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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Espírita: Não se Turbe o Vosso Coração


ADILTON PUGLIESE
“No mundo tereis aflições. Eu porém venci o mundo e, comigo, também vencereis.” (João,
16:33.)
“Não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim.” (João, 14:1.)

Essas orientações do Mestre, pronunciadas de forma substantiva, têm profundo
significado nos dias atuais. Aliás, em todas as épocas os discípulos sinceros,
os que elegeram as cruzes de seus desatinos como forma purificadora e reabilitadora
perante as leis de
Deus, debruçaram-se sobre essas palavras, desde os antigos pergaminhos,
passando pela maravilha das impressões tipográficas, até os dias modernos,
quando a tecnologia nos possibilita as gravações eletrônicas, o computador e a
Internet.
A partir do momento em que lançou as bases da sua missão, cujas diretrizes
viriam a constituir os Evangelhos, Jesus sabia que as reações mais diversas ocorreriam,
desafiando a Boa Nova. A Alegre Mensagem, esperada havia séculos,
atrairia para ela os corações simples, os que estavam cansados de sofrer, os
adeptos sinceros, que se deixariam imolar pela sua verdade e propagação. Contudo,
o preconceito e o poder da época levantariam armas contra a palavra libertadora,
gerando pânico e temor.
A pregação do Mestre, nos primeiros momentos, ao mesmo tempo que comovia
e atraía seguidores de Sua Causa, que se sensibilizavam com o Seu Verbo
amoroso e esclarecedor, em outros acendia as labaredas da raiva e do despeito,
pois não aceitavam, orgulhosos uns, vaidosos outros, a proposta de mudanças íntimas.
Mas as bases do Cristianismo eram irreversíveis e para ele atrairiam não só
os simples, mas também grandes intelectuais da época, a exemplo do Moço de
Tarso, fariseu e cidadão de Roma, cuja primeira fase na História é caracterizada
como “perseguidor dos cristãos”. Mas, uma vez interpelado pelo Mestre, no famoso
momento na estrada de Damasco, deixa-se seduzir pela força da personalidade
ímpar de Jesus e, então, passa à segunda fase de sua existência, dedicando-se à
causa da novel Doutrina, tornando-se o Apóstolo dos Gentios. As suas cartas estão
impregnadas de relatos de lances heróicos, de lutas, de ameaças e sofrimentos, de
humilhações e constrangimentos provocados por parte daqueles que se tornaram
adversários cruéis das verdades novas.
São passados vinte séculos e o que vemos nos dias atuais? O Cristianismo
consolidando-se como o maior conjunto de religiões do mundo civilizado, com cerca
de 2,1 bilhões de seguidores. Contudo, seus adeptos se afastaram da verdadeira
substância da mensagem primitiva, mantendo-se longe do autêntico sentido dos
ensinamentos de Jesus. A mão do homem deturpou a pureza do Evangelho primitivo,
criando, também, uma estrutura teológica que jamais o Cristo praticou ou sugeriu.
Sabia Ele, porém, que seria assim, e, em sublime momento, nos derradeiros
dias de sua missão, promete que não deixaria a Humanidade órfã, sobretudo os de
boa vontade, os de coração sincero; Ele rogaria ao Pai para, mais tarde, enviar o
Consolador.
Há quase um século e meio, em Paris, este fato aconteceu e, como no tempo
dEle, que não foi reconhecido — até mesmo pelo Precursor dos seus passos, que
enviou dois de seus seguidores para interpelá-lo, se Ele era, realmente, o Cristo
citado nas Escrituras, como narram Mateus (11:2-6) e Lucas (7:18-23): “— És tu
aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” E ouvem, da boca do Mestre, a
incontestável confirmação, pela evidência dos fatos que Ele opera à vista dos discípulos
atônitos e maravilhados: “Ide contar a João o que vistes, e ouvistes: os cegos
vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos
são ressuscitados, aos pobres é anunciado o Evangelho. Bem-aventurado é
aquele que não se escandalizar de mim” — também o Espiritismo ainda não foi
percebido como o retorno de Jesus aos caminhos da Terra, e essa volta triunfal fez
sua apresentação, mostrando suas credenciais no prefácio escrito pelo Espírito de
Verdade em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em 1864: “Os Espíritos do Senhor,
que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao
receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e,
semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos
cegos.”1
Antes, em 19 de setembro de 1861, visitando os grupos espíritas lioneses,
Allan Kardec, repetindo Jesus, através de instrutivo discurso, diz o que tem feito o
Espiritismo: “Impediu inúmeros suicídios, restabeleceu a paz e a concórdia em
grande número de famílias, tornou mansos e pacientes homens violentos e coléricos,
deu resignação àqueles em quem faltava, reconduziu a Deus os que o desconheciam,
destruindo-lhes as idéias materialistas, verdadeira chaga social que
aniquila a responsabilidade moral do homem. Eis o que ele tem feito, o que faz
todos os dias, o que fará mais e mais, à proporção que se espalhar.”2 (Destacamos.)
Quando se apresenta como a Terceira Revelação das Leis de Deus, quando
diz que veio restaurar os erros que foram introduzidos nos Evangelhos, e “que todas
as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as
trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos3, o Espiritismo é anatematizado,
é recusado, é combatido pelo fanatismo dos que alimentam pensamentos preconceituosos,
semelhantes àqueles animados pelos escribas e doutores da lei do
tempo do Cristo.
Por isso, destemido, intimorato, o Espiritismo também declara aos seus
adeptos: Não se turbe o vosso coração, repetindo Jesus, em cujo pensamento está
a viga mestra dos seus postulados.
Tanto Jesus como o Espiritismo foram enviados pelo Pai, sendo o segundo
um pedido do Nazareno ao Criador de todas as coisas: “Eu rogarei a meu Pai para
que vos envie o Consolador.”
Os espíritas estamos, desta forma, credenciados por Deus e por Jesus e confirmados
pela obra granítica de Allan Kardec, a quem devemos a nossa designação.
E, assim amparados, AVANCEMOS! Sem temor de espécie alguma. l
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1 e 3 — KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 110. ed. Rio de Janeiro:
FEB — 1995 — p. 23.
2 — WANTUIL, Zêus. THIESEN, Francisco. Allan Kardec, volume II. 2. ed. Rio de
Janeiro: FEB — 1982, p. 215.

