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domingo, 31 de janeiro de 2021

APRENDENDO COM O LIVRO DOS ESPÍRITOS: Q. 814 - CAP. IX LEI DE IGUALDADE -AS PROVAS DE RIQUEZA E MISÉRIA

 

814. Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria?

 

“Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência.”


COMENTÁRIO DO ESPÍRITO DE MIRAMEZ:


 
Deus testa Seus filhos de várias maneiras: a uns dá a riqueza e, conseqüentemente, poderes; a outros, miséria, e junto a ela a escravidão de todas as ordens. Quem não compreende as leis, como a da reencarnação, acha que Deus é injusto, ou então, para não ofendê-Lo, fala sem conhecimento de causa que o Senhor sabe o que faz. Todas as duas versões do fato são incorretas e sem sabedoria.

Estudando a reencarnação e o progresso dos Espíritos, notar-se-á que o rico de hoje pode ser o pobre de amanhã e vice-versa. Riqueza e miséria são extremos da vida, extremos esses mutáveis. Um pode ocupar o lugar do outro, em se buscando experiências, enriquecendo os celeiros do conhecimento para futura paz de consciência. Em muitos casos, essas provas de riqueza e miséria foram escolhidas pelos próprios Espíritos, por sentirem necessidade do aprendizado.
Ninguém deve ser culpado por nada que acontece; tudo foi feito para a elevação das almas, para o despertamento dos dons enraizados nos corações. A evolução das almas é diferente, mas elas são iguais em sua origem. Vejamos os corpos: comparemos o do rico com o do pobre, do ignorante com o do estadista. Eles têm a mesma forma, a mesma composição, os mesmos órgãos; respiram o mesmo ar, bebem da mesma água e vivem todos se aquecendo com o mesmo sol e andando sobre a mesma Terra. Ainda mais, todos têm como pai o mesmo Deus. As diferenças são ilusórias e breves, que o tempo desmancha quando achar conveniente. Aos ricos, nós podemos dizer que usem bem as suas riquezas e não deixem que o orgulho nem o egoísmo comandem suas faculdades de pensar e sentir. Eles devem pensar na miséria dos outros, pedindo sempre a Deus que os inspire para não acumularem riquezas que não sirvam para o bem-estar coletivo. Ao pobre, dizemos que viva mais resignado com o que tem e que confie mais em Deus, que nunca abandona Seus filhos. Ele deve lembrar sempre das bem-aventuranças. Jesus está sempre no meio dos que sofrem e não abandona os escorraçados pela justiça dos homens.Os ricos que sucumbem com freqüência não perdem as experiências; algo fica guardado nos escaninhos da alma, para se completar no amanhã. Assim também acontece com os pobres. As reencarnações têm essa função de escola para todas as criaturas na face da Terra. Tudo na vida muda de vez em quando de roupagem, pela forma do progresso, pela força do amor de Deus, cujas leis são justas.

Anotemos o que registrou Lucas, no capítulo quatorze, versículo nove:
Vindo aquele que te convidou e também a ele te diga: Dá o lugar a este. Então, irás envergonhado, ocupar o último lugar.
Quem não faz o seu dever direito, volta a fazê-lo, com um aprendizado diferente. A quem reencarna como rico, em berço de ouro, e não sabe desempenhar bem o seu papel, a reencarnação pode levar para o último lugar na escala das provas, até aprender a humildade e o amor, mesmo como rico. A Doutrina dos Espíritos, pelos processos mediúnicos, deixa bem visível, tanto para o rico como para o pobre, as suas tarefas, diferentes, porém, com os mesmos objetivos.

A função da reencarnação é despertar os valores espirituais e morais das criaturas, levando-os aqui e ali, por ação das leis naturais criadas por Deus. Pensemos nisto, estudemos e trabalhemos honestamente, que as inspirações dos Céus jamais nos faltarão.

MIRAMEZ 
FONTE: FILOSOFIA ESPÍRITA-VOLUME XVI

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Vontade e Doenças


“Sim, e por vezes fazendo esforços bem pequenos. O que lhe falta é a *vontade*. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

Emmanuel ,em sua  obra pensamento e vida,  compara a mente humana  a um grande escritório, subdivido em diversas seções de serviço e vários departamentos , citando alguns: o departamento do desejo, que opera nossos propósitos e as aspirações; o departamento da  inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura dentre outros. A vontade como nos esclarece Emmanuel, é a gerência que governa todos os setores da ação mental, e continua, é o botão que decide o movimento ou a inércia da máquina , ainda, que só a vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do espírito.
Neste trecho , nos traz uma introdução da importância da Vontade, já que estabelece uma relação de causa que opera em  nossos destinos.

