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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

PlANEJAMENTO FAMILIAR, ABORTO, BEBÊ DE PROVETA,Vasectomia...


Entrevistando Chico Xavier


50 -Direito de Planejar

ME - O casal tem o direito de programar o número de filhos em sua própria casa?

Diz Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos” que o homem deve corrigir tudo 
aquilo que possa ser contrário à natureza. Hoje, dividem-se as opiniões, mas à 
frente da problemática da nossa civilização, à frente dos impositivos da 
educação e da assistência à família, nós, pessoalmente, acreditamos que o 
casal tem direito de pedir a Deus inspiração, de rogar a Jesus as sugestões 
necessárias para que não venha a cair em compromissos nos quais os 
cônjuges permaneçam frustrados.
Somos filho de família numerosa. Pessoalmente sou descendente de uma 
família de 15 irmãos, mas, de 20 anos para cá, a vida no planeta tem sofrido 
muitas alterações, e devemos estudar o planejamento com muito respeito à 
vida e conseqüentemente a Deus, em nossos deveres uns para com os outros, 
e não cairmos, em qualquer calamidade por omissão ou deserção dos nossos
deveres. (julho de 1974).


51 Pílula, Anticoncepcional Aperfeiçoado
MN - Chico, muitos companheiros acreditam que as respostas às perguntas 693, 693ª e 694 de “O Livro dos Espíritos” não facultam aos espíritas a possibilidade de planejarem as suas famílias.
O que pensa a respeito?

Diz Allan Kardec, na questão 693 de “O Livro dos Espíritos”: ‘Deus concedeu 
ao homem sobre todos os seres vivos um poder de que ele deve usar sem 
abusar”.
De nossa parte, cremos que o problema do planejamento familiar está afeto 
ao livre-arbítrio dos casais, de vez que, segundo pensamos, cada casal precisa 
saber o que faz, de modo que a família se forme para cooperar na realização 
do bem de todos e devido a todos.
Segundo os Benfeitores Espirituais, a ciência terrestre aperfeiçoará de tal 
modo os anticoncepcionais que serão eles usados sem quaisquer riscos para a 
saúde humana, de modo que a Terra se liberte das calamidades do aborto e a 
fim de que o livre-arbítrio funcione, presidindo as responsabilidades dos 
parceiros das relações afetivas, que precisam usar a própria consciência nos
compromissos que assumam. (abril de 1982)


MN - É lícito o uso de anticoncepcionais?


Estamos diante de um problema em que os conceitos da Ciência e da vida 
familiar devem ser por nós todos respeitados. Esperemos que o tempo nos 
faça sentir as vantagens dos anticoncepcionais, compreendendo-se, porém, 
que os anticoncepcionais não estarão chegando a Terra sem finalidade justa. 
(julho de 1974)


52- Vasectomia
MN - E o problema da vasectomia? Você acha que os homens devem realizar esse tipo de operação para impedir a procriação?


Não é aconselhável. Não devem fazer, porque a mulher terá sempre um
meio de retomar a sua capacidade criativa. A mulher é dotada de recursos que 
o homem não tem.
Tenho notado que a vasectomia traz uma profunda angústia ao homem, 
porque parece que ele lesou um patrimônio que lhe pertencia, o dom de criar.
Os homens que conheço e que se submeteram a esse tipo de intervenção não 
têm alegria de viver. Não se deve violentar os processos da natureza. A mulher 
pode utilizar-se de outros processos, mas o homem não. (novembro de 1982)



53- Afronta à Vida


FW - Há mães solteiras que abortam por temor a uma moral, ou convenção social muito rigorosa frente a tal condição materna. O que poderia dizer-nos acerca de tais preconceitos que induzem, pressionam ou indiretamente favorecem o aborto?



Pensamos, como os Amigos Espirituais, que a existência de mães solteiras 
sempre dignas do nosso maior respeito, envolve a existência de pais que não 
deveriam estar ausentes.
Compreendemos a legitimidade das convenções sociais, veneráveis em 
seus fundamentos, mas entendemos que não nos será lícito menosprezar, em 
tempo algum, aqueles que não conseguiram se lhes ajustar aos preceitos.
Sabendo que o aborto, mesmo legalizado no mundo, é uma falha nossa na 
Terra, estamos certos de que ninguém deveria praticá-lo, seja no regime das 
convenções humanas ou fora delas. Cremos, desse modo, que uma legislação 
surgirá no futuro em favor da mulher, que tendo confiado um dia em alguém,
teve coragem de não abandonar a criatura indefesa que esse alguém lhe 
trouxer à vida. Aguardemos, assim, providências humanitárias, em que os 
homens mais responsáveis criem por si disposições legais magnânimas, 
baseadas na justiça da vida, com que venham a sanar a falta deixada pelos 
outros homens, nossos irmãos, que se fizeram pais, sem consciência mais 
ampla das obrigações que assumiram. (agosto de 1976)


Dr. Rossi (CEU) - Na China já está sendo utilizado um medicamento que, quando ingerido nas primeiras semanas, provoca o aborto sem necessidade de intervenção cirúrgica. O que você pensa disso?


Sempre que faço qualquer referência ao aborto, lembro-me da utilidade do 
anticoncepcional como elemento de socorro às necessidades do casal. As 
duas criaturas querem a união, mas não estão em condições de realizarem 
esse ideal; nesse caso, a anticoncepção viria em seu auxílio.
Se minha mãe, quando me esperava, repleta de doenças, quisesse me e
xpulsar, não sei o que seria de mim.
Se há anticoncepcional, por que promover a morte de criaturas nascituras ou 
em formação? Com uma terra tão imensa para ser lavrada e aproveitada, é 
impossível aplaudir o aborto. Somente podemos entender o aborto terapêutico 
quando a vida materna está ameaçada. Lembro-me de minha mãe sofrendo 
por minha causa, e não posso aplaudir. (novembro de 1988)


FW - Existe no Congresso Nacional um projeto legalizando o aborto no Brasil. Seria oportuna uma campanha nacional colhendo manifestações de pessoas e grupos posicionados contra essa legalização?


