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sexta-feira, 28 de maio de 2021

DIMAS : ARREPENDIMENTO E RECUPERAÇÃO
















Dimas: Arrependimento e Recuperação

Aqueles terríveis dias anunciados se concretizavam.

A semana, que se iniciara festiva entre cânticos e júbilos, culminava em tragédia de hediondez.

Fazia pouco, e a sinistra caravana atravessara as ruelas estreitas de Jerusalém até alcançar o Gólgota, fora dos muros da cidade.

O madeiro tosco já se encontravam aguardando as vítimas.

A crucificação era prerrogativa de Roma, que punia com crueza os inimigos de César e do Estado.

As tricas infames e as intrigas soezes levaram o Justo a uma triste peregrinação entre Anás, Caifás e Pilatos, num enredo político-religioso que a embriaguez farisaica, amparada pelos interesses subalternos do representante do Imperador que - embora a inteireza moral do Réu - cedeu às pressões hábeis da indignidade mal disfarçada, entregando-os aos Seus inimigos.

Ele não reagia de forma alguma, como se guardasse o veredicto já adrede tomado.

Imposto no cárcere após a humilhação pública no Pretório, no dia seguinte, ao Sol ardente e entre sarcasmos e doestos dos perseguidores gratuitos, Ele carregara a Cruz, tropeçando várias vezes sob o peso do madeiro da vergonha.

Agora, a música lúgubre das marteladas empurrando os cravos enferrujados que lhe rasgavam as carnes, os tendões e ossos, provocando dores acerbas, ficaria ribombando surdamente nos ouvidos das testemunhas...

Dois ladrões faziam-lhe companhia, como a caracterizá-lo na mesma condição de bandido, Ele que era a demonstração viva da Verdade.

Ao ser erguida a cruz e colocada na cova, calçada com pedras informes, o corpo derreou no poste e as farpas pontiagudas cravaram-se-lhe nas carnes e nos músculos relaxados uns e tensos outros, após longas horas de aflição...

Um gemido dorido escapou-lhe dos lábios arroxeados, e a coroa de cardos mais se lhe cravou na cabeça empastada de suor e de sangue.

Os vândalos, que zombavam, foram acometidos por estranho presságios, enquanto que a Natureza se enlutava e vestia-se da tormenta que arrebentou com violência, causando espanto e temor.

A terra exausto do calor refrescou-se e o céu voltou à transparência anterior.

As pessoas contemplavam a cena hedionda, quando Ele disse estar com sede em um grito rouco, para que cumprisse todas as Profecias.

Deram-lhe uma esponja mergulhada em fel e aloés, presa na ponta de uma lança, que foi encostada aos Seus lábios rachado, sangrentos...

Disfarçado na turbamulta, para não se identificado, Tiago, que era Seus discípulo, acompanhava com lágrimas o trágico acontecimento e se interrogava em silêncio:

Onde o carinho de Deus para com Seu Filho? 

Não era Ele o Messias? 

Assim retribuía às atividades de amor, que Ele realizara na Terra?

Tiago não podia entender, nas suas reflexões racionais, os desígnios de Deus, pensando conforme os padrões convencionais.

Nesse comenos, olhou em derredor, procurando um rosto conhecido, de alguém que o aplaudira em dias passados, quando da entrada triunfal em Jerusalém. Não havia ninguém.

Nem sequer um dos que lhe receberam a cura, as dádivas da Sua compaixão e misericórdia.

Ninguém que houvesse acompanhado. Nem os amigos de ministério se faziam presentes, à exceção de João, que abraçava a Sua mãe, ao lado de outras mulheres, trêmulas e receosas.

Tiago não pode dominar a aflição que o tomou por inteiro e pôs-se a chorar convulsivamente.

O Mestre olhou-o compassivo, e murmurou ternas palavras nos ouvidos do seu coração.

No mesmo instante, Dimas, o ladrão que estorcegava ao Seu lado direito, procurou identificar no grupo exótico que se movimentava aos pés das cruzes, além de conhecido, e os seus olhos se cruzaram com os de sua mãe Tamar.

Pelas reminiscências, a memória evocou-lhe a infância e a adolescência na orfandade paterna bem como os sacrifícios daquela mulher extraordinária.

Foi na juventude que se iniciara na rapina, unindo-se a outros desordeiros e atirando-se aos abismos do crime.

O instinto de mãe havia percebido a mudança do filho e advertira mil vezes, sem que ele se resolvesse por qualquer mudança real, embora não lhe confirmasse as suspeitas.