Na obra, Libertação, de Chico Xavier em parceria com André Luiz, nos diz mais sobre o tema Vontade, quando Gúbio , instrutor espiritual, tece um comentário relacionado a doenças e a direção da Vontade:
[...]*Abstendo-nos de mobilizar a vontade, seremos invariáveis joguetes das circunstâncias predominantes, no ambiente que nos rodeia*; contudo, tão logo deliberemos manobrá-la, é indispensável resolvamos o problema de direção, porquanto nossos estados pessoais nos refletirão a escolha íntima. Existem princípios, forças e leis no universo minúsculo, tanto quanto no universo macrocósmico.

*Dirija um homem a sua vontade para a idéia de doença e a moléstia lhe responderá ao apelo, com todas as características dos moldes estruturados pelo pensamento enfermiço, porque a sugestão mental positiva determina a sintonia e receptividade da região orgânica, em conexão com o impulso havido, e as entidades microbianas, que vivem e se reproduzem no campo mental das milhões de pessoas que as entretêm, acorrerão em massa, absorvidas pelas células que as atraem, em obediência às ordens interiores, reiteradamente recebidas, formando no corpo a enfermidade idealizada*.
Claro que nesse capítulo temos a questão das provas necessárias, nos casos em que determinada personalidade renasce, atendendo os impositivos das lições expiatórias, mas, mesmo aí, *o problema de ligação mental é infinitamente importante, porquanto o doente que se compraz na aceitação e no elogio da própria decadência acaba na posição de excelente incubador de bactérias e sintomas mórbidos*, enquanto que o espírito em reajustamento, quando reage, valoroso, contra o mal, ainda mesmo que benéfico e merecido, encontra imensos recursos de concentrar-se no bem, integrando-se na corrente de vida vitoriosa.[...]
*Quando a criatura busca manejar a própria vontade , escolhe a companhia que prefere e lança-se ao caminho que deseja.”*

Finalizamos, para reflexão, com uma questão do Livro dos Espíritos:

909:Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?
“Sim, e por vezes fazendo esforços bem pequenos. O que lhe falta é a *vontade*. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”
 
Fonte :
Livro :Pensamento e Vida : Cap.2 Vontade – FCX e Emmanuel.
Livro : Libertação ; Cap. 2 : A Palestra do Instrutor – FCX e André Luiz

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Lei de Sociedade



Pergunta 766 - A vida social está em a Natureza? - "Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação."

Pergunta 775 -Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família? - "Uma recrudescência do egoísmo."

1 - O INTERCÂMBIO SOCIAL

O homem, inquestionavelmente, é um ser gregário, organizado pela emoção para a vida em sociedade.

O seu insulamento, a pretexto de servir a Deus, constitui uma violência à lei natural, caracterizando-se por uma fuga injustificável às responsabilidades do dia-a-dia.

Graças à dinâmica da atualidade, diminuem as antigas incursões ao isolacionismo, seja nas regiões desérticas para onde o homem fugia a buscar meditação, seja no silêncio das clausuras e monastérios onde pensava perder-se em contemplação.

O Cristianismo possui o extraordinário objetivo de criar uma sociedade equilibrada, na qual todos os seus membros sejam solidários entre si.

O "negar o mundo", do conceito evangélico, não significa abandoná-lo, antes criar condições novas, a fim de modificar-lhe as estruturas negativas e egoísticas, engendrando recursos que o transformem em reduto de esperança, de paz, perfeito símile do "reino dos céus", a que se reportava Jesus.

A vivência cristã se caracteriza pelo clima de convivência social em regime de fraternidade, no qual todos se ajudam e se socorrem, dirimindo dificuldades e consertando problemas.

Viver o Cristo é também conviver com o próximo, aceitando-o conforme suas imperfeições, sem constituir-lhe fiscal ou pretender corrigi-lo, antes acompanhando-o com bondade, inspirando-o ao despertamento e à mudança de conduta de 'motu proprio'.

A reforma pessoal de alguém inspira confiança, gera simpatia, modifica o meio e renova os cômpares com quem cada um se afina.

Isolar-se, portanto, a pretexto de servir ao bem não passa de uma experiência na qual o egoísmo predomina, longe da luta que forja heróis e constrói os santos da abnegação e da caridade.