Revista O Reformador Julho de 2000

sábado, 18 de agosto de 2012

JESUS e três motivadores psicológicos ::.

:: JESUS e três motivadores psicológicos ::.
     Estudo por: Adilton Pugliese
     IN : Revista "Reformador" Maio 2005 - nº.2114 - Ed.FEB (págs.19 e 20)
 
No Evangelho segundo o Espiritismo, mantendo diálogo com um Espírito que se identifica como São Luís (Luís IX, Rei de Fraça - 1214-1270); Allan Kardec faz três perguntas que podem ser resumidas numa única questão: (1)
"- É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?"
O Espírito São Luís destaca algumas condições:
(1) podemos fazê-lo com moderação, tudo depende da intenção;
(2) com um fim útil, como uma caridade, mas com todo o cuidado, sem prazer de denegrir, o que seria uma maldade. Ele sugere que a censura que alguém faça a outrem deve dirigi-la a si próprio. Isso nos lembra a imagem da atitude do dedo indicador em riste, apontando, acusando, mas enquanto um dedo acusa quatro apontam para o acusador.

Interpretando e trazendo para a actualidade esses ensinamentos, o Espírito Joanna de Ângelis tece comentários em torno da nossa atitude quando alguém está sendo acusado. O que devemos fazer? Qual deverá ser a nossa posição? E se formos nós os acusados?
Recomenda a Benfeitora mantermo-nos em silêncio, porquanto os acontecimentos podem ter antecedentes que são ignorados pelos que acusam e observam e que nem sempre as coisas são como se apresentam. Destaca, por fim, que quem está sendo acusado merece comiseração e oportunidade de reeducação. (2)
Ao refletirmos em torno dessas orientações fizemos uma conexão com três motivadores psicológicos que podem influenciar nas atitudes de acusados e acusadores :
(1) a auto-estima, que pode apresentar-se em nível alto, médio ou baixo, e que pode ser o reflexo de antecedentes desta ou de outras vidas;
(2) a afectividade, expressando, sentimento de compaixão ou de piedade; e
(3) a empatia, sugerindo colocar-se psicológica e emocionalmente no lugar do acusado, ensejando a sua reeducação.


Abraham Maslow (1908-1970) (3) , um dos teóricos da terceira-força em Psicologia, que é a Psicologia Humanista, após o Behaviorismo e a Psicanálise, viu no atendimento das necessidades do Ego - destacando a auto-estima e a afectividade - motivadores psicológicos que fortaleceriam o ser humano nos confrontos que mantêm, periodicamente, com os desafios existenciais, motivadores esses que, juntamente com a empatia, são trabalhados pelos chamados terapeutas da auto-ajuda.
Esses motivadores, embora utilizados como técnicas modernas dentro de uma visão holística do ser humano, ou numa visão transpessoal , que identifica o homem com uma alma preexistente ao nascimento e sobrevivente à morte, têm suas raízes na época do Cristianismo primitivo.
JESUS os praticou e estimulou numa comovedora aula em praça pública.

O relato é feito pelo evangelista João (8:3-11), que certamente presenciou o episódio, em Jerusalém, quando Jesus retornava ao Templo, para ensinar, acompanhado de enorme multidão.
Aproxima-se, então, um grupo de escribas e fariseus, apresentando-lhe uma mulher apanhada em adultério.
Pondo-a no meio do povo disseram-lhe:
- Mestre, esta mulher acaba de ser surpreendida em flagrante adultério. Moisés nos ordena na Lei que as adúlteras sejam apedrejadas.
Qual, sobre isso, a Tua opinião? E Tu, que dizes?
Era uma Lei antiga, prevista em livros de Moisés, no Deuteronómio (22:22) e no Levítico (20:10), tradição, porém, arcaica e em desuso naquele tempo, sobretudo porque o Decálogo já previa "não matarás" e a condenação desse delito era simbólica, considerando que desde o domínio romano a pena de morte fora retirada do Sinédrio e reservada ao Procurador de Roma. (4)


         "De nada adianta apedrejar o corpo e sim apedrejar a consciência"
Imaginemos a cena em praça pública: a multidão enfurecida, provocada pelos fariseus, assumindo o papel dos jurados, a expressar decisão antecipada; a mulher, acuada e sendo acusada, na posição de ré, aguardando veredicto e sentença; e Jesus, feito ali, pelos que a acusavam, advogado e juiz.

