Jeová ou Iavé, o Deus de Israel, como já vimos anteriormente,
era o Espírito Guia do povo hebreu. Para os povos antigos, os Espíritos eram
Deuses e o Deus de cada povo era a Divindade Suprema. Esse o motivo pelo qual
Jeová se apresentava ao seu povo como se fosse o próprio Deus único. E como se
apresentava ele? Através da mediunidade, ensinando aos homens rudes do tempo as
verdades espirituais que deveriam frutificar no futuro. É por isso que
encontramos, nas páginas da Bíblia, não só o relato de fenômenos espíritas
ocorridos com o povo hebreu, mas também ensinamentos precisos e claros sobre a
mediunidade.
Logo após os episódios que comentamos, com fenômenos de
materialização e de comunicações, O Livro
dos Médiuns fornece-nos outros, em que vemos Jeová ensinar que a
mediunidade tem várias formas, como o ensina hoje o Espiritismo. A Bíblia está
cheia desses ensinos, que só não vêem os cegos ou os que não querem ver. Basta
o leitor ler a Bíblia, de qualquer tradução, católica ou protestante, no Livro
de Números, capítulo 12. Pode ler todo o capítulo, ou apenas os versículos 5 a
8. Nestes versículos, Jeová dá aos hebreus uma das lições que só muito mais
tarde apareceria de novo, mas então em O
Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. Vejamo-la.
Miriam e Aarão falavam mal de Moisés, por haver ele tomado
uma nova mulher, de origem cusita (era a mulher negra de Moisés). Ora, Jeová
não gostou disso e subitamente “desceu da nuvem”, para repreendê-los. Descer da
nuvem é materializar-se, pois a nuvem é simplesmente a formação de ectoplasma,
como a Bíblia deixa bem claro nos seus relatos. Imagina-se o Senhor do Universo,
o Deus-Pai do Evangelho, fazendo esse papel de alcoviteiro! Seria absurdo
tomarmos esse Jeová, sempre imiscuído nos assuntos domésticos, pelo próprio
Deus! Como espírito-guia, podemos compreendê-lo. E é como espírito-guia que ele
repreende os maldizentes, castiga Miriam, mas antes ensina:
Primeiro, diz ele que pode manifestar-se aos profetas
(médiuns) por meio de visão (da vidência) ou de sonhos. Depois, lembrando que
Moisés é o seu instrumento para direção do povo, esclareceu: “Não é assim com o
meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa”, e acrescenta: “Boca a boca
falo com ele, claramente, e não por enigmas”. Cinco formas da mediunidade
figuram no ensino bíblico: 1) a de vidência; 2) a de desprendimento, ou
sonambúlica; 3) a de materialização; 4) a de voz-direta; e 5) a de audiência. O
próprio Jeová ensinava a mediunidade, como o apóstolo Paulo, em I Coríntios,
ensinaria mais tarde a fazer uma sessão mediúnica.
Visão Espírita da BíbliaHerculano Pires