Criaturas bem-intencionadas sonham com comunidades espiritualizadas, perfeitas, onde se possa viver em regime da mais pura santificação.

Assim tocadas, programam colméias, organizam comitês para tal fim, e os mais ambiciosos laboram por cidades onde o mal não exista e todos se amem ...

Em verdade, tal ambição, nobre, par enquanto impraticável, senão totalmente irrealizável, representa uma reminiscência ancestral das antigas comunidades religiosas onde o atavismo criou necessidades de elevação num mundo especial, longe das realidades objetivas entre os homens em evolução.

Jesus, porém, deu-nos o exemplo.

Desceu das Regiões Felizes ao vale das aflições, a fim de ajudar.

Não convocou os privilegiados, antes convidou os infelizes, os rebeldes e rejeitados, suportando suas mazelas e assim mesmo os amando.

No colégio íntimo, esteve a braços com as sistemáticas dúvidas dos amigos, suas ambições infantis, suas querelas frívolas, suas disputas ...

Não se afastou deles, embora suas imperfeições, não se rebelou contra eles.

Ajudou-os, incansavelmente, até os momentos extremos, quando, sofrendo, no Getsêmani, surpreendeu-os, mais de uma vez, a dormir ...

E retornou ao convívio deles, quando atemorizados, a sustentá-los e animá-los, a fim de que não deperecessem na fé, nem na dedicação em que se fizeram mais tarde dignos do seu Mestre, em face dos testemunhos libertadores a que se entregaram ...

Atesta a tua confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais inditosos do que tu mesmo.

Sê-lhes a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha. Nada esperes dos outros.

Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende.

Se eles te enganam ou te traem, se censuram-te ou exigem-te o que não dão, ama-os mais, sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.

Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direção de Deus.

2 - PARTICIPAÇÃO NA FELICIDADE

Quando alguém chora acoimado por este ou aquele problema, fácil é participares do seu drama, dilatando esforços para diminuir-lhe o padecimento.

Ante a fome ou a enfermidade experimentas o apelo aos elevados sentimentos que te concitam à ajuda automática e rápida.

Sem dúvida, todo socorro que se oferta a alguém que sofre é de relevante significação.

Caridade, sim, a dádiva material e o gesto moral de solidariedade.

Indispensável, porém, não te deteres na superfície da realização.

Há os que são solidários na dor, assumindo a posição de benfeitores, em lugar de realce com o que se realizam interiormente.

Todavia, quando defrontam amigos em prosperidade, companheiros em evidência, conhecidos em situação de relevo, deixam-se ralar por mágoa injustificável, transformando-se em fiscais impenitentes e acusadores severos que não perdoam a ascensão do próximo.

Ressentimentos se acumulam nas paisagens íntimas, e, azedos, referem-se ao êxito alheio, vencidos por torpe inveja.

Não sabem o preço do triunfo de qualquer procedência, quando na Terra.

Ignoram os contributos que deve doar todo aquele que se alça a situação de destaque.

Farpas da maledicência e doestos do ciúme, perseguição sistemática disfarçada de sorrisos, ausência de amigos legítimos tornam as ilusórias horas douradas do homem de relevo em momentos difíceis de ser vencidos.

Assume posição diferente.

Sem que te faças interessado no que ele tem ou é, rejubila-te com o progresso de quem segue contigo.

Quando alguém se eleva, com ele se ergue toda a Humanidade. Quando alguém cai é prejuízo na economia moral do planeta.

Solidário na dificuldade do teu irmão, participa dos júbilos do teu próximo para que a ingestão do veneno do despeito e do tóxico da animosidade não te destrua a alegria de viver.

Ser feliz com a felicidade alheia é também forma de caridade cristã.

3- AMIZADES E AFEIÇÕES

Não apenas a simpatia como ingrediente único para facultar que os afagos da amizade te adornem e enlevem o Espírito.

Muito fácil ganhar como perder amigos. Quiçá difícil se apresente a tarefa de sustentar amizades, em vez de somente consegui-las.

O magnetismo pessoal é fator importante para promover a aquisição de afetos. Todavia, se o comportamento pessoal não se padroniza e sustenta em diretrizes de enobrecimento e lealdade, as amizades e afeições não raro se convertem em pesada canga, desagradável parceria que culmina em clima de animosidade, gerando futuros adversários.

Nesse particular, existem pequenos fatores que não podem nem devem ser relegados a plano secundário, a fim de que sejam mantidas as afeições.

