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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Dívida agravada. "...Que paraíso haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionam longos dias de angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto, sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te ama!...

Trecho de uma história para refletirmos sobre o que é uma dívida agravada e a importância de não desanimarmos em nossas lutas diárias para o nosso aperfeiçoamento e harmonização com os nossos irmãos de jornada evolutiva.

Do capítulo " Dívida Agravada"

[...]Nesse ponto da conversação, fomos interrompidos por dezenas de braços ressequidos a implorarem socorro.
        Silas fitava-os, compadecido, mas sem se deter, até que nosso passo foi cortado por apressada mulher, exclamando, ansiosa:

         -Assistente Silas! Assistente Silas!...

         Nosso amigo identificou-a, porque, parando de súbito, estendeu-lhe a destra amiga, murmurando:

         -Luísa, a que vens?

         Defrontavam-se em ambos a curiosidade e a aflição.

         A senhora desencarnada, com sinais de irreprimível angústia, gritou sem preâmbulos:

         -Socorro!...Socorro!...Minha filha, minha pobre Marina esmorece...Tenho lutado com todas as minhas forças para furta-la ao suicídio, mas agora me sinto enfraquecida e incapaz...

         Os soluços sufocaram-lhe a garganta, inibindo-lhe a voz.

         -Fala! – disse o orientador de nossa excursão, em tom imperativo, como se o alarme daquele instante lhe obscurecesse a serenidade mental, imprescindível ao entendimento da nova situação.

         A infeliz ajoelhada agora ergueu os olhos lacrimosos e suplicou:

         -Assistente pordoe-me a insistência em falar-lhe de meu infortúnio, mas sou mãe...Minha desventurada filha pretende matar-se esta noite, comprometendo-se, ainda mais, com as trevas da sua consciência!...

         Silas aconselhou-lhe a volta ao lar terreno, como lhe fosse possível, e, dando-nos as mãos, promoveu a viagem rápida para o objetivo a que devíamos atender.

         Em caminho, informou:

         -Trata-se de companheira da Mansão, reencarnada há quase trinta anos, sob os auspícios de nossa casa,. Prestar-lhe-emos o necessário auxílio, ao mesmo tempo em que vocês poderão examinar um problema de débito agravado.

         Notando que o nosso amigo entrara em silêncio, meu colega externou:

         -É impressionante observar o número de mulheres em trabalho de oração e assistência nessas paragens...

         Preocupado qual se achava, nosso generoso companheiro tentou ensaiar um sorriso que lhe não chegou aos lábios, e juntou:

         -Grande verdade...Raras esposas e raras mães demandam às regiões felizes sem os doces afetos que acalentam no seio...O imenso amor feminino é uma das forças mais respeitáveis na Criação divina.

         Todavia, não houve mais tempo para qualquer outra divagação.

         Atingíramos no plano físico; pequena moradia constituída de três peças desativadas e estreitas.

         O relógio acusava alguns minutos depois de zero hora.

         Acompanhando Silas, cuja presença deslocou diversas entidades da sombra que ali se ajuntavam com a manifesta intenção de perturbar, ingressamos num quarto humilde.

         Percebemos, sem palavras, que o problema era efetivamente desolador.

         Junto de jovem senhora agoniada e exausta, uma menina de dois a três anos choramingava, inquieta... Via-se-lhe nos olhos esgazeados e inconscientes o estigma dos que foram marcados por irremediável sofrimento ao nascer.    

         Contudo, através da preocupação indisfarçável de Silas, era fácil reconhecer que a pobre senhora era o caso mais urgente para os nossos cuidados.

         A infeliz, de joelhos, beijava sofregamente a pequenina, mostrando a indefinível angústia dos que se despedem para sempre.

         Logo após, em movimento rápido, tomou de um copo em que se encontrava beberagem cujo teor tóxico não nos deixava qualquer dúvida. Antes, porém de cola-lo à boca em febre, eis que o Assistente lhe disse em voz segura:

         -Como podes pensar na sombra da morte, sem a luz da oração?