Quando se tornou notória a sua infeliz conduta, ele lhe prometera e à noiva Esther, que aquela seria a última viagem às terras fabulosas do além- Jordão, para poder oferecer-lhes a segurança de um lar honrado após consorciar-se e construir a família.

De tal maneira elaborou e apresentou o plano da viagem, que as duas mulheres acreditaram...

... Agora, surpreendido pelos soldados que o haviam emboscado no desfiladeiro por onde passavam as caravanas que ele e Giestas pretendiam assaltar, foram aprisionados e ali estavam punidos.

A mãe aflita chorava, interrogando com dorido silêncio:

- Por quê, meu filho? Em que errei a tua educação?!

Afogada em lágrimas esteve a ponto de cair, quando foi amparada pela jovem companheira, Esther, a noiva inditosa.

Dimas desejou gritar, estremunhado e louco, no justo momento em que o Mestre o fitou com suavidade.

Tomado de honesto arrependimento pelas alucinações praticadas, exorou, em agonia e fé:

- Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no paraíso.

Havia sinceridade e unção.

O arrependimento chegava-lhe na hora extrema. Reconhecia os erros e desejava reabilitação, anelava por confortar a mãezinha agônica e a noiva humilhada, mas era tarde.

Debatia-se na agonia, quando o Rabi, empapado do suor de sangue misturado ao pó, com chagas abertas como flores rubras de bordas rasgadas, lhe respondeu, misericordioso:

- Em verdade, em verdade, te digo hoje: entrarás comigo no paraíso...

Uma aragem fresca e suave passou pela alma do bandido.

Acompanhando a cena grandiloqüente, a Sua mãe percebeu a outra mulher quase desfalecida. Acercou-se-lhe com passo trôpego e interrogou-a com voz trêmula:

- É teu filho, o crucificado da direita?

- Sim, é meu filho...

- Então, mulher, se meu filho, o do meio, disse ao teu filho, que o atenderia, crê, porque meu filho é o Excelente Filho de Deus, o Seu Messias.

As duas mulheres se abraçaram, e novamente a terra tremeu, a tormenta voltou, e entre o ribombar dos trovões e o balé do relâmpago que cortava ziguezagueante as nuvens carregadas, Ele gritou:

- Está tudo consumado!
*
A Humanidade infeliz, vítima da ignomínia, tentou silenciar a Verdade que viera libertá-la, método infame utilizado pela covardia para retardar o próprio progresso.

Sempre porém, haverá oportunidade para o homem arrepender-se e recomeçar. Dimas era a última lição de arrependimento e de recuperação.
____________
(*) Lucas: 23-42.
Nota da Autora Espiritual
Do Livro : Até o Fim dos Tempos- Divaldo/Amélia Rodrigues.

