Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

quinta-feira, 13 de maio de 2021

PERDA DO DISCERNIMENTO."...Quando o obsidiado luta contra as ideias estranhas que lhe são sugeridas, ainda há esperança de rápida reversão no quadro obsessivo que se desenha, mas quando ele as "incorpora" de modo totalmente passivo, o problema torna-se por demais preocupante e sem qualquer previsão de melhora..."


"... o espirito conduz aquele que veio a dominar como o faria a um cego e pode fazê-lo aceitar as mais bizarras doutrinas, as mais falsas teorias como sendo a única expressão da verdade; bem mais, pode excitá-lo a diligências ridículas, comprometedoras e mesmo perigosas." (Segunda Parte, cap. XXIII, item 239, segundo parágrafo-Livro dos Médiuns)

A obsessão, de início, nem sempre se instala com todo o ímpeto sobre o obsidiado. Poderíamos compará-la a pequena tumoração, que, a pouco e pouco, se desenvolve, chegando, não raro, a tomar conta de todo um órgão...

A obsessão alcança o seu estado de maior gravidade justamente quando o obsidiado perde a faculdade de discernir o que é certo do que é errado.

Confuso, praticamente anulado em suas condições intelectuais, o obsidiado coloca-se à mercê dos espíritos obsessores que lhe substituem a vontade.

Quando o obsidiado luta contra as ideias estranhas que lhe são sugeridas, ainda há esperança de rápida reversão no quadro obsessivo que se desenha, mas quando ele as "incorpora" de modo totalmente passivo, o problema torna-se por demais preocupante e sem qualquer previsão de melhora.

Quando encarnado, em minhas reflexões de jovem adepto da Doutrina Espírita, acreditava que o homem é fruto de si mesmo, ou seja, cada qual colheria rigorosamente de acordo com a própria semeadura; imaginava que a bênção divina não privilegiaria quem dela não se fizesse credor, à custa de esforço intransferível... Depois, quando já mais maduro pela experiência e pelo sofrimento, alterei substancialmente o meu modo de pensar. 

Hoje, mais que nunca, creio que ninguém consegue sair de determinadas situações, sem a intervenção "direta" da mão da Divindade...

Vejamos o exemplo de Paulo de Tarso, o inolvidável Apóstolo dos Gentios. Como ele, sem a sublime visão do Cristo redivivo, às portas de Damasco, poderia modificar o seu interior, passando instantaneamente de ferrenho perseguidor dos cristãos ao maior propagador da Boa-Nova?!...

"Milagres" existem, sim! O Supremo Poder da Vida encerra consigo a prerrogativa de fazer cumprir decretos ou revogá-los, precipitar ou adiar acontecimentos, tornar possível o impossível, sem a efetiva participação da vontade humana!...

Perdoem-me os companheiros de fé que não consigam concordar com semelhante observação, mas, por acaso, a justiça dos homens, embora tão imperfeita quanto a interpretação dos magistrados que a fazem cumprir? A Justiça Divina seria menos magnânima?...

Mutilado no que se refere ao discernimento que deveria norteá-lo, ao médium falta chão para pisar com segurança, mostrando-se prestes a desabar a qualquer instante, no desastre mediúnico inevitável.

Quando no medianeiro ainda sobra alguma luz e ele, então, seja capaz de vislumbrar o perigo a que se expõe, convém que, asserenando intimamente no clima da oração, abdique de qualquer ideia que lhe esteja sub-repticiamente fomentando o personalismo e se auto-interne no anonimato do serviço no bem, procurando, de preferência, socorrer com as próprias mãos os pobres mais pobres na periferia da cidade. 

No entanto, mesmo da prática da caridade genuína, que o médium se acautele contra a falsa noção de santidade que, temerariamente, poderá começar a acalentar a respeito de si mesmo!

Como percebemos, o assunto é complexo e demandaria abordagens meticulosas à exaustão.

Que o médium creia firmemente não ser nada além de um seareiro entre tantos outros, batalhando na difícil tarefa do aperfeiçoamento íntimo, que lhe exigirá repetidas experiências no corpo, já que lhe seria loucura pretender alcançar o Céu de assalto...