         A desventurada não lhe ouvia a pergunta com os tímpanos de carne, mas a frase de Silas invadiu-lhe a cabeça qual rajada violenta.

         Lampejaram-lhe os olhos novo brilho e o copo tremeram-lhe nas mãos, agora indecisas.

         Nosso orientador estendeu-lhe os braços envolvendo-a em fluídos anestesiantes de carinho e bondade.

         Marina, pois era ela a irmã para quem aflito coração materno suplicara socorro, dominada de novos pensamentos, recolocou o perigoso recipiente no lugar primitivo e, sob a vigorosa influência do diretor de nossa excursão, levantou-se automaticamente e estirou-se ao leito, em prece...

-“Deus meu, Pai de Infinita Bondade – Implorou em voz alta -, compadece-te de mim e perdoa-me o fracasso! Não suporto mais... Sem minha presença, meu marido viverá mais tranqüilo no leprosário e minha desventurada filhinha encontrará corações caridosos que lhe dispensem amor... Não tenho mais recursos... Estou doente... Nossas contas esmagam-me... Como vencer a enfermidade que me devora, obrigada a costurar sem repouso, entre o marido e a filhinha que me reclamam assistência e ternura?...”

Silas administrava-lhe passes magnéticos de prostração e, induzindo-a a ligeiro movimento do braço, fez que ela mesma, num impulso irrefletido, batesse com força no copo fatídico, que rolou no piso do quarto, derramando o líquido letal.

         Em lágrimas copiosas, a pobre criatura insistiu, desolada:

-Ó Senhor, compadece-te de mim!...

Reconhecendo no próprio gesto impensado a manifestação de uma força estranha a entravar-lhe a possibilidade da morte deliberada naquele instante, passou a orar em silêncio, com evidentes sinais de temos e remorso, atitude mental essa que lhe acentuava a passividade e da qual se valeu o Assistente para conduzi-la ao sono provocado.

         Silas emitiu forte jacto de energia fluídica sobre o córtex encefálico dela, e a moça, sem conseguir explicar a si mesma a razão do torpor que lhe invadia o campo nervoso, deixou-se adormecer pesadamente, qual se houvera sorvido violento narcótico.

         O Assistente interrompeu a operação socorrista e falou-nos bondoso:

         -Temos aqui asfixiante problema de contra agravada.

         E designando a jovem mãe, agora extenuada, continuou:

