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quarta-feira, 1 de setembro de 2021

AUTOCRÍTICA " Esse trabalho analítico de dentro e para dentro nasce da humildade e da intenção de acertar com o bem, demonstrando para nós próprios o exato valor de nossas possibilidades em qualquer manifestação[...]Espelho da consciência — reflete a fisionomia da alma.

 Autocrítica



O Evangelho segundo o Espiritismo — Cap. XVII — Item 3



O milagre é invenção da gramática para efeito linguístico, pois na realidade somos arquitetos do próprio destino.


Se algum erro de cálculo existe na construção de nossas existências, o culpado somos nós mesmos.


Todos caminhamos suscetíveis de errar, todos já erramos bastante e todos ainda erraremos necessariamente para aprender a acertar; contudo, nenhum de nós deve persistir no erro, porquanto incorreríamos na abolição do raciocínio que nos constitui a maior conquista espiritual.


No reconhecimento da falibilidade que nos caracteriza, se não é lícito reprovar a ninguém, não será justo cultivar a indulgência para conosco; e se nos cabe perdoar incondicionalmente aos outros, não se deve adiar a severidade para com as próprias faltas.


Portanto, para acertar, não devemos fugir ao “conhece-te a ti mesmo”, que principia na intimidade da alma, com o esforço da vigilância interior.


Esse trabalho analítico de dentro e para dentro nasce da humildade e da intenção de acertar com o bem, demonstrando para nós próprios o exato valor de nossas possibilidades em qualquer manifestação.


Autocrítica sim e sempre…


Podão da sensatez — apara os supérfluos da fantasia.


Balança do comportamento — sopesa todos os nossos atos.


Lima da verdade — dissipa a ilusão.


Metro moral — define o tamanho de nosso discernimento.


Espelho da consciência — reflete a fisionomia da alma.


Em todas as expressões pessoais, é possível errarmos para mais ou para menos.


Quem não avança na estrada do equilíbrio que somente a autocrítica delimita com segurança, resvala facilmente na impropriedade ou no excesso, perdendo a linha das proporções.


Com a autocrítica, lisonja e censura, elogio e sarcasmo deixam de ser perigos destruidores, de vez que a mente provida de semelhante luz, acolhe-se ao bom senso e à conformidade, evitando a audácia exagerada de quem tenta galgar as nuvens sem asas e o receio enfermiço de quem não dá um passo, temendo anular-se, ao mesmo tempo que amplia as correntes de cooperação e simpatia, em derredor de si mesma, por usar os recursos de que dispõe na medida certa do bem, sob a qual, a compaixão não piora o necessitado e a caridade não humilha quem sofre.


Sê fiscal de ti mesmo para que não te levantes por verdugo dos outros e, reparando os próprios atos, vive hoje a posição do juiz de ti próprio, a fim de que amanhã, não amargues a tortura do réu.



André Luiz

terça-feira, 24 de agosto de 2021

CONCENTRAÇÃO MENTAL PELO ESPÍRITO ANDRÉ LUIZ

 Concentração mental


Na noite de 24 de março de 1955, recolhemos, de novo, a palavra do nosso amigo espiritual André Luiz, que nos falou com respeito à concentração mental. 


Amigos, muito se fala em concentração mental.


Círculos de fé concentram-se em apelos intempestivos ao Cristo.


Concentram-se companheiros de ideal com impecável silêncio exterior, sustentando inadequado alarido interno. No entanto, é forçoso indagar de nós mesmos que recursos estaremos reunindo.


Simplesmente palavras ou simplesmente súplicas? Sabemos que o justo requerimento deve apoiar-se no direito justo.


Situando a cabeça, entre as mãos, é imprescindível não esquecer que nos cabe centralizar em semelhante atitude os resultados de nossa vida cotidiana, os pequeninos prêmios adquiridos na regeneração de nós mesmos e as vibrações que estamos espalhando ao longo de nosso caminho.


É por isso que oferecemos, despretensiosamente, aos companheiros, alguns lembretes, que consideramos de importância na garantia de nossa concentração espiritual.



1° — Não olvide, fora do santuário de sua fé, o concurso respeitável que compete a você dentro dele.


2° — Preserve seus ouvidos contra as tubas de calúnia ou da maledicência, sabendo que você deve escutar para a construção do bem.


3° — Não empreste seu verbo a palavras indignas, a fim de que as sugestões da Esfera Superior lhe encontrem a boca limpa.


4° — Não ceda seus olhos à fixação das faltas alheias, entendendo que você foi chamado a ver para auxiliar.


5° — Cumpra o seu dever cada dia, por mais desagradável ou constrangedor lhe pareça, reconhecendo que a educação não surge sem disciplina.


6° — Aprenda a encontrar tempo para conviver com os bons livros, melhorando os próprios conhecimentos.


7° — Não se entregue à cólera ou ao desânimo, à leviandade ou aos desejos infelizes, para que a sua alma não se converta numa nota desafinada no conjunto harmonioso da oração.


8° — Caminhe no clima do otimismo e da boa vontade para com todos.


9° — Não dependure sua imaginação no cinzento cabide da queixa e nem mentalize o mal de ninguém.


10° — Cultive o auxílio constante e desinteressado aos outros, porque, no esquecimento do próprio “eu”, você poderá então concentrar as suas energias mentais na prece, de vez que, desse modo, o seu pensamento erguer-se-á, vitorioso, para servir em nome de Deus.



