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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Causas Atuais das Aflições



4. As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se quisermos, têm duas origens bem diversas, que importa distinguir: umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.
Remontando à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos são a conseqüência natural do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por mau comportamento ou por não terem limitado os seus desejos!
Quantas uniões infelizes, porque resultaram dos cálculos do interesse ou da vaidade, nada tendo com isso o coração! Que de dissenções, de disputas funestas, poderiam ser evitadas com mais moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e aleijões são o efeito da intemperança e dos excessos de toda ordem!
Quantos pais infelizes com os filhos, por não terem combatido as suas más tendências desde o princípio. Por fraqueza ou indiferença, deixaram que se desenvolvessem neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que ressecam o coração. Mais tarde colhendo o que semearam, admiram-se e afligem-se com a sua falta de respeito e a sua ingratidão.
Que todos os que têm o coração ferido pelas vicissitudes e as decepções da vida, interroguem friamente a própria consciência. Que remontem passo a passo à fonte dos males que os afligem, e verão se, na maioria das vezes, não podem dizer: "Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa não estaria nesta situação".
A quem, portanto, devem todas essas aflições, senão a si mesmos? O homem é, assim, num grande número de casos, o autor de seus próprios infortúnios. Mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, e menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a falta de oportunidade, sua má estrela, enquanto, na verdade, sua má estrela é a sua própria incúria.
Os males dessa espécie constituem, seguramente, um número considerável das vicissitudes da vida. O homem os evitará, quando trabalhar para o seu adiantamento moral e intelectual.
5. A lei humana alcança certas faltas e as pune. O condenado pode então dizer que sofreu a conseqüência do que praticou. Mas a lei não alcança nem pode alcançar a todas as faltas. Ela castiga especialmente as que causam prejuízos à sociedade, e não as que prejudicam apenas os que as cometem. Mas Deus vê o progresso de todas as criaturas. Eis porque não deixa impune nenhum desvio do caminho reto. Não há uma só falta, por mais leve que seja, uma única infração à sua lei, que não tenha conseqüências forçosas e inevitáveis, mais ou menos desagradáveis. Donde se segue que, nas pequenas como nas grandes coisas, o homem é sempre punido naquilo em que pecou. Os sofrimentos conseqüentes são então uma advertência de que ele andou mal. Dão-lhe a experiência e o fazem sentir a diferença entre o bem e o mal, bem como a necessidade de se melhorar, para evitar no futuro o que já foi para ele uma causa de mágoas. Sem isso, ele não teria nenhum motivo para se emendar, e confiante na impunidade, retardaria o seu adiantamento, e portanto a sua felicidade futura.
Mas a experiência chega, algumas vezes, um pouco tarde; e quando a vida já foi desperdiçada e perturbada, gastas as forças, e o mal é irremediável, então o homem se surpreende a dizer: "Se no começo da vida eu soubesse o que hoje sei, quantas faltas teria evitado; se tivesse de recomeçar, eu me portaria de maneira inteiramente outra; mas já não há mais tempo!" Como o trabalhador preguiçoso que diz: "Perdi o meu dia", ele também diz: "Perdi a minha vida". Mas, assim como para o trabalhador o sol nasce no dia seguinte, e começa uma nova jornada, em que pode recuperar o tempo perdido, para ele também brilhará o sol de uma vida nova, após a noite do túmulo, e na qual poderá aproveitar a experiência do passado e pôr em execução suas boas resoluções para o futuro.
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Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5 item 4

A PROFECIA DE JOEL


“Mas isto é o que foi dito pelo
profeta Joel. E nos últimos dias
acontecerá, diz Deus, que do meu
Espírito derramarei sobre toda a carne; e
os vossos filhos e as vossas filhas
profetizarão, os vossos mancebos terão
visões, e os vossos velhos sonharão
sonhos,”
(Atos, 2:16-17)
O livro dos “Atos dos Apóstolos” narra que, cumprindo-se o dia de
Pentecostes, os apóstolos de Jesus, ainda sob o impacto doloroso do drama do
Calvário, reuniram-se, em determinado lugar, na cidade de Jerusalém.
A dado instante ocorreram estrondosos fenômenos de natureza mediúnica: um
vento impetuoso encheu toda a casa onde eles estavam assentados e logo a seguir
surgiram chamas de fogo, que, tomando a forma de línguas repartidas, pousaram
sobre as cabeças dos apóstolos, fazendo com que passassem a falar línguas diferentes
um autêntico fenômeno de mediunidade poliglota.
A cidade estava repleta de forasteiros vindos de várias regiões do mundo
conhecido e os apóstolos, dirigindo-se a cada um deles, falavam em seus próprios
idiomas. Romanos, egípcios, persas, cretenses, árabes e partos não tiveram mais
necessidade de intérpretes, pois cada um deles ouvia os ensinamentos evangélicos em
suas línguas de origem, o que os deixou maravilhados.
Alguns judeus ortodoxos, entretanto, não conseguindo explicar a origem dos
fenômenos, sem atribuí-los a poderes supranormais, acharam uma explicação mais
cômoda; passaram a proclamar que os discípulos do Nazareno estavam embriagados.
Insurgindo-se contra essa zombaria, Pedro adiantou-se e exclamou: “Estes
homens não estão embriagados como vós pensais, sendo ainda as primeiras horas do
dia”, acrescentando que naquele momento era propiciada a todos uma pequena
demonstração do vaticínio do profeta Joel, contida no Livro de Joel (2:28-32).
Pequena porque deveria ocorrer em maior intensidade nos tempos preditos, quando a
Humanidade estivesse mais adequada para suportar a eclosão dos fenômenos
mediúnicos na proporção com que são produzidos nos tempos atuais, principalmente
após a revelação espírita.Qualquer estudioso da história religiosa dos povos perceberá que o fenômeno
ocorrido no dia de Pentecostes, há quase vinte séculos, era confinado apenas aos
apóstolos de Jesus Cristo. Embora as revelações espirituais sejam permanentes, ou
melhor, sem solução de continuidade, elas aplicam-se de acordo com as
circunstâncias, em maior ou menor intensidade.
Há vinte séculos, somente os apóstolos do Mestre estavam aptos a receber
manifestações espirituais daquele gênero. Aquilo que o vulgo passou a denominar
“Dom do Espírito Santo”, nada mais era que o desabrochamento intensivo das
mediunidades dos apóstolos. Desenvolvidas essas faculdades, após o episódio do dia
de Pentecostes, passaram eles a proferir discursos e a difundir os Evangelhos sem
quaisquer limitações.
Na Idade Média, embora houvesse muitos médiuns, era “heresia” uma pessoa
prestar-se a essa espécie de manifestação espiritual e a fogueira aguardava,
invariavelmente, aqueles que fossem portadores desses dons. Na atualidade o número
de pessoas capacitadas a servirem de instrumentos para fenômenos dessa natureza é
bastante avultado.
Uma coisa deve ser esclarecida, Muitas religiões sustentam que o
acontecimento do dia de Pentecostes representou o cumprimento da promessa do
Cristo sobre o advento do Consolador, do Espírito de Verdade, conforme está
exarado em João, 14:16-17,
Essa teoria é inconsistente. Se naqueles dias o Senhor havia afirmado que o
mundo não estava preparado para receber o Consolador, como poderia o mesmo estar
adequado poucos dias após a crucificação daquele que fizera a promessa? O Espírito
de Verdade viria em época própria, a fim de restabelecer todos os ensinamentos
evangélicos. “Eu o enviarei quando estiverdes preparados, pois por agora, não
podereis suportar”. Se, devido à incompreensão dos homens, o Mestre teve que
ensinar muitas coisas por parábolas, como explicar que, decorridos apenas alguns
dias, esses mesmos homens estivessem em condições de assimilar ensinamentos mais
profundos, ou de compreenderem os ensinamentos evangélicos em toda a sua
plenitude?
Cumpre aqui esclarecer que, naquela época, apenas os apóstolos estavam em
condições de receber ensinos de mais profundidade, consoante o que afirmou o
Messias, em João, 14:17: “o mundo não o pode receber (o Consolador), porque não o
vê nem o conhece; quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco, e estará em
vós”. De fato, os Espíritos do Senhor passaram a atuar sobre os apóstolos nas tarefas
de difusão dos Evangelhos.
Decorridos vinte séculos, a Humanidade está agora apta a receber esses
ensinamentos; eis por que o Espiritismo representa o advento do Consolador
prometido, do Paracleto. Está, pois. em franco desenvolvimento a profecia de Joel:
“O Espírito está sendo derramado sobre toda a carne”.