sábado, 9 de agosto de 2014

O ADOLESCENTE E A RELIGIÃO





          A religião desempenha um papel importante na formação moral e cultural do adolescente, por propiciar-lhe a visão da imortalidade, dilatando-lhe a compreensão em torno da realidade da vida e dos seus objetivos essenciais.
          A religião é portadora de significativa contribuição ética e espiritual no desenvolvimento do caráter e na afirmação da personalidade do jovem em desenvolvimento.
          Através dos seus postulados básicos, o educando nela haure a consciência de si e o começo do amadurecimento dos valores significativos, que se lhe incorporarão em definitivo, estabelecendo-lhe paradigmas de comportamento para toda a existência. Mesmo quando, na fase adulta, por esta ou aquela razão, a religião é contestada, ou colocada em plano secundário, ou mesmo combatida, nos alicerces do inconsciente permanecem os seus paradigmas que, de uma ou outra forma, conduzem o indivíduo nos momentos de decisão significativa ou quando necessita mudar de rumo, ressurgindo informações arquivadas que contribuirão para a decisão mais feliz.
O adolescente traz em si o arquétipo religioso, que remanesce das experiências de outras reencarnações, o que o leva à busca de Deus e da imortalidade do Espírito, de forma que, reencontrando a proposta da fé, assimila-a com facilidade, no início, graças aos seus símbolos, mitos e lendas, do agrado da vida infantil, depois, através das transformações dos mesmos, que passam pelo crivo da razão e se vão incorporar ao seu cotidiano, auxiliando na distinção do que deve realizar, assim como daquilo que não lhe é lícito fazer, por ferir os direitos do seu próximo, da vida e a Paternidade de Deus.
É relevante o papel da religião na individuação do ser, que não permite a dissociação de valores morais, culturais e espirituais, reunindo-os em um todo harmônico que lhe proporciona a plenitude.
Na adolescência, os ideais estão em desabrochamento, abrindo campo para os postulados religiosos que, bem direcionados, norteiam com segurança os passos juvenis, poupando o iniciante nas experiências humanas a muitos dissabores e insucessos nas diferentes áreas do comportamento, incluindo aquele de natureza sexual.
Não será por intermédio da castração psicológica, da proibição, mas do esclarecimento quanto aos valores reais e aos aparentes, aos significados do prazer imediato e à felicidade legítima, futura, predispondo-o à disciplina dos desejos, ao equilíbrio da conduta, que resultarão no bem-estar, na alegria espontânea sem condimentos de sensualidade e de servidão aos vícios. Simultaneamente, a proposta religiosa esclarece que o ser é portador de uma destinação superior, que lhe cumpre enfrentar, movimentando os recursos que lhe jazem latentes e convocando-o para o auto-aprimoramento.
Quando o adolescente não encontra os paradigmas da religião, torna-se amargo e inapto para enfrentar desafios, fugindo com facilidade para a rebeldia ou o sarcasmo, portas de acesso à delinqüência e ao desespero.
Não descartamos os males produzidos pela intolerância religiosa, pelo fanatismo de alguns dos seus membros, sacerdotes e pastores, mas essas são falhas humanas e não da doutrina em si mesma. A interpretação dos conteúdos religiosos sofre os conflitos e dramas pessoais daqueles que os expõem, mas, no seu âmago, todos preconizam o amor, a solidariedade, o perdão, a humildade, a transformação moral para melhor, a caridade, que ficam à margem quando as paixões humanas tomam posse das situações de relevo e comando, fazendo desses indivíduos condutores espirituais, que pensam pelos fiéis, conduzindo—os com a dureza dos seus estados neuróticos e frustrações Lamentáveis, tornando a religião uma caricatura perniciosa dela mesma ou um instrumento de controle da conduta e da personalidade dos seus membros.
A religião objetiva, essencialmente, conduzir ou reencaminhar a criatura ao Criador, auxiliando-a a reconhecer a sua procedência divina, que ficou separada pela rebeldia da própria conduta, graças ao livre-arbítrio, à opção de ser feliz conforme o seu padrão imediatista, vinculado ao instinto, em detrimento da sublimação dos desejos, que permitiriam alcançar a paz de consciência.
Direcionada ao adolescente, a religião marcha com ele pelos labirintos das perquirições e deve estar aberta a discutir todas as colocações que o perturbam ou o despertam, de tal forma que se lhe torne auxiliar valiosa para as decisões livres que deve assumir, de maneira a estar em paz interior.
Nas frustrações naturais, que ocorrem durante o desenvolvimento adolescente, a religião assume papel relevante, explicando a necessidade do enfrentamento com os desafios, que nem sempre ocorrem com sucesso, ao mesmo tempo explicando que a dificuldade de hoje se torna vitória de amanhã. Felizmente, hoje, a visão religiosa impõe que a conduta conformista deve ceder lugar ao comportamento espiritual combativo, mediante o qual o fiel se resolve por assumir atitudes coerentes diante das ocorrências, ao invés de as aceitar sem discussão, o que sempre gerou conflito na personalidade.
Nesse sentido, o Espiritismo, explicando a anterioridade do Espírito ao corpo, a sua sobrevivência à morte física, o mecanismo das reencarnações, demonstra que a luta é o clima ideal da vida e ninguém cresce sem a enfrentar. A resignação não significa aceitar o insucesso, o desar de maneira passiva, porém compreendê-los, investindo valores para superá-los na próxima oportunidade. A realização, não conseguida neste momento, logo mais será realizada, desde que não se demore na aceitação mórbida da ocorrência infeliz.
Estimulando os potenciais internos do ser, conduz às possibilidades que podem ser aplicadas com coragem, programando e reprogramando atividades que lhe ensejem a felicidade, que é a meta da existência terrena.
A sua proposta de salvação não se restringe à vida após a vida, mas à liberação dos conflitos atuais, deixando de lado o caráter redentorista de muitas doutrinas do passado, para
despertar no jovem e em todas as pessoas o interesse pela auto-superação dos atavismos e das paixões que os mantêm encarcerados nos desajustes da emoção.
A religião espírita dinamiza o interesse humano pelo seu auto-aprimoramento, trabalhando-lhe o mundo íntimo, para que, consciente de si, eleve-se aos patamares superiores da existência, sem abandonar o mundo no qual se encontra em processo de renovação.
Os grandes quesitos que aturdem o pensamento são eqüacionados de maneira simples, através da sua filosofia otimista, impulsionando o adepto para a frente, sem saudades do passado, sem tormentos pelo futuro.
Adentrando-se pelos postulados da religião espírita, o adolescente dispõe de um arsenal valioso de informações para uma crença racional, que enfrenta o materialismo na sua estrutura, usando os mesmos argumentos que a ciência pode oferecer, ciência que, por sua vez, é, também, a Doutrina Espírita.

