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quinta-feira, 17 de julho de 2014

O rancor [...]o rancor acarreta danos emoci­onais variados, que levam a psicoses profundas e a episódios esquizofrênicos de difícil reparação...





Fenômeno natural decorrente da insegurança emo­cional, o rancor produz ácidos destruidores de alta potencialidade, que consomem a energia vital e abrem espaços intercelulares para a distonia e a ins­talação das doenças.
Entulho psíquico, o rancor acarreta danos emoci­onais variados, que levam a psicoses profundas e a episódios esquizofrênicos de difícil reparação.
A criatura humana tem a destinação da plenitu­de. O seu passo existencial deve ser caracterizado pela confiança, e os acontecimentos desagradáveis fazem-­se acidentes de percurso, que não interrompem o pla­no geral da viagem, nunca impeditivos da chegada à meta.
Por isso, os acontecimentos impõem, quando ne­gativos, a necessidade de uma catarse libertadora, a fim de não se transformarem em resíduos de má­goas e rancores que, de contínuo, assumem mais danoso contingente de ocorrência destrutiva.
A psicoterapia do perdão, com os mecanismos da renúncia dinâmica, consegue eliminar as seqüelas do insucesso, retirando o rancor das paisagens mentais e emocionais da criatura, sem o que se desarticulam os processos de harmonia e equilíbrio psíquico, emo­cional e físico.

Livro: Ser Consciente
Divaldo/Joana de Angelis

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A angústia [...]A angústia, como efeito de frustração, é seme­lhante a densa carga tóxica que se aspira lentamen­te, envenenando-se de tristeza injustificável, que ter­mina, às vezes, como fuga espetacular pelo mecanis­mo da morte anelada, ou simplesmente ocorrida por efeito do desejo de desaparecer, para acabar com o sofrimento...



A insegurança pessoal, decorrente de vários fa­tores psicológicos, gera instabilidade de comporta­mento, facultando altas cargas de ansiedade e de medo.
Sentindo-se incapaz de alcançar as metas a que se propõe, o indivíduo transita entre emoções em desconserto, refugiando-se em fenômenos de angús­tia, como efeito da impossibilidade de controlar os acontecimentos da sua vida.
Enquanto transite nos primeiros níveis de cons­ciência, a carência de lucidez dos objetivos essenci­ais da vida levá-lo-á a incertezas, porqüanto, as suas, serão as buscas dos prazeres, das aspirações egoís­tas, das promoções da personalidade, sentindo-se fra­cassado quando não alcança esses patamares transi­tórios, equivocados, em relação à felicidade.
Aprisionando-se em errôneos conceitos sobre a plenificação do eu, que confunde com as ambições do ego, pensa que ter é de relevante importância, dei­xando de ser iluminado, portanto, superior aos condi­cionamentos e pressões perturbadoras.
A angústia, como efeito de frustração, é seme­lhante a densa carga tóxica que se aspira lentamen­te, envenenando-se de tristeza injustificável, que ter­mina, às vezes, como fuga espetacular pelo mecanis­mo da morte anelada, ou simplesmente ocorrida por efeito do desejo de desaparecer, para acabar com o sofrimento.
Normalmente, nos casos de angústia cultivada, estão em jogo os mecanismos masoquistas que, fa­cultando o prazer pela dor, intentam inverter a ordem dos fenômenos psicológicos, mantendo o estado per­turbador que, no paciente, assume características de normalidade.
O recurso para a superação dos estados de an­gústia, quando não têm um fator psicótico, é a con­quista da autoconfiança, delineamento de valores re­ais e esforço por adquiri-los ou recorrendo ao auxílio de um profissional competente.
As ocorrências de insucesso devem ser avaliadas como treinamento para outras experiências, recurso-desafio para o crescimento intelectual, aprendizagem de novos métodos de realizações humanas.
Exercícios de autocontrole, de reflexões otimistas, de ações enobrecedoras, funcionam como terapia li­bertadora da angústia, que deve ser banida dos sen­timentos e do pensamento.