MEU REINO NAO É DESTE MUNDO


“Vós sois de baixo, eu sou de
cima, vós sois deste mundo. eu não sou
deste mundo,”
(João, 11:2.1)
“Não são do mundo. como eu do mundo não sou.”
(João 17:16)
“O meu reino não é deste mundo,
se o meu reino fosse deste mundlo,
pelejariam os meus servos, para que eu
não fosse entregue aos judeu, mas agora
o meu reino não é daqui.”
(João, IK:3hi
Os Espíritos benfeitores afirmam que Jesus Cristo é o preposto de Deus para as
coisas deste mundo, Ele é, portanto, quem governa este minúsculo orbe que faz parte
das muitas moradas que constituem a casa do Pai.
Isso é comprovado por João Evangelista que, referindo-se a Jesus, sustenta:
“Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”,
O próprio Jesus proclama isso quando os judeus insistiam em afirmar que o
Cristo seria da linhagem de Davi: “Como é então que via, em Espírito, lhe chama
Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita até que
eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Se Davi, pois, lhe chama Senhor,
como pode ser ele seu filho?”
Jesus Cristo foi indubitavelmente a mais singular figura que desceu à Terra. Os
seus Evangelhos, entrecortados dos mais sublimados ensinamentos, são repositório da
mais elevada moral e, além disso, encerram equação para os mais agudos problemas
que assoberbam os homens.
Quando o Mestre disse a Pilatos que o seu reino não é deste mundo,
acrescentou a palavra agora, o que significa que, por enquanto, o seu reino não é
deste mundo, mas o será quando o homem estiver vivendo compenetrado da verdade,
quando a palavra fraternidade deixar de ser mera utopia, quando a Humanidade
formar um só rebanho sob a orientação de um só pastor.
João Evangelista acrescenta em seu Evangelho que “Jesus estava no mundo, e
o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os
seus não o receberam. Veio como uma luz brilhando nas trevas, mas as trevas não a
compreenderam”.
É óbvio, portanto, que no futuro, quando o Reino de Deus se implantar
definitivamente nos corações humanos, através da consumação da reforma íntima das
criaturas, o reino de Jesus também o será deste mundo, que no momento é apenas
uma estância de expiação e de dor.
Isso não significa que estejamos deserdados. Jesus é o nosso Mestre, o nosso
orientador, o nosso redentor. Os grandes luminares da Espiritualidade superior
continuam a descer a este mundo a fim de impulsionar o progresso. Milhares e
milhares de mensagens são enviadas à Terra pelos nossos benfeitores espirituais. Os
Espíritos se comunicam por toda a parte, cumprindo a profecia de Joel: “E nos
últimos dias derramarei do meu Espírito sobre toda a carne”.
Ainda há pouco mais de um século o mundo recebeu a revelação do Espírito de
Verdade, instaurando na Terra a Doutrina dos Espíritos, que veio propiciar aos
homens a possibilidade de anteverem uma nova luz a impulsioná-los para Deus, a fim
de que, dentro de mais alguns séculos, seja definitivamente implantado na Terra o
Reinado do Espírito. Nessa época poderá então o Mestre afirmar: “Agora o meu reino
também é deste mundo”

