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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Reflexões de Dom Pedro II e o advento da República ( 49 anos) —(...) Não tenho o direito de criticar a República, mesmo porque todos os fenômenos políticos e sociais do nosso país tiveram os seus pródromos no mundo espiritual(...). Apenas quero dizer que não só os republicanos, mas também nós, os da monarquia, estávamos redondamente enganados. O erro da nossa visão, quando na Terra, foi supor no Brasil o mesmo espírito anglo-saxônio que a Inglaterra legara aos norte-americano(...)em nossa terra, prevaleciam outros fatores mesológicos e, até agora, não temos sabido conciliar os interesses da nação com esses imperativos. A ausência de tradição nos elementos de nossa origem, como povo, estabeleceu uma descentralização de interesses, prejudicial ao bem coletivo do pais. Para a formação nacional, não vieram da metrópole os espíritos mais cultos. Pesando, de um lado, os africanos, revoltados com o cativeiro, e, de outro, os índios, revoltados com a invasão do estrangeiro na terra que era propriedade deles, a balança da evolução(...)Considere que, examinando a minha consciência, não me lembro de haver fortalecido nenhum sentimento de rebeldia nos meus tempos de governo; entretanto, muito sofri, verificando que eu poderia ter suavizado a luta entre os nossos estadistas e os políticos da América espanhola. Outra forma de ação poderíamos ter empregado no caso de Rosas e de Oribe e mesmo em face do próprio Solano López, cuja inconsciência nos negócios do povo ficou evidentemente patenteada. E note-se que o problema se constituía de graves questões internacionais. O nosso mal foi sempre o desconhecimento da realidade brasileira. Os nossos períodos históricos têm sofrido largamente os reflexos da vida e da cultura europeias



Do livro Novas Mensagens no capítulo 2, D.Pedro II nos traz suas reflexões sobre os seus enganos, quanto a peculiaridade do povo brasileiro,  da proclamação da República,  sobre a economia e o  momento político daquele período em que foi publicado a obra. Segue abaixo trechos da conversa entre Humberto de Campos e Dom Pedro II