Ser Consciente
Divaldo / Joana de Angelis

Neurose





Enfermidade apirética, decorrente de perturba­ções do sistema nervoso, sem qualquer lesão anatô­mica de vulto, a neurose é mal que perturba expressi­vo número de criaturas da mole humana.
Com características próprias e sem causalidade cerebral, desequilibra a emoção e gera desajustes fi­siológicos sem patogênese profunda.
Para um melhor, breve, estudo metodológico, re­corremos a Freud, que classificou as neuroses em dois grupos, embora a complexidade moderna de concei­tos e variedades ora apresentados por especialistas.
O célebre médico vienense, que muito se interes­sou pelas neuroses, estabeleceu que as há verdadei­ras e psiconeuroses. As primeiras decorrem de fixa­ções e pressões de vária ordem, desajustando o siste­ma nervoso, sem que necessariamente o lesionem. Ao lado do mecanismo psicológico causal, apresen­tam uma temporária perturbação orgânica. São elas: a neurastenia, a hipocondria, as de ansiedade, as de origem traumática... Ao se instalarem, apresentam es­tados de angústia, de ansiedade, de insegurança, de medos... As segundas, porque de origem psicogêni­ca, conduzem a uma regressão de fixações da infân­cia, expressando-se como manifestações de histeria conversiva, ansiosa, incluindo os estados obsessivo e compulsivo.
As neuroses, porque de apresentação sutil no seu começo — tiques nervosos, repetições de palavras ou de gestos, dependências de bengalas psicológicas, fi­xações psíquicas que se agravam — grassam, na soci­edade, especialmente em decorrência de exigências do grupo social e da coletividade, em formas de pres­sões reais ou aparentes, que, nos temperamentos frá­geis, produzem desarmonia, dando curso a inquieta­ções, às vezes, alarmantes.
É comum fazerem-se acompanhar de episódios e fenômenos somáticos mui variados, como taquicardi­as, prisões de ventre, dores que parecem reais. A me­dida que se agravam, podem levar a paralisias, distúr­bios de postura, de fonação, movimentos desconexos...
Quando se apresentam com manifestações fóbi­cas — medos de ambientes fechados, de altura, de do­enças, amnésia, etc. — trazem componentes graves, de mais difícil recuperação.
O quadro dos estados histéricos, conversivos e ansiosos, radica-se na psique e tende a avançar para as fixações obsessivas e compulsivas atormentantes.
Generalizando a sua etiopatogenia, também po­dem manifestar-se em caráter misto, isto é, verdadei­ro e psicogénico, simultaneamente, assumindo propor­ções mais sérias, a um passo dos estados psicóticos, às vezes, irreversíveis.
Não raro, as neuroses apresentam-se com caráter de culpa, atormentando o paciente com a inquietante idéia de que, sobre todo mal e insucesso que lhe acon­tece, a responsabilidade pertence-lhe. A manifesta­ção do pensamento de culpa tem um significado auto­punitivo, perturbador, que dissocia a personalidade, fragmentando-a.