Médiuns houve que, infelizmente, passaram a existência inteira dominados por ideias messiânicas, sempre perigosas, crendo-se investidos de alto poder missionário, quando não passavam de mendigos do pão espiritual mais simples que lhes socorresse a fome de luz. 

Muitos deles ainda se podem ver nas ruas das grandes cidades, discursando e gesticulando ao vento em seus delírios de grandeza, quando não ostentando altivo porte em meio à plebe ignara, imperadores que caminhassem entre súditos reverentes...

Quantos deles, de regresso ao Além, não dificilmente são demovidos de suas concepções bizarras, referindo-se ao Cristo, como se o Cristo sequer se lhes igualasse à estatura espiritual?!...

Temamos, pois, a perda do discernimento mais do que a perda da luz do próprio Sol no firmamento!

Livro: Mediunidade e Obsessão-cap.8
Pelo Espírito :Odilon Fernandes em parceria com Carlos Baccelli

AS VIBRAÇÕES MARIANAS DE MAIO E A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO: "À Vossa Alteza Imperial manda-me o povo agradecido impetrar a graça de aceitar esta pena, como glorioso instrumento histórico e troféu inteiramente popular, a qual deve assinar a lei nº 3.353 de 13 de Maio de 1888, que elimina o nome escravo da nação brasileira! E com ela, Senhora, algumas palavras, que devem recordar sempre a mais brilhante data, que será inscrita entre os acontecimentos de maior vulto da vida política, social e moral de um povo na história da pátria!

As vibrações marianas de maio e a abolição da escravidão:


O livro Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho, do Espírito Humberto de Campos, destaca farto material sobre os rumos tomados pela reengenharia espiritual visando às conquistas da maturidade da civilização brasileira.

De imediato um ponto ressalta aos olhos:

[...] A própria princesa Isabel, cujas tradições de nobreza e bondade jamais serão esquecidas no coração do Brasil, viera ao mundo com a tarefa definida no trabalho abençoado da abolição. [...]¹

Então, renasce D. Isabel em 29 de julho de 1846, cujo Espírito era marcado por profunda religiosidade. Católica extremosa, mantinha-se fiel às suas crenças, independentemente das críticas que sofria, principalmente pelas liberdades de imprensa.

É assim que, em 8 de dezembro de 1868, em romaria, a princesa visita a Basílica de Nossa Senhora da Aparecida, onde em prece promete que daria à imagem da santa uma coroa de ouro, cravejada de diamantes e rubis, e um manto azul ricamente adornado, se ela concretizasse o seu ideal cristão de libertar os escravos do Brasil.

Veja, querido leitor, como a força do planejamento reencarnatório, 20 anos antes da abolição, falava mais alto no coração de Sua Alteza…

Um ano depois desta promessa religiosa, Bezerra de Menezes ( encarnado)  lança o seu opúsculo A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem danos para a nação.2 Repleto de espírito de liberdade, ele inicia o seu abençoado trabalho dirigindo-se Ao Público:

As questões sociais, do mesmo modo que as políticas, não podem ser convenientemente resolvidas senão pela discussão. É do choque das ideias que sai a luz da verdade… Esta consideração me deu ânimo e coragem para inscrever o meu obscuro nome no livro glorioso dos que pleiteiam a causa da emancipação. (Op. cit., p. 3.)

Discussão aberta, a falange de Ismael, dos dois lados da vida, se movimenta pela boa causa. Aproveitando- se da viagem do imperador Pedro II à Europa, D. Isabel, aos 24 anos, assume pela primeira vez a regência. Neste período, ela sanciona a Lei do Ventre Livre, a 28 de setembro de 1871. Sabia a princesa que seu ato não era ainda o ideal perfeito, mas, inspirada por Ismael, garantia ao país “a extinção gradual do cativeiro, mediante processos pacíficos”, como registra o Espírito Humberto de Campos (Op. cit., p. 160).