REENCARNAÇÃO


“Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na
verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não
pode ver o reino de Deus.”
(João, 3:3)
“E passando Jesus, viu um homem cego de
nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram,
dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que
nascesse cego?”
(João, 9:1-2)
“Mas digo-vos que Elias já veio, e não o
conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram.
Assim farão eles também padecer o Filho do homem.
Então entenderam os discípulos que Jesus lhes falara de
João Batista.”
(Mateus, 17: 11.12)
Estas três passagens dos Evangelhos comprovam que o princípio da
reencarnação era ponto pacífico entre os discípulos de Jesus, sendo também
apregoado pelo próprio Mestre. No colóquio com Nicodemos, ficou bem positivado:
“Quem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” —
quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Na passagem do cego de
nascença deduz-se com clareza que, se os apóstolos não partilhassem da crença da
reencarnação, não fariam uma pergunta daquela forma: “Quem pecou para que o
homem nascesse cego, ele ou seus pais?”. É óbvio que o pecado somente poderia ter
sido cometido em vida anterior. Na passagem sobre João Batista, o Mestre deixou
bem definido que “o Espírito de Elias estava reencarnado em João Batista”.
Apesar de ter havido, nos primórdios do Cristianismo, muitos doutores da
Igreja que esposavam a lei da reencarnação, o apego ao formalismo fez com que esse
postulado fosse abandonado, passando a prevalecer o dogma da unicidade da
existência do Espírito. Deste modo cumpriu-se a advertência de Jesus: “os
edificadores rejeitaram a pedra que deveria servir de esquina”. Na construção do
majestoso edifício do Cristianismo, desprezaram a pedra angular: a lei das vidas
sucessivas do Espírito.
A crença nas vidas sucessivas é compartilhada por mais da metade da
população do mundo, embora para algumas igrejas ela constitua autêntica heresia.
Em épocas imemoriais, os Vedas, no transcurso da iniciação, apregoavam as
leis que presidem os chamados mistérios da imortalidade da alma, da pluralidade das
existências e dos mundos, e das comunicações dos chamados mortos. O Bramanismo
também tinha e tem como base a crença nessa lei. Krishna renovou as doutrinas
védicas, ensinando que “o corpo é o envoltório da alma que aí faz a sua morada,
sendo uma coisa finita, porém a alma que o habita é invisível, imponderável e
eterna”, “quando o corpo entra em dissolução, se a pureza é que predomina, a alma
voa para as regiões onde habitam esses seres puros, que têm o conhecimento do
Altíssimo. Mas se é dominada pela paixão, a alma vem de novo habitar entre aqueles
que estão presos às coisas da Terra”, “todo o renascimento, feliz ou desgraçado, é
uma conseqüência das obras praticadas em vidas anteriores”. Krishna afirmou ainda
aos seus discípulos: “Tanto eu como vós temos tido vários nascimentos. Os meus, só
de mim são conhecidos, porém vós nem mesmo os vossos conhecereis”, “como a
gente tira do corpo as roupas usadas e as substitui por novas e melhores, assim
também o habitante do corpo (o Espírito), tendo abandonado a velha morada mortal,
entra em nova e recém-preparada para ele”.
Buda foi ainda mais incisivo, afirmando: “o que é que julgais, ó discípulos,
seja maior: a água do vasto oceano, ou as lágrimas que vertestes quando, na longa
jornada, errastes ao acaso, de renascimento em renascimento, unidos àquilo que
odiastes, separados daquilo que amastes? Uma vida curta, uma vida longa, um estado
mórbido, uma boa saúde, o poder, a fraqueza, a fortuna, a pobreza, a ciência, a
ignorância, tudo isso depende de atos cometidos em anteriores existências”.
No Egito, aos neófitos, o hierofante falava assim: “Oh! alma cega, arma-te com
o facho dos mistérios e, na noite terrestre, descobrirás teu dúplice luminoso, tua alma
celeste. Segue esse gênio divino e que ele seja teu guia, porque tem a chave das tuas
existências passadas”.
A. Dastie, em seu livro “La Vie et la Mort”, afirma que “no Egito a doutrina
das transmigrações era representada por imagens surpreendentes. Cada ser tinha o seu
duplo. Ao nascer, o egípcio era representado por duas figuras. Durante a vigília as
duas individualidades confundem-se numa só; mas durante o sono, ao passo que uma
descansa e restaura suas energias, a outra lança-se no país dos sonhos. Não é,
entretanto, completa essa separação; só o será pela morte ou, antes, a separação
completa é que será a morte. Mais tarde este duplo poderá reencarnar num outro
corpo e terá assim uma nova existência”
Na Grécia, a doutrina das vidas sucessivas é encontrada nos poemas órficos.
Orfeu e Homero exprimiram-na, a princípio, com o adjutório dessas duas harmonias
celestes tomadas humanas: a música e a poesia. Orfeu, para inspirar seus cânticos,
evocava constantemente o Espírito de Eurídice.
Plutarco, sacerdote no tempo de Apolo Pitico, afirmou que “aqueles que têm
vivido várias existências virtuosas estão em condições de se elevarem ao estado de
Espíritos puros e vêem-se visitados por outros Espíritos que os sustentam nas
provações, uma vez que eles são geralmente perseguidos entre os homens”.
Sócrates e Platão, conforme se depara em “O Evangelho segundo o
Espiritismo”, eram apologistas da lei da reencarnação. Os gauleses também tinham a
certeza de reviver em corpo e alma nos mundos que turbilhonam pelo infinito. A este
respeito nutriam tão grande fé que uns aos outros emprestavam dinheiro para ser pago
noutra esfera. A morte, para eles, era uma simples imigração.
Goddeu, em “Barddas”, afirma que o cântico do bardo Taliesino, célebre em
toda a Gália, dizia: “Existindo, desde toda a antigüidade, no meio dos vastos oceanos,
não nasci de um pai e de uma mãe, mas das formas elementares da Natureza, dos
ramos da betula, do fruto das florestas, das flores das montanhas. Brinquei à noite;
dormi pela aurora; fui víbora no lago, água nas nuvens, lince nas selvas. Depois,
eleito por Gwyon (Espírito divino), Sábio dos sábios, adquiri a imortalidade. Bastante
.tempo decorrido fui pastor. Vaguei longamente sobre a Terra, antes de me tomar
hábil na ciência. Enfim, brilhei entre os seres superiores. Revestido dos hábitos
sagrados, empunhei a taça dos sacrifícios. Vivi em cem mundos; agitei-me em cem
círculos”.
Entre os hebreus, os Essênios admitiam a preexistência e as vidas sucessivas da
alma no corpo.
Na história do Cristianismo também encontramos vários testemunhos:
Clemente de Alexandria e Gregório de Nice exprimem-se no mesmo sentido.
Este último expõe que “a alma imortal deve ser melhorada e purificada; se ela não fez
isso na existência terrena, o aperfeiçoamento se operará nas vidas futuras e
subseqüentes” (Grand Discours Catéchétique — III).
Orígenes, um dos mais eruditos doutores da Igreja, em “De Principii”, sustenta
que as almas se purificam nas séries de existências, antes de merecerem admissão nos
céus.
O Espiritismo, com base nos ensinamentos dos Espíritos e nos Evangelhos,
tem a lei da reencarnação como um dos seus postulados fundamentais. A luz das
vidas sucessivas a justiça divina se toma mais equitativa e mais justa, Deus nos é
apresentado como Pai de justiça e de amor, e, como conseqüência, passa a ter lógica a
recomendação de Jesus: “Sede perfeitos como perfeito é o Pai Celestial”, perfeição
essa que somente é admissível quando se leva em conta a plural idade das existências
do Espírito.
Padrões Evangélicos- Paulo Alves de Godoy

POBREZA QUE ENRIQUECE ( Evangelho à luz do Evangelho)