Acerquei-me da sua individualidade, com um misto de curiosidade e de profundo respeito, procurando improficuamente identificar os dois companheiros que o rodeavam.
— Majestade! — tentei chamar-lhe a atenção com a minha palavra humilde e obscura.
— Aproximem-se, meus amigos! — respondeu-me com benevolência e carinho. — Aqui não existe nenhuma expressão de majestade. Cá estão, fraternalmente comigo, o Afonso  e o Luís,  como três irmãos, sentindo eu muito prazer na companhia de ambos. Se o mundo nos irmana sobre a Terra, a morte nos confraterniza no Espaço infinito, sob as vistas magnânimas do Senhor.
 E, fazendo uma pausa, como quem reconhece que há tempo de falar e tempo de ouvir, conforme nos aconselha a sabedoria da Bíblia, exclama o Imperador com bondade:
— A que devo o obséquio da sua interpelação?
— Majestade! — respondi, confundido com a sua delicadeza — desejara colher a vossa opinião com respeito ao Brasil e aos brasileiros. Estamos no limiar do cinquentenário de República e seria interessante ouvir o vosso conselho paternal para os vivos de boa vontade. Que pensais destes quarenta e tantos anos de novo regime?(...) Do Plano Invisível, para o mundo, prosseguimos no mesmo labor de construção da nacionalidade.  As convenções políticas dos homens não atingem os Espíritos desencarnados. O exílio termina sempre na sepultura, porque a única realidade é o amor, e o amor, eliminando todas as fronteiras, nos ligou para sempre ao torrão brasileiro. Não tenho o direito de criticar a República, mesmo porque todos os fenômenos políticos e sociais do nosso país tiveram os seus pródromos no mundo espiritual, considerando-se a missão do Brasil dentro do Evangelho. Apenas quero dizer que não só os republicanos, mas também nós, os da monarquia, estávamos redondamente enganados. O erro da nossa visão, quando na Terra, foi supor no Brasil o mesmo espírito anglo-saxônio que a Inglaterra legara aos norte-americanos. Eu também fui apaixonado pelo liberalismo, mas a verdade é que, em nossa terra, prevaleciam outros fatores mesológicos e, até agora, não temos sabido conciliar os interesses da nação com esses imperativos. A ausência de tradição nos elementos de nossa origem, como povo, estabeleceu uma descentralização de interesses, prejudicial ao bem coletivo do pais. Para a formação nacional, não vieram da metrópole os espíritos mais cultos. Pesando, de um lado, os africanos, revoltados com o cativeiro, e, de outro, os índios, revoltados com a invasão do estrangeiro na terra que era propriedade deles, a balança da evolução geral ficou seriamente comprometida. Sentimentos excessivos de liberdade não nos permitiram um refinamento de educação política. Todos querem mandar e ninguém se sente na obrigação de obedecer.  Quando no Império, possuíamos a autoridade centralizadora da Coroa, prevalecendo sobre as ambições dos grupos partidários que povoavam os nossos oito milhões e meio de quilômetros quadrados; mas, quando os republicanos sentiram de perto o peso das responsabilidades que tomaram à sua conta, os espíritos mais educados reconheceram o desacerto das nossas concepções administrativas.  Enquanto as nações da Europa e os Estados Unidos podiam empregar livremente em nosso país os seus capitais, a título de empréstimos vultosos que desbaratavam compulsoriamente a nossa economia, o Brasil podia descansar na monocultura, fazer a política dos partidos e adiar a solução dos seus problemas para o dia seguinte, dentro de um regime para o qual não se achava preparado em 1889.  Mas, quando se manifestou a crise mundial de 1929, todas as instituições políticas sofreram as mais amplas renovações, dentro dos movimentos revolucionários de 1930. Os capitais estrangeiros não puderam mais canalizar suas disponibilidades para a nossa terra, controlados pelos governos autárquicos dos tempos que correm, e o Brasil acordou para a sua própria realidade. Aliás, nós, os desencarnados há muito tempo procuramos auxiliar os vivos na sua tarefa. — Quer dizer que também tendes inspirado os labores dos estadistas brasileiros?
— Sim, de modo indireto, pois não podemos interferir na liberdade deles. Há alguns anos, procurei auxiliar Alberto Torres nas suas elucubrações de ordem social e política. Em geral, nós, os desencarnados, buscamos influenciar, de preferência, os organismos mais sensíveis à nossa ação e Torres era o instrumento de nossas verdades para a administração. A realidade, porém, é que ele falou como Jeremias [Oh! Jerusalém!…]. Somente a gravidade da situação conseguiu despertar o espírito nacional para novas realizações.
— Majestade, as vossas palavras me dão a entender que aprovais o novo estado de coisas do Brasil. Aplaudistes, então, a queda da denominada república velha, sob as vibrações revolucionárias de 1930?
— Com as minhas palavras — disse ele bondosamente — não desejo exaltar a vaidade de quem quer que seja, nem deprimir o esforço de ninguém. Não posso aplaudir nenhum movimento de destruição, pois entendo que, sobre a revolução, deve pairar o sentimento nobre da evolução geral de todos, dentro da maior concórdia espiritual.  Considere que, examinando a minha consciência, não me lembro de haver fortalecido nenhum sentimento de rebeldia nos meus tempos de governo; entretanto, muito sofri, verificando que eu poderia ter suavizado a luta entre os nossos estadistas e os políticos da América espanhola.  Outra forma de ação  poderíamos ter empregado no caso de Rosas e de Oribe e mesmo em face do próprio Solano López, cuja inconsciência nos negócios do povo ficou evidentemente patenteada. E note-se que o problema se constituía de graves questões internacionais. O nosso mal foi sempre o desconhecimento da realidade brasileira. Os nossos períodos históricos têm sofrido largamente os reflexos da vida e da cultura europeias.  Nos tempos do Império, procurei saturar-me dos princípios democráticos da política francesa, tentando aplicá-los, amplamente, ao nosso meio, longe das nossas realidades práticas. Os republicanos, como Benjamim Constant, Deodoro, etc., deram-se a estudar a “República Americana”, de Bryce, distantes dos nossos problemas essenciais. Quando regressei das lutas terrestres, procurei imediatamente colaborar na consolidação do novo regime, a fim de que a divisão e os desvarios de muitos dos seus adeptos não terminassem no puro e simples desmembramento do País. Graças a Deus, conseguimos conduzir Prudente de Morais ao poder constitucional, para acabarmos reconhecendo agora as nossas realidades; mais fortes.  Devo, todavia, fazer-lhe sentir que não me reconheço com o direito de opinar sobre os trabalhos dos homens públicos do País. Cabe-me, sim, rogar a Deus que os inspire, no cumprimento de seus austeros deveres, diante da pátria e do mundo. O grande caminho da atualidade é a organização da nossa Economia, em matéria de política, e o desenvolvimento da Educação, no que concerne ao avanço sociológico dos tempos que passam. Os demais elementos de nossas expressões evolutivas dependem de outros fatores de ordem espiritual, longe de todas as expressões transitórias da política dos homens.
 A essa altura, notei que a minha curiosidade jornalística começava a magoar a venerável entidade e mudei repentinamente de assunto.
— Majestade, que dizeis da grande figura hoje lembrada?
— O vulto de José Bonifácio foi sempre objeto de meu respeito e de minha amizade. E olhe que foi ele o mais sensato organizador da nacionalidade brasileira, cujo progresso acompanha, carinhosamente, com a sua lealdade sincera. Hoje, que se comemora o centenário de sua desencarnação, devemos relembrar o seu regresso de novo ao Brasil, em meados do século passado, tendo sido uma das mais elevadas expressões de cultura, na Constituinte de 1891.(...) mas o Imperador, acompanhado de amigos, retirava-se quase que abruptamente da nossa companhia, correspondendo fraternalmente a outros apelos sentimentais.(...) Daí a momentos, o meu companheiro quebrava o silêncio de minha meditação:
— Humberto, os monarquistas tinham razão!… Este velho é um poço de verdade e de experiência da vida! Você deve registar esta entrevista, oferecendo aos vivos estas palavras quentes de conhecimento e de sabedoria!