Fonte : Livro Adolescência e Vida / Joana de Angelis

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O ADOLESCENTE E O SUICÍDIO





Não conseguindo a auto-identificação mediante o processo de educação a que se encontra submetido, ou portador de um distúrbio psicótico maníaco-depressivo que não conseguiu superar, ou experimentando frustrações decorrentes de conflitos íntimos, o adolescente imaturo opta pela solução adversa do suicídio.
Sem estrutura emocional para enfrentar os imperativos psicossociais, ou mesmo os desafios dos relacionamentos interpessoais, ou aturdido pelas seqüelas das drogas aditivas, ou empurrado a plano secundário no lar, o adolescente parece não encontrar caminho que deva ser percorrido, tombando no autocídio infame, de conseqüências, infelizmente imprevisíveis e estarrecedoras.
Ignorando a realidade da vida na sua magnitude e profundidade, procura solucionar os problemas normais, pertinentes ao seu crescimento, da maneira mais absurda, que é a busca da morte, em cujo campo ressurge vivo, agora sob a carga insuportável da ocorrência elegida para fugir, do combate, que o elevaria a estágio superior de conhecimento e de auto-realização.
A existência corporal é enriquecedora, exatamente por ser constituída de ocorrências, às vezes, antagônicas, que aparentemente se chocam, quando em realidade se completam, quais sejam a alegria e a tristeza, a saúde e a enfermidade, o êxito e o fracasso, a conquista e a perda, o bem e o mal, que se harmonizam em fascinantes mosaicos de experiências, resultando em vivências positivas pelo processo de atravessar e conhecer as diferentes áreas do mecanismo da evolução. Não houvesse esses fenômenos díspares e nenhum sentido existiria na metodologia do conhecimento, por faltar a participação ativa nos acontecimentos que fazem o cotidiano.
A desinformação a respeito da imortalidade do ser e da reencarnação responde pela correria alucinada na busca do suicídio, com a proposta de encontrar nele solução para as dificuldades que são ensanchas de progresso, sem as quais se permaneceria estacionado no patamar em que se transita. E essa falta de esclarecimento é maior no período infanto-juvenil, como compreensível, facultando a fuga hedionda da existência carnal, rumando para a tragédia da continuação da experiência que se desejou abandonar, agora piorada pelos efeitos trágicos da ação infeliz, que aumenta o fardo de desar, exatamente por causa do alucinado e covarde gesto de fuga.
O ser humano está fadado à glória estelar, que deverá conquistar a esforço pessoal, galgando cada degrau que o leva às alturas com o esforço próprio, mediante o qual se aprimora e consegue superar-se. Toda ascensão provoca reações com­patíveis com o estágio que se alcança, exigindo renovação de forças, ampliação de resistência para conseguir os cumes anelados. É natural, portanto, que surjam impedimentos que se apresentam como testes de avaliação, que selecionam aqueles que se encontram mais bem dotados e fortalecidos para o êxito.
Desistência é prejuízo na economia da auto-realização e fuga é desastre no empreendimento da evolução, que ninguém consegue sem grandes prejuízos.
No período de infância e de adolescência, o ser forma o caráter sob as heranças das reencarnações anteriores, que se expressam, nem sempre de forma feliz, produzindo, às vezes, choques e dores que devem ser atenuados, canalizados pela educação, pelos exercícios moralizadores, até que se fixem as disposições definidoras do rumo feliz. Nunca, porém, a caminhada se dará sem dificuldade, sem tropeço, sem esforço. Quem alcança uma glória sem luta, não é digno dela.