“Porque já sabeis a graça de Jesus
Cristo, que, sendo rico, por amor de vós
se tez pobre; para que pela sua pobreza
enriquecêsseis.”
(II Coríntios, 8:9)
O Apóstolo Paulo deixa bem claro, no versículo 9 da II Epístola aos Coríntios,
que Jesus Cristo se fez pobre para que, pela sua pobreza, nós enriquecêssemos. Essa
assertiva do Apóstolo dos Gentios equivale a dizer que a luz se ofuscou a si própria,
temporariamente, para que aqueles que estavam nas trevas e na ignorância se
iluminassem.
A Doutrina Espírita esclarece que os grandes Espíritos luminares, quando se
lhes depara a necessidade de visitar, nas regiões trevosas do umbral, os Espíritos que
vivem na incompreensão e na rebeldia, revestem-se temporariamente de aparência
menos radiante, com o objetivo de não chocá-los, face à situação de inferioridade na
qual vivem e persistem; em outras palavras, os Espíritos Puros não se revelam com o
resplendor espiritual que lhes é próprio quando objetivam atrair Espíritos que vivem
estagnados nos planos espirituais menos evoluídos.
Não existe palavra humana que possa traduzir em toda a sua magnitude e
transcendência o fato ocorrido há quase vinte séculos, do advento de Jesus Cristo
entre nós: o Ungido de Deus descendo da sublimidade de sua glória para se nivelar à
humanidade da Terra, com o nobre objetivo de revelar-lhe a grandiosidade dos seus
Evangelhos. O manso Cordeiro de Deus, descendo da espiritualidade mais relevante,
para enfrentar os lobos vorazes do fanatismo, do erro e da recalcitrância.
O Mestre, objetivando atingir o desiderato superior de sua sublime missão,
revestiu-se de tudo aquilo que era peculiar às camadas mais obscuras da Terra, pois,
vivendo entre os humildes e desprotegidos, haveria muito maior possibilidade de
elevá-los ao fortalecimento da esperança nas recompensas futuras que o Alto reserva
aos que se desincumbem satisfatoriamente dos seus deveres na pauta da vida terrena.
Na realidade, analisando-se o Novo Testamento, vemos que a missão de Jesus
foi inteiramente desenvolvida entre os humildes e os desajustados:
— Nasceu em humilde aldeia, não tendo senão uma manjedoura para
acomodá-lo;
— Seus pais eram criaturas das mais humílimas condições sociais;
— Seus apóstolos foram convocados dentre obscuros pescadores;
— O cenário que serviu para o desempenho do seu Messiado foi todo ele dos
mais singelos e os lugares onde o Senhor conviveu eram dos mais despretensiosos;
— Sua ação principal se processou no meio de sofredores do corpo e da alma e
pecadores de todos os matizes.
Convivendo entre os humildes e os pecadores, o Mestre teve a oportunidade de
fazer com que se capacitassem da importância de uma vivência equilibrada e segundo
os moldes estabelecidos nos Evangelhos, de moralização e de conformação com os
sábios desígnios de Deus.
Se o Nazareno tivesse nascido no seio das camadas mais opulentas da
sociedade, é óbvio que a sua missão não teria sido tão bem sucedida. Ele seria
recebido com reservas e com ceticismo.
Francisco de Assis, tendo Jesus como paradigma e compenetrado da
importância de se ombrear com aqueles a quem pretendia servir e ensinar, ao ouvir na
igreja de Porciúncula o célebre: “Ide e pregai, dizendo que está próximo o reino dos
céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os maus
Espíritos, dai de graça o que de graça recebestes. Não possuais ouro nem prata, nem
tragais dinheiro nas vossas cintas, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem
calçado, nem boldão; porque digno é o trabalhador do seu alimento”, compreendeu o
verdadeiro sentido espiritual de sua missão, despojando-se de todos os bens materiais
para transmudar-se no “poverelo de Assis”, afim de que, através da sua pobreza,
pudesse propiciar a todos a riqueza da auto-iluminação.
Por isso, afirmou categórico o Converso de Damasco: “Jesus Cristo, sendo
rico, por amor de vós se fez pobre;para que pela sua pobreza enriquecêsseis”.

Padrões Evangélicos- " Paulo Alves de Godoy"

Oração nossa

Oração nossa

Senhor,

ensina-nos a orar sem esquecer o trabalho,

a dar sem olhar a quem,

a servir sem perguntar até quando,

a sofrer sem magoar seja a quem for,

a progredir sem perder a simplicidade,

a semear o bem sem pensar nos resultados,

a desculpar sem condições ,

a marchar para a frente sem contar os obstáculos,

a ver sem malícia,

a escutar sem corromper os assuntos,

a falar sem ferir,

a compreender o próximo sem exigir entendimento,

a respeitar os semelhantes sem reclamar consideração,

a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever

sem cobrar taxas de reconhecimento.



Senhor,

fortalece em nós a paciência para com as dificuldades

dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros

para com as nossas próprias dificuldades.

Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo

que não desejamos para nós.

Auxilia-nos sobretudo a reconhecer que a nossa

felicidade mais alta será invariavelmente

aquela de cumprir os desígnios, onde e

como queiras, hoje, agora e sempre.





Autor: Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: A Luz da Oração

Aos sofredores angustiados


Meu prezado irmão.

Que me ouça o Altíssimo, a cujo coração augusto e resplandecente, em o qual se contêm todas as excelsitudes do Cosmos, envio por ti a minha suplica fraternal.

Para cá das fronteiras da terra, os Espíritos, despojados das impressões carnais como que se despersonalizam, identificados nas essências sublimes do amor fraterno, laço sacrossanto que une todos os mundos e todas as almas. E’ por esse motivo que nos qualificamos de irmãos. De fato, todos o somos, sob as vistas amoráveis do Magnânimo Pai Celestial, já que nos ligam as mesmas aspirações ao Perfeito, palpitando em nossos corações a mesma partícula divina, que nos faz vibrar as almas do mais forte de todos os anseios: o de união ao Criador.

Até a mim chegou o apelo do teu coração dolorido e, se eu pudesse, arrancaria de ti as penosas impressões psíquicas, como se extirpa uma chaga.

Todavia, Jesus é o médico de todas as almas e sabe qual o tratamento que lhes convém; mas, em razão do nosso livre alvedrio, somos senhores do nosso próprio destino.

Depois de Deus, Ente Supremo, Absoluta Majestade do Universo, nada há, para os Espíritos, tão sagrado como o livre arbítrio. Dai a necessidade da iniciativa de cada individualidade, a bem da sua própria evolução. Afastar as possibilidades da auto-educação seria eliminar o progresso, seria despojar o ser de um dos seus divinos atributos, que é a liberdade. Da realidade desse asserto ressalta a ineficácia dos recursos da taumaturga, para a cura integral de uma alma enferma e abatida.

E’ á própria alma que compete, em meio das lutas ásperas e dos cruciantes amargores, nos quais está o preço de sua redenção, quando denodadamente suportadas, concatenar as suas energias latentes e as suas forças desaproveitadas para estabelecer o controle da sua existência temporária, corrigindo defeitos, dominando inclinações nocivas, envidando esforços para que a sua vontade se fortaleça, seu sentimento se eleve, sua mente se clarifique, integrando-se ela assim na harmonia dos seres e das coisas. Uma doutrina religiosa ou um bom alvitre são elementos de cura, mas não são a própria cura. A primeira a auxilia, porque ensina, esclarece, ilumina, conforta, representando para o coração angustiado um manancial de energias, onde as criaturas encontram forças para sustar os fracassos quais irremediáveis, as desgraças coletivas e para evitar a propagação de males e ruínas, paralisando o surto de resoluções inconfessáveis.

Isoladamente, porém, o Espírito, em qualquer plano da vida, tem de coordenar as suas possibilidades para o bem, para a luz, para o amor, em seu beneficio, fazendo das aspirações nobres e do trabalho proveitoso o santuário onde a sua mentalidade penetre diariamente para se purificar. Só assim conseguirá armazenar em si os grandes cabedais de energia, de fé e beleza moral, que lhe farão viver em correspondência com os planos superiores do universo, de onde lhe virão os primores intelectivos e sentimentais, como recompensa natural aos seus esforços.