         -Marina veio de nossa Mansão para auxiliar a Jorge e Zilda, dos quais se fizera devedora. No século passado, interpôs-se entre os dois, quando recém-casados, impelindo-os a deploráveis, leviandades que lhes valeram angustiosa demência no Plano Espiritual. Depois de longos padecimentos e desajustes, permitiu o Senhor que muitos amigos intercedessem, junto aos Poderes Superiores, para que se lhes recompusesse o destino, e os três renasceram no mesmo quadro social, para o trabalho regenerativo. Marina, a primogênita do lar de nossa irmã Luísa, recebeu a incumbência de tutela a irmãzinha menor, que assim se desenvolveu ao calor de seu fraternal carinho, mas, quando moças feitas, há alguns anos, eis que, segundo o programa de serviço traçado antes da reencarnação, a jovem Zilda reencontra Jorge e reatam, instintivamente, os elos afetivos do pretérito. Ama-se com fervor e confia-se ao noivado. Marina, porém, longe de corresponder às promessas esposadas no Mundo Maior, pelas quais lhe cabia amar o mesmo homem, no silêncio da renúncia construtiva, amparando a irmãzinha, outrora repudiada esposa, nas lutas purificadoras que a atualidade lhe ofertaria, passou a maquinar projetos inconfessáveis, tomada de intensa paixão. Completamente cega e surda aos avisos de sua consciência, começou a envolver o noivo da irmã em larga teia de seduções e, atraindo para o seu escuso objetivo o apoio de entidades caprichosas e enfermiças, por intermédio de doentios desejos, passou a hipnotizar o moço, espontaneamente, com o auxílio dos vampiros desencarnados, cuja companhia aliciara sem perceber... E, Jorge, inconscientemente dominado, transferiu-se do amor por Zilda à simpatia por Marina, observando que a nova afetividade lhe crescia assustadoramente no íntimo, sem que ele mesmo pudesse controlar-lhe a expansão...Decorridos breves meses dedicavam-se ambos a encontros ocultos, nos quis se comprometeram um com o outro na maior intimidade...Zilda notou a modificação do rapaz, mas procurava, desculpar-lhe a indiferença à conta de cansaço no trabalho e dificuldades na vida familiar. Todavia, em faltando apenas duas semanas para a realização do consórcio, surpreende-se a pobrezinha com a inesperada e aflitiva confissão... Jorge expõe-lhe a chaga que lhe excrucia o mundo interior... Não lhe nega admiração e carinho, mas desde muito reconhece que somente Marina deve ser-lhe a companheira no lar. A noiva preterida sufoca o pavoroso desapontamento que a subjuga a, aparentemente, não se revolta. Ms, introvertida e desesperada, consegue na mesma noite do entendimento a dose de formicida com que põe termo à existência física. Alucinada de dor, Zilda desencarnada foi recolhida por nossa irmã Luísa, que já se achava antes dela em nosso mundo, admitida na Mansão pelos méritos maternais. A genitora desditosa rogou o amparo de nossos Maiores. Na posição de mãe, apiedava-se de ambas as jovens, de vez que a filha traidora, aos seus olhos era mais infeliz que a filha escarnecida, embora esta última houvesse adquirido o grave débito dos suicidas, em seu caso atenuado pela alienação mental em que a moça se vira, sentenciada sem razão a inqualificável abandono... Examinado o assunto, carinhosamente, pelo Ministro Sânzio, que conhecemos pessoalmente, determinou ele que Marina fosse considerada devedora em contra agravada por ela mesma. E, logo após a decisão, providenciou a fim de que Zilda fosse recambiada ao lar para receber aí os cuidados merecidos. Marina falhara na prova de renúncia em favor da irmã que lhe era credora generosa, mas condenara-se ao sacrifício pela mesma irmãzinha, agora imposta pelo aresto da Lei ao seu convívio na situação de filha terrivelmente sofredora e imensamente amada. Foi assim que Jorge e Marina, livres, casaram-se, recolhendo da Terra a comunhão afetiva pela qual suspiravam; entretanto dois anos após o enlace, receberam Zilda em rendado berço, como filhinha estremecida. Ms... Desde os primeiros meses do rebento adorado, identificaram-lhe as dolorosas prova. Zilda, hoje chamada Nilda, nasceu surda-muda e mentalmente retardada, em conseqüência do trauma perispirítico experimentado na morte por envenenamento voluntário. Inconsciente e atormentada nos refolhos do ser pelas recordações asfixiantes do passado recente chora quase que dia e noite... Quanto mais sofre, porém, mais ampla ternura recolhe dos pais que a amam com extremados desvelos de compaixão e carinho... A vida corria-lhe regularmente, não obstante atribulada pelas provas naturais do roteiro, quando, há meses, Jorge foi apartado para o leprosário, onde se encontra em tratamento. Desde então, entre o esposo doente e a filhinha infeliz, Marina, em seu débito agravado, padece o abatimento em que a encontramos, martelada igualmente pela tentação do suicídio.

         Silenciou o Assistente.

         Achávamo-nos, eu e o Hilário, assombrados e comovidos.

         O problema era doloroso do ponto de vista humano, contudo encerrava precioso ensinamento da Justiça Divina.

