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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Aspectos Positivos do Não


CLARA NATÉRCIA
“Todo não tem uma explicação.” Tal conceito nós o lemos, há tempos, em
um livro sobre psicologia infantil, no qual o autor orientava os pais, no sentido de
que, ao negar algo à criança, não se limitassem apenas a dizer-lhe NÃO.
Segundo o psicólogo, deveriam esclarecer-lhe o porquê de sua atitude contrária,
mostrando o dano que adviria se a deixassem fazer o que quisesse. Dava,
então, alguns exemplos. Digamos que a criança se encaminha em direção à janela
e seja proibida de ter acesso ao peitoril. Cumpre dizer-lhe do perigo de uma
queda a que ela se expõe. Ao observar o pequenino com um objeto cortante ou
perfurante na mão, como se fora um brinquedo, adverti-lo do risco de se ferir pelo
mesmo. Ao se aproximar de uma mesa ao seu alcance, evitar que o faça, dandolhe
a entender que o objeto pode cair-lhe sobre o corpinho. E assim por diante. O
psicólogo tentava lembrar aos pais e educadores, em geral, que, uma vez esclarecida,
a criança pode aceitar melhor as restrições ou recusas aos seus desejos
e vontades.
Reportando-nos a essa diretriz psicológica, passamos, então, a meditar sobre
o NÃO que nos tem sido dado através da palavra divina. No Decálogo, recebido
por Moisés no alto do Monte Sinai, constatamos que, dos Dez Mandamentos,
sete registram o NÃO. Há a predominância de proibição justamente com o
precípuo escopo de preservar-nos de quedas e falências ante as leis divinas.
Pelos Dez Mandamentos, nas Tábuas da Lei, somos induzidos a uma obediência
paradoxalmente negativa, mas, no fundo, em realidade, de sentido nítida
e essencialmente positivo, imunizador, preservativo. Posterior a Moisés, Jesus,
como o Messias prometido, trouxe-nos novos rumos ao encaminhamento de
nossas vidas, asseverando que não veio destruir a Lei Divina, mas, sim, dar-lhe
cabal cumprimento, pondo-nos em consonância com as determinações supremas
do Criador.
Com a sua didática sábia, segundo depreendemos dos seus
ensinos, o Mestre enunciou, bastas vezes, o NÃO, em sentido evidentemente
positivo, resguardando-nos de riscos e perigos a que estamos sujeitos.
Não obstante, de todo advertidos e bem orientados pela Palavra do Senhor,
ainda assim sentimos dificuldades em nossa adaptação aos parâmetros dos seus
ensinos. Claudicamos, com falhas e desvios de nossa estrada redentora, a cujas
sinalizações quase sempre estamos desatentos.
O Evangelho do Senhor sofreu desvirtuamentos e interpolações que o descaracterizaram
em sua simplicidade e pureza primitivas, contribuindo assim para
que os postulantes ao discipulado cristão se perturbassem e perdessem o rumo
certo da caminhada.
Tal situação de enganos e engodos, de logros e malogros, pressentida pelo
Mestre, levou-O a tranqüilizar-nos com a promessa do advento do Consolador,
que teve os prenúncios de seus albores em 18 de abril de 1857, mediante a publicação
por Allan Kardec de “O Livro dos Espíritos”, em Paris (França).
De então por diante, as obras da Codificação Kardequiana que se lhe seguiram
deixaram-nos vislumbrar a manhã nascente em todo o esplendor de sua claridade
solar. A Nova Revelação estava, sem dúvida, estruturada em suas bases,
desfazendo as brumas e nebulosidades que encobriam os marcos e sinalizações
da estrada, sem enganos e engodos.
A Doutrina dos Espíritos proscreveu o NÃO dos seus ensinos, no nortea mento dos nossos passos?
Não, dizemos nós agora. Prescreve proibições? Sim,
só nas entrelinhas do seu contexto doutrinário-evangélico. O NÃO está imanente,
intrinsecamente nelas embutido, como pérolas ocultas nas conchas das ostras.
Faz-se mister acuidade no olhar para depreendê-lo em sua feição positiva, que
salta, então, do texto para ficar conosco, ou seja, com o nosso senso de responsabilidade,
com o nosso cérebro e coração, com a nossa mente e consciência,
enfim, com o nosso livre-arbítrio.
Nós, espiritistas, quando verdadeiramente familiarizados com os ensinos da
Doutrina dos Espíritos, é que nos proibimos de falar ou não falar, de fazer ou não
fazer, de permitir ou não permitir, de aquiescer ou não aquiescer. Assim é que
permanecemos em estágio positivo, negando o que não nos convém ou quanto
venha em sentido contrário aos princípios e preceitos do nosso aprendizado haurido
nas fontes inconcussas das obras kardequianas. Nelas o NÃO prevalece
quando podemos detectá-lo para aplicá-lo em nós mesmos.

Revista O Reformador -Setembro de 2000