Não digamos «campanha nacional” porque semelhante legenda está’ 
suscetível de acordar críticas destrutivas em torno do assunto, criando longos 
debates improdutivos.
Consideramos obra de benemerência social o trabalho que se possa efetuar 
para conhecimento dos senhores legisladores e outras autoridades, tanto 
quanto para informação às mulheres, para que colaborem a fim de que a 
legalização do aborto no Brasil ou em qualquer outro país do mundo seja 
frustrada em benefício da maternidade e em louvor da criança.


O serviço dessa natureza, a nosso ver, deve ser realizado com seriedade e 
respeito, porque ele, de qualquer modo, na hipótese da legalização referida, na 
nossa opinião não sofrerá alterações quaisquer, por qüanto além do aborto 
delituoso ser medida inaceitável para o campo de atividades espíritas-cristãs, é, 
acima de tudo, uma afronta às leis naturais da vida. (outubro de 1983)


FW - Já existe uma injeção, à base de ácidos que aplicada diretamente no útero da gestante mata o feto, queimando-o. Que dizer dessa prática?


O processo a que se refere a pergunta — no caso do aborto delituoso —
é comparável a um assassinato na intimidade do corpo feminino. (setembro de 
1983)


FW - Os espíritos abortados perdoam quem pratica, consente ou induz ao aborto?

Não nos seria possível especificar as atitudes da criatura humana nos 
problemas do aborto delituoso. A esfera dos espíritos desencarnados,  
profundamente vinculados à existência, é semelhante à faixa de ação dos 
homens, propriamente considerada. Temos irmãos desencarnados aptos a 
perdoar a irresponsabilidade da mulher ou do homem que pratica ou incentiva 
o aborto delituoso. Existem, também, aqueles outros que influenciam
negativamente na gestação e no desenvolvimento da criança nascitura, em 
lastimáveis processos de obsessão. (setembro de 1983)*


* Nesse mesmo dia, no pátio do Grupo Espírita da Prece, Augusto César Vanucci e sua equipe de artistas apresentava a Chico Xavier a peça Além da Vida, que tem também entre seus quadros um esclarecimento contra o aborto. Eram três horas do amanhecer de domingo, quando o médium Chico Xavier fez a prece de encerramento, todos de mãos dadas, público e artistas. Antes e depois do espetáculo, conversei muito com Vanucci sobre algo novo que surge de forma criativa no Brasil: a arte comoveículo de divulgação do kardecismo consolador. (FW)

MN - Chico, o aborto, está sendo liberado em quase todo o mundo. Você acredita realmente nas tendências cristãs do povo brasileiro para rechaçar uma medida como esta?


Felizmente parece que, no Brasil, pelo menos a maioria das autoridades 
(sejam elas de caráter administrativo ou religioso) é contrária a essa 
calamidade de legalização do aborto.
Acreditamos que em muitos países, talvez pelo interesse em conter a 
explosão demográfica, determinados setores apoiaram ou apóiam o aborto 
legalizado. Mas acreditamos que essas nações voltarão a fazer uma 
reconsideração de comportamento em relação ao assunto, porque em qualquer 
ocasião de conflito internacional a questão do incentivo à maternidade é 
largamente praticado, porque em todos os setores surge logo o estímulo ao 
nascimento de muitas criaturas. Como estamos no Ocidente, sem grandes
guerras desde 1945, em nos referindo à vida ocidental propriamente 
considerada, muitas nações estão achando a legalização do aborto um triunfo 
para as nossas irmãs, as mulheres, mas acreditamos que esses países, 
futuramente, voltarão a fazer uma revisão dessa legislação.
Na condição de cristãos, não podemos apoiar o aborto, que seria um crime 
sempre cometido com absoluta impunidade entre as paredes domésticas.
Acreditamos que o anticoncepcional é um recurso que nos foi concedido na 
Terra pela Divina Providéncia para que a delinqüéncia do aborto seja sustada, 
uma vez que a criatura humana, por necessidade de revitalização de suas 
próprias forças orgânicas, naturalmente precisará do relacionamento sexual,
entre os parceiros que estão compromissados no assunto, mas usarão esse 
agente anticoncepcional para que o crime do aborto seja devidamente evitado 
em qualquer parte do mundo.
Mais hoje, mais amanhã, as nações entrarão em acordo a esse respeito, 
porque não é possível que estejamos exterminando crianças absolutamente 
personificadas, formadas, vivas, com o apoio das autoridades que nos 
governam. É absolutamente impossível aplaudir uma coisa dessas. (junho de
1980)


54- Bebê de Proveta, Escolha de Sexo e Útero de Empréstimo
FW - O que dizer da interferência do homem na intimidade do genes, experimentando desenvolver a vida humana em tubos de ensaio, da seleção e cruzamento em provetas, dos úteros alugados, do desequilibro biológico pela escolha de sexo da futura criança?


Compreendemos que a Ciência, na Terra, dispõe de meios para qualquer 
experimentação nos setores da genética. Os Instrutores Espirituais afirmam, 
entretanto, que esse tipo de experimentação deve merecer o máximo cuidado 
da parte de quantos se encarregam da orientação do mundo. Para evitar 
incursões na teratologia, com evidente menosprezo da personalidade humana;
e afim de coibir abusos que funcionariam em prejuízo do equilíbrio espiritual 
nos grupos sociais da Terra, devemos pedir o amparo da Providência Divina, 
para que a inteligência do homem espere mais alguns séculos afim de entrar 
no assunto. (agosto de 1976)


FW - Ser concebido dentro de uma proveta de laboratório significaria para o nascituro — e ou para seus pais — uma provação a ser aceita e superada?