         Silas acariciou a moça prostrada e acentuou:

         -Auxiliar-nos-á o Senhor para que se recupere e reanime.

         Nesse instante, a irmã Luísa penetrou no recinto entre deprimida e ansiosa.

         Inteirou-se de todas as ocorrências e agradeceu, enxugando as lágrimas.

         Silas, no entanto, interessado em conduzir o socorro até ao fim, administrou novos recursos magnéticos à mãezinha debilitada, e então presenciamos um quadro inesquecível.

         Marina ergueu-se em Espírito sobre o corpo somático e pousou em nós o olhar vago e inexpressivo...

         Nosso diretor, porém, com o despertar-lhe as percepções do Espírito, afagaram-lhe as pupilas, com as mãos aureoladas de fluídos luminescentes e, de repente, à maneira do cego que retorna à visão, a pobre criatura viu a genitora que lhe estendia os braços amigos e carinhosos. Com lágrimas a lhe correrem dos olhos, refugiou-se-lhe no regaço, gritando de alegria:

         -Mãe! Minha mãe!...Pois és tu?

         Luísa acolheu-a docemente no colo afetuoso, qual se o fizesse a uma criança doente e, mal reprimindo a emoção, falou-lhe, triste:

         -Sim, filha querida; sou eu, tua mãe!... Rendamos graças a Deus por este minuto de entendimento.

         E, beijando-a ternamente, embora aflita, continuou:

         -Por que o desânimo, quando a luta apenas começa? Ignoras que a dor é a nossa custódia celestial? Que seria de nós, Marina, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o bem? Regozija-te no combate que nos acrisola e salva para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e nem creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada. Lembra-te de que o Senhor transforma o veneno de nossos erros em remédio salutar para o resgate de nossas culpas... As enfermidades de nossas Jorge e as provações de nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de elevação para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes associa à experiência na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho ferido... Que fizeste do brio de mulher e do devotamento de mãe? Olvidaste o culto da oração que o lar te ensinou? Enganaste-te, assim tanto, para abraçar a covardia como glória moral? Ainda é tempo!... Levanta-te, desperta, luta e vive!... Vive para recuperar a dignidade feminina que tisnaste coma nódoa da traição...Recorda a irmãzinha que partiu, acabrunhada ao peso do fardo de aflição que lhe impuseste, e paga em desvelo e sacrifício, ao pé da filhinha doente, a conta que deves à Eterna Justiça!... Humilha-te e resgata a própria consciência, com o preço da expiação dolorosa, mas justa...Trabalha e serve, esperando em Jesus, porque o Divino Médico te restituirá a saúde do esposo, para que, juntos, possamos conduzir a pequenina enferma ao porto da necessária restauração. Não penses estar sozinha, nas longas e ermas noites em que te divides entre a vigília e a desolação!...Comungamos os mesmos sonhos, partilhamos as mesmas lutas!... Que paraíso haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionam longos dias de angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto, sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te ama!...

         Calou-se Luísa, pois que singultos incessantes lhe abafaram a voz.

         Marina, agora, ajoelhada e lacrimosa, osculava-lhe as mãos, clamando em súplica:

         -Mãe querida, perdoa-me! Perdoa-me!...

         Luísa ergueu-a com esforço e, dando-nos idéia dos calvários maternais que costumam prender as grandes mulheres, depois da morte, conduziu-a em passos vacilantes até à criança enferma e, acarinhando a fronte da pequenina, empapada de suor, implorou, humilde:

         -Filha querida, não procure a porta falsa da deserção... Vive para tua filhinha, como permite o Senhor para eu continuar vivendo por ti...

         A moça, renovada, rojou-se sobre a menina triste, mas, como se a emotividade daquela hora lhe sufocasse a mente desperta, foi repentinamente atraída pelo corpo de carne, como o grânulo de ferro pelo imã, e vemo-la acordar, em pranto copioso, bradando, inconsciente:

         -Minha filha!...Minha filha!...