Uma das mais proveitosas formas dos Espíritos se entregarem a uma atividade fecunda a prol do seu aprimoramento está na reencarnarão e elas a escolhem como o caminho mais fácil para a evolução necessária e a almejada ventura. Na plenitude da consciência, calculam as suas possibilidades e traçam um plano a que obedecerão rigorosamente e que constitue quais sempre um como mapa de trabalhos e sofrimentos.

Tomam a carne. Lutam e padecem. Suas provações parecem obedecer a um implacável determinismo e, com efeito, obedecem, porquanto foi o próprio Espírito quem traçou a senda que lhe compete percorrer, para vencer, dizemo-lo sem paradoxo, o seu próprio destino, transformando os acúleos da estrada em flores de evolução espiritual. Os bons desejos, a moral elevada, a confiança nos poderes superiores do Bem, as preces sinceras, se mantidas com perseverante vontade, lhe evitam os distúrbios psicológicos e as quedas, por pior que seja o caminho.

E’ por estas razões, estribadas na mais pura lógica, que não nos é possível modificar de vez o teu estado físico. expendemos as nossas mãos fraternas, amparamos-te com os nossos braços intangíveis, mas poderosos, e te indicamos a senda por onde chegarás á felicidade ou redenção: a misericórdia divina responderá aos teus apelos veemente.

Luta com abnegação e com heroísmo. Todos os homens nascem para triunfar da prova a que se submetem; toda carne está eivada de taras perniciosas; mas, será licito ao Espírito entregar-se-lhe á influencia, olvidando as noções da sua liberdade ativa?

Não.

O atavismo é um dos grandes escolhos que devem ser vencidos pelas almas, no trabalho da sua purificação. O Espírito, em qualquer circunstancia, é obrigado a preponderar sobre a matéria. Operando dessa maneira, o homem espiritualizará todas as suas células orgânicas, porque, se o objetivo da matéria é dar corpo e expressão ás vibrações do Espírito, a função da alma é apurá-la, santificá-la. Quando o homem compreender o alcance dessa realidade, as taras desaparecerão do planeta; por enquanto, porém, os desígnios divinos se utilizam delas como de elementos úteis nas batalhas morais que a humanidade sustenta em favor do seu aperfeiçoamento. A causa de todas as moléstias reside na alma; mas, infelizmente, as criaturas humanas, vivendo apenas entre efeitos, que são coisas transitórias e efêmeras da existência planetária, não vão ás fontes de origem escrutar a causa das dores que as afligem.

Para a enfermidade da alma, somente os remédios espirituais são aplicáveis; por isso é que te ofereço as minhas pobres palavras.

Muito perde o homem com a sua impaciência. Em face da imoralidade, deveria ele encarar cada vida como um dia de trabalho. Que tu saibas aproveitar o teu dia, purificando-te nos ideais e nos atos generosos, santificando-te em sabedoria e amor. Aprende a viver em contacto com todos quantos te rodeiam. A sociabilidade atenua os rigores da provação; a doçura e a afabilidade nos proporcionam novos elementos vetais. Insular-nos, em meio das fontes de vida que os cercam, constitue grande mal. Deus nos criou para que nos amassemos intimamente uns aos outros.

És incompreendido, torturado, ridiculizado ás vezes? Sirva isso ao teu progresso moral. Adapta-te ás formas de expressão dos que te não compreendem ainda e faze­lhes o bem que puderes.

Toda alma deve ser um foco atraente de virtudes. O maior mérito de um Espírito reside nas boas acões que levou a efeito a pról dos outros. No sacrifício está o segredo da ventura espiritual e, nos instantes amargos de ríspidas provas, refugia-te no templo augusto das preces fervorosas e veementes. Do Alto dimanarão radiosidades indefiníveis para o teu Espírito, que se sentirá reconfortado na jornada terrena.

Considera o objetivo do “CONHECE-TE A TI MESMO” e a tua mente, longe de ser atingida por vibrações de amargura, constituirá um refúgio luminoso de sagradas energias espirituais, onde outras almas buscarão conforto, coragem, luz e amor.



Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier

Meditações filosóficas e religiosas


Revista Espírita, dezembro de 1861

Ditados ao Sr. Alfred Dídier, médium, pelo Espírito de Lamennais.

(Sociedade Espírita de Paris.)
Já publicamos um certo número de publicações ditadas pelo Espírito de Lamennais, e das quais se pôde notar a alta importância filosófica. Algumas vezes, o assunto era nitidamente indicado, mas, freqüentemente, também não tinha caracteres bastante marcantes para que fosse fácil dar-lhe um título. Tendo feito a observação ao Espírito, ele respondeu que se propunha a dar uma série de dissertações sobre diversos assuntos variados, e à qual propôs o título geral de Meditações filosóficas e religiosas, salvo dar um título particular aos assuntos que o comportassem. Suspendemos sua publicação até que tivéssemos um conjunto suscetível de ser coordenado; é essa publicação que começamos hoje, e que continuaremos nos números seguintes.
Devemos fazer observar que só os Espíritos chegados a um grau muito alto de perfeição estão aptos para julgar as coisas de maneira completamente sadia; que, até lá, qualquer que seja o desenvolvimento de sua inteligência, e mesmo de sua moralidade, podem estar mais ou menos imbuídos de suas idéias terrestres, e ver as coisas do seu ponto de vista pessoal, o que explica as contradições que se encontram, freqüentemente, em suas apreciações. Lamennais nos parece estar neste caso; sem dúvida, há nessas comunicações muito belas e muito boas coisas, como pensamentos e como estilo, mas as há, evidentemente, que podem se prestar à crítica, e das quais não assumimos, de nenhum modo, a responsabilidade; cada um está livre para delas tirar o que encontrar de bom, e para rejeitar o que lhe pareça mau; só os Espíritos perfeitos podem produzir coisas perfeitas; ora, Lamennais, que sem contradita é um Espírito bom e avançado, não tem a pretensão de ser ainda perfeito, e o caráter sombrio, melancólico e místico do homem se reflete, incontestavelmente, sobre o do Espírito e, por conseguinte, sobre as suas comunicações; só sob esse ponto de vista já seriam um interessante objeto de observações.

I

As idéias mudam, mas as idéias e os desígnios de Deus não mudam nunca. A religião, quer dizer, a fé, a esperança e a caridade, uma só coisa em três, o emblema de Deus sobre a Terra, permanece inabalável no meio das lutas e dos preconceitos. A religião existe, antes de tudo, nos corações, portanto, ela não pode mudar. É no momento em que a incredulidade reina, em que as idéias se chocam e se entrechocam, sem proveito para a verdade, que aparece esta Aurora que vos diz: Venho, em nome do Deus dos vivos e dos mortos; só a matéria é perecível, porque ela é divisível; mas a alma é imortal, porque ela é una e indivisível. Quando a alma do homem amolece na dúvida sobre a eternidade, ela toma moralmente o aspecto da matéria; divide-se e, por conseqüência, está sujeita às provas infelizes em suas novas reencarnações. A religião é, pois, a força do homem; ela assiste, todos os dias, às novas crucificações que inflige ao Cristo; ouve, todos os dias, as blasfêmias que lhe são lançadas à face; mas, forte e inabalável como a Virgem, assiste divinamente ao sacrifício de seu filho, porque possui nela a fé, a esperança e a caridade. A Virgem desmaiou diante das dores do Filho do homem, mas não morreu.