O suicídio brutal, violento, é crueldade para com o próprio ser. No entanto, há também o indireto, que ocorre pelo desgastar das forças morais e emocionais, das resistências físicas no jogo das paixões dissolventes, na ingestão de alimentos em excesso, de bebidas alcoólicas, do fumo pernicioso, das drogas aditícias, das reações emocionais rebeldes e agressivas, do comportamento mental extravagante, do sexo em uso exagerado, que geram sobrecargas destrutivas nos equipamentos físicos, psicológicos e psíquicos...
O materialismo, que infelizmente grassa, sem qualquer disfarce, na sociedade, que se apresenta em grupos religiosos, salvadas as naturais exceções, coloca suas premissas no comportamento das pessoas e as propele para a conquista hedonista, para o gozo material exclusivo, empurrando as suas vítimas para as fugas alucinantes, quando os propósitos anelados não se fazem coroar pelos resultados esperados.
O adolescente, vivendo nesse clima de lutas acerbas e não havendo recebido uma base moral de sustentação segura, na vida física vê somente a superficialidade, o prazer mentiroso, a ilusão que comandam os comportamentos de todos, em terríveis campeonatos de loucura.
Desfilam os líderes da aberração nos carros do triunfo enganoso, e muitos deles, não suportando a coroa pesada que os verga, são tragados pela overdose das drogas do desespero, que os retira do corpo mais dementados e atônitos do que antes se encontravam.
Noutros casos, são consumidos pelas viroses irreversíveis, especialmente pela Síndrome de imunodeficiência adquirida, que os exaure e consome a pouco e pouco, tornando-os fantasmas desprezíveis e aparvalhantes para aqueles mesmos que antes os endeusavam, imitavam e buscavam a sua convivência a peso de ouro e de mil abjeções.
O adolescente, cuja formação padece constantes alterações comportamentais, necessitando de apoio e de diretriz emocional, desejando viver experiências adultas, sem alicerces psicológicos de segurança, naufraga, sem forças, arrastado pelas poderosas correntezas dos grupos sociais, nos quais transita, grupos esses, quase sempre, constituídos por enfermos e desestruturados quanto ele próprio.
Quando o lar se tornar escola de real educação, e a escola se transformar em lar de formação moral e cultural, a realidade do Espírito fará parte das suas programações éticas, sem o caráter impositivo de doutrina religiosa compulsivo-obsessiva, porém com a condição de disciplina educativo-moralizadora que é, da qual ninguém se poderá evadir ou simplesmente ignorar, então o suicídio na adolescência cederá lugar à resistência espiritual para enfrentar as vicissitudes e os desafios, mediante amadurecimento íntimo e compreensão dos valores éticos que constituem a vida.
Através de uma visão correta sobre a realidade do ser, do seu destino, dos seus objetivos na Terra, o adolescente aprenderá a esperar, semeando e cuidando da gleba na qual prepara o futuro, a fim de colher os frutos especiais no momento próprio, frutos esses que não lhe podem chegar antes do tempo.
Descartando-se as impulsões autodestrutivas, que resultam de psicopatologias graves, mas que também podem ser devidamente tratadas, as ocorrências que levam ao suicídio na adolescência serão sanadas, e se alterará a paisagem emocional do jovem, a fim de que ele desenvolva o seu processo reencarnatório em paz e esperança, ganhando conhecimentos, adquirindo sabedoria e construindo o mundo novo no qual o amor predominará, a infância e a juventude receberão os cuidados que merecem na sua condição de perenes herdeiros do futuro.