 Fonte : Novas Mensagens - Humberto de Campos por Chico Xavier

A proclamação da República e as considerações de Ismael -“Irmãos, a Pátria do Evangelho atinge agora a sua maioridade coletiva. Profundas transições assinalarão a sua existência social e política(...). Necessário é separemos agora o organismo político do Brasil dos alvitres permanentes e constantes do mundo espiritual, para que todos os seus empreendimentos sejam devidamente valorizados. À maneira dos indivíduos, as pátrias têm, igualmente, direito à mais ampla liberdade de ação, uma vez atingido o plano dos seus raciocínios próprios(...)“No capítulo das instituições humanas, os esforços que despendemos até agora estão mais ou menos encerrados; compete-nos, todavia, em todos os dias do porvir, conservar e desenvolver a “melhor parte”, espiritualizando essas mesmas instituições”



Do Livro Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho dedica o capítulo 27 a proclamação da República em que o Espírito Ismael revela a nova etapa em que nossa nação terá que vivenciar ao conquistar sua maioridade coletiva na ordem política e social sendo apartir daquele momento responsáveis diretos “por todos os atos comuns” e como cita Ismael seria :”o último acontecimento político, que se verificaria com o seu amparo direto e que constituiria a proclamação da República” e mais adiante exalta a figura de  Dom Pedro II que não permitiu que derramassem sangue, não oferecendo reação, retirando se do país confortado pelas luzes do Alto , segue na íntegra trechos do capítulo:


“Se a monarquia, embora todas as liberdades públicas que desenvolvera, espíritos avançados do Brasil a consideravam como a derradeira recordação da influência portuguesa(...)Essa ideia, genuinamente nativista, alcançara todas as inteligências, e a garantia do seu êxito se patenteara aos olhos de todos, após a Lei de 13 de Maio,que ferira os interesses particulares de todas as classes conservadoras.

 Por essa razão os anos de 1888 e 1889 assinalaram os derradeiros tempos do único império das plagas americanas. Por toda parte e em todos os ambientes civis e militares acendiam-se os fachos do idealismo republicano, sob o pálio da generosidade da Coroa.

 No mundo invisível, reúne o Senhor as falanges benditas de Ismael e dos seus dedicados colaboradores(...)falou a sua voz, como no crepúsculo admirável do Sermão da Montanha: (Lc)

—(Ismael) “Irmãos, a Pátria do Evangelho atinge agora a sua maioridade coletiva. Profundas transições assinalarão a sua existência social e política. Uma nação que alcança a sua maioridade é a responsável legítima e direta por todos os atos comuns que pratica, no concerto dos povos do planeta. Necessário é separemos agora o organismo político do Brasil dos alvitres permanentes e constantes do mundo espiritual, para que todos os seus empreendimentos sejam devidamente valorizados. À maneira dos indivíduos, as pátrias têm, igualmente, direito à mais ampla liberdade de ação, uma vez atingido o plano dos seus raciocínios próprios. Acompanharemos, indiretamente, o Brasil, onde as sementes do Evangelho foram jorradas a mancheias, a fim de que o seu povo, generoso e fraternal, possa inscrever mais tarde a sua gloriosa missão espiritual nas mais belas páginas da civilização, em o livro de ouro dos progressos do mundo. Seus votos evolutivos, no que se refere às instituições sociais e políticas, serão carinhosamente observados por nós, de maneira a não serem obstadas as deliberações das suas autoridades administrativas no plano tangível da matéria terrestre; mas, como o reino do amor integral e da verdade pura ainda não é do orbe terreno, urge reformemos também as nossas atividades, concentrando-as na obra espiritual da evangelização de todos os espíritos localizados na região do Cruzeiro.