II

SANSÃO.
Depois de uma leitura da Bíblia sobre a história de Sansão, vi em meu pensamento um quadro análogo ao do poderoso artista que a França vem de perder, Decamps. Vi um homem de uma estatura colossal, com membros musculosos, como o Dia, de Michelângelo, e esse homem forte dormia ao lado de uma mulher que queimava, ao seu redor, perfumes tais que os Orientais sempre souberam introduzir em seu luxo e em seus costumes efeminados. Os membros desse gigante caíam de lassidão, e um pequeno gato saltava ora sobre ele, ora sobre a mulher que estava junto dele. A mulher se inclinou para ver se o gigante dormia; depois tomou pequenas tesouras e se pôs a cortar a cabeleira ondulante do colosso, e sabeis o resto. - Homens armados se arrojaram sobre ele, amarraram-no fortemente, e o homem preso nas redes de Dalila se chama Sansão, disse-me de repente um Espírito que logo vi perto de mim; esse homem representa a Humanidade enfraquecida pela corrupção, quer dizer, pela avidez e a hipocrisia. A Humanidade, quando Deus esteve com ela, levantou, como Sansão, as portas de Gaza; a Humanidade, quando teve por sustento a liberdade, quer dizer, o cristianismo, esmagou seus inimigos, como esse gigante esmagou sozinho um exército de Filisteus. - Assim, respondi ao meu Espírito, a mulher que está junto dele... Ele não me deixou arrematar, e me disse: "É a que substituiu Deus; e pensa que não quero falar da corrupção dos séculos passados, mas do vosso." Por muito tempo, Sansão e Dalila não haviam se apagado ante os meus olhos; eu via o anjo, sempre só, que me disse sorrindo: "A Humanidade está vencida." Seu rosto se tornou então reflexivo e profundo, e acrescentou:
"Eis os três seres que devolverão à Humanidade seu vigor primeiro; chamam-se a Fé, a Esperança e a Caridade. Virão em alguns anos e fundarão uma nova doutrina que os homens chamarão Espiritismo."

III

(Continuação.)
Cada fase religiosa do Humanidade possuiu a força divina materializada pelas figuras de Sansão, de Hércules e de Rolando. Um homem, armando-se com os argumentos da lógica, nos diria: "Eu vos decifro; mas essa comparação me parece muito sutil e bem compassada." É verdade, talvez até o presente não tenha vindo ao espírito de ninguém; e, entretanto, examinemos. Falei-vos ultimamente de Sansão, que é o emblema da força da fé divina em suas primeiras idades. A Bíblia é um poema oriental; Sansão é a figura material dessa força impetuosa que fez cair Heliodoro sobre o adro do templo e que reuniu as ondas do mar Vermelho, depois de tê-las separado. Essa grande força divina tinha abatido exércitos, derrubado os muros de Jerico. Os Gregos, vós o sabeis, vieram do Egito e do Oriente; essa tradição de Sansão não existia mais do que nos domínios do filosofia e da história egípcia. Os Gregos desbastaram os colossos de granito do Egito, armaram Hércules com uma clava e lhe deram a vida. Hércules fez seus doze trabalhos, Abateu a hidra de Lerna, a hidra dos sete pecados capitais, e tornou-se, nesse mundo pagão, o símbolo da força divina encarnado sobre a Terra: dele fizeram um deus. Mas notai quais foram os vencedores desses dois gigantes. É necessário sorrir? é preciso chorar? como disse Lamartine. Essas foram duas filhas de Eva: Dalila e Dejanira. Vede-o, a tradição de Sansão e de Hércules é a mesma que a de Dalila e de Dejanira. Somente Dalila havia mudado os arranjos de cabelo das filhas de Faraó pelo diadema de Vênus.
Pela tarde, no famoso vale de Roncevaux, um gigante, deitado numa ravina profunda, urrava o nome de Carlos Magno com gritos desesperados. Tinha a metade esmagada sob uma enorme rocha, que suas mãos desfalecentes tentavam em vão movimentar. Pobre Rolando! tua hora chegou; os Bascos te desafiam do alto do rochedo, e fazem ainda rolar, sobre ti, pedras enormes. Entre os teus inimigos se encontram mulheres; Rolando, talvez, delas amara uma: sempre Dalila e Dejanira; A história não o disse, mas isso é muito provável. Sempre Rolando morreu como Sansão e Hércules. Discuti agora, se quiserdes; mas me parece, senhores, que essa aproximação não parecia tão sutil. Qual será, nas idades futuras, a personificação da força do Espiritismo? Quem viver, verá, diz-se sobre a Terra; aqui se diz: O homem viverá sempre.
LAMENNAIS
(A continuação no próximo número.)
ALLAN KARDEC

Egoísmo e orgulho.

(Sociedade Espírita de Sens.)
Se os homens se amassem com um comum amor, a caridade seria melhor praticada; mas seria preciso, para isso, que vos esforçásseis em vos desembaraçar desta couraça que cobre os vossos corações, a fim de serdes mais sensível para com os corações que sofrem. A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo não se aborrecia, aquele que se dirigia a ele, quem quer que fosse, não era repelido: a mulher adúltera, o criminoso eram socorridos por ele; jamais temia que a sua própria consideração sofresse com isso. Quando, pois, o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se a caridade reinasse sobre a Terra, o mau não teria mais império; fugiria envergonhado; esconder-se-ia, porque se encontraria deslocado por toda a parte. Será, então, que o mal desaparecerá da superfície da Terra; estejais bem compenetrados disto. Começai por dar o exemplo vós mesmos; sede caridosos para com todos, indistintamente; esforçai-vos por tomar o hábito de não mais notar aqueles que vos olham com desdém; crede sempre que merecem a vossa simpatia, e deixai a Deus o cuidado de toda justiça, porque cada dia, em seu reino, separa o bom grão do joio. O egoísmo é a negação da caridade: ora, sem a caridade, nada de repouso na sociedade; digo mais, nada de segurança; com o egoísmo e o orgulho, que se dão as mãos, será sempre uma corrida para o mais sagaz, uma luta de interesses, onde são pisadas aos pés as mais santas afeições, onde os laços sagrados da família não são mesmo respeitados.
PASCAL

Revista Espírita 1861

Dissertações espíritas


Revista Espírita, outubro de 1861

Os Cretinos.