A planta não irrigada sucumbe sob a canícula. O grão não sepulto morre.

O lume sem combustível se apaga.

A máquina sem graxa arrebenta-se.

Assim, também, a amizade que sem o sustento da cortesia e da gentileza se estiola.

Se desejas preservar teus amigos não creias connsegui-lo mediante um curso de etiqueta ou de boas maneiras, com que, muitas vezes, a aparência estudada, artificial, substitui ou esconde os sentimentos reais. Os impositivos evangélicos que te apliques serão admiráveis técnicas de autenticidade, que funcionam como recurso valioso para a sustentação do bem em qualquer pessoa.

A afabilidade, a doçura, a gentileza de alguém, aparentemente destituído de simpatia conseguem propiciar a presença de amigos, retê-los e torná-los afetos puros para sempre.

Amizades se desagregam ou se desgastam exatamente após articuladas, no período em que os consórcios fraternos se descuidam de mantê-las.

E isso normalmente ocorre como conseqüência de atitudes que se podem evitar:

- o olhar agressivo;

- a palavra ríspida;

- o atendimento hostil ou negligente; a lamentação constante;

- a irreverência acompanhada pela frivolidade; a irritação contínua;

- a queixa contumaz;

- o pessimismo vinagroso ...

Os amigos são companheiros que também têm problemas. Por essa razão se acercam de ti.

Usa, no trato com eles, quanto possível, a bondade e a atenção, a fim de que, um dia, conforme Jesus enunciou: "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas, tenho-vos chamado amigos, porque vos revelei tudo quanto ouvi de meu Pai", tornando-te legítimo amigo de todos, conseqüentemente fruindo as bênçãos da amizade e da afeição puras.

4 - ABNEGAÇÃO

Mais profunda do que a ação de solidariedade, pura e simplesmente.

Mais nobre do que gesto asceta de desprezo e indiferença pelo mundo.

Mais elevada do que o altruísmo no seu sentido sociológico.

A abnegação é a oferenda de amor ao próximo, que leva ao sacrifício como forma inicial de caridade relevante.

Tem origem nos pequenos cometimentos do auxílio fraternal, com renúncia pessoal, mediante a qual a imolação reserva para quem a exerce a alegria de privar-se de um prazer, em prol do gozo de outrem.

Uma noite de sono reparador trocada pela vigília junto a um enfermo não vinculado diretamente aos sentimentos, quer pela consangüinidade ou por interesse de outra procedência;

a cessão de um bem que é preciso e quiçá faça falta, desde que constitua a alegria de outra pessoa;

a paciência e a doçura na atitude, com esforço e sem acrimônia interna, na desincumbência de um grave mister, dirigido às criaturas humanas;

a jovialidade, ocultando as próprias dores, de modo a não afligir aqueles com os quais se convive;

a perseverança discreta no trabalho mortificante, sem queixa nem enfado, desde que resultem benefícios para os demais;

a ação não-violenta, o silêncio ante a ofensa a não defesa em face de indébitas acusações, consideranndo, com esse esforço sacrificial, não comprometer nem ofender a ninguém, são expressões de renúncia ao amor-próprio, dando lugar à abnegação, que ora escasseia entre as criaturas, e, no entanto, é essencial para a construção do bem entre os homens da Terra.

Um gesto de abnegação fala mais expressivamente do que brilhantes páginas escritas ou discursos de alta eloqüência e rebuscada técnica retórica ...

A abnegação felicita quem a recebe, mas santifica quem a exercita.

O utilitarismo e o imediatismo modernos encontram soluções eufemistas, por meio de processos de transferência para as realizações que recomendam a abnegação de cada um.

Nesse sentido, o egoísmo é um entrave dos mais impeditivos para a consecução do sacrifício com que se pode enflorescer de bênçãos a cruz da abnegação. Diante de um esforço que te cabe brindar a alguém que sofre, não transfiras a oportunidade de ser abnegado.

Sob pretexto algum te poupes à operosa produção da felicidade, se o cometimento te exige abnegação.

Melhor ser o sacrificado pelo bem e pelo progresso dos seres do que o usufrutuário das coisas.

No ato de espalhar o conforto moral, não entreteças opiniões desairosas nem te apresentes na condição de mártir com o fim de inspirares simpatia.

Sê autêntico no dever.

O abnegado se desconhece. Ama com devotamento, e a flama do amor que lhe arde no íntimo raramente dá-lhe tempo para pensar primeiro em si, porquanto os problemas e as dores dos seus irmãos em Humanidade têm para ele regime de prioridade.