Consideramos o assunto com sadio otimismo, desde que o óvulo fertilizado 
em proveta, com o apoio de autoridades respeitáveis, para a implantação no 
claustro feminino revele senso de maturidade espiritual na mulher que assume 
a maternidade consciente, em plenitude de responsabilidade entre a vida que
passa a acalentar no próprio regaço. (setembro de 1978)


FW - A circunstância de ser concebido artificialmente, e só dois dias e meio depois ser transportado para o últero materno, significaria para o espírito que vai nascer desse recurso de manipulação científica alguma limitação espiritual para o bebê?

Não vemos qualquer limitação espiritual para o bebê, de vez que o processo 
da reencarnação para o espírito experimenta menos riscos, porqüanto estará 
sob o apoio mais completo da responsabilidade humana.


FW - A fecundação e criação de bebês de proveta em série, quem sabe até em escala industrial, o que representa uma hipótese possível, não trará para a humanidade problemas psíquicos e espirituais de envergadura imprevisível?


A evolução moral dos povos não permitirá a criação de semelhante indústria, ou o homem estará rebaixando o nível de conhecimento superior em que se 
encontra, com perigosos comprometimentos para a humanidade inteira.


FW - Sabendo-se que nada no Universo acontece por acaso, e sim que tudo obedece aos planos e à permissão do Alto, é razoável deduzirmos que os espíritos que devem vir à luz ao nosso Mundo por este caminho são previamente preparados para esta via de nascimento?


Sim, quando a Ciência na Terra, iluminada pela bênção da fé na imortalidade 
puder intervir no auxílio, realmente digno, ao trabalho da genética no campo 
humano, sem nenhuma disposição para extravagâncias e abusos através de 
experimentações absolutamente desaconselháveis, a implantação do óvulo 
fertilizado no claustro da mulher responsável evitará muitos desastres na 
reencarnação, especialmente os que se referem ao aborto sem justificativas.


FW - Quais, então, são os perigos presentes e futuros que essa manipulação dos gens pode gerar à vida nos dois planos da matéria?


O materialismo inteligente e cruel, sem qualquer idéia de Deus e da 
imortalidade da alma, é o perigo que ameaça a manipulação dos recursos 
genéticos sem responsabilidade, mas devemos confiar nos homens de bom 
senso e de espírito humanitário que, através das legislações dignas, podem e 
devem coibir quaisquer abusos suscetíveis de aparecer no campo das 
pesquisas de caráter delituoso e inconseqüente. Confiemos no amparo e na 
inspiração dos Mensageiros do Cristo, em auxílio das coletividades humanas.
(Respostas de Emmanuel)


55-Mãe de Aluguel
FW - Aluguel de úteros maternos é uma realidade a ser alcançada
brevemente por cientistas e pesquisadores.
Procede mal uma mulher que, por necessidade econômica e material, alugue seu útero para a gestação de um óvulo fecundado que não lhe pertence? Tal subterfúgio ou recurso extra não traria conseqüências ao nascituro?

As mães incapazes de amamentar os próprios filhos recorrem aos préstimos 
de companheiras que as assessoram nesse mister ou aproveitam outros 
recursos para a alimentação dos recém-natos. Quando a mulher se dispõe a 
ser mãe, consciente e digna do elevado encargo de se responsabilizar por 
determinadas vidas, sem possibilidades próprias para isso, julgamos justo que 
uma companheira, se possível, tome a si o trabalho de gestar, em favor dela, o 
filho ou os filhos que essa mulher digna da maternidade consciente se propõe 
receber nos próprios braços.


FW - Transgredirá a lei moral de Deus a mulher solteira que queira ter filhos sem o intercurso sexual com seu companheiro masculino, ou seja, engravidando através da inseminação artificial?


No caso, o problema é estritamente de natureza consciencial. (setembro de
1978)


MN - Quando a mãe de aluguel dá à luz uma criança deficiente e a mãe que a encomendou não a aceita, como resolver o impasse do ponto de vista legal e espiritual? Nesse particular, a adoção deve ser incentivada, tendo em vista o número de rejeições constatadas, isto é, a devolução das crianças adotadas?


O assunto nos parece demasiadamente complexo, porque se assumo 
determinado compromisso, a meu ver, não deve existir algo que me impeça a 
obrigação de cumpri-lo.
Não entendo rejeição, em matéria de dever voluntariamente procurado ou 
aceito. Diante, porém, da insegurança compreensível de muita gente, que 
vacila ante os resultados das próprias escolhas, cremos que a Justiça entrará 
na solução dos problemas em foco, afim de que ninguém faça a alguém 
joguete dos caprichos a que se afeiçoem. (novembro de 1983)
Do livro “Lições de Sabedoria 

Entrevistando Chico Xávier ( continuação)"Educação e Religião,Crianças,filhos adotivos."

42
Lenda Hindu
Ao final da sessão em que o médium Luiz Antonio Gasparetto, em transe,
pintou telas com assinaturas de Picasso, Manet, Modigliani, Tissot, Delacroix,
Van Gogh e vários outros, Chico Xavier submeteu-se a uma espécie de
sabatina acessível às centenas de pessoas presentes à reunião do Grupo
Espírita da Prece.
Por exemplo, discutia-se o problema de meninos integrantes de lares bem
postos que cedo se mostram ineducáveis, seduzidos por viciações e estilos de
vida que por vezes os levam ao suicídio entre a idade de 12 a 14 anos. Uma
educadora participante fazia colocações do problema abrangendo desde Freud
até as modernas conquistas pedagógicas nesse campo. Depois de ouvi-la,
Chico Xavier, fez o seguinte comentário: Vocês, de certo, conhecem a lenda
hindu do marajá que não permitia fossem contrariados os desejos de seu filho
de seis anos? Não conhecem?
Então vamos lá! Certo dia esse menino manifestou desejo de montar num
elefante, no que foi prontamente atendido pelos servos do poderoso marajá.
Sucedeu que uma vez montado não quis descer do lombo do animal. Os
servos lhe serviram ali mesmo o café e as demais refeições e, à noite, como se
negasse a descer da montaria arranjaram uma cama para que dormisse como
melhor lhe apetecesse. No dia seguinte, preocupado com a permanência do
filho naquela situação, mandou chamar um médico, um psicólogo e um
professor, mas estes não conseguiram que a criança arredasse pé dali.
Finalmente, já aflito, o marajá mandou buscar às pressas um velho tibetano
que vivia na montanha e tinha fama de muito sábio. Ali chegando, o ancião,
inicialmente, pediu uma escada, no que foi atendido. Tendo subido cochichou
meia dúzia de palavras ao ouvido da criança. Foi o bastante para que esta de
pronto descesse do animal. Encantado com o notável feito, perguntou o
marajá: «Mas, afinal, o que é que o senhor disse ao meu filho que fez com que
ele descesse tão depressa?”
‘Disse-lhe” — retrucou o sábio montanhês — «que se não descesse dali
imediatamente iria lhe aplicar uma boa surra de vara”. (FW, agosto de 1976)