André Luiz


quinta-feira, 22 de julho de 2021

O DESERTO E NÓS







                         
[...]Estamos no deserto de nós mesmos em múltiplas e diferentes ocasiões: nos testemunhos das doenças prolongadas, com árduos tratamentos; nas experiências íntimas e dolorosas  das decepções, deserções e traições; nos momentos intransferíveis das escolhas decisivas; nas ações solitárias da consciência iluminada na direção do Bem em seu caleidoscópio de possibilidades; na vivência da saudade do magnetismo e presença dos entes queridos que nos antecederam na grande viagem; na solidão das tarefas iluminativas e reparadoras; nas aspirações sublimes de plenitude[...]Uma verdade, porém, é incontestável: temos que entrar no deserto de nós mesmos, com coragem e decisão, para nele encontrarmos as lições que nos conduzirão aos caminhos seguros ...
Fragmento de texto 




O DESERTO E NÓS


Quando ouvimos falar na Terra Santa prometida pelo Senhor, somos conduzidos pela imaginação a pensar numa terra extremamente bela, rica e fértil.
Equívoco!
A Terra Prometida tem sim, algumas belezas, riquezas e fertilidade, mas possui também um imenso deserto. Quais os sentidos dessa estranha presença?
Que lições podemos encontrar no deserto?

Na chamada Terra Santa ,o deserto é uma característica determinante na vida e na cultura dos povos que a habitam, apresentando-se ao leste de qualquer grande cidade: Jerusalém, Belém, Hebron, dentre outras. Mas é um deserto diferente: nada de imensas dunas de areias mas incontáveis montanhas marrons, cascalhos de erosão, cânions e vales, calor, serpentes, escorpiões, perigos e mortes e, claro, alguns oásis nos seus milhares de quilômetros.

A tradição judaico-cristã está marcada pela presença do deserto e suas lições. Abraão, Jacó, Moisés e o povo que conduzia, Davi, Elias, João Batista, Jesus e os discípulos, Paulo viveram experiências no deserto em ocasiões e sentidos diferentes.

Que sentidos podem apresentar essas experiências no deserto? Fé e obediência para Abraão, por exemplo; desafio e formação para Moisés e seu povo; abrigo para Jacó, Davi e Elias; cenário de meditação e ensino para João Batista e Jesus; disciplina e educação para Paulo.

O homem que descia de Jerusalém para Jericó, na parábola narrada por Jesus, o fazia por um caminho pelo deserto, o que torna a ação compassiva, socorrista e fraternal do samaritano ainda mais extraordinária, pois atender o agredido pelos bandidos implicava em colocar sua própria vida em risco.

Jesus e os discípulos se dirigiam frequentemente ao deserto para recolhimento e oração.

Curiosamente, nos relatos bíblicos, Deus aprecia falar no deserto e o fez com Abraão, Moisés, Elias. Isso nos faz pensar que o deserto é uma experiência de escuta e de autoescuta.

Foi no deserto de Dan, em companhia do casal Áquila e Prisca, que Paulo realizou um profundo processo de autoeducação: autoconhecimento, autoavaliação, meditação, disciplinas morais, privações, lutas internas, convívio fraternal, trabalho, mudança de paradigmas. Para o Apóstolo dos Gentios, o deserto foi uma experiência formativa para seu novo caráter que, a partir de então, passa a ter Jesus e o Evangelho como padrão de conduta.

E nossa experiência desértica? Podemos ou a temos de fato? Não precisaremos exatamente do deserto físico, material, mas da experiência do autoencontro e da autoescuta, da solidão no deserto de nós mesmos.

Estamos no deserto de nós mesmos em múltiplas e diferentes ocasiões: nos testemunhos das doenças prolongadas, com árduos tratamentos; nas experiências íntimas e dolorosas  das decepções, deserções e traições; nos momentos intransferíveis das escolhas decisivas; nas ações solitárias da consciência iluminada na direção do Bem em seu caleidoscópio de possibilidades; na vivência da saudade do magnetismo e presença dos entes queridos que nos antecederam na grande viagem; na solidão das tarefas iluminativas e reparadoras; nas aspirações sublimes de plenitude.

A multiplicação dos pães e peixes, que alimentou milhares de pessoas, ocorreu no deserto para onde as multidões seguiam a fim de ouvir o Senhor e dEle receber as bênçãos e curas.

Façamos o mesmo! Sigamos para nosso deserto agora em busca do Seu alimento, Sua bênção de curas das nossas dificuldades e temores internos, Seus ensinos libertadores.

Ao estar no deserto, enfim, podemos nos revoltar ou nos redimir, nos entregar aos seus perigos e suas consequências ou nos fortalecer no enfrentamento positivo dos desafios da Vida. Uma verdade, porém, é incontestável: temos que entrar no deserto de nós mesmos, com coragem e decisão, para nele encontrarmos as lições que nos conduzirão aos caminhos seguros nos labirintos da existência, ao autoencontro da harmonia conosco, com o próximo, com Deus e com a Natureza.


 Por Sandra Borba Pereira (RN)/  dezembro/2014 

terça-feira, 20 de julho de 2021

SER BOM " A criatura bondosa domina a arte da sinceridade ,pois, acima de tudo, é fiel consigo mesma."

