiritismo com o Cristianismo, já revelada por Kardec desde O Livro dos Espíritos. Veja-se com atenção o pequeno trecho que grifamos acima. (N. do Rev.)

Continuação:

"Imitação do Evangelho"
Paris, 14 de setembro de 1863.
NOTA. — Havia solicitado uma comunicação, pedindo que fosse enviada para o meu retiro de Sainte-Adresse:
"Quero falar-te de Paris, conquanto não haja nisto utilidade alguma, porque posso fazê-lo aí, visto que o teu cérebro recebe as nossas inspirações com uma facilidade que não imaginas.
"A nossa ação, especialmente a do Espírito de Verdade(114) é constante sobre ti, e tal, que não podes fugir-lhe. É por isso que não entrarei em inúteis minudências sobre o plano da tua obra, que tens de todo modificado, de acordo com os meus ocultos conselhos. Compreendes agora a razão por que nos era preciso ter-te afastado de qualquer preocupação, que não fosse a da doutrina.
"Uma obra como a que, juntos, elaboramos, requer isolamento e o mais completo recolhimento. Acompanho, com vivo interesse, os progressos do teu trabalho, que é um grande passo para a frente e abre ao Espiritismo a larga via para as aplicações úteis à sociedade.
"Com esta obra o edifício começa a destacar-se e já se pode entrever a cúpula desenhando-se no horizonte. Continua pois sem impaciência e sem fadiga; o monumento será concluído a seu tempo.
"Já te entretivemos com questões incidentes, quais as religiosas. O Espírito de Verdade falou-te da leva de broquéis, que se faz neste momento. Estas hostilidades previstas são necessárias para despertar a atenção dos homens, que, tão facilmente, desdenham as coisas sérias. Aos soldados, que se batem pela santa causa, virão incessantemente juntar-se novos combatentes, cujas palavras e escritos farão sensação e levarão às falanges adversas a perturbação e a confusão.
"Adeus, caro companheiro de outrora, fiel discípulo da verdade; vai continuando nessa vida a obra que, outrora, juramos, nas mãos do Grande Espírito, que te ama e eu venero, consagrar as nossas forças e existências até concluí-la.
"Eu te saúdo."
Observação. — O plano da obra tinha de fato sido completamente modificado, o que não podia saber o médium, achando-nos, ele em Paris e eu em Sainte-Adresse. Tampouco podia ele saber que o Espírito de Verdade me havia falado em leva de broquéis do bispo d'Alger e de outros. Todas estas circunstâncias eram, propositadamente, trazidas à cena, para que eu me confirmasse na ciência de que os Espíritos tomavam parte nos meus trabalhos.
(114) O texto francês diz: l'Esprit de Verité. É a primeira vez nas notas de Kardec que o nome desse Espírito se define de perfeito acordo com a tradição evangélica. Chegara a hora. (N. do Rev.)

Obras Póstumas
http://www.centroespirita.com.br/literatura/obraspostumas/pagina033_01.asp

Dissertações espíritas - Ontem, hoje e amanhã "Moisés é o tempo passado; o Cristo, o tempo presente; o Messias a vir, que é o amanhã..."


Revista Espírita 1868 » Maio » Dissertações espíritas - Ontem, hoje e amanhã

Comunicação verbal em sonambulismo espontâneo. Médium Sr. Dubois.