43
Diálogo de Amor
FW - Voltando ao problema do jovem - prossegue a educadora —sou a favor
de que se diga a verdade ao adolescente, principalmente quanto ao tóxico. Há
jornais que fazem mal veiculando notícias segundo as quais a maconha não
afeta os tecidos nervosos.
Afirmo que afeta, e muito.
Entendemos que, com esses jovens, está faltando um diálogo de amor. Na
base, porém, é falta de apoio familiar, com raízes na religiosidade. Também
sou a favor de que se diga a verdade aos moços, mas para exemplificar,
estamos numa reunião, o jovem envolvido em tóxicos vem aqui ouve a verdade
sobre as conseqüências do que está fazendo, percebe que realmente tal
prática é um malefício, mas depois sai, chega em casa e encontra a mesma
incompreensão, a mesma falta de apoio. Teria valido só o saber a verdade?
Não esqueçamos que temos responsabilidade nos problemas afetivos que
tenhamos suscitado neles. Todos somos filhos e — 50% — sócios de Deus.
Qwando Jesus disse “Crescei e Multiplicai vos’ não foi só em sentido reprodutivo
mas, também, com vistas ao desenvolvimento das virtudes espirituais. A
paternidade é uma oportunidade evolutiva que a Graça Divina concede às
criaturas. (agosto de 1976)

144
Kramer versus Kramer
MN - O filme Kramer versus Kramer questiona o problema da paternidade e
da maternidade a partir da separação de uma casal e da educação do filho
resultante dessa união. Você acha que a Jurisprudência deveria introduzir
novos critérios nas questões da família e permitir ao pai, em maior número de
casos, ficar com a guarda do filho?
Nós que lidamos com o assunto de reencarnação, somos compelidos a
entender que no espírito feminino ou da criatura que atravessou larga faixa de
séculos no campo da feminilidade, o amor está plasmado para a criatividade
perante a vida.
Por enquanto, eu não posso conceber que no espírito de masculinidade haja
recursos suficientes para que a criação dos filhos ou a condução da criança,
em si, encontre um campo bastante fortalecido para que a criatura se
desenvolva em nosso meio terrestre. Creio que seja uma inversão de valores.
Não posso entender muito bem esta parte, pelo menos para os próximos
anos, porque então teríamos de educar a mulher para ter as atividades do
homem e educar o homem para ter as atividades da mulher o que seria um
contra-senso, sobretudo se fôssemos exigir isso de um momento para outro.
(junho de 1980)

WAC - Márcia, a mulher vem buscando, seguidamente, a sua independência,
tendo surgido com isso, certos movimentos feministas. Você tem
conversado alguma coisa com Chico Xavier quanto a esses movimentos?
Márcia - Algumas vezes conversamos a este respeito, e o que ele retratou
através de suas respostas foi que a mulher tem um papel muito importante,
assim como o homem, no desenvolvimento da própria sociedade. Que ela tem
sua função dentro do lar e mesmo no campo da vida profissional, sempre
caminhando ao lado do homem, para que, realmente, possa se efetivar um
progresso maior. E, ainda, que o verdadeiro feminismo é aquele da
maternidade, da mulher procurar se colocar na condição de um espírito no
mundo, servindo como tarefa maior na sua missão dentro da família.
(Entrevista em julho de 1990)

145
Mais Assistência à Criança
MN - Foi feito um simpósio em São Paulo cujo tema central foi A Morte e
suas diferentes interpretações quanto ao caminho a seguir após a sua
inexorável ocorrência. Dizem que o fluxo foi enorme, sobretudo de jovens.
Você não vê nesses assuntos todos uma ligação comum: a criança precisa ser
melhor alertada quanto à sua verdadeira destinação na Terra?
A criança precisa de mais assistência na Terra, isto é afirmação inegável em
quaisquer das áreas da evolução terrestre. Quanto aos problemas da morte,
creio que as religiões são ainda as melhores escolas para articular as
respostas devidas sobre o tema, porque a morte é um fenômeno da vida que
exige o máximo de responsabilidade para ser tratada com acerto. (março de
1983)