“Consolidareis o templo de Ismael, para que do seu núcleo possam expandir-se, por toda a extensão territorial da pátria brasileira, as claridades consoladoras da minha doutrina de redenção, de piedade e de misericórdia. Ensinareis aos meus novos discípulos encarnados a paciência e a serenidade, a humildade e o amor, a paz e a resignação, para que a luta seja vencida pela luz e pela verdade. Abrireis para a caravana do Evangelho, que marcha ao longo dos caminhos da sombra, a estrada da revolução interior, cujo objetivo único é a reforma de cada um, sob o fardo das provas, sem o recurso à indisciplina perante as leis estatuídas no mundo e sem o auxílio das armas homicidas.

 “A Nova Revelação não é dada para que se opere a conversão compulsória de César às coisas de Deus, mas para que César esclareça o seu próprio coração, edificando-se no exemplo dos seus subordinados e tornando divina a sua imperfeita obra terrestre. Conduzireis, portanto, aos meus discípulos encarnados o estandarte da fé e da caridade, com o programa da renúncia e do desprendimento dos bens humanos, dentro dos sagrados imperativos da sua grandiosa missão.

 “A proclamação da República Brasileira, como índice da maioridade coletiva da nação do Evangelho, há-de fazer-se sem derramamento de sangue, como se operaram todos os grandes acontecimentos que afirmaram, perante o mundo, a Pátria do Cruzeiro, os quais se desenvolveram sob a nossa imediata atenção. Doravante, o Brasil político será entregue à sua responsabilidade própria. As transições se realizarão acima de todos os cultos religiosos, para que todas as conquistas se verifiquem fora de qualquer eiva de sectarismo.

  Os discípulos do Evangelho sofrerão, certamente, os efeitos dolorosos da borrasca em perspectiva; estaremos, porém, a postos, sustentando o Brasil espiritual, que, de ora em diante, passará a ser o nosso precioso patrimônio. Articularemos todas as possibilidades e energias em favor do Evangelho, no país inteira, e a obra de Ismael derramará as bênçãos fulgurantes do Céu sobre todos os corações, na estrada de todos os felizes e de todos os tristes da Terra.

“Acordemos a alma brasileira para a luminosa alvorada desse novo dia!

 “No capítulo das instituições humanas, os esforços que despendemos até agora estão mais ou menos encerrados; compete-nos, todavia, em todos os dias do porvir, conservar e desenvolver a “melhor parte”, espiritualizando essas mesmas instituições, dentro das grandes finalidades de todos os labores das esferas elevadas do plano espiritual.
“Bem-aventurados todos os trabalhadores da seara divina da verdade e do amor, pois deles é o reino imortal da suprema ventura!”

As falanges do Infinito, sob as bondosas determinações do Divino Mestre preparam, então, o último acontecimento político, que se verificaria com o seu amparo direto e que constituiria a proclamação da República. (...)O grande imperador recebe a notícia com amarga surpresa. Deodoro, que era íntimo do seu coração e da sua casa, voltava-se agora contra as suas mãos generosas e paternais. Todos os ambientes monárquicos pesam esse ato de ingratidão clamorosa; mas, a verdade é que todos os republicanos eram amigos íntimos de D. Pedro; quem não lhe devia, no Brasil, o patrimônio de cultura e liberdade?
Os instantes de surpresa, contudo, foram rápidos.

O nobre monarca repeliu todas as sugestões que lhe eram oferecidas pelos espíritos apaixonados da Coroa, no sentido da reação.

 Confortado pelas luzes do Alto, que o não abandonaram em toda a vida, D. Pedro II não permitiu que se derramasse uma gota de sangue brasileiro, no imprevisto acontecimento.
Preparou, rapidamente, sua retirada com a família imperial para a Europa, obedecendo às imposições dos revolucionários e, com lágrimas nos olhos, rejeita as elevadas somas de dinheiro que o Tesouro Nacional lhe oferece, para aceitar somente um travesseiro de terra do Brasil, a fim de que o amor da Pátria do Cruzeiro lhe santificasse a morte, no seu exílio de saudade e pranto.

 Jesus, porém, consoante à sua promessa, lhe santificaria os cabelos brancos. Uma tranquila paciência caracterizou o seu inenarrável martírio moral.
O grande imperador retirou-se do Brasil deixando, não um império perecível e transitório do mundo, mas uma família ilimitada, que hoje [1938] atinge a soma de quase cinquenta milhões de almas.


 Livro : Brasil,coração do mundo, pátria do Evangelho
Humberto de Campos psicografado por Chico Xavier