Em todos os tempos o Mestre sempre é chamado para defender os fracos e em diversas ocasiões coloca-se ao lado das mulheres, socorrendo-as, defendendo-as e, sobretudo, através delas exemplifica a necessidade do exercício da misericórdia, como observamos nos relatos que envolveram a mulher hemorroíssa, a mulher encurvada, a viúva de Naim, a mulher cananéia, a samaritana, Salomé mãe dos filhos de Zebedeu, Maria Madalena, Marta e Maria, a pecadora citada por Lucas e a mulher de Betânia, aquela que envolveu a cabeça de Jesus com perfume caro e puríssimo, tendo sido o seu acto questionado pelos discípulos, levando o Mestre a declarar que "onde quer que venha a ser proclamado o Evangelho o que ela fez jamais será esquecido." (Mateus, 26: 6-13).

- Tu, pois, que dizes? Insistia a multidão dos acusadores.

Era aquele um momento histórico do Cristo. Era, em verdade, uma cilada. Desafiando-O, promovendo-O a advogado de defesa e de acusação e simultaneamente a juiz, queriam a Sua perdição. Para a multidão pouco importava a mulher. A expectativa de todos era em torno da decisão que Ele tomaria. Como reagiria ao desafio? Se desculpar a mulher estará transgredindo a Lei de Moisés; se confirmar a sentença, Sua misericórdia, que intensamente prega, será colocada em dúvida.

Nesse instante , o silêncio do Cristo, que escrevia no chão com o dedo, segundo o Evangelista que testemunhou o facto, é por Ele quebrado, quando ao erguer-se, pronuncia a sentença:

" - Aquele que dentre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra."

A multidão fica em choque. Não esperava por isso. Era um conjunto de seres-instinto , comandados pelas sensações. Egocêntricos e violentos, haviam desafiado o homem-razão, que no dizer do Espírito Manoel Philomeno de Miranda são homens que
"pensam com calma nas circunstâncias mais graves, desenvolvendo o sentimento do altruísmo". (5) Ao pronunciar a sentença inesquecível o objectivo do Mestre é terapeutico e pedagógico: busca desenvolver nos acusadores a postura da empatia , de se colocarem no lugar daquela mulher, compreendendo as suas lutas e estimulando-os a serem empáticos , embora tenham preferido ser egocêntricos. Assim, os fariseus e seus liderados, desafiados agora pelo Cristo, que lhes submete a Lei de todos os tempos, de todos os mundos, a Lei das Causas e dos Efeitos, retiram-se vencidos.

Dirige-se, então, à mulher:
" - Onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? Nem Eu tão pouco te condenarei.
Vai, e não peques mais."


É toda a expressão da afectividade . O Mestre não a condena. Orienta, conversa, interage, respeita a situação difícil daquela mulher, preocupando-se com ela. Sabe que está sujeita aos mecanismos da Lei Divina e que "de nada adianta apedrejar o corpo e sim apedrejar a consciência, lapidando-a através de acções renovadoras".

O Espírito Amélia Rodrigues, através do médium Divaldo Franco (6) , narra que naquele mesmo dia, à noite, Jesus teria o Encontro da Reparação com aquela mulher, quando se estabelece um diálogo motivador, e o Mestre busca elevar a sua auto-estima, afectada pelo acontecimento que poderia destruir a sua vida, comprometendo a oportunidade reencarnatória. A misericórdia do Cristo, através da aplicação da empatia, da afectividade e da auto-estima, motivaria aquela alma sofrida a vivenciar uma existência renovada, agora nas directrizes do amor e da caridade.



(1) - KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
       117 ed.FEB, cap.X, item 19, p.180.

(2) - FRANCO, Divaldo. Vida Feliz
       pelo Espírito Joanna de Ângelis. 12.ed. LEAL, p.53.

(3) - MASLOW, Abraham H. Uma Teoria da Motivação Humana
       O Comportamento Humano na Empresa.
       BALCÃO, Yolanda Ferreira.
       CORDEIRO, Laerte Leite. 2.ed. FGV, p.337.



(4) - PASTORINO, C. Torres. Sabedoria do Evangelho.
       Ed. Sabedoria, 1977, volume 5, p.71.

(5) - FRANCO, Divaldo P. Loucura e Obsessão
       pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 7.ed. LEAL,
       p.241.

(5) - Franco, Divaldo C. Pelos Caminhos de Jesus
       pelo Espírito Amélia Rodrigues. 1.ed. LEAL, p.131.