         O Assistente, respeitoso, despediu-se de Luísa e afirmou:

         -Louvado seja Deus! Nossa Marina ressurge, transformada.

         Afastamo-nos sem palavras.

         Lá fora, no céu, nuvens distantes coroavam-se de luz aos clarões purpúreos da aurora e, de alma embriagada de reconhecimento e esperança, meditei na Infinita Bondade de Deus, que faz raiar, depois de cada noite, a bênção do novo dia.

 
Livro: Ação e Reação 
André Luiz , espírito e psicografado por Chico Xavier

 

A comuna de Koenigsfeld, mundo futuro em miniatura. "...A comunidade de Koenigsfeld nos oferece em miniatura o que será o mundo quando for regenerado..."


Revista Espírita 1865, julho. Estudos Morais.

A comuna de Koenigsfeld, mundo futuro em miniatura
 
Lê-se no Galneur de Colmar:
“A comuna de Koenigsfeld, perto de Villingen, na Floresta Negra, que tem cerca de 400 habitantes, forma um estado modelo em miniatura. Há cinquenta anos, que é o tempo de existência dessa comuna, jamais aconteceu que um só habitante tivesse tido envolvimento com a polícia; jamais houve casos de delitos ou de crimes; durante cinquenta anos, jamais houve hasta pública ou nasceu um filho natural. Jamais foi aberto um processo nessa comuna. Também ali não há mendigos.”
Esta interessante notícia foi lida na Sociedade de Paris e deu lugar à seguinte comunicação espontânea:
“É belo ver a virtude num centro restrito e pobre; ali todos se conhecem, todos se veem; a caridade ali é simples e grande. Não é o mais expressivo exemplo da solidariedade universal essa pequena comuna? Não é, em miniatura, o que um dia será o resultado da verdadeira caridade, quando esta for praticada por todos os homens? Tudo se resume nisto, espíritas: a caridade, a tolerância. Entre vós, a não ser o socorro ao infortúnio, que é exequível, as relações inteligentes, isentas de inveja, de ciúme e de dureza, o são sempre.”
LAMENNAIS
(Médium: Sr. A. Didier)