46
Crianças Desequilibradas
Geraldo Lemos Neto - Chico, temos visto muitas crianças sendo
encaminhadas às reuniões de tratamento desobsessivo. Que fazer diante deste
problema, cada vez mais freqüente?
Os Amigos Espirituais nos tem falado amiúde acerca da questão da criança
em desequilíbrio, o que demanda larga dose de compreensão e carinho da
família a que pertença.
Lembram-nos os nossos mentores que em matéria de desajustes infantis o
remédio eficaz será sempre o do acendrado amor dos pais, no recesso do
próprio lar. O amor em família é a construção da harmonia com vistas ao futuro
promissor de cada qual. Desajustes, muitas vezes, nada mais são que o reflexo
da falta de amor nos lares, gerando perturbações.
Ao tratarmos questões como a desobsessão, os Instrutores Espirituais nos
recomendam a utilização cotidiana de bom-senso. E o bom-senso nos indica
que a mente infantil não está preparada para compreender os complexos
fundamentos de uma reunião de desobsessão; que provavelmente as crianças
se impressionariam de maneira contraproducente se freqüentassem estes
serviços espirituais.
Então, se os pais não estão com o tempo necessário de dedicação e amor
para com as crianças dentro do próprio lar; se, por outro lado, não convém à
mente infantil em desajuste freqüentar as reuniões de desobsessão, logo,
devemos suplicar à bondade infinita de Deus que inspire aos trabalhadores das
casas espíritas dedicados à evangelização infantil, que organizem em seus
quadros de serviços reuniões apropriadas ao amparo e ao acolhimento de
crianças desajustadas. Reuniões específicas para a mente infantil, que
funcionariam vinculadas aos núcleos ativos de desobsessão do centro.
Reuniões intermediárias de socorro e esclarecimento evangélico. Esta
colaboração poderia trazer muitos benefícios em favor da tranqüilidade familiar.
(outubro de 1991)

47
Ensino da Religião
Chico Xavier escreve aos amigos do Instituto Espírita de Educação de São
Paulo:
Muito me alegram as notícias das belas realizações do Instituto Espírita de
Educação, que os estimados companheiros estão sustentando com tanto valor.
Entendo que, sem educação, todo o nosso esforço será sempre aquele das
iniciativas, por vezes admiráveis, das palavras e dos gestos exteriores
respeitáveis e nobres na obra do bem que acabam comumente entre a
ineficácia e o desencanto. Com a educação, porém, o serviço do bem assume
as suas características de eternidade.
Prosseguindo, pondera: Pensei muito no que me conta a sua bondade,
acerca do Externato Hilário Ribeiro, fundado para representar a missão de
escola-modelo do instituto. Guardo a certeza de que vocês saberão mantê-la
no elevado nível para que foi criada e ainda ontem, ouvindo o nosso abnegado
Emmanuel, disse-me ele que vocês permanecem sob esclarecida assistência
espiritual em andamento.
Consultado acerca do ensino espírita no Instituto, Chico expressa assim o
seu anseio:
Diante, contudo, de sua manifestação clara e sincera para comigo e na
condição de servo e aprendiz dos companheiros de São Paulo, que me
habituei a querer e a admirar profundamente, medito no que poderá suceder,
amanhã, se a escola-modelo do Instituto omitir, deliberadamente, o ensino da
Doutrina Espírita à infância. Nossos benfeitores espirituais costumam dizer-me
que o Evangelho do Senhor e o tesouro das bênçãos divinas que nos investirá
na posse do Céu em nós mesmos, e que a Doutrina Espírita é a chave que
Jesus nos envia para penetrar-lhe a Glória e a riqueza, entrando na luz da vida
eterna. Se negamos aos pequeninos, filhos de espíritas ou não, numa escolamodelo
espírita, essa chave do Senhor que é a Doutrina Espírita, não será o
caso de estarmos em simples acomodação social, prosseguindo nos velhos
moldes do verniz para a inteligência com descaso do coração? Falamos
habitualmente que formaremos alicerces evangélicos no espírito da
fraternidade cristã dentro da escola, mas não socorremos a alma da criança
com o conhecimento justo.
Claro que não me refiro a cursos minuciosos para os meninos, mas às
noções de nossa redentora Doutrina, como seja a sobrevivência além da
morte, a comunicação espiritual e a reencarnação que, a meu ver, assimiladas
na infância, fortalecem a criatura para todos os dias da existência.
Tenho a escola como sendo nossa mãe. E aquilo que verte do coração
maternal é luz para todos os filhinhos. Assim sendo, com todo o meu respeito a
vocês, creio que a Doutrina Espírita, em noções simples e leves, deve ser
ensinada a todas as crianças e aquelas que não desejam recolher esse
alimento de luz, naturalmente devem ser livres para se retirarem sem qualquer
constrangimento.
Não emito essa opinião por fanatismo religioso. Tenho a felicidade de
possuir afeições nos mais vários setores de fé, inclusive a de contar com a
amizade de padres católicos e pastores protestantes, a quem respeito e estimo
com muito prazer, veneração e sinceridade.
Entretanto, eu faltaria com a minha consciéncia se não conversasse com o
querido amigo, sobre o assunto, com a lealdade que lhe devo, reconhecendo
embora que os amigos do instituto, atentos a circunstáncias que ignoro,
saberão conduzir a escola com a bênção de Jesus para os mais altos destinos.
Redobremos os nossos esforços, a fim de que, numa ação conjunta, possamos
resolver o mais momentoso problema doutrinário, introduzindo nas nossas
escolas, sem espírito sectário, o ensino da Religião como matéria de cultura
geral, à semelhança do que se faz com a Ciência e a Filosofia, sem o que não
podemos atender aos reclamos do transcendente da criatura, comprometendo,
portanto, a sua educação integral.