Se, todavia, desejares um protótipo que te expresse com mais veemência a grandeza da abnegação, recorre a Jesus que, em se esquecendo de Si mesmo, abraçou a cruz do sacrifício, a tudo renunciando, a fim de, por essa forma, testemunhar o Seu afeto e devoção por todos nós.

Oxalá, assim, a abnegação te dulcifique o ser e te faça realmente cristão.

5 - REFREGAS DA EVOLUÇÃO

Apesar das rudes refregas da luta, não te deixes abater.

Sob o peso de indescritíveis aflições, não te guardes à sombra do desalento.

Mesmo que os caminhos estejam refertos de dificuldades, não estaciones desanimado na jornada empreendida.

Aprende com a natureza: a terra sacudida pelo desvario dos ventos renova-se, cessada a tormenta; o solo encharcado retoma a verdura, e o arvoredo esfacelado cobre-se novamente de flores.

Em toda parte a vida se renova incessantemente, sob o látego das aflições, convidando-te a imitar-lhe o exemplo.

Não permitas, assim, que o pessimismo, esse conselheiro soez, balbucie aos teus ouvidos expressões de desencanto em relação às tarefas elegidas.

Recorda Jesus, abandonado, traído, em extrema solidão, plantando sozinho a espada luminosa do dever, desde então transformada em marco de luz para a Humanidade inteira.

Não te meças por aqueles que tombaram, deixando-te empolgar pelas deficiências deles.

A terra não se sente desrespeitada com o cadáver que lhe macule o solo. Recebe a dádiva da decomposição celular como bênção e transforma os tecidos apodrecidos em energias novas que são preciosas a outras vidas.

Se o companheiro ao teu lado cair, por que te desalentares? Encoraja-te e reflete que, apesar do fracasso dele, necessitas chegar ao fim.

Não te intimides com o insucesso alheio. A correnteza não cessa o curso porque a lama se encontra à frente; atravessa as camadas da dificuldade e surge, novamente límpida, adiante para abraçar o mar que a aguarda ao longe.

Se o amigo não teve a felicidade de manter o padrão de equilíbrio que se fazia necessário, na tarefa empreendida, conduze a mensagem que ele não pode levar aos angustiados que te esperam, ansiosos, à frente.

Fita a face dos triunfadores e deixa-te estimular pelo exemplo deles.

O caminho do Calvário é a história de uma grande solidão e toda a Boa Nova é hino de fidelidade ao dever.

O mestre nem sequer repreendeu Judas, ou censurou Pedro, ou doou taça de fel a Tomé, em dúvida.

Fez-se o atestado vivo e imortal do Pai, transformando-se em caminho para todos os arrependidos que O desejam seguir.

Na Boa Nova, a queda de cada discípulo é uma advertência para a vigilância dos que vêm depois; a deserção do aprendiz representa um convite à perseverança dos novos candidatos à escola universal do amor.

Robustece o ânimo, amigo do Cristo, fita o sol generoso a repetir sem cansaço a mensagem da alvorada diariamente, e segue fiel, de fronte erguida e coração içado ao bem, mantendo a tua comunhão com o Mestre nos deveres que te competem, certo de que não seguirás sozinho.

6 - REFERÊNCIAS ENCOMIÁSTICAS

Agredido pela pedrada rude com que a impiedade zurze a sua malquerença ante o bem em triunfo, não desfaleças na desincumbência do ideal.

O petardo que te alcança, mesmo ferindo a sensibilidade da tua alma ou rasgando a tecedura fisiológica do teu corpo, é bênção de que podes retirar incalculáveis resultados opimos.

O agressor é sempre alguém em aturdimento, de quem a Lei, muitas vezes, se utiliza a fim de chamar-te a atenção e situar-te no devido lugar de trabalhador da causa das minorias do Evangelho.

Perigosa, entretanto, na tarefa a que doas o melhor dos teus sentimentos, é a referência encomiástica (laudatória, aplauso), exaltada e perturbadora.

Semelhante a punhal disfarçado em veludo, penetra-te e aniquila as tuas decisões superiores, fazendo-te desfalecer. É comparável a veneno perigoso em taça de cristal transparente. Chega-se aos lábios da alma, produzindo imediata intoxicação.

Necessário colocar-te em atitude de defesa contra os que aplaudem, os que enaltecem, os que, momentaneamente iludidos, podem transformar os teus sentimentos que aspiram à paz, em perturbações que ensejam a glória efêmera.