Qual a causa da maior parte dos males da Terra, senão o contacto incessante dos homens maus e perversos? O egoísmo mata a benevolência, a condescendência, a indulgência, o devotamento, a afeição desinteressada e todas as qualidades que fazem o encanto e a segurança das relações sociais. Numa sociedade de egoístas não há segurança para ninguém, porque cada um, buscando apenas o próprio interesse, sacrifica sem escrúpulos o do vizinho. Muitas pessoas se creem perfeitamente honestas porque são incapazes de assassinar e de assaltar pelas estradas. Mas será que aquele que, por cupidez e dureza, causa a ruína de um indivíduo e o leva ao suicídio; que reduz toda uma família à miséria, ao desespero, não é pior que um assassino e um ladrão? Ele assassina em fogo lento, e porque a lei não o condena, porque os seus semelhantes aplaudem a sua maneira de agir e a sua habilidade, julga-se isento de censuras e caminha de cabeça erguida! Além disto, os homens sempre desconfiam uns dos outros; sua vida é uma ansiedade perpétua; se não temem a espada nem o veneno, estão às voltas com a astúcia, a inveja, o ciúme, a calúnia, numa palavra, com o assassinato moral. Que seria preciso para fazer cessar esse estado de coisas? Praticar a caridade. Tudo se resume nisto, como diz Lamennais.
A comunidade de Koenigsfeld nos oferece em miniatura o que será o mundo quando for regenerado. O que é possível em pequena escala sê-lo-á em grande escala? Duvidar seria negar o progresso. Dia virá em que os homens, vencidos pelos males engendrados pelo egoísmo, compreenderão que seguem o caminho errado, e Deus quer que eles encontrem o caminho à sua custa, porque lhes deu o livre-arbítrio. O excesso do mal lhes fará sentir a necessidade do bem, e eles se voltarão para este lado, como para a única tábua de salvação. Quem os levará a isto? A fé séria no futuro, e não a crença no nada após a morte; a confiança num Deus bom e misericordioso, e não o medo dos suplícios eternos.
Tudo está submetido à lei do progresso; os mundos também progridem fisicamente e moralmente; mas, se a transformação da Humanidade deve esperar o resultado da melhora individual; se nenhuma causa vier apressar essa transformação, quantos séculos, quantos milhares de anos serão ainda necessários? Tendo a Terra chegado a uma de suas fases progressivas, basta que não seja mais permitido aos Espíritos atrasados aqui encarnarem e que, na medida das extinções, Espíritos mais adiantados venham tomar o lugar dos que partem, para que em uma ou duas gerações o caráter geral da Humanidade seja mudado. Suponhamos, pois, que em vez de Espíritos egoístas, a Humanidade seja, num dado tempo, formada de Espíritos imbuídos de sentimentos de caridade. Em vez de procurarem prejudicar-se, eles se ajudarão mutuamente. Viverão felizes e em paz. Não mais ambição de povo a povo e, portanto, não mais guerras. Não mais soberanos governando ao seu talante. A justiça em vez do arbítrio, portanto, não mais revoluções. Não mais os fortes esmagando e explorando o fraco. Equidade voluntária em todas as transações, portanto, não mais querelas nem trapaças. Tal será o estado do mundo depois de sua transformação. De um mundo de expiação e de provas, de um lugar de exílio para os Espíritos imperfeitos, ele se tornará um mundo feliz, um lugar de repouso para os bons Espíritos; de um mundo de punição, passará a ser um mundo de recompensa.
A comuna de Koenigsfeld incontestavelmente é composta de Espíritos adiantados, ao menos moralmente, senão cientificamente, e que praticam entre si a lei da caridade e do amor ao próximo. Esses Espíritos se reúnem por simpatia nesse recanto abençoado da Terra, para aí viver em paz, esperando que possam fazê-lo em toda a sua superfície. Suponhamos que alguns Espíritos embusteiros, egoístas e malévolos aí venham encarnar-se. Em breve semearão a perturbação e a confusão; ver-se-ão reviverem, como alhures, as querelas, os processos, os delitos e os crimes. Assim aconteceria com a Terra, após a sua transformação, se Deus a abrisse ao acesso dos maus Espíritos. Progredindo a Terra, aí eles estariam deslocados. É por isso que eles irão expiar seu endurecimento e refazer sua educação moral em mundos menos adiantados.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 155

 
A.K.: Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persiste entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas.

 
Miramez.

Fonte: http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q155c.html

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 154

 


 
O modo de morrer, que muitos têm, é o instinto de conservação que fala mais alto, como também a necessidade de cumprimento de deveres ante os compromissos assumidos no mundo onde estagiam e diante da própria consciência. O Espírito - é necessário que saiba - é perfeito em todas as nuances da vida. Tudo que vem sentir na carne e fora dela é pelo processo mental, é falta de harmonia na trajetória das idéias. Depois de educadas na escola de Nosso Senhor Jesus Cristo, cessam a inquietações e a alma desconhece a dor em quaisquer caminhos que se dispõe a percorrer, a não ser nos casos de grandes missionários da Verdade, que descem à carne para ensinar, pelo exemplo, como devemos suportar a dor. Entretanto, a sua dor é diferente: é sentida em outra dimensão de vida, é transformada, como o adubo na terra, em frutos saudáveis.
A morte natural é a morte divina; a criatura deixa o corpo,como se soltasse um pássaro de uma gaiola, e ganha mais liberdade de consciência, quando cumpre todos os seus deveres assumidos diante de Deus.

Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q154c.html