 É preciso convir, també, que o orgulho ,frequentemente , estimulado no médium por aqueles que o cercam. Se tem faculdades um pouco além do comum, é procurado e elogiado, julgando-se indispensável, e logo toma  ares de importância e desdém, quando presta o seu concurso”.

(2ª Parte - cap. XX, ITEM 228.)





Ser bom é olhar as coisas e as pessoas com “os olhos do amor”. A criatura que aprendeu a ver tudo com bons olhos consegue perceber que todas as ocorrências da vida estão caminhando para uma renovação enriquecedora. No universo nada acontece que não tenha uma finalidade útil e providencial.


 As grandes dificuldades não significam castigos ou punições ,mas caminhos preparatórios para se alcançar dentro em breve um bem maior. 


O  bondoso é sustentado por sua auto-confiança e estimulado por um impulso forte e desinibido a fim de concretizar ou construir ações altruístas. Possui uma aura de vitalidade que reúne uma preciosa e rara combinação de ternura e destemor.


 A criatura bondosa domina a arte da sinceridade ,pois, acima de tudo, é fiel consigo mesma. Por ter desenvolvido uma natureza benevolente, tem aspecto jovial e sociável, demonstra carinho pelas crianças,aprecia a fauna e a flora, enfim gosta das coisas da Natureza. Em sua relação com os outros, é uma boa ouvinte, sempre disposta quando pode ser útil, solidária e cordial.


 Há uma diferença entre bondade e desatenção às necessidades pessoais. Ser bom não é ter uma vida associada à autonegação ou autonegligência, nem mesmo ajustar-se obsessivamente às exigências e necessidades dos outros. Acima de tudo, o bondoso conhece e defende os próprios direitos, ou seja, sabe cuidar de si mesmo.


 Entretanto, cuidar de si não quer dizer eu antes de tudo, mas com certeza significa eu também. A expressão “cuidar de si” não deriva do egoísmo ou do orgulho, mas traduz o dever de amar a criatura que temos responsabilidade de  amparar - nós mesmos.


 "É preciso convir, também que o orgulho, frequentemente, é estimulado no médium por aqueles que o cercam


Uma das características marcantes de nossa sociedade é fazer constantes solicitações e exigências às outras pessoas. Um indivíduo que aprendeu a ver com os” bons olhos do Amor'' tem a habilidade de não se deixar “estimular orgulhosamente” pelas pessoas que o rodeiam, porque aprendeu amar ou desempenhar sua tarefa na terra sem expectativas alheias.


 A incapacidade de dizer “não posso”, “não concordo”, “não sei”, “não quero” acarreta ao ser humano a perda do controle da própria vida. Isso, no entanto, não significa que deva dizer “não” a tudo, mas ter o direito de responder com franqueza quando lhe perguntam se gosta ou não de alguma coisa ;em outras palavras, deixar o outro saber como ele sente e pensa. Declarar de forma positiva e direta seus valores e propósitos é preservar sua dignidade e auto-respeito.Se uma pessoa não for capaz de pronunciar essas simples palavras “não” quando bem quiser, permitirá que outras pessoas a explorem sem parar, afastando daquilo que realmente pode e quer fazer.


 “Aqueles que nos cercam” pode nos levar a elogios desmedidos. Não se pode confiar confiar nos aplausos.Eles podem ser retirados a qualquer momento, não importa qual tenha sido nosso desempenho passado. A inconstância é um vício peculiar da massa comum.


 
Quando a criatura “crê se indispensável ,  e logo toma ares  de suficiência e de desdém quando presta seu concurso”,  devia  concientizar se de que, com essa atitude, não está ajudando os outros .O orgulhoso se precipita em satisfazer as vontades caprichosas, o bondoso estimula a aprendizagem ,porque sabe que é pelo caminho dos erros e acertos que venham conhecimento e, por consequência para o crescimento espiritual.


Aprender a ser uma pessoa  saudavelmente generosa pode estar ligado a uma longa aventura na área da perseverança. Ser bom não quer dizer que devemos interferir ou ficar preso nos problemas dos outros. Muitos de nós ficamos envolvidos numa generosidade compulsiva - atos de bondade motivados por sentimentos de culpa, obrigação, pena e de suposta superioridade moral.


Disse o Divino Amigo diante da população sofredora:”Tenho compaixão da multidão”.Para adquirir dádiva do conhecimento das virtudes ,é preciso elevar o entendimento e engrandecer o raciocínio com Jesus Cristo.


 Compaixão é um ato de elevada compreensão , em que reina fidelidade consigo mesmo, o auto-respeito , o perdão e a bondade. Ser bom, em sua exata definição, é fazer escolhas ou tomar atitudes com compaixão, lançando mão da própria dignidade e, ao mesmo tempo, promovendo a dignidade alheia. 



Francisco do Espírito Santo Neto

pelo Espírito HAMMED


Livro: A imensidão dos sentidos


sábado, 26 de junho de 2021

AUTO-OBSESSÃO POR MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA





Capítulo doloroso do comportamento humano que passa quase despercebido de grande número de pacientes e médicos, é o que diz respeito à auto-obsessão, fruto espúrio do egoísmo que gera o orgulho e os seus hediondos facínoras, quais o ódio, o ciúme, a inveja, o ressentimento.