Outras vezes, expressam-se como forma de transferência, e a necessidade de culpar outrem aturde o paciente, que se apresenta sempre na condição de vi­tima, buscando, fora de si, as razões que lhe justifi­quem as ocorrências mínimas ou máximas que o de­sagradem. Quando ele não encontra um responsável próximo e direto, apela para a figura do abstrato cole­tivo: a sociedade, o governo, Deus...
Os estados neuróticos são profundamente inquie­tadores e desarmonizam o psiquismo humano, neces­sitando receber conveniente terapia, bem como per­severante esforço de recomposição psicológica.
Aprofundando-se a sonda da inquirição na psi­cogênese dos fenômenos neuróticos, defrontar-se-ão as causas reais na conduta anterior do paciente, que atrelou a consciência a comportamentos desvariados e passou injustamente considerado, recebendo sim­patia e amizade dos amigos e conhecidos, quando deveria haver sido justiçado, transferindo os receios e inseguranças, que permaneceram camuflados por aparência digna para a atual reencarnação, na qual assomam do inconsciente profundo as culpas e os con­flitos que ora se manifestam como processos repara­dores.
Eis por que, ao lado das neuroses, surgem episó­dios de obsessão espiritual que agravam a débil cons­tituição do enfermo, empurrando-o para processos lon­gos de loucura.
Assim ocorre, porque as vítimas das suas ações ignóbeis morreram, porém não se consumiram, e por­que prosseguiram vivendo, reencontram, por afinida­de de consciência de dívida-e-cobrança, os adversá­rios, inflingindo-lhes então maior soma de aflições, a princípio telepaticamente, depois sujeitando-os pelo controle mental e, ainda, mais tarde, de natureza físi­ca, quando ocorrem as subjugações lamentáveis.
A consciência inquieta, que reflete na psicologia do indivíduo os estados neuróticos, encontra-se vin­culada a acontecimentos pretéritos, negativos, quão infelizes.
As moléstias, particularmente na área psíquica, instalam-se, por serem doentes da alma os seus por­tadores.
Toda terapia liberativa deve ter como recurso de auxílio a renovação moral do paciente, sua reeduca­ção através das disciplinas espirituais da oração, da meditação, da relevante ação caridosa, por cujo meio ele se lenifica e se apazigua com aqueles que o odei­am e consigo mesmo, por constatar a excelência da própria recuperação.
Lentamente, a Psicologia Transpessoal identifica esses seres — personalidades anômalas, dúplices, etc. — que interferem no comportamento das criaturas hu­manas e as perturbam, não sendo outros, senão, as almas dos homens que antes viveram na Terra e per­manecem vivos.
Como terapia preventiva a qualquer distúrbio neu­rótico, a auto-análise freqüente, com o exame de cons­ciência correspondente, desidentificando-se das ma­trizes perturbadoras do passado, e abrindo-se às rea­lizações de enobrecimento no presente, com os ansei­os da conquista tranqüila do futuro.
Certamente, conhecendo a etiopatogenia das en­fermidades em geral, Jesus asseverou: A cada um se­gundo as suas obras...
Atuar sempre com segurança após saudável re­flexão, pensar com retidão e viver em paz consigo mesmo, representam o mais equilibrado e expressi­vo caráter psicológico de criatura portadora de saú­de mental.