Novos passos são dados em direção à libertação… Em 3 de janeiro de 1872, o barão de Drummond3 adquiriu as terras da Imperial Quinta do Macaco com o propósito de urbanização e criação do Bairro de Vila Isabel – em uma bela homenagem à nossa Princesa. Para isso foi fundada a Companhia Arquitetônica, com a colaboração de Bezerra de Menezes, sócio neste empreendimento.

Ali, naquelas terras, seria criado o Boulevard 28 de Setembro – em clara homenagem à Lei do Ventre Livre –nos moldes da progressista Paris, que desembocaria na Praça 7 de Março – data da criação do Gabinete abolicionista do Visconde do Rio Branco, hoje conhecida por Praça Barão de Drummond. As ruas transversais teriam nomes de abolicionistas.

Como se vê, Bezerra de Menezes concentrava e materializava a vontade libertadora do Alto. Faltava pouco, muito pouco, para a realização dos ideais abolicionistas.

É, então, que Ismael se reúne com o Cristo – o Senhor de todas as esperanças! – para ouvir suas deliberações: “– Ismael, o sonho da liberdade de todos os cativos deverá concretizar-se agora, sem perda de tempo” – escreve Humberto de Campos (Op. cit., p. 162).

Enfim chega o abençoado mês de maio com suas luzes, perfumes e orações, rarefazendo a psicosfera terrestre, como constata o Espírito Humberto de Campos:4

[...] as preces da Terra misturam–se com as vibrações do Céu, em homenagem à Mãe do Salvador, no trono de sua virtude e de sua glória. Se o planeta da lágrima se povoa de orações e de flores, há roseiras estranhas, florindo nas estradas prodigiosas do paraíso, nos altares iluminados de outra natureza, e Maria, sob o dossel de suas graças divinas, sorri piedosamente para os deserdados do mundo e para os infelizes dos espaços, derramando sobre os seus corações as flores preciosas de sua consolação. [...]

[...] Dos altares terrestres e dos corações que se desfazem nas ânsias cristãs, no planeta das sombras, eleva-se uma onda de amor, em volutas divinas e a Rosa de Nazaré estende aos sofredores o seu manto divino, constelado de todas as virtudes… [...]4

Em 3 de maio de 1888, na “Fala do Trono”, a Princesa Regente, no Senado, se posiciona com firmeza sobre a abolição: “Confio em que não hesitarei de apagar do direito pátrio a única exceção que nele figura”. Então, o novo presidente do Conselho de Ministros João Alfredo Correia de Oliveira assegurou a aprovação da Lei 3.353, de 13 maio de 1888. 

A Princesa Isabel, em estado de êxtase, ratifica a Lei Áurea. Estava feita a vontade do Alto. O Brasil assumia a sua maioridade espiritual. Comenta o Espírito Humberto de Campos, em Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho:

[...] Junto do espírito magnânimo da princesa, permanece Ismael com a bênção da sua generosa e tocante alegria. Foi por isso que [José do] Patrocínio, intuitivamente, no arrebatamento do seu júbilo, se arrastou de joelhos até aos pés da princesa piedosa e cristã. [...] (Op. cit., p. 163.)

Dias antes, quando se preparava a Lei Áurea e ares benfazejos sopravam pela pátria anunciando que a liberdade não tardaria, surgiu uma subscrição popular, patrocinada pelo professor do Colégio Pedro II, Luis Pedro Drago, 5 para a confecção da pena, de ouro 18 quilates e cravejada de 27 diamantes, que assinaria o magno documento. É assim que políticos, empresários, populares e até escravos fugitivos e alforriados do Quilombo do Leblon colaboraram financeiramente para a materialização da pena que representa o início de um sonho de cidadania e de igualdade. Ela fala de um Brasil que passou a incorporar as massas excluídas. Todos queriam contribuir. No total, nas muitas listas, são mais de três mil assinaturas.