Mais assinalado pelas heranças do primarismo que inspirado pelas conquistas da razão, o indivíduo permite-se algum extremo de proc edimento, impondo os próprios caprichos, sem conceder aos outros direitos equivalentes, derrapando na defesa da auto-imagem, considerando-se sempre a pessoa correta e melhores as suas opiniões. Quando isso não ocorre, entrega-se ao desleixo e abandona o esforço de crescimento interior a prejuízo das conquistas ético-morais que o capacitam para o avanço pela senda do progresso.

No primeiro caso, sofre o conflito de perfeccionismo, acreditando ser o indicado para tudo fazer melhor, e, quando assim acontece, levanta queixas e críticas contra os demais elementos do grupo social no qual se movimenta. Assevera que ninguém o entende, que as suas são as melhores intenções e o seu sacrifício em favor de todos não é levado em consideração merecida. Exigente, a todos agride, tornando o verbo amargo e ferino, possuindo as mãos calçadas por luvas de espinhos, e dedo em riste apontando sempre erros imaginários ou reais, que poderiam ser corrigidos mediante o estímulo edificante àqueles que os cometem.

Na segunda vertente, a destruição da imagem atira-o ao fosso do desestímulo e do desrespeito por si mesmo, abandonando a luta antes de enfrentá-la, assim tombando inerme na auto-obsessão, proibindo-se qualquer esforço para mudar de atitudePode-se notar que ambas condutas são profundamente autodestrutivas,trabalhadas pelas fixações pretéritas das existências infelizes de que não se conseguiu libertar.

Ressumando do inconsciente atual através dos delicados mecanismos do perispírito, impõem-se, perturbadoras, tornando-se algozes que infelicitam sem piedade aquele que lhes padeceram as injunções perversas.

O perfeccionista atormenta a todos, porque vive inquieto, desconfiado dos próprios valores, buscando o aplauso exterior, face à insatisfação interna de que se vê objeto. A auto-imagem que tenta apresentar não corresponde à realidade, razão porque, passado o momento das exigências que comprazem ao ego, derrapa em rebeldia contra si mesmo, afligindo-se com remorsos injustificáveis que não ajudam a reeducação, porquanto logo volve aos disparates habituais.

Na fase, porém da auto-recriminação – conduta que é autodestrutiva – amargura- se e desanima ante as atividades que devem ser leva das adiante. Cessados os efeitos momentâneos dessa reflexão perturbadora, reassume apostura inadequada de censor inclemente, sempre disposto a agredir.

Já o desleixado, que se autopuniu mediante o desprezo a que se atirou, guarda interiormente o sentimento de orgulho ferido, agredindo o grupo social através do mecanismo de vingança que, na impossibilidade de atingir a quantos crê não o respeitarem, volta-o contra si mesmo, matando a imagem dos outros na sua figura desprezível.

Todas essas e outras síndromes de condutas enfermas desenham o quadro patológico da auto-obsessão, em que o paciente lúcido sabe o que está fazendo, sem interesse real de empenhar-se para alterá-lo trabalhando por uma nova maneira de conquistar a saúde emocional.

Ocorre que, em situações de tal natureza, a questão de sintonia faz-se naturalmente e são sincronizadas as próprias com outras mentes de seres desencarnados que estagiam na mesma onda psíquica, perturbados e infelizes, aderindo aos que lhes são equivalentes, nutrindo-se reciprocamente enquanto mais se desgastam.

Torna-se urgente que sejam estudadas tais condutas  patológicas nas áreas do animismo como do mediunismo, a fim de que essas ressonâncias sejam interrompidas, enquanto agentes e pacientes recebam a terapia conveniente, que tem por base o esforço
pela transformação moral do ser, aplicando-se à autovigilância encarregada de minimizar, remediar e evitar a reincidência dessa extravagante forma de comportamento.

Curiosamente, podemos encontrar suas vítimas entre pessoas realmente generosas, porém, enquanto forem aceitas suas imposições ou negligências, conforme cada qual se apresente.

A característica comum desses pacientes é a dificuldade que têm de laborar em grupo, em razão do egoísmo que os assinala, do orgulho que se fere com facilidade, dos ressentimentos que se demoram arraigados, dos ciúmes que se permitem, nunca valorizando as demais pessoas que formam o conjunto.

Podem mesmo possuir ideais nobilitantes, sem que abdiquem dos
pontos de vista que devem sempre predominar, tornando-se arbitriamente líderes por imposição, quando esses, em realidade o são por inspiração e métodos adequados, salutares, de conduzir aqueles que se lhes acercam.

Mais lamentável é a patologia auto-obsessiva, porquanto permanece além do túmulo, amargurando com sevícias cruéis o enfermo deslindado da matéria mas não dos hábitos transtornadores.

A problemática se alonga por período expressivo, muitas vezes sendo necessária a internação em Nosocômios especializados, que o amor de nobres Espíritos edificaram na Espiritualidade com esse objetivo específico.

Somente a pouco e pouco, o calceta desperta para os prejuízos que a sua atitude doentia causou a si mesmo, dando curso a problemas que permanecerão aguardando reparação.

A oportunidade da vida social é de alta magnitude, por ensejar ao Espírito o salutar atrito das arestas que impedem a harmonia, contribuindo para o êxito dos empreendimentos que facultam o progresso do indivíduo assim como o da Humanidade.