48
Uma Orientação sobre Filhos Adotivos
Há pouco tempo, depois de uma palestra, uma senhora me procurou para
expôr o seu problema. Não pudera gerar seus próprios filhos e, em
conseqüência, adotara três lindas crianças.
Ninguém, a não ser o médico pediatra conhecia o problema; nos éramos a
segunda pessoa com quem conversava abordando o assunto que a
preocupava muito.
Durante a sua narrativa percebemos o imenso amor pelas crianças; de
quando em vez, seus olhos marejavam. Contou que seu esposo era excelente,
um verdadeiro pai também para as duas garotas e o robusto menino. Os três
foram adotados quando ainda contavam poucos dias.
Conversamos com ela longamente, dando-lhe as explicações espíritas de
praxe, alicerçadas na reencarnação e na lei de causa e efeito. De nossa parte,
comovidos, dissemos a ela que não se precipitasse nada, porqüanto ela estava
em dúvida se dizia ou não a verdade para os filhos.
Sentimos que ela era muito mais mãe deles do que as que puderam gerá los.
No final falamos com aquela senhora que, se surgisse oportunidade,
procurariamos ouvir nosso irmão Chico sobre o assunto.
Num sábado à noite, no Grupo Espírita da Prece, após as tarefas habituais,
expusemos para ele o caso. Depois de ouvir-nos, foi claro em dizer que ela
deveria revelar para as crianças a verdade, porqüanto não conhecia ninguém
que sabendo de tudo depois de crescido não se revoltasse; a idade infantil —
os três irmãos têm idades que variam de seis a oito anos — era propícia,
favorável.
Mas diga a ela, Baccelli — prosseguiu Chico — que tem que ser com muito
amor, muito carinho. Se um animal nos atende quando nos dirigimos a ele com
amor, quanto mais um ser humano! Diga a ela para reuni-los, orar com eles e
dizer que gostaria muito que tivessem nascido dela, mas que Deus resolveu
diferente.
Sim, quantos ficam sabendo depois de adultos — e não há nenhum que não
fique sabendo — a verdade a respeito de suas origens e se rebelam, saem de
casa, causam desgostos, procuram as drogas, quando não o suicídio.
Ao contrário, contando a verdade, as crianças crescem com reconhecimento,
estima, gratidão e compreensão.
Quando não se conta, arrisca-se a ver o amor transformar-se em inexplicável
aversão; quando se diz a verdade, o máximo que pode acontecer é ter os
nomes de “pai” e “mãe” substituidos por “tio e “tia”.
Aquela senhora daria a vida pelos seus filhos adotivos, mas temos certeza
que ela compreendeu e, com a revelação, surgiu um relacionamento muito
mais forte, muito mais sadio, consciente, entre ela e os meninos.
Esconder a realidade é trair-lhes a confiança, e poucos entenderão que tal foi
feito por muito amor. Mas há também os que ocultam por preconceito, por
vergonha de não terem podido gerar seus próprios rebentos.
Aqui a culpa, se é que podemos classificar a atitude de culpa, é maior,
porqüanto pensou-se mais em si do que nos filhos, no trauma que mais tarde
poderia vir a pesar-lhes nos ombros. Enfim, a verdade deve ser dita mas com
amor; verdade dita com carinho nunca magoa ninguém.
Estamos escrevendo enfocando o tema porque sabemos que por aí afora
existem centenas de pais vivendo drama semelhante; o período infantil é o
mais propício à revelação.
Escreveu o célebre Gibran: “Os filhos vêm através de vós, mas não vêm de
vós...”. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, lemos:
“O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito” , quer
dizer: Pai mesmo só Deus o é.

Nossos filhos não são nossos filhos, são, antes, irmãos. Os corpos que têm é
que são filhos dos nossos corpos, mais nada.
E, depois, o que é mais importante: os filhos consangüíneos ou os filhos do
coração? Os chamados filhos adotivos são os do coração; estão unidos a nós
por indestrutíveis laços espirituais.
É puro convencionalismo humano o que nos leva a classificá-los de adotivos;
somos todos adotivos uns do outro.
É preciso contar a verdade, para não chorar depois, ou vê-los chorar mais
tarde, perdendo a confiança, sentindo-se abortados do nosso carinho. (agosto
de 1983)

49
Ano Internacional da Criança
Na tela imensa da História,
A Era Cristã se eleva
Por luz num trono de treva
Sobre trágico estopim,
O mundo traz na memória
O terror da força bruta,
Vinte séculos de luta
Entre Jesus e Caim.
Depois de trezentos anos
De sacrifícios pungentes,
Os cristãos puros e crentes
Altearam-se em valor;
Aderindo aos novos planos
Da argúcia de Constantino,
Mudou-se-lhes o destino
Ao pulso do Imperador.
Desde o encontro de Nicéa,
A Cristandade partida
Na vivência dividida,
Por vezes, perde a razão;
Nas divergências de idéia,
Olvida ensinos e luzes
E explode em crises e obuses
Rugindo condenação.
Nos chamados Tempos Novos
Da cultura de alto nível,
A guerra, — loba terrível,
Parece oculta no ar.
Na trilha dos grandes povos,
Clama o Progresso: — “ao Porvir”!...
Pede o ódio: — “destruir”,
E o Tempo roga: — “Marchar”!...
O mundo atônito avança,
A Ciência vai à Lua,
O cérebro continua
Colecionando lauréis;
Nas almas, a insegurança
Gera conflitos violentos,
Nos países—armamentos,
Nos Lares — provas cruéis.
Na bárbara desavença,
A Criança vem à vida
117
Muitas vezes esquecida
Em lúgubres escarcéus.
Hoje, — Infância que não pensa
Atirada à indisciplina,
Amanhã, — queda e ruína
No abismo dos grandes réus.
Multidões gritam nas praças
Protestos, lutas e esquemas,
Apresentando os problemas
A que o Homem se conduz,
Indagam nações e raças:
“Antes que a Paz surja tarde,
Que gênio nos tome e guarde?”
Responde o Brasil: “Jesus”!
Castro Alves (novembro de 1979)

Lições de Sabedoria
Marlene Nobre

Entrevistando Chico Xavier:SÉTIMA PARTE - SEXO E RESPONSABILIDADE: CASAMENTO, ENCONTROS E DESENCONTROS