Fonte: Adolescência e Vida / Joana de Angelis

A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA





          A gravidez na adolescência é um dos grandes problemas-desafio da atualidade, em razão do número crescente de jovens despreparadas para a maternidade, que se deparam em situação deveras perturbadora, gerando grave comprometimento social.
          Dominados pela curiosidade e espicaçados por uma bem urdida estimulação precoce, que faculta a promiscuidade dos relacionamentos, os adolescentes facilmente se entregam às experiências sexuais sem nenhuma preparação psicológica, menos ainda responsabilidade de natureza moral.
          Desconhecendo os fatores propiciatórios da fecundação e sem qualquer orientação cultural em torno do intercâmbio sexual, permitem-se o intercurso dessa natureza com sofreguidão e sob conflitos, tendo de enfrentar o gravame da concepção fetal.
          Ao darem-se conta da ocorrência inesperada, recorrem a expedientes perigosos, a pessoas inescrupulosas, quase sempre interessadas na exploração da ignorância, e culminam na execução do crime covarde do aborto clandestino, com todos os riscos decorrentes dessa atitude cruel.
Iniciada a malfadada fuga, novas ocorrências criminosas têm lugar, porque o adolescente perde a identidade moral e, aturdido, deixa-se arrastar a novos tentames, cujos resultados são sempre infelizes. Quando isso não ocorre, porque desti­tuídos do sentimento de amor, que os poderia unir, são as futuras mães deixadas a mercê da família ou da própria sorte, trazendo ao mundo os desamparados rebentos que experimen­tarão a orfandade, não obstante os pais desorientados perma­neçam vivos.
Despertando lentamente para os sentimentos mais graves, e dando-se conta da alucinação juvenil, agora irreversível, essas jovens imaturas e frustradas atiram-se nos resvaladouros do descalabro, perdendo o senso da dignidade feminina e tornando-se objetos de fácil posse, quando não recorrem às fugas desordenadas pelas drogas químicas, pelo álcool, pela prostituição destruidora.
Urgem atitudes que possam despertar os adolescentes para a utilização do sexo com responsabilidade, na idade adequada, quando houver equilíbrio fisicopsíquico, amadurecimento emocional com a competente dose de compreensão dos efeitos que decorrem das uniões dessa natureza.
O sexo é um órgão com função específica e portador de exigências graves na área dos deveres, que aparecem como conseqüência do seu uso. Quando utilizado com insensatez, sem o contributo da razão, por desejos infrenes, ao envolver os parceiros estabelece um vínculo emocional que não deve ser rompido levianamente. Muitas tragédias dos sentimentos têm início nas rupturas abruptas da afetividade despertada pelo interesse sexual. Pode uma das pessoas não estar realmente interessada na outra, não obstante a recíproca pode não ser verdadeira, e, ao sentir-se a sós, aquele que se encontra abandonado passa a experimentar tormentos e conflitos muito perturbadores, quando não se rebela contra a função sexual, gerando problemas mais profundos, que irão comprometer-lhe toda a existência, em razão da leviandade de quem se foi, indiferente pelo destino de quem ficou...
Na adolescência, porque os interesses giram em torno da identidade, da sexuaLidade, da afirmação da personalidade, além de outros, a atração entre os jovens é inevitável, produzindo grande empatia e estímulos que devem ser cultivados, porqüanto isso faz parte da formação do seu conceito de sociedade e de auto-realização. Todavia, éindispensável insistir quanto aos cuidados que devem ser tomados pelos moços em razão da precipitação em assumir atitudes e compromissos para os quais não estão preparados, tornando-se fáceis vítimas da imprudência e do desconheci­mento.
Sob outro aspecto, porque os sentimentos ainda não estão maduros e o desconhecimento da função sexual é total, o ato não corresponde à expectativa ansiosa do adolescente, que se sente defraudado, receando novas experiências, ou precipitando-se em outras tantas a fim de descobrir os encantamentos a que as demais pessoas se referem com entusiasmo e que ele não vivenciou.
A educação sexual, portanto, tem regime de grande urgência, ao lado de um programa de dignificação da função genésica muito barateada por personagens atormentadas, que se tornam líderes da massa juvenil, e que, fugindo dos próprios conflitos perturbadores, estimulam-lhes o uso desordenado. Outras vezes, mediante caricaturas perversas, procuram influir na conduta juvenil, massificando todos no mesmo nível de comportamento estranho e inquietador, deixando-os insaciáveis e cínicos, enquanto afirmam que a única função da vida é o prazer imediato, sendo o sexo a válvula de escapamento para a insegurança, a insatisfação emocional e o fracasso de que se sentem possuídos, mesmo quando se sentam nos tronos dos triunfos ilusórios que a mídia lhes proporciona, sem os realizarem interiormente.
A maternidade é o momento superior de dignificação da mulher, quando todos os valores do sentimento e da razão se conjugam para o engrandecimento da vida. Faltando, àadolescente, experiência e conhecimento dos valores existen­ciais durante a gravidez, o período é atormentado, sendo trans­mitido ao feto inquietação e desassossego, quando não a revolta pela concepção indesejada.
Raramente acontece o fenômeno da compenetração maternal, quando se trata de Espírito afim, que volve ao regaço da afetividade de maneira inesperada, recompondo o passado de lutas e desares, com que ambos se encontram nos caminhos do amor: mãe e filho.
A maternidade na adolescência é dos mais tormentosos fenômenos que o sexo irresponsável produz, face às conseqüências que gera.
Orientar o adolescente quanto aos valores do sexo, ante a vida e o amor, é dever que todos os indivíduos se devem impor, auxiliando a mentalidade juvenil a encontrar o rumo de segurança para a felicidade, sem as cargas aflitivas provindas da leviandade do período anterior.

Fonte: Adolescência e Vida / Joana de Angelis