No relacionamento entre as pessoas surgem os saudáveis instantes de aprendizado, mesmo quando as circunstâncias não o propiciam diretamente, o que pode ser também positivo. 

Não raro, muitas ocorrências que se apresentam desastrosas com paciência e correção se transformam em legítimas bênçãos que o Espírito utiliza para o desenvolvimento de valores morais adormecidos e conquistas éticas não alcançáveis por outros meios.

A vida é permanente educadora, facultando aos alunos das existências sucessivas o aprimoramento de si mesmos com excelentes ensejos de iluminação da consciência.

Quando convidados ao serviço do Bem, eis que surge mas maravilhosas ensanchas de trabalhar o egoísmo e limar o orgulho, harmonizando-se e fruindo a felicidade que o próprio serviço enseja.

Certamente, a ação edificante é sempre de resultados mais felizes para aquele que a executa, proporcionando-lhe o júbilo de também ser útil aos demais, espalhando esperanças e construindo o melhor, de forma que acrescenta ao existente valiosos contributos que tornam a vida mais bela e significativa.

Cabe, portanto, a todos os indivíduos, o empenho pela transformação moral, a fim de se liberarem do verdugo interior, que são as más inclinações que os levam às dolorosas auto-obsessões com amplos comprometimentos para as interferências danosasdos Espíritos perversos, que se comprazem em afligir todos quantos se lhes tornam vítimas ou estão de alguma forma, vinculados por compromissos infelizes do passado.

Todo o empenho dever ser desenvolvido para que se auo-analisem e tenham coragem de romper com as couraças da falsa invulnerabilidade impostas pelo egoísmo e pelo orgulho.

Enquanto vicejem as expressões da matéria no processo da evolução, o ser se encontra sob os camartelos da fragilidade, necessitando manter a vigilância em torno dos mecanismos que a acionam, e que se transformam em processos de sofrimento, porque assinalados pelos desejos que procedem da anterioridade dos instintos primários por onde deambulou. 

Os remanescentes dessas experiências demoram-se impondo os seus métodos dominadores, tais como a força, o egoísmo, a astúcia, a predominância da violência antes que da razão, arrastando-o com os seus grilhões constritores.

O conhecimento, que conduz à conquista da consciência, consegue operar-lhe a libertação dos desejos infrenes e angustiantes, alçando-o às aspirações luninescentes da espiritualização, graças, à qual, desaparecem os fenômenos da auto-obsessão e das demais outras expressões patológicas obsessivas.

Torna-se inadiável a necessidade de ser aplicado o auto-exame em referência aos pensamentos e atitudes cotidianos, de modo que se façam estabelecidos programas de disciplina mental e emocional, alterando o comportamento doentio, reestruturando a personalidade, a fim de que sejam conseguidas as metas aneladas.

O Espírito é um ser saudável, face à sua origem, experimentando o desabrocharde todas as faculdades que lhe dormem no imo, embora permaneçam por algum tempo as marcas predominantes do trânsito evolutivo, que deverá superar a partir do momento que desperta para a razão.

À medida que se impregna de sentimentos enobrecedores, mais fascínio experimenta pela conquista de patamares elevados, n os quais aspira a mais amplo horizonte de libertação.

O egoísmo, portanto, cujo predomínio em a natureza animal é de largo tempo, deve ser substituído pelo altruísmo através do corr eto esforço de bem servir à coletividade de cujo mister se fruem benesses mais propiciadoras de felicidade.

Enquanto se pensa em plenitude egoísta, persegue-se uma utopia de breve duração.

O ser humano está fadado ao trabalho e à convivência social, nos quais haure recursos para o próprio como para o desenvolvimento coletivo, sem cuja conquista permaneceria em estágio primitivo.

A vida possui, desse modo, a finalidade precípua de ensejar o seu progresso ininterrupto na direção do Psiquismo Divino que o atrai e fascina mesmo que inconscientemente.

A auto-obsessão, desse modo, cederá lugar ao tropismo do Amor que o erguerá dos limites e dores nos quais se encontra, para os indimensionais espaços da auto-realização.

Manoel P. de Miranda
Erkrath, Düsseldorf (Alemanha), 13 de junho de 1998.

Livro: Luzes do Alvorecer 
cap.15 - Distúrbios Emocionais Obsessivos

quarta-feira, 19 de maio de 2021

A CÓLERA..."O orgulho vos leva a vos julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar"... /..."Dizei, pois, que o homem só permanece vicioso porque o quer, mas que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode fazer"...

Evangelho Segundo o Espiritismo: Cap.10 Bem Aventurado os Misericordiosos.

A Cólera

Um Espírito Protetor
Bordeaux, 1863

9. O orgulho vos leva a vos julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar, e a vos considerardes, ao contrário, de tal maneira acima de vossos irmãos, seja na finura de espírito, seja no tocante à posição social, seja ainda em relação às vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e vos fere. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera.

Procurai a origem desses acessos de demência passageira, que vos assemelham aos brutos, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; procurai-a, e encontrareis quase sempre por base o orgulho ferido. Não é acaso o orgulho ferido por uma contradita, que vos faz repelir as observações justas e rejeitar, encolerizados, os mais sábios conselhos? Até mesmo a impaciência, causada pelas contrariedades, em geral pueris, decorre da importância atribuída à personalidade, perante a qual julgais que todos devem curvar-se.