sábado, 31 de maio de 2014

ORIGEM DAS TENTAÇÕES "...ainda que o mal venha do exterior, somente se concretiza e persevera se com ele afinamos, na intimidade do coração..."

ORIGEM  DAS  TENTAÇÕES
Emmanuel

Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência"
– (Thiago, 1:14)
 
Geralmente, ao surgirem grandes males, os participantes da queda imputam a Deus a causa que lhes determinou o desastre. Lembram-se, tardiamente, de que o Pai é Todo-Poderoso e alegam que a tentação somente poderia ter vindo do Divino Desígnio.
Sim, Deus é o Absoluto Amor e tanto é assim que os decaídos se conservam de pé, contando com os eternos valores do tempo, amparados por suas mãos compassivas. As tentações, todavia, não procedem da Paternidade Celestial.
Seria, porventura, o estadista humano responsável pelos atos desrespeitosos de quantos inquinam a lei por ele criada?
As referências do Apostolo estão profundamente tocada pela luz do céu.
"Cada um é tentado, quando atraído pela própria concupiscência.".
Examinemos particularmente ambos os substantivos "tentação" e "concupiscência". O primeiro exterioriza o segundo, que constitui o fundo viciado e perverso da natureza humana primitivista. Ser tentado é ouvir a malícia própria, é abrigar os inferiores alvitres de si mesmo, porquanto, ainda que o mal venha do exterior, somente se concretiza e persevera se com ele afinamos, na intimidade do coração.
Finalmente, destaquemos o verbo "atrair". Verificaremos a extensão de nossa inferioridade pela natureza das coisas e situações que nos atraem.
A observação de Tiago é roteiro certo para analisarmos a origem das tentações.
Recorda-te de que cada dia tem situações magnéticas específicas. Considera a essência de tudo o que te atraiu no curso das horas e eliminarás os males próprios, atendendo ao bem que Jesus deseja.
 