Sabes pela experiência que o bom amigo traduz os seus sentimentos invariavelmente pelo testemunho da solidariedade silenciosa, da ação produtiva e do amparo fraternal, e não mediante as palavras explosivas, carregadas de lisonja.

O júbilo que explode no momento de exaltação também se converte em máscara de ira no momento de desgraça.

Poderás identificar o apoio ou a ressalva, o acerto ou o equívoco dos teus cometimentos se te exercitares no hábito salutar da reflexão e do exame das atividades encetadas.

"O bom trabalhador", disse Jesus, "é digno do seu salário." E o salário de quem trabalha com o Cristo é a paz da consciência correta.

O lídimo cristão sabe que tudo quanto faça nada faz, em considerando a soma volumosa de bênçãos que usufrui quando nas tarefas do Senhor.

Não te deixes, portanto, perturbar pela balbúrdia dos companheiros aturdidos, de palavras fáceis, gestos comovidos que te trazem o encômio vulgar, instrumentos, quiçá, de mentes levianas da Espiritualidade inferior interessadas na tua soberba e na tua queda.

Vigia as nascentes donde procede o elogio e não o apliques a ninguém, nem te facultes recebê-lo de ninguém.

E' verdade que todos necessitam do estímulo. Entre o estímulo sadio e a palavra enganosa medeia uma grande distância.

Poderás incutir no teu amigo o estímulo de que ele precisa.

Um gesto de ternura numa expressão da face em júbilo edificante, mediante a palavra bem dosada com expressões de equilíbrio, terçando armas ao lado, quando ele necessita de alguém e participando com ele da experiência da fé, no amanho do solo dos corações com o arado da caridade e a perseverança do tempo, são atestados inequívocos de aplauso nobre.

Encômios, Jesus, o modelo excepcional de todos nós, nunca os recebeu dos que O cercavam. A dúvida, porém, a suspeição rude, a injunção negativa, a coroa de espinhos, o cetro do ridículo, o manto da chocarrice e a cruz da ignomínia sim, Ele os aceitou em silêncio, e, não obstante, representava a Verdade máxima que jamais a Terra recebera.

Não pretendas, a serviço d'Ele, superá-lO sem lograr sequer o que Ele jamais almejou: o triunfo equivocado das criaturas humanas.

Preserva-te nos postulados e tarefas do bem e, ocorra quanto ocorrer, sê-Lhe fiel sem fantasias, sem enganos e sem aceitar as expressões encomiásticas que tantos têm iludido e derrubado no cumprimento do dever.

Joanna de Ângelis

Do Livro : As Leis Morais da Vida

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

LEI DE CONSERVAÇÃO

02 - Lei de Conservação
Pergunta 711 -O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens? - "Esse direito é consequente da necessidade de viver. Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de cumprí-lo."
Pergunta 715 - Como pode o homem conhecer o limite do necessário? - "Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa."
1 - O DINHEIRO
De fato, o dinheiro constitui pesada responsabilidade para o seu possuidor.
Não compra a felicidade e, muitas vezes, torna-se responsável por incontáveis desditas.
Apesar disso, a sua ausência quase sempre se transforma em fator de desequilíbrio e miséria com que se atormentam multidões em desvario.
O dinheiro, em si mesmo, não tem culpa: não é bom nem mau.
A aplicação que se lhe dá, torna-o agente do progresso social, do desenvolvimento técnico, do conforto físico e, às vezes, moral, ou causa de inomináveis desgraças.
Sua validade decorre do uso que lhe é destinado. Com ele se adquirem o pão, o leite, o medicamento, dignificando o homem pelo trabalho.
Sua correta aplicação impõe responsabilidade e discernimento, tornando-se fator decisivo na edificação dos alicerces das nações e estabilizando o intercâmbio salutar entre os povos.