No seu frenesi, o homem colérico se volta contra tudo, à própria natureza bruta, aos objetos inanimados, que despedaça, por não o obedecerem. Ah! Se nesses momentos ele pudesse ver-se a sangue-frio, teria horror de si mesmo ou se reconheceria ridículo! Que julgue por isso a impressão que deve causar aos outros. Ao menos pelo respeito a si mesmo, deveria esforçar-se, pois, para vencer essa tendência que o torna digno de piedade.

Se pudesse pensar que a cólera nada resolve, que lhe altera a saúde, compromete a sua própria vida, veria que é ele mesmo a sua primeira vítima. Mas ainda há outra consideração que o deveria deter: o pensamento de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não sentirá remorsos por fazer sofrer as criaturas que mais ama? E que mágoa mortal não sentirá se, num acesso de arrebatamento, cometesse um ato de que teria de recriminar-se por toda a vida!

Em suma: a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede que se faça muito bem, e pode levar a fazer-se muito mal. Isso deve ser suficiente para incitar os esforços para dominá-la. O espírita, aliás, é incitado por outro motivo: o de que ela é contrária à caridade e à humildade cristãs.

Hahnemann
Paris, 1863

10. Segundo a idéia muito falsa de que não se pode reformar a própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos em que se compraz voluntariamente, ou que para isso exigiram muita perseverança. É assim, por exemplo, que o homem inclinado à cólera se desculpa quase sempre com o seu temperamento. Em vez de se considerar culpado, atribui a falta ao seu organismo, acusando assim a Deus pelos seus próprios defeitos. É ainda uma conseqüência do orgulho, que se encontra mesclado a todas as suas imperfeições.

Não há dúvida que existem temperamentos que se prestam melhor aos atos de violência, como existem músculos mais flexíveis, que melhor se prestam a exercícios físicos. Não penseis, porém, que seja essa a causa fundamental da cólera, e acreditai que um Espírito pacífico, mesmo num corpo bilioso, será sempre pacífico, enquanto um Espírito violento, num corpo linfático, não seria dócil. Nesse caso, a violência apenas tomaria outro caráter. Não dispondo de seu organismo apropriado à sua manifestação, a cólera seria concentrada, enquanto no caso contrário seria expansiva.

O corpo não dá impulsos de cólera a quem não os tem, como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. Sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade? O homem que é deformado não pode tornar-se direito, porque o Espírito nada tem com isso, mas pode modificar o que se relaciona com o Espírito, quando dispõe de uma vontade firme. A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da vontade, pelas transformações  verdadeiramente miraculosas que se operam aos vossos olhos? 
Dizei, pois, que o homem só permanece vicioso porque o quer, mas que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode fazer. De outra maneira, a lei do progresso não existiria para o homem.

Copyright 2004 - LAKE - Livraria Allan Kardec Editora
(Instituição Filantrópica) Todos os Direitos Reservados

Cólera: ..."A cólera é comparável a uma implosão mental de conseqüências imprevisíveis..." // ..."Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios, arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição e sofrimento"... // "Quando a tempestade da cólera explode no ambiente, despedindo granizos dilacerantes, vemo-la por antena de amor, isolando-lhes os raios..."




IMPLOSÃO  MENTAL
Emmanuel

A cólera é comparável a uma implosão mental de conseqüências imprevisíveis.

Quando te sintas sob a ameaça de semelhante flagelo, antes de falar ou escrever, usa o método conhecido de permanecer em silêncio contando até cem. Se os impulsos negativos continuam, afaste-te para um lugar à parte e faze uma oração que te reequilibre.

Notando que a medida não alcançou os fins necessários, busca um recanto da natureza, onde encontres plantas e flores, cujas emanações te balsamizem o espírito.

Na hipótese de não retornares à tranqüilidade, procura algum templo religioso e confia-te novamente à prece, esforçando-te para que a paz te fale no coração.

No entanto, se essa providência ainda falhar, dirige-te a um remédio amigo que, com certeza, te aliviará com sedativos adequados, a fim de evitares a implosão de tuas próprias forças.

Emmanuel - Do livro: Luz e Vida - Psicografia: Francisco Cândido Xavier
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UM  MINUTO  DE  CÓLERA


 Emmanuel

Um minuto de cólera pode ser uma invocação às forças tenebrosas do crime, operando a ruptura de largas e abençoadas tarefas que vínhamos efetuando na sementeira do sacrifício.

Por esse momento impensado, muitas vezes, esposamos escuros compromissos, descendo da harmonia à perturbação e vagueando nos labirintos da prova por tempo indeterminado à procura da necessária reconciliação com a vida em nós mesmos.

Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios, arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição e sofrimento.

Em muitos lances da luta evolutiva, semelhante minuto é o fator de longa expiação, na qual, no corpo de carne ou fora dele, somos fantasmas da aflição, exibindo na alma desorientada e enfermiça as chagas da loucura, acorrentados às conseqüências de nossos erros a reagirem sobre nós, à feição de arrasadora tormenta.

Se te dispões, desse modo, à jornada com  Jesus em busca da própria sublimação, aprende a dominar os próprios impulsos e elege a serenidade por clima de cada hora.