Do livro Caminho, Verdade e Vida. Psicografia de Francisco Candido Xavier.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Reflexões sobre a culpa

Reflexões sobre a culpa

A culpa é grave transtorno emocional de consciência que grassa velada ou claramente e aflige a sociedade contemporânea.
Insidiosa, pode ser considerada como planta parasita que se nutre da seiva do vegetal no qual se hospeda e termina por matá-lo.
Sob outro aspecto, apresenta-se como negra ave agourenta que abre suas asas sombrias e asfixia perversamente o indivíduo que a agasalha.
Quase todos os reencarnados carregam no inconsciente alguma forma desse conflito inditoso que se manifesta de variadas formas e trabalha em favor do seu sofrimento moral e emocional.
Herança macabra dos atos infelizes, procede dos comportamentos omissos ou prejudiciais durante a presente existência ou as procedentes de outras passadas.
Ninguém consegue evadir-se da sua penosa injunção, por decorrência do desrespeito aos Soberanos Códigos da Vida.
Sorrateiramente explicita-se como complexo de inferioridade ou disfarça-se de narcisismo e empurra aquele que lhe padece a compressão no rumo dos pântanos da angústia declarada ou transformada em fuga da realidade.
Normalmente o eu consciente procura escamoteá-la, para evitar o enfrentamento direto, que constitui o eficiente recurso de diluir-lhe a presença punitiva até erradicá-la completamente...
De alguma forma expressa o cumprimento da Divina Justiça que alcança o infrator que se permitiu ludibriá-la.
Quando se instala, faz-se mordaz, porque diminui o ser a ínfima condição, torna-o inferior espiritualmente ou subestima-o, nivelando-o por baixo na escala de valores morais.
Nessa fase, torna a sua vítima arredia ou prepotente, cínica ou cruel, complexada ou reacionária.
Quando lhe faltam os instrumentos edificantes de caráter ético e moral, transforma-se na sombra enfermiça que impede as realizações nobilitantes e a aquisição dos valiosos tesouros que contribuem para o autoperdão e a reabilitação.
Tem raízes no mal que se fez, mas igualmente no bem que se deixou de praticar.
Praticar o mal é um mau comportamento, porém, não executar o bem que está ao alcance de todos é um grande mal.
A existência humana está desenhada para a conquista do progresso moral tendo como foco a ser conseguido o estado de plenitude ou Reino dos Céus.
Qualquer desvio da pauta comportamental estabelecida pelos Celestes Cânones, e o Espírito, ao dar-se conta de que posterga a responsabilidade ou tenta sepultá-la no inconsciente, constitui-lhe gravame no processo evolutivo que exige correção.
Nada obstante, ocasião surge em que ressuma por necessidade de iluminação da consciência ultrajada e obscurecida pelo erro.
*
Ao deparar-te com esse parasita que se te apresenta, assume responsabilidade para logo providenciares a reparação e, por fim, a sua remissão.
Quase sempre o motivo gerador da culpa permanece ignorado na área da razão, pois que se apresenta conflitiva na conduta, exceção quando se opera o imediato despertamento que pode dar lugar ao choque pós-traumático imobilizador.
O Evangelho de Jesus, nas suas profundas considerações sobre a vida e sua finalidade na Terra, receita providencialmente a psicoterapia a ser utilizada, que deve ser iniciada mediante o esforço da autoconsciência, isto é, pelo exame da causa desencadeadora.
Se não se consegue identificá-la de imediato, é necessário que se utilizem os instrumentos oferecidos pelo amor. a fim de dar-se conta que o equivocar-se é normal no processo evolutivo, porém, manter-se no erro é resultado da falta de discernimento, da imaturidade psicológica, da presunção ou da soberba.
Identificada a fragilidade pessoal, cabe seja produzida a reparação do delito através dos serviços de engrandecimento interior, com imediata modificação da conduta íntima sempre para melhor. do auxílio ao próximo e da contribuição em favor da harmonia da Natureza que serve de mãe generosa e, dessa forma, acalmando a ansiedade.
Apoia-te na meditação e renova-te na prece, torna-te útil e sai da concha calcária e escura do eu para o serviço geral em favor do progresso da humanidade.
De imediato sentirás as bênçãos da remissão, isto é, da liberdade e da consciência de paz.
Nunca deixes de usar o amor em qualquer circunstância que se te apresente.
Melhor será que peques por ajudar, do que ser omisso por conveniência pessoal, covardia ou para estares bem no torpe comportamento social vigente.
A culpa é, também, o anjo bondoso que contribui poderosamente para o autoencontro.
A viagem carnal é compromisso de legitimidade com a evolução espiritual do ser, por cuja experiência a terna presença de Deus no íntimo se expanda e domine-o durante toda a sua trajetória.
Enfrenta as tuas culpas sem temores, não adies a oportunidade libertadora, nem te justifiques por meio de sofismas egoísticos e lenitivos equivocados.
A consciência, por mais se encontre entorpecida pelo erro, sempre desperta para a realidade que é a luz condutora da paz.
*
Allan Kardec, o vaso escolhido para apresentar o Consolador a que Jesus se reportou, esclarece que ante a culpa existente, fazem-se necessários o arrependimento, a expiação e a reparação. (*)
Sabiamente a proposta do eminente mestre lionês concorda com a compreensão do erro e sua correspondente análise que dão lugar ao sofrimento, portanto, ao arrependimento e à expiação para, em definitivo, conseguir-se a reparação, mediante todo e qualquer contributo que dignifique e anule o delito praticado.
Não se torna indispensável que a reparação ocorra em relação àquele que foi prejudicado em decorrência de inúmeros fatores.
O essencial é a tranquilidade da consciência ultrajada pela culpa ante a atividade reabilitadora.
Nunca te permitas, desse modo, a permanência na culpa inscrita nos teus painéis mentais e nas tuas emoções, cuja presença pode levar-te a transtornos graves.
Ama e serve sempre sem outra qualquer preocupação, exceto o Bem.
Esse é o caminho do Gólgota, mas é também a véspera da gloriosa manhã da Ressurreição.
 