Por meio dele irrompem o vício e a corrupção, que arrojam criaturas levianas em fundos despenhadeiros de loucura e criminalidade.
Para consegui-lo, empenham-se os valores da inteligência, em esforços exaustivos, por meio dos quais são fomentados a indústria, o comércio, as realizações de alto porte, as ciências, as artes, os conhecimentos.
No submundo das paixões, simultaneamente, dele se utilizando, a astúcia e a indignidade favorecem os disparates da emoção, aliciando as ambições desregradas para o consórcio da anarquia com o prazer.
Por seu intermédio, uns são erguidos aos píncaros da paz, da glória humana, enquanto outros são arrojados às fumas pestilentas do pavor e da desagregação moral em que sucumbem.
Sua presença ou ausência é relevante para a quase totalidade dos homens terrenos.
Para o intercâmbio, no movimento das trocas de produtos e valores, o dinheiro desempenha papel preponderante.
Graças a ele, estabelecem-se acordos de paz e por sua posse explodem guerras calamitosas.
Usa-o sem escravizar-te.
Possui-o sem deixar-te por ele possuir. Domina-o antes que te domine.
Dirigi-o com elevação, a fim de que não sejas mal conduzido.
Mediante sua posse, faze-te pródigo, sem te tornares perdulário.
Cuida de não submeter tua vida, teus conceitos, tuas considerações e amizades ao talante do seu condicionamento.
Previdente, multiplica-o a benefício de todos, sem a avareza que alucina ou a ambição que tresvaria.
De como te servires do dinheiro, construirás o céu da alegria ou o inferno de mil tormentos para ti mesmo.
Se te escasseia nas mãos a moeda, não te suponhas vencido.
Ter ou deixar de ter, importa pouco, na economia moral da tua existência.
O importante será a posição que assumas em relação à posse.
Não te desesperes pela ausência do dinheiro. Como há aqueles que se fizeram servos do que têm, há-os, também, escravizados aos que gostariam de ter.
O dinheiro é meio, não meta.
Imprescindível colocar-te jubilosamente na situação que a vida te brindou, padronizando as diretrizes e os desejos pessoais dentro dos limites transitórios da experiência educativa por que passas, conseqüência natural do mau uso que fizeste do dinheiro que um dia possuíste.
Por outros recursos poderás ajudar o próximo e erigir a felicidade pessoal, conforme as luminosas lições com que o Evangelho te pode enriquecer a vida.
Essencial é viver bem e em paz com ou sem o dinheiro.
2 - DESPERDÍCIOS
Há muito desperdício no mundo, fomentando larga faixa de miséria entre os homens.
O que há abundante em tua mesa falta em muitos lares.
O excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias.
O que te sobra e atiras fora, produz ausência em outros lugares.
O desperdício é fator expressivo de ruína na comunidade.
O homem, desejando fugir das realidades transcendentes da vida, afoga-se na fantasia, engendrando as "indústrias da inutilidade", abarrotando-se com os acúmulos, padecendo sob o peso constritor da irresponsabilidade, em que sucumbe por fim.
A vida é simples nas suas exigências quase ascéticas. Muitos cristãos distraídos, porém, ataviam-se, complicam os deveres, sobrecarregam-se do dispensável, desperdiçam valores, tempo e oportunidades edificantes para o próprio burilamento.

Desperdiçam palavras, amontoando-as em verbalismo inútil a fim de esconderem as verdades; desperdiçam tempo em repousos e férias demorados, que anestesiam os centros combativos de ação da alma encarnada;
-desperdiçam alimentos em banquetes, recepções, festas extravagantes com que disputam vaidades;
-desperdiçam medicamentos em prateleiras empoeiradas, aguardando, no lar, doenças que não chegarão, ou, em se apresentando, encontram-nos ultrapassados;
-desperdiçam trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão a usar;
-desperdiçam moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer recato ou zelo; desperdiçam a saúde nas volúpias do desejo e nas inquietações da posse com sofreguidão;
-desperdiçam a inteligência, a beleza, a cultura, a arte nos espetáculos do absurdo e da incoerência, a fim de fazerem a viagem da recuperação do que estragaram, em alucinada correria para lugar nenhum ...
Não se recupera a malbaratada oportunidade. Ninguém volta ao passado, na busca de refazê-lo, encaminhá-lo noutro rumo.
O desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe faz vítima.
Há, sim, muito e incompreensível desperdício na Terra.
Reparte a tua fartura com a escassez do teu próximo.
Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-los-ás multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas, generosas.
Passarás pelo mundo queiras ou não. Os teus feitos ficarão aguardando o teu retorno.
Como semeares, assim colherás.
O que desperdiçares hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides.
Sê pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser desperdiçador e o que conseguirás será crédito ou débito na contabilidade da tua vida perene.
3 - PRESENÇA DO EGOÍSMO
No fundo das desgraças humanas o egoísmo sempre aparece como causa essencial.
Urde a agressividade e inspira a fuga ao dever sob disfarces inescrupulosos com que passa ignorado.
Remanescente das paixões que predominam em a natureza animal, vige com vigor, logrando triunfos de mentira com que não consegue saciar a sede dos gozos nem organizar o bastião de segurança em que busca apoio para a sistemática autodefesa.
Examinemo-lo em algumas nuanças:
O mentiroso acredita que se exime à responsabilidade do cometimento que oculta e, não raro, avança no rumo da infâmia ou calúnia logo a oportunidade se lhe faça propícia.
O egoísmo é-lhe o nefando inspirador.
O perseguidor crê-se amparado pela necessidade do desforço justo ou que procura justificar, transformando-se em implacável algoz.
O egoísmo sustenta-o na empresa inditosa.