Ama e serve, perdoa e auxilia sempre, recordando que cada semente deve germinar no instante próprio e que cada fruto amadurece na ocasião adequada.

Toda violência é explosão de energia, cujos resultados ninguém pode prever.

Guardemos o ensinamento do Cristo no coração, para que o Cristo nos sustente as almas na luta salvadora em que nos cabe atingir a redenção, dia a dia.

Livro: Semeador Em Tempos Novos - Francisco Cândido Xavier


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ESTRELA   OCULTA
Emmanuel
Quando a tempestade da cólera explode no ambiente, despedindo granizos dilacerantes, vemo-la por antena de amor, isolando-lhes os raios, e se o temporal da revolta encharca os que tombam na estrada sob o visco da lama, ei-la que surge igualmente por força neutralizante, subtraindo o lodo e aclarando o caminho...

Remédio nas feridas profundas que se escondem  na alma, ante os golpes da injúria, é bálsamo invisível, lenindo toda chaga.

Socorro nobre e justo, é a luz doce da ausência ajudando e servindo onde a leviandade arroja fogo e fel.

Filha da compaixão, auxilia sem paga impedindo a extensão da maldade infeliz...

Ante a sua presença, a queixa descabida interrompe-se e pára e o verbo contundente empalidece e morre.

Onde vibra, amparando, todo ódio contém-se, e o incêndio da impiedade apaga-se de chofre...

Acessível a todos, vemo-la em toda parte, onde o homem cultive a caridade simples, debruçando-se, pura, à maneira de aroma envolvente e sublime, anulando o veneno em que a treva se nutre...

Guardemo-la conosco, onde formos chamados, sempre que o mal responde, delinqüente e sombrio, porque essa estrela oculta, ao alcance de todos, é a prece do silêncio em clima de perdão.
  
Livro Paz e Renovação. Diversos Espíritos. Psicografia Chico Xavier
 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

ESCÂNDALOS "As alegorias do Mestre demonstram a Sua profunda sabedoria de esconder na letra que mata, o espírito que vivifica, porque os Seus eram ensinamentos para todos os períodos e tempos da Humanidade, não somente para uma fase do processo evolutivo do ser humano e do planeta terrestre.



"Aí do mundo por causa dos escândalos." - Mateus, (cap.XVIII, v. 7)

Tudo aquilo quanto violente o equilíbrio, o estabelecido, constitui um escândalo, uma irreverência atentatória contra a ordem. Como consequência, os efeitos do ato danoso produzem ressonância, desarmonizandoo indivíduo e, com ele, o grupo social, no qual se encontra situado.

Por constituir um desequilíbrio daquele que o pratica, o escândalo, sob o ponto de vista da psicologia profunda, é manifestação da sombra que permanece em vertiginosa expansão no ser humano, gerando vícios e hábitos mórbidos que levam a desaires profundamente perturbadores, já que terminam por afetar aqueles que lhe compartem a convivência, a afetividade.
Invariavelmente, nesse caso, é de natureza íntima e ninguém toma conhecimento, porque permanece agindo no lado escuro da personalidade, fomentando distúrbios emocionais e comportamentais de variado porte, que se transformam em conflitos de consciência quando defrontados com o ético, o social e o espiritual.

Quase sempre o indivíduo mergulhado na sombra, de que tem dificuldade de se libertar, disfarça as imperfeições projetando a imagem irreal de um comportamento que está longe de possuir, mas que se torna, não raro, severo para com os demais e muito tolerante para com os próprios erros.

Estabelecida essa transferência psicológica de conduta, passa a viver em torvelinho de paixões e tormento aflições que procura disfarçar com habilidade.

O lamento do Homem-Jesus sobre o escândalo é portador de uma invulgar energia nos Seus discursos, convidando a atitudes que seriam absurdas se consideradas na letra neotestamentária, que conclama à eliminação do órgão por intermédio do qual se processa o escândalo, antes que despertar na Vida além do corpo com o seu modelo perispiritual degenerado. Isto porque, todas as construções mentais do Espírito, antes de atingirem o corpo e o induzirem à ação de qualquer procedência, são decodificadas pelo agente intermediário, que se encarrega de impulsionar a forma física na execução do propósito psíquico.

Assim sendo, compreensivelmente a matéria não é responsável pelas ações a que vai induzida. Razão porque fortaleza e fraqueza de caráter, de vontade, de ação, pertencem ao Espírito e não ao corpo, que sempre reflete a origem de onde procedem. É inevitável a ocorrência de fenômenos perturbadores e infelizes, considerando-se o estágio em que se demoram as criaturas humanas, a sua anterioridade de conduta, os hábitos a que se encontram vinculadas. Todavia, quando alguém se ergue para censurar e condenar sem autoridade moral para o fato, também produz escândalo, por esconder a deficiência e desforçar-se naquele em quem projeta a inferioridade que gostaria de eliminar.

Nessa proposta encontra-se embutido também o dever que a todos cumpre, que é respeitar as decisões e ações do seu próximo, porquanto, quem se levanta para impedir o processo de desenvolvimento de outrem, seja por qual motivo for, realiza um escândalo de agressão ao seu livre arbítrio, envolvendo-o na sua sombra, de que não se consegue libertar. Esse é o sentido revolucionário da palavra de Jesus, em torno da necessidade de auto-iluminação para se arrancar o órgão escandaloso: língua, braço, mão, pé...