(Sociedade Espírita de Paris. - Méd. Senhora Costel.)
Nossa colega, a senhora Costel, tendo ido fazer uma excursão na parte dos Alpes onde o cretinismo parece ter estabelecido um de seus principais focos, ali recebeu de um de seus Espíritos habituais, a comunicação seguinte:
- Os cretinos são seres punidos sobre a Terra pelo mau uso que fizeram de poderosas faculdades; sua alma está aprisionada num corpo, cujos órgãos, impossibilitados, não podem expelir seus pensamentos; esse mutismo moral e físico é uma das mais cruéis punições terrestres; freqüentemente, ela é escolhida pelos Espíritos arrependidos que querem resgatar as suas faltas. Essa prova não é estéril, porque o Espírito não permanece estacionário em sua prisão de carne; seus olhos bestificados vêem, seu cérebro deprimido concebe, mas nada pode se traduzir, nem pela palavra nem pelo olhar, e, salvo o movimento, estão moralmente no estado dos letárgicos e dos catalépticos, que vêem e ouvem o que se passa ao redor deles, sem poderem exprimi-lo. Quando tendes em sonho esses terríveis pesadelos, onde desejais fugir de um perigo, em que soltais gritos para chamar por socorro, ao passo que a vossa língua permanece presa ao céu da boca, e os vossos pés ao solo, experimentais um instante o que o cretino sente sempre: paralisia do corpo unida à vida do Espírito.
Quase todas as enfermidade têm, assim, sua razão de ser; nada se faz sem causa, o que chamais a injustiça da sorte é a aplicação da mais alta justiça. A loucura é também uma punição do abuso de altas faculdades; o louco tem duas personalidades: a que extravasa e a que tem a consciência de seus atos, sem poder dirigi-los. Quanto aos cretinos, a vida contemplativa e isolada de sua alma, que não tem a distração do corpo, pode sertão agitada quanto as existências mais complicadas pelos acontecimentos; alguns se revoltam contra o seu suplício voluntário; lamentam tê-lo escolhido e sentem um desejo furioso de retornar à outra vida, desejo que lhes faz esquecer a resignação à vida presente, e o remorso da vida passada, da qual têm a consciência, porque os cretinos e os loucos sabem mais do que vós, e sob a sua impossibilidade física, se esconde uma poderosa moral da qual não tendes nenhuma idéia. Os atos de furor, ou de imbecilidade aos quais seu corpo se entrega, são julgados pelo ser interior que os sofre e coram por eles. Assim, zombá-los, injuriá-los, maltratá-los mesmo, com se faz algumas vezes, é aumentar seus sofrimentos, porque é fazê-los sentir mais duramente sua fraqueza e sua abjeção, e se eles pudessem, acusariam de covardia aqueles que não agem desse modo senão porque sabem que sua vítima não pode defender-se.
O cretinismo não é uma das leis de Deus, e a ciência pode fazê-lo desaparecer, porque é o resultado material da ignorância, da miséria e da imoralidade. Os novos meios de higiene que a ciência, tornada mais prática, pôs ao alcance de todos, tendem a destruí-lo. Sendo o progresso a condição expressa da Humanidade, as provas impostas se modificarão e seguirão a marcha dos séculos; tornar-se-ão todas morais, e quando a vossa Terra, jovem ainda, tiver cumprido todas as fases de sua existência, tornar-se-á uma morada de felicidade, como outros planetas mais avançados.
Pierre JOUTY, pai do médium.
Nota. Houve um tempo em que se pôs em discussão a alma dos cretinos e se perguntava se eles, verdadeiramente, pertenciam à espécie humana. A maneira pela qual o Espiritismo faz encará-los não é de uma alta moralidade e de um grande ensinamento? Não há matéria para sérias reflexões, pensando que esses corpos desfavorecidos encerram almas que talvez brilharam no mundo, que são tão lúcidas e tão pensantes quanto as nossas sob o espesso envoltório que lhes abafa as manifestações, e que poderá ocorrer o mesmo, um dia, conosco, se abusarmos das faculdades que nos distribui a Providência?
Além do mais, como o cretinismo poderia se explicar; como fazê-lo concordar com a justiça e a bondade de Deus, sem admitir a pluralidade das existências, de outro modo dito, a reencarnação? Se a alma já não viveu, é que é criada ao mesmo tempo que o corpo; nesta hipótese, como justificar a criação de almas tão deserdadas como as dos cretinos da parte de um Deus justo e bom? Porque aqui não se trata de um desses acidentes, como a loucura, por exemplo, que se pode ou prevenir ou curar; esses seres nascem e morrem no mesmo estado; não tendo nenhuma noção do bem e do mal, qual é a sua sorte na eternidade? Serão felizes como homens inteligentes e trabalhadores? Mas por que esse favor, uma vez que não fizeram nada de bem? Estarão naquilo que se chamam os limbos, quer dizer, num estado misto que não é nem a felicidade nem a infelicidade? Mas, por que essa inferioridade eterna? A falta é sua se Deus os criou cretinos? Desafiamos todos aqueles que repelem a doutrina da reencarnação a saírem deste impasse. Com a reencarnação, ao contrário, o que parece uma injustiça torna-se uma admirável justiça; o que é inexplicável, se explica da maneira mais racional. De resto, não sabemos que aqueles que repelem esta doutrina, a tenham jamais combatido com argumentos mais peremptórios, do que aquele de sua repugnância pessoal em retornar sobre a Terra. Estão, pois, muito seguro de terem bastantes virtudes para ganhar o céu de uma só vez! Nós lhes desejamos boa chance. Mas os cretinos? Mas as crianças que morrem em tenra idade? Quais títulos terão para fazerem valer?

Transformação

(Sociedade Espírita de Paris. Médium senhora Costel.)
Venho falar-te, da coisa que mais importa, nesta época de crise e de transformação; no momento em que as nações vestem a roupa viril, no momento em que o céu descoberto vos mostra, flutuando nos espaços infinitos, os Espíritos daqueles que acreditáveis dispersos como moléculas ou servindo de pasto aos verdes; neste momento solene, é necessário que, se armando da fé, o homem não caminhe mais às cegas nas trevas do personalismo e do materialismo. Como outrora os pastores, guiados por uma estrela, vieram adorar o Menino-Deus, é necessário que o homem, guiado pela brilhante aurora do Espiritismo, caminhe, enfim, para a Terra prometida da liberdade e do amor; é necessário que, compreendendo o grande mistério, saiba que o objetivo harmonioso da Natureza, seu ritmo admirável, são os modelos da Humanidade. Nessa espantosa diversidade que confunde os Espíritos, distingui a perfeita semelhança das relações entre as coisas criadas e os seres criados, e que essa poderosa harmonia vos inicie a todos, homens de ação, poetas, artistas, trabalhadores, à união na qual devem fundir-se os esforços comuns durante a peregrinação da vida. Caravanas assaltadas pelas tempestades e pelas adversidades, estendei-vos mãos amigas, e caminhai com os olhos fixos no Deus justo que recompensa, ao cêntuplo, aquele que tiver aliviado o fraco e o oprimido.
GEORGES.
Revista Espírita 1861