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão
mediúnica da noite de 20 de janeiro de 2014, no Centro
Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 5.2.2014.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A culpa tóxica e o rancor

Por: Alberto Almeida

 A CULPA TÓXICA E O RANCOR


Hipócrita! Retira primeiramente a viga do teu olho, e então verás (em profundidade) para retirar o cisco do olho do teu irmão[1]
                                         
*
A culpa e a mágoa são as duas faces que se contrapõem ao perdão.
Primariamente, o remorso é a agressividade dirigida a si mesmo; o rancor, ao outro.
O remorso fala de uma transgressão à lei divina observada quando se age em prejuízo do próximo ou de algo, gerando sofrimento ou desarmonia para fora de si, com igual reflexo para a própria consciência.
Em idênticas circunstâncias, em sentido contrário, sucede quando é o outro quem age lesando-nos, gerando sofrimento ou prejuízos para nós, podendo aí se instalar o rancor contra aquele que também violou a lei de amor.  
O remédio é o autoperdão e o heteroperdão, respectivamente, para a culpabilidade e o ressentimento.
Quando o espírito se detém na culpa, ocorre a presença do remorso indesejável e nocivo àquele que o carrega, por se constituir em culpa tóxica.
A culpa só é desejável quando se apresenta como arrependimento, ou seja, o “cair em si”, o “dar-se conta de”, abrindo espaço para um novo movimento da alma em direção à ação reparadora.
Todavia, no extremo oposto ao cultivo tóxico da culpabilidade está a pessoa que não faz contato com a culpa, mesmo equivocando-se gravemente; não demonstra nenhum incômodo com seus erros, podendo, desse modo, estar revelando a presença de uma sociopatia* caracterizadora de um transtorno mental de alta complexidade.
                                               **
 Reconcilia-te (…) depressa com teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que o adversário não te entregue ao Juiz, e o Juiz te entregue ao Oficial, e sejas lançado na prisão. Amem vos digo que de modo nenhum sairás dali até que restituas o último quadrante*[2] é a advertência de Jesus para os que desejam viver em harmonia, livres do peso amargo da culpa e/ou mágoa.
A sentença é de uma clareza meridiana. Divide-se em dois movimentos bem distintos.
*
 O primeiro movimento: Reconcilia-TE… É a parte que nos cabe, na medida em que desejamos seguir o caminho do perdão. É um apelo para que façamos a nossa parte, aquela que diz respeito somente a nós mesmos, independentemente do outro com quem conflitamos.
Esta etapa fala da nossa relação conosco mesmos, do trabalho interno à revelia do outro, que permanece apenas como espelho através do qual nos enxergamos; é fazer conosco aquilo que só nós podemos concretizar: o autoperdão.
Este caminho é individual, intransferível, inalienável*. É percorrido a despeito de nosso adversário tomar ciência ou não, concordar ou não, estar perto ou distante. Tudo só depende de nós. É trabalho de autorreconciliação, de autoamor, exigindo às vezes muito tempo para a construção do autoperdão* gerador de paz interior.
Portanto, é tratar o remorso e/ou rancor que pesadamente carregamos.
*
Ainda no primeiro movimento, aprofundando e visando a uma análise didática, foquemos, exclusivamente, a culpa.
 A citação evangélica – Reconcilia-TE- revela que habitualmente cometemos erros (ensaios ao aprendizado), posto que o chamado não se restringe à conciliação, mas sim à reconciliação, caracterizando haver reincidência nos equívocos.
Importa saber se há limites para repetirmos os erros que terminam por nos imputar remorsos.
A resposta está na indagação de Pedro ao Cristo:
- Até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?[3]
 Esta era a medida do seu limite para indultar alguém: sete. Mas como a verdade tem mão dupla, logo este também era o número de vezes que Pedro precisaria do perdão dos outros.
Simão, tomando a si mesmo como referência, estabeleceu que seria capaz de perdoar até sete vezes, como a sugerir, inconscientemente, que erraria no máximo até sete vezes, necessitando, portanto, de igual número de perdões dos outros e, por extensão, de autoperdões para concretizar o reconcilia-TE.
O Mestre, no entanto, demonstrou o quanto Pedro não se conhecia, pois que pretendia limites muito ousado para si mesmo. E faz uma nova proposta para a aritmética do perdão de Simão, assinalando:
- Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete[4].
E Jesus tinha razão, de vez que, somente na casa do sumo sacerdote, ele negaria o seu Mestre três vezes, sem falar dos momentos que antecederam o aprisionamento, quando ele dorme mais de uma vez no Monte das Oliveiras, e, ao despertar, fere a orelha do soldado que vem prender o Cristo, em frontal contradição aos ensinos de mansidão e brandura recebidos de Jesus.