Erradicar na sua origem a onda vibratória que vai acionar o órgão, eis o esforço que deve ser empreendido, de forma que seja eliminada a causa geradora da futura ação malévola, de modo que o indivíduo se harmonize, mudando a linha direcional das aspirações e dos compromissos aos quais se vincula. Inevitavelmente se tornam necessários os escândalos no mundo, porque constituem advertências para a observância dos bons princípios, porquanto se assim não fora, dificilmente se poderia aquilatar os males que produzem os instintos agressivos, os comportamentos destrutivos, invitando às mais audaciosas conquistas morais.

Para que os escândalos se tornem conhecidos, as criaturas se lhes tornam intermediárias, e é a essas que Jesus lamenta com severidade, porquanto estão escrevendo o capítulo obscuro do seu porvir, no qual defrontarão os frutos apodrecidos das atitudes anteriores que ora lhes exigem recuperação. Como é sempre mais difícil reeducar, reparar e refazer, o discurso de advertência tem cabida, ajudando o indivíduo a poupar-se, mesmo que com austeridade, de muitos prazeres que são de natureza primária e perversa, do que os fruir e passar a viver sob o açodar da consciência intranqüila e do coração angustiado.

Quando o indivíduo escandaliza, prescreve para si mesmo consequências lamentáveis, sendo conduzido a percorrer o caminho de volta com aqueles a quem feriu, ou enfrentando os acidentes morais que foram deixados no transcurso dos seus atos. E' necessário, por enquanto, a ocorrência do escândalo e das suas sequelas morais e espirituais, porque, dessa maneira, as criaturas passam a considerar a profundidade do significado existencial, que é todo elaborado em compromissos de dignificação e de engrandecimento moral.

Um campo não lavrado se torna pasto de miasmas ou de morte, área desértica, selvagem ou pantanosa, aguardando o arado e o dreno, conforme for o espaço de que se disponha para semear e cultivar. As afeições agressivas e conflituosas no lar ou fora dele resultam das ações escandalosas do passado, ora de retorno, a fim de que se reabilitem aqueles que geraram as dificuldades, provando o pão amargo do seu vício e da sua insensatez.

A única maneira de construir-se o futuro ditoso é extirpar dos sentimentos o egoísmo, esse grande responsável pelos males que se multiplicam em toda parte, substituindo-o pelo seu antagonista, que é o altruísmo, gerador de bênçãos e estimulante para o crescimento moral daquele que o cultiva.

Na conduta de sombra espessa do passado, muitos místicos, atormentados pelo masoquismo, levaram a severa proposta de Jesus ao pé da letra, procurando amputar os órgãos que provocaram anteriormente danos ao próximo, esquecidos de que esses prejuízos são sempre de natureza moral, permanecendo insculpidos naqueles que os operam.

Essa necessidade de sofrimento, de castração, de amputação, está superada pela razão, pelo discernimento, que demonstram as excelentes oportunidades que se podem fruir utilizando-os de forma positiva e edificante, face às necessidades de toda natureza que são encontradas amiúde aguardando socorro e orientação.

Qual a utilidade de amputar-se a mão que esbofeteou, quando ela não pode recuperar moralmente aquele que foi ultrajado? E como amputar o pensamento vil, senão através da disciplina que cultiva aspirações enobrecedoras e induz a condutas de liberdade? Os vícios, que são heranças do primarismo ancestral do ser, necessitam de correção mediante o esforço empreendido para a aquisição de novos costumes, aqueles que são saudáveis e contribuem para o bem-estar.

Seria um absurdo, num homem de excelente lucidez, arrancar-se um olho porque é instrumento da inveja daquilo que observa, sendo que é no Espírito que se encontra a mazela, a inferioridade moral, a ambição desmedida de possuir o que noutrem percebe. Extirpar o órgão, de forma alguma altera o sentido mental do comportamento, enquanto que necessário é corrigir a óptica emocional para tudo visualizar com alegria e gratidão a Deus, eis a forma mais exequível para a superação das dificuldades enraizadas no ego discriminador.

As alegorias do Mestre demonstram a Sua profunda sabedoria de esconder na letra que mata, o espírito que vivifica, porque os Seus eram ensinamentos para todos os períodos e tempos da Humanidade, não somente para uma fase do processo evolutivo do ser humano e do planeta terrestre. Penetrando nos arcanos do futuro, Ele podia perscrutar a sua essencialidade e cultura, deixando desde então exarados os códigos de respeito pela vida e de integração na Consciência Cósmica.

A visão da unicidade das existências, em uma psicologia superficial, torna absurda a lição do Mestre a respeito dos escândalos, bem como outras de notável atualidade, se confrontadas com a doutrina dos renascimentos corporais, que contém a sementeira dos atos e a sua colheita, a realização em uma etapa e o seu reencontro em outra, constituindo o método educativo e salutar para o desenvolvimento de todos os valores éticos que jazem adormecidos no ser profundo, aguardando os fatores propiciatórios ao seu desenvolvimento.

Enquanto o ser humano não se liberta dos prejuízos morais a que se entrega, cabe o lamento do Mestre: -Ai do mundo por causa dos escândalos, face aos infelizes efeitos que deles decorrem.

Joanna de Ângelis/Divaldo Franco
Do Livro: Jesus e o Evangelho