FW - O próprio Cristo revelou-nos que João Batista era a reencarnação do
profeta Elias.
Registra a Bíblia que Elias mandara degolar diversos filisteus. Sabemos
também que João Batista foi degolado a pedido da mulher de Herodes,
Herodíades e sua filha Salomé. Jesus amava João Batista, mas de qualquer
forma a lei cármica — causa e efeito, crime e castigo, — funcionou também
para o anunciador dos Novos Tempos. É assim que a morte de João Batista
deve ser interpretada?
Antes de responder por escrito, Chico faz um breve comentário:
Observe que após a morte de Batista, que entristeceu ao Mestre, Jesus
prefere não mais falar no Precursor. Por quê? Se João Batista tivesse se
encomendado à Misericórdia Divina e não só à Sua Justiça é bem possível que
outro teria sido o seu fim.
Todos nós, inferiores ou evoluídos, devemos invocar sempre misericórdia,
que é amor sublime. Em seguida toma do lápis e registra o seguinte: Conforme
ensinamentos da Espiritualidade Superior, sempre que estejamos em função
da justiça devemos exercê-la com misericórdia. Cremos sinceramente que
João Batista, o Precursor, era Elias reencarnado. O respeito devido ao
Evangelho não nos permite anatomizar o problema da morte de João Batista.
Mas perguntamos a nós mesmos, na intimidade de nossas orações, se ele não
se teria exonerado do rigor do carma, caso agisse com misericórdia no
exercício do que era considerado de justiça para a família de Herodes. É um
ponto de minhas reflexões na veneração com que cultivo o amor pelos vultos
inesquecíveis do Cristianismo. (FW, julho de 1976)
==================================================================
Família
FW - Como devemos entender a expressão “almas gêmeas” dentro da
conceituação de que os espíritos não têm sexo?
Diz «O Livro dos Espíritos” que os espíritos não possuem sexo como
entendemos na Terra, mas percebamos “como entendemos”, de vez que, do
ponto de vista da comunhão das criaturas, cada qual no corpo ou fora do corpo
tem o magnetismo que se lhe faz peculiar. A saudade de alguém é a fome do
magnetismo desse alguém (grifo do entrevistador), razão pela qual o amor
é uma lei para nós todos, mas as ligações afetivas são conexões particulares,
em vista da comunhão das pessoas umas com as outras no curso do tempo e
na construção dos ideais que lhes são comuns. (janeiro de 1977)
ME - Do ponto de vista espiritual como definir o lar e a família?
Outra afirmativa de nosso Emmanuel é de que o lar é uma bénção de Deus
para os homens e de que a família é uma criação dos homens onde eles
podem servir a Deus, desde que aceitem com amor o sacrifício e a renúncia, o
trabalho e o serviço por alicerces de nossa felicidade em comum. (julho de
1974)


ME - Qual o mecanismo ideal para atingir a paz e a segurança entre os
familiares vinculados à mesma casa e ao mesmo nome?
Cremos que este problema será perfeitamente solucionado quando esquecermos
a afeição possessiva, a idéia de que somos pertences uns dos
outros, quando nos respeitarmos profundamente, cada qual procurando
trabalhar e servir, mostrando sua própria habilitação, o rendimento de serviço
dentro da vocação com a qual nasceu, dentro do lar, respeitando-se uns aos
outros.
Desse modo, com o respeito recíproco e o amor que liberta, o amor que não
escraviza, o problema da paz em família estará perfeitamente assegurada na
solução devida. (julho de 1974)

40
Namoro e Noivado
ME - Por que motivo casais que noivavam apaixonadamente experimentam
a diminuição do interesse afetivo nas relações recíprocas, após o nascimento
dos filhos?
Grande número dos enlaces na Terra obedecem a determinações de resgate
escolhidas pelos próprios cônjuges, antes do renascimento no berço físico e
aqueles amigos que serão filhos do casal, muitas vezes transformam ou,
melhor, omitem as dificuldades prováveis do casamento para que os cônjuges
se aproximem segundo os preceitos das leis divinas e formem o lar,
transformando determinadas dificuldades em motivos de maior amor, de
compreensão maior.
O namoro, o noivado, muitas vezes, estão presididos pelos espíritos
familiares que serão os filhos do casal. Quando esses mesmos espíritos se
transformam em nossos filhos parece que há diminuição de amor, mas isso
não acontece. Existe, sim, a poda da paixão, no capítulo das afeições
possessivas que nós devemos evitar. (julho de 1974)


ME - Os casais que experimentam menos interesse afetivo em torno das
relações mútuas após a chegada dos filhos devem continuar unidos mesmo
assim?
Os nossos amigos espirituais explicam que ninguém pode exigir de alguém
espetáculos de grandeza e que determinadas situações heróicas podem ser
abraçadas pela criatura humana, mas tanto quanto possível por amor aos
filhos. Por amor aos nossos familiares devemos sofrer qualquer espécie de
dificuldade para sustentar a família e resguardar a invulnerabilidade do lar,
porque muitas vezes nos sacrificamos de modo absoluto em grandes avais
para os quais não estamos preparados, em favor de nossos amigos, por que é
que não podemos também sofrer ou lutar por amor aos nossos filhos, aos
nossos descendentes? É uma pergunta a nós todos. (julho de 1974)


FW - A propósito, há casais que têm afinidades espirituais mas não se
acertam em termos de conjugação amorosa. Esta última, por si só, é motivo
suficiente para separação, para desquite do casal?
O assunto implica problemas de consciência pertinentes a cada um. De
nossa parte, consideramos que compromisso traduz débito, livremente
assumido, e qualquer débito pode ser adiado no resgate, segundo as
condições dos devedores, mas será sempre trazido pela contabilidade do
tempo à consideração dos responsáveis para ajusta liquidação. (outubro de
1976)

41
Divórcio, Dificuldades no Relacionamento

ME - Chico Xavier, os espíritos amigos apresentam algum ponto de vista
sobre o divórcio no Brasil?
Allan Kardec no capítulo 22 de «O Evangelho Segundo o Espiritismo”
assevera que o divórcio é uma lei humana que veio consagrar determinada
situação já existente entre os cônjuges. Do ponto de vista humano
naturalmente que seria crueldade fugirmos da possibilidade do divórcio em
determinadas situações da vida e em determinados setores de nossos
problemas, quando estamos certos de que as organizações bancárias do
mundo nos concedem reformas e determinados prazos para resgate de certas
dívidas.
Mas, devemos estar igualmente conscientes de nossa situação no Brasil e
podem os perfeitamente reconhecer que ainda estamos imaturos para receber
o divórcio da magnanimidade da nossa Justiça porque somos um pouco
jovens. Precisamos habilitar a consciéncia coletiva para uma conquista de
tamanha expressão na vida da criatura e na vida planetária. (julho de 1974)