Jesus, considerando a fragilidade dos seres humanos, aproveita a ocorrência com o discípulo para propor as setenta vezes sete, indicando a natureza recorrente de falibilidade que caracteriza a humanidade ainda em nível de evolução precária.
Igualmente, deixava implícito aos Pedros-humanos que não só precisaríamos perdoar setenta vezes sete, mas que, e, sobretudo, seríamos capazes de errar em igual montante[5], carecendo do perdão dos outros indefinidamente.
Desta fala de Jesus pode-se deduzir ainda outro ensinamento, num exame mais atento do dia a dia:
- Quantas vezes, pelo mesmo motivo, explodimos em cólera contra um ente querido, ficando, em seguida, carentes de repetidos perdões?
- Quantas crises mórbidas de ciúme, ferindo a pessoa amada, fazem-nos implorar por incontáveis desculpas?
- Quantos episódios repetidos de maus-tratos ao nosso corpo, pela ingestão de substâncias declaradamente nocivas fazem-nos pedir sucessivos perdões ao cérebro?
- Quantos vícios, afetando-nos a saúde pelos prejuízos ao equilíbrio biológico, fazem-nos reiterar súplicas de misericórdia ao corpo?  
- Quantas encrencas por falta de camaradagem com colegas de trabalho impõem-nos renovados pedidos de desculpas?
Enfim, parece que precisamos de setenta vezes sete perdões para CADA UMA DAS ÁREAS FRÁGEIS da nossa vida, posto que incorremos NOS MESMOS ERROS, reeditamos os mesmos ensaios… até fazermos a fixação de um aprendizado.
Assim sendo, seja a culpa, seja a mágoa, o reconcilia-TE significa darmos conta da parte que nos compete num conflito, assumindo a responsabilidade pela cota que nos diz respeito; sem transferi-la ou delegá-la a ninguém, como é usual fazermos projetando* nossa encrenca sobre outras pessoas (adversário, pai, mãe, filho, amigo, etc.), ou sobre os astros, os espíritos, a má-sorte, ou, ainda, sobre a profissão, a cidade, Deus… 
                                               *
O segundo movimento: reconcilia-te... COM TEU ADVERSÁRIO.
Aqui entra em cena o outro pelo qual nos sentimos lesados (rancor), ou a quem lesamos (remorso).
O adversário pode ser alguém (cônjuge, pai, mãe, filho, família, sócio, vizinho, etc.), mas pode também ser algo (nosso corpo, um país, uma profissão, uma doutrina, etc.).
Neste momento, entra em jogo a relação com o adversário, ou seja, um contato com o outro. Requer, por isso mesmo, uma ação de busca do outro, a fim de se estabelecer a segunda etapa da reconciliação.
É desse modo que se cuidará da mágoa presente nas relações como uma energia agressivo-destrutiva, trazendo nomes e tons variados: raiva, ressentimento, ódio, cólera, etc.; ou, então, se tratará da culpabilidade que comparece com tonalidades conhecidas sob os nomes de remorso, pesar, compunção*, contrição, etc.
Aqui, precisamos de uma interação com aquele que ocupa a posição de adversário. É a ação de ir ao encontro do outro, precisando da sua participação e cumplicidade, para se efetivar o perdão total.
Naturalmente que o sucesso dessa busca, nesta etapa, depende também do outro, já que ele é chamado a participar ativamente da construção do perdão, “estendendo a mão”. É construção a dois, solidária, de parceria.    
Se houver disponibilidade de ambos para uma aliança, um acordo, então se fará (enquanto estás a caminho) uma jornada de perdão, até que se conclua o desatamento dos nós do sofrimento, com a dissolução das mágoas/culpas e o (re)estabelecimento dos laços de harmonia e de paz.
Contudo, caso o outro protagonista rejeite o reencontro, evitando o contato por ainda não se encontrar receptivo à aproximação e à conciliação, sejamos aquele que guarda a consciência pacificada de quem, após se reconciliar consigo próprio, ousou ir ao encontro do seu irmão para efetivar o perdão, buscando o equacionamento justo da pendência.
Respeitemos, portanto, o arbítrio* do outro, quando este se decida a evitar o reencontro, seja qual for o motivo da sua recusa.  Como não nos compete violentar a vontade de ninguém, cabe, apenas, o silêncio de quem optou por fazer a sua parte, ficando em paz.
Logo, em fazendo o segundo movimento, nós nos libertamos do rancor e/ou do remorso, e concluímos internamente o perdão, com ou sem a participação do outro.
Assim procedendo, futuramente não será necessária a presença do juiz (a consciência), nem do oficial de justiça (os bons espíritos), tampouco da prisão (um novo corpo, uma nova reencarnação) para a solução das contendas que ficaram pelo caminho.

                                               ***
 (Extraído do livro “O Perdão como Caminho” )





[1] Bíblia Sagrada, Mateus, capítulo 7, versículo 5.
[2] Bíblia Sagrada, Mateus, capítulo 5, versículos 24 e 25.
[3] Bíblia Sagrada, Mateus, capítulo 18, versículo 21.
[4] Bíblia Sagrada, Mateus, capítulo 18, versículo 22.
[5] O Consolador, resposta 338.