É maravilhoso ver na lista nº 84 a assinatura do fundador de Reformador (1883) e da Federação Espírita Brasileira (1884), o fotógrafo português A. Elias da Silva.6 (Ver fotocópia 1.)5 

Aliás, era abreviando o nome Augusto (A.) que ele assinava e se apresentava em seu cartão profissional. 6 (Ver fotocópia 2.)7

Hoje essa pena se encontra no Museu Imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

O surpreendente, é que foi dado a um espírita, amigo de Bezerra de Menezes, o professor e político Luis Pedro Drago, para fazer a oferta da pena à Princesa Isabel, acompanhado de um discurso que retratasse todo o sentimento da pátria brasileira. Esse documento, dada a sua beleza e grandeza, foi gravado em uma placa de prata brasonada e se encontra no Museu do Outeiro da Glória.

Ressalto ainda que o professor Luis Pedro Drago foi o padrinho de casamento da segunda filha de Bezerra de Menezes, de nome Ernestina (Zizinha), com o Sr. João Mendes, na Igrejinha de São Cristóvão, a 11 de janeiro de 1890, juntamente com o primo do Dr. Bezerra, o engenheiro João Batista de Maia Lacerda, futuro vice-presidente da Federação Espírita Brasileira. 

Acompanhemos algumas palavras do seu discurso inspiradíssimo:
À Vossa Alteza Imperial manda-me o povo agradecido impetrar a graça de aceitar esta pena, como glorioso instrumento histórico e troféu inteiramente popular, a qual deve assinar a lei nº 3.353 de 13 de Maio de 1888, que elimina o nome escravo da nação brasileira! E com ela, Senhora, algumas palavras, que devem recordar sempre a mais brilhante data, que será inscrita entre os acontecimentos de maior vulto da vida política, social e moral de um povo na história da pátria! 

… E vós, Senhora, a quem a pátria deve o maior cometimento, porque foi ele firmado não só por um princípio altamente religioso, mas ainda eminentemente humanitário, consentireis que o vosso povo vos aclame: D. Isabel, a Redentora. E assim, Senhora, vivereis na história com essa coroa radiante das flores da redenção transpondo desde agora o vestíbulo da glória que vos conduzirá ao templo da Imortalidade. O Orador, Luis Pedro Drago.

E, como diz o ditado: “promessa é dívida!”, a Princesa Isabel não deixou de cumprir a sua promessa à Mãe de Jesus, por ter plenamente realizado o seu elevado compromisso reencarnatório. E, assim, em oração, visita o santuário de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, a 6 de novembro de 1888, agradecendo à Virgem as bênçãos da vivência fraterna de todas as raças na Pátria do Evangelho de seu Filho.

Referências:
1 XAVIER, Francisco C. Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho. Pelo Espírito Humberto de Campos. 34. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2015. cap. 26, O movimento abolicionista.
2 MENEZES, Dr. Adolfo Bezerra. A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem danos para a nação. Typ. Progresso, Rua de Gonçalves Dias, nº 60, Rio de Janeiro, 1869.
3 Médium psicógrafo, sonambúlico e de outras espécies. Ele frequentava reuniões espíritas na casa de Bezerra. Ver MENEZES, Bezerra. Loucura sobre novo prisma. 14. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. cap. 2, p. 116.
4 XAVIER, Francisco C. Novas mensagens. Pelo Espírito Humberto de Campos. 14. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2014. cap. 12, p. 87 e 88. .
5 MILLAN, Cleusa de Souza.; MILLAN, José Henrique. A pena de ouro da Lei Áurea e o elemento servil no Brasil. Prefácio: Martins, Jorge Damas. Rio de Janeiro: Ed. Oficina do Livro, 2013. p. 325, 292, respectivamente.
6 Augusto Elias da Silva casou com a Sra. Mathilde Maria das Dores Pinheiro. A Proclama foi lida na capela Imperial, em 21 de maio de 1876 (O Apóstolo, nº 58, 24 de maio de 1876, p. 4, e O Globo, nº 144, 25 de maio de 1876, p. 2).
7 KOSSOY, Boris. Dicionário histórico- fotográfico brasileiro. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. p. 293.