Lyon, 2 de fevereiro de 1868,
Onde estamos hoje? Onde está a luz? Tudo é sombrio, tudo está turvo ao redor de nós. Ontem era o passado; amanhã será o futuro; hoje é o presente... O que distingue estes dias? Vivemos ontem, continuamos vivendo hoje, viveremos amanhã, e sempre no mesmo círculo. De onde sai, então, esta Humanidade, e para aonde vai ela? Mistério que só será esclarecido amanhã.
Moisés é o tempo passado; o Cristo, o tempo presente; o Messias a vir, que é o amanhã, ainda não apareceu... Moisés tinha que combater a idolatria; o Cristo, os fariseus; o Messias a vir terá também os seus adversários: a incredulidade, o ceticismo, o materialismo, o ateísmo e todos os vícios que abatem o gênero humano... Três épocas que marcam o progresso da Humanidade; parênteses filiais que se sucedem um ao outro; ontem era Moisés, hoje é o Cristo e amanhã será o novo Messias.
Digo que é o Cristo hoje, porque é a sua palavra, a sua doutrina, a sua caridade, todos os seus sublimes ensinamentos devem espalhar-se por toda parte; porque, vós mesmos o vedes, a Humanidade não progrediu muito. Apenas dezoito séculos nos separam do Cristo: dezoito séculos de trevas, de tirania, de orgulho e de ambição.
Considerai o passado, o presente, amanhã contemplareis o vosso futuro... Idólatras do passado, fariseus do presente, adversários do amanhã, a luz brilha para todos os povos, para todos os mundos, para todos os indivíduos, e não quereis vê-la!
Criatura, tu desanimas hoje, que é o presente; tu esperas a realização dos prodígios anunciados; tu os verás se realizarem. Em breve toda a Terra tremerá... O século XX ofuscará o brilho dos séculos passados, porque ele verá a realização do que foi predito.
O Messias que deve presidir ao grande movimento regenerador da Terra já nasceu, mas ainda não revelou a sua missão e não nos é permitido dizer nem o seu nome nem o país onde ele habita. Ele anunciar-se-á por suas obras, e os homens tremerão à sua voz potente, porque o número dos justos ainda é muito pequeno.
Ligai-vos à matéria, homens egoístas e ambiciosos que não viveis senão para satisfazer as vossas paixões e os vossos desejos mundanos. O tempo é curto para vós; tende-o, enlaçai-o, porque ontem é passado, hoje se põe e em breve será amanhã.
Vamos! fariseu do presente, tu esperas sempre. Que ronque o trovão, tu não te espantas diante do relâmpago precursor que vem deslumbrar os teus olhos. Tu que te comprazes no egoísmo e no orgulho, que persistes no passado e no presente, teu futuro é ser arrojado para um outro mundo, para que teu Espírito possa chegar um dia à perfeição a que Deus te chama.
Vós, espíritas, que estais aqui, que recebeis instruções dos Espíritos, sede pacientes, dóceis, conscientes de vossos atos; não vacileis; esperai com calma esse amanhã que vos deve livrar de todas as perseguições. Deus, para o qual nada é oculto, que lê nos corações, vos vê e não vos abandonará. A hora se aproxima, e em breve estaremos no amanhã.
Mas esse Messias que deve vir é o próprio Cristo? Pergunta difícil de compreender no momento presente, e que amanhã será esclarecida. Como um bom pai de família, Deus, que é todo sabedoria, não impõe todo o trabalho a um só de seus filhos. Ele atribui a cada um a sua tarefa, segundo as necessidades do mundo para onde os envia. Há que concluir que o novo Messias não será tão grande nem tão poderoso quanto o Cristo? Seria absurdo; mas esperai que soe a hora para compreender a obra dos mensageiros invisíveis, que vieram varrer o caminho, porque os Espíritos fizeram um imenso trabalho. É o Espiritismo que deve remover as grandes pedras que poderiam dificultar a passagem daquele que deve vir. Esse homem será poderoso e forte, e numerosos Espíritos estão na Terra para aplainar o caminho e fazer cumprir o que foi predito.
Esse novo Messias será chamado o Cristo? É uma pergunta a que não posso responder. Esperai até amanhã. Quantas coisas eu teria ainda a vos revelar! Mas eu paro, porque o dia de amanhã ainda não aparece. Estamos apenas antes da meia-noite.
Amigos que estais aqui, todos animados pelo desejo do vosso adiantamento moral, trabalhai sobre vós mesmos pela vossa regeneração, a fim de que o Mestre vos encontre preparados. Coragem, irmãos, porque o vosso esforço não será perdido. Trabalhai para quebrar os laços da matéria que impedem o Espírito de progredir.
Tende fé, porque ela conduz o homem com segurança ao fim de sua viagem. Tende amor, porque amar aos seus irmãos é amar a Deus. Vigiai e orai: a prece fortalece o Espírito que se deixa tomar pelo desânimo. Pedi ao vosso Pai celeste a força para triunfardes ante os obstáculos e as tentações. Armai-vos contra os vossos defeitos; mantende-vos prontos, porque o amanhã não está longe. A aurora do século marcado por Deus para a realização dos fatos que devem mudar a face deste mundo começa a surgir no horizonte.
O ESPÍRITO DA FÉ.

ALLAN KARDEC

O que é o Espiritismo segundo Kardec e os Espíritos

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem dessas mesmas relações.
Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. (Allan Kardec, O que é o Espiritismo, Preâmbulo.)
  ♦ ♦ 
 O Espiritismo é, sem dúvida, uma ciência de observação, mas é, talvez mais ainda, uma ciência de raciocínio, e o raciocínio é o único meio de fazê-lo progredir e triunfar de certas resistências. Este fato só é contestado porque não é compreendido. A explicação lhe tira todo o caráter maravilhoso, fazendo-o entrar nas leis gerais da Natureza. Eis por que vemos diariamente criaturas que nada viram e creem, apenas porque compreendem, enquanto outras viram e não creem, porque não compreendem. Fazendo entrar o Espiritismo na trilha do raciocínio, tornamo-lo aceitável para aqueles que querem conhecer o porquê e o como de todas as coisas, e o número deles é grande neste século, porque a crença cega já não está mais nos nossos costumes. Ora, se tivéssemos apenas indicado a rota, teríamos a consciência de haver contribuído para o progresso desta Ciência nova, objeto de nossos estudos constantes. (Allan Kardec, Revista Espírita, agosto de 1859, Mobiliário de Além-túmulo).
 ♦ ♦ 
O Espiritismo é uma doutrina moral que fortifica os sentimentos religiosos em geral e se aplica a todas as religiões. Ele é de todas, e não é de nenhuma em particular. Por isso não diz a ninguém que a troque. Deixa a cada um a liberdade de adorar Deus à sua maneira e de observar as práticas ditadas pela consciência, pois Deus leva mais em conta a intenção do que o fato. Ide, pois, cada um ao templo do vosso culto, e assim provai que vos caluniam, quando vos taxam de impiedade. (Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1862, Resposta à mensagem de Ano Novo dos Espíritas lioneses.) 
♦ ♦  
Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil(Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 5.) 
   ♦ ♦ 
O Espiritismo está chamado a esclarecer o mundo, mas ne­cessita de um certo tempo para progredir. Existiu desde a Cria­ção, mas só era reconhecido por algumas pessoas, porque, em geral, a massa pouco se ocupa em meditar sobre questões espíritas. Hoje, com o auxílio desta pura doutrina, haverá uma luz nova. Deus, que não quer deixar a criatura na ignorância, permite que os Espíritos mais elevados nos venham em auxílio, para contrabalançarem o Espírito das trevas, que tende a envolver o mundo. O orgulho humano obscurece a razão e a faz cometer muitos erros. São necessários Espíritos simples e dóceis, para comunicarem a luz e atenuarem todos os males. Coragem! Per­sisti nesta obra, que é agradável a Deus, porque ela é útil para a sua maior glória, e dela resultarão grandes bens para a salva­ção das almas. (Francisco de SalesRevista Espírita, abril de 1860.)

http://www.ipeak.com.br/site/conteudo.php?id=128&idioma=1