A pintura e a música

(Sociedade Espírita de Paris, Médium Sr. Alfred Didier.)
A arte foi definida cem mil vezes: é o belo, o verdadeiro, o bem. A música, que é um dos ramos da arte, está inteiramente no domínio da sensação. Entendamo-nos e tratemos de não ser obscuros. A sensação é produzida no homem quando ele compreende a de dois modos distintos, mas que se ligam estreitamente; a sensação do pensamento que tem por conclusão a melancolia ou a filosofia, e depois a sensação que pertence inteiramente ao coração. A música, segundo eu, é a arte que vai mais direta ao coração. A sensação, vós me compreendeis, está toda no coração; a pintura, a arquitetura, a escultura, a pintura antes de tudo, atingem bem mais a sensação cerebral; em uma palavra, a música vai do coração ao espírito, a pintura do pensamento ao coração. A exaltação religiosa criou o órgão: quando a poesia, sobre a Terra, toca o órgão, os anjos do céu lhe respondem ; assim a música séria, religiosa eleva a alma e os pensamentos: a música leviana faz vibrar os nervos, nada mais. Eu gostaria de interpretar alguma personalidades, mas não tenho direito disso: eu não estou mais sobre a Terra. Amai o Requiem de Mozart que o matou. Eu não desejo mais do que os Espíritos vossa morte pela música, mas a morte vivente entretanto, aí está o esquecimento de tudo o que é terrestre, pela elevação moral.
LAMENNAIS.
Revista Espírita 1861

Família e reencarnação



Reproduzimos aqui o artigo intitulado Família e reencarnação, publicado na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.
Ele apresenta as trovas intituladas Trovas do lar, ditada a Chico Xavier por espíritos diversos, que Herculano Pires (com o pseudônimo Irmão Saulo) comenta por meio do seu texto A verdade sobre a mesa.
Aproveite e veja também os outros artigos que já estão no ar.


FAMÍLIA E REENCARNAÇÃO
Francisco Cândido Xavier
Chico Xavier nos conta como surgiu o assunto, durante a peregrinação que faz semanalmente aos lares dos amigos menos afortunados do bairro em que reside, sempre acompanhado por visitantes de outras cidades:
“Enquanto realizávamos a nossa visita fraterna a companheiros de nosso bairro, estava conosco uma estudiosa caravana de irmãos das cidades de São José do Rio Preto, Mirassol, Votuporanga e Ribeirão Preto. Durante todo o percurso, a nossa conversação foi um debate amistoso sobre assuntos do lar. Ao todo, com os amigos de outras cidades, éramos nada menos de oitenta pessoas.
As perguntas e repostas entre nós mostravam as nossas preocupações. Como observar a família e a reencarnação? De que modo os espíritos amigos consideram o casamento? Por que tantas lutas entre parentes? Estarão os espíritos luminares submetidos aos controles anticoncepcionais inventados pelos homens? Porque sonham os noivos com tanta felicidade para o lar e por que tantas dificuldades enfrentam eles em muitos casos, depois que se instalam no casamento?
Perguntas como estas e muitas outras foram debatidas. E quando nos reunimos para a concentração das tarefas da noite, diversos amigos espirituais, trovadores amigos, escreveram as ligeiras mensagens em versos, que lhe envio para os nossos estudos.”


TROVAS DO LAR
Espíritos diversos

Anotação clara e simples
Que nos obriga a pensar:
Surge o lar dentro do mundo
Sem que o mundo seja o lar.
Marcelo Gama
Os namorados são sonhos
Entre a verdade e a ilusão,
Se chegam ao matrimônio,
O lar revela o que são.
Xavier de Castro
Para quem sofre no além
Sob a cultura em choro inglório
O regresso ao lar terrestre
É a benção do purgatório.
Oscar Leal
Família e reencarnação,
Deus as fez buscando a paz,
Não levam mágoas à frente
Nem deixam contas atrás.
Roberto de Alencar
Cartório faz união
E começa o lar a dois,
O amor constrói amizade,
Casamento vem depois.
Antônio de Castro
De quaisquer provas na Terra
A que mais amansa a gente:
Inimigo reencarnado
Sob a forma de parente.
Lulu Parola
Quando um sábio das alturas
Necessita reencarnar
Ninguém consegue impedir
Nem adianta evitar.
Casimiro Cunha
Casamento é um laço em luz
Da vida superior,
Mas o lar desgovernado
É a sepultura do amor.
João Paiva
Toda civilização
Cresce em tudo sábia e bela
Tão-somente, em qualquer parte,
Porque o lar sofreu por ela.
Silveira de Carvalho
Não adianta fugir
Do débito que se atrasa,
Reencarnação chega logo
Cobrando dentro de casa.
Cornélio Pires
Todo lar que se levanta
Como for, seja onde for,
É sempre uma sementeira
Para a colheita do amor.
José Nava
Lar e mãe – a dupla simples
Que a força da vida encerra,
Guardam consigo, ante Deus,
Toda a grandeza da Terra.
Antônio Bezerra

A VERDADE SOBRE A MESA
Irmão Saulo
A verdade é pão do espírito. Sobre a mesa de Chico Xavier, cercada de amigos que vieram de longe para o banquete, os trovadores do além lançaram suas rodelas de pão. Cada um deles foi poeta na Terra e continua a cantar depois da morte, porque a criatura de Deus não morre – apenas troca de roupa. Fizeram um rodeio de trovas e cada trova é uma síntese pessoal da visão coletiva da verdade. Cada trova responde a determinadas perguntas dos homens.
Os temas se desenvolvem através das trovas. O lar surge no mundo para humanizá-lo, graças ao sonho do namoro em que as almas procuram-se no anseio de amar. A convivência vai revelar que elas não são o que sonhavam, mas o purgatório do lar é uma benção para libertar do inferno do passado. A família terrena permite o reajuste através da reencarnação, dissolvendo as mágoas e liquidando as contas. O casamento não se faz no cartório, mas no lar, e nele é que o inimigo transformado em parente acaba por nos amansar.
Os espíritos superiores não estão sujeitos ao controle humano da natalidade – nascem quando querem, pois conhecem e dominam as leis naturais melhor do que os homens. Um lar desgovernado, desprovido de orientação, vira sepultura do amor. Entretanto, é o lar a fonte e a base de todas as civilizações, acertando as contas do passado dentro de casa e melhorando as criaturas. Resulta daí a colheita do amor, graças à ação de duas forças simples, naturais, que se conjugam para construir a grandeza da Terra: os laços familiais orientados pela ternura materna, pela presença da mãe.
Pouco a pouco, através das trovas, a verdade se corporifica. E os trovadores nos dão assim a lição da fraternidade e da colaboração. Fizeram um mutirão para responder às perguntas dos homens. Cada qual deu o seu pedaço e o pão da verdade apareceu sobre a mesa do médium, para saciar a fome dos espíritos. É esse o processo da revelação. Desde que o mundo é mundo, a verdade flui para os homens através da mediunidade.