ME - Chico, esta é uma pergunta ligada à anterior e foi formulada pela
direção do jornal “5 de Março”: Qual a posição do Espiritismo em relação ao
divórcio?
Retornamos apalavra a Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o
Espiritismo “. No capítulo 22 Kardec assevera que o divórcio vem consagrar
uma situa ção já existente, mas não podemos deixar de apresentar uma
ressalva, quanto a nós outros em nosso país, que estamos procurando Jesus.
Nós queremos Nosso Senhor Jesus Cristo e devemos esperar e trabalhar
muito para que a compreensão e o amor reinem sobre nós todos, a fim de
aguardarmos uma realização como esta, embora sob o ponto de vista humano,
do ponto de vista da humanidade, em geral, o divórcio é uma lei
compreensível.
Devemos entender que em efetuando casamento, cada um de nós não está
criando uma união de anjos e sim um ajuste respeitabilíssimo de criaturas
humanas em que um e outro cônjuge apresentam determinadas nuances de
incompreensão, às vezes de grandes dificuldades, que devem ser
compreendidas pela outra parte no campo das relações recíprocas. (julho de
1974)

* * *
Parece que a vida entre um desquitado e um solteiro é normal, no mundo
evoluído de hoje, mas não o é, pois, socialmente, o preconceito existe; aquele
mesmo que faz o missivista misturar as tiranias dos homens com pretensas
determinações de Deus. Nas relações sociais, familiares, nos assentamentos
dos clubes recreativos, nas justificações tributárias, nas inscrições, nos títulos,
nos documentos pessoais, tudo é difícil aos que se unem, sob a égide do amor,
para ensaiarem uma nova vida. Quando, então, estes “marcados” vão
matricular os seus filhos nos estabelecimentos escolares, é que sentem o peso
de uma pena, por sinal, “imprescritível” e que cruelmente atinge seres
inocentes, que nada têm a ver com o peixe.
Talvez seja por isso que, através de Chico Xavier, num Pinga-Fogo célebre,
as vozes do Alto se fizeram sentir através deste “baba”, na expressão de
Bannerjee, respondendo aquele médium a uma pergunta formulada pelo nobre
deputado federal, Freitas Nobre: Nós que vivemos hoje em dimensões tão
grandes de compreensão humana, consideramos o divórcio como medida
humana, legítima, porqüanto «dói ao nosso coração” quando ouvimos, nas
palavras públicas de nossos grandes magistrados, a palavra, desculpem-me, a
palavra «concubina’ para designar senhoras distintíssimas... E Chico Xavier,
depois de outras considerações, obtemperou: Peçamos a Deus que as nossas
autoridades possam ouvir os nossos sentimentos... Nós vamos esperar que dia
melhores venham para a família brasileira, e que o divórcio possa ser
consagrado, por nós todos, como medida humana...
Chico Xavier, com aquela sua ímpar humildade, no fim fez um apelo à Igreja:
Por isso mesmo, fazemos votos para que o Soberano Ponttfice, que nós
tratamos com a máxima veneração e que suas eminências, os senhores
arcebispos e bispos do Brasil, possam também abençoar estes “nossos
ideais”para que o divórcio venha tranqüilizar tantos que necessitam de
semelhante medida... (Mario B. Tamasia, abril de 1975)
* * *
Uma senhora trajando costume cinza indaga do médium o que deveria fazer
alguém que, amando muito o esposo, fosse por este preterida em favor de
outra?
Minha irmã, na vida tenho amado entranhadamente pessoas que me
abandonaram sem que, pelo menos, me dissessem o porquê. Se eu tivesse
perdido essas pessoas por morte, não resistiria. Mas como os motivos foram
outros, na própria frieza ou indiferença a que me relegaram encontrei forças que
me reconduziram à recuperação, convidando-me a prosseguir a luta pelo
equilíbrio restaurador. No decorrer da existência, assim como há encontros que
são reencontros, há encontros que são dolorosos desencontros. (FW, agosto
de 1976)

Encontro pela Paz -Vibrações negativas (inveja) de outras pessoas podem
destruir a união de um casal?
Quando o casal não está ligado por afinidades espirituais ou quando a união
esponsalícia não se baseia no espírito de responsabilidade ante os
compromissos assumidos, qualquer pequena perturbação pode ser utilizada
por motivação a conflitos e separações que, na essência, não mostram razão
de ser. (MN, outubro de 1983)

* * *
Nair Belo e Hebe Camargo lembraram a incompatibilidade entre os casais. O
que poderia ser feito para acalmar tais situações?
O médium lembrou a terapêutica através da imunização espiritual. A palavra
deve ser centralizada no bem. Se não falarmos no erro ele não vai adiante.
Devemos ser as estações terminais de toda fofoca.
Chico lembrou o caso do moço João de Deus que recebeu uma carta, por
seu intermédio, da esposa, inocentando-o de toda a culpa porque ele era
acusado de tê-la assassinado. Eles tinham vindo de uma festa há 6 ou 8km de
sua casa e ao regressarem, já no aposento de dormir, uma bala disparada
acidentalmente quando o marido tirara o cinto com o revólver, atingira-a em
cheio.
.Ela pedia a Jesus a oportunidade de escrever para que os jurados e o juiz a
ouvissem. Ela desejava que ele fosse feliz no segundo casamento com o
filhinho que Deus lhe enviara e que ela não pudera lhe dar. E realmente o
moço foi inocentado pelo tribunal. (MN, janeiro de 1986)


Livro: Lições de Sabedoria.
Marlene Nobre