O sensualista perverte o próximo, desrespeitando a honestidade das vítimas que lhe caem nas armadilhas.
O egoísmo absorvente emula-o ao desar contínuo. O avaro amealha com sofreguidão, cobrando à sociedade um tributo absurdo, devorando os bens alheios e permitindo-se devorar pela sandice.
O egoísmo faz-se-lhe a força que o propele na infeliz tarefa.
O assaltante de qualquer denominação apropria-se indebitamente, utilizando-se, subrepticiamente, da astúcia, da temeridade, do cinismo, da loucura.
O egoísmo domina-o feroz.
O misantropo arroga-se direitos na infelicidade que se impõe e exerce enérgico domínio em torno dos próprios passos com que não amaina a melancolia em que se compraz.
O egoísmo concita-o à lamentável situação.
O vício de qualquer tipo, exercendo dominação sobre o homem, sem facultar a outrem qualquer ensancha de prazer.
Crê-se merecedor de tudo e a si mesmo se concede somente direitos e permissividades.
Morbo pestilencial, no entanto, consome aquele que o agasalha e vitaliza.
Destrói em volta, sem embargo aniquila-se.
O conhecimento da vida espiritual constitui o antídoto eficaz a tão violento quão generalizado mal: o egoísmo.
Descarta-te de excessos e, disposto a vencê-lo, distribui o que te seja também necessário.
Não é uma conclamação à imprevidência, tampouco apoio à avareza.
Imprescindível combater por todos os modos possíveis esse adversário que se assenhoreia da alma e lhe estrangula as possibilidades de libertação.
Ama e espraia-te.
Desculpa e cresce na fraternidade. Serve e desdobra a esperança.
Ora e dilata os valores da iluminação espiritual, clarificando mentes e corações no propósito excelente de vencer em definitivo esse verdugo que tem sido a matriz de todos os males que pesam na economia moral, social e espiritual da Humanidade.
4 - AMOR-PRÓPRIO
É dos mais perigosos inimigos do homem. Ardilosamente oculta as intenções de que se nutre e exterioriza falsas argumentações com que se impõe, malévolo.
Ataca no momento azado, após realizar hábeis manobras, persistentes e vigorosas.
Consegue ocultar os objetivos reais que o açulam e enfileira-se com destaque entre os mais graves destruidores da harmonia íntima da criatura.
Intoxica quem o conduz e desfere dardos venenosos com segurança, produzindo vítimas que tombam, inermes, sob seus certeiros aguilhões.
Impiedoso, compraz-se quando esmaga e afivela à face a máscara de falsa compaixão com que dissimula os sorrisos da vitória nefasta.
Desvela-se sob artifícios e consegue desviar a atenção da sua tarefa lúgubre.
A queda do próximo alegra-o; a desdita de alguém emula-o; o descoroçoamento do lutador fascina-o; a derrota do adversário diverte-o ...
Este venal servidor da desdita chama-se amor-próprio.
Fere-se com facilidade e melindra-se sob pretextos imaginosos e fúteis.
Arregimenta o desculpismo para si mesmo e a fiscalização severa para os outros.
Por artimanhas domina os sentimentos e perturba o discernimento de quem lhe dá guarida.
Filho dileto do orgulho, é irmão gêmeo do egoísmo e célula cancerígena responsável por muitos reveses na vida das criaturas.
Combate-o com todas as forças.
Não lhe dês guarida nem convivas com as suas astúcias.
O amor a si mesmo recomendado por Jesus não objetiva os triunfos imediatos nem as situações acomodatícias.
Ajuda o Espírito a emergir das torpezas e a libertar-se das contingências transitórias, mediante a autodoação, a renúncia, a abnegação e o amor ao próximo.
Vidas que se podiam glorificar pelas oportunidades ditosas que fruem, malogram quando o amor-próprio as dirige.
Construções superiores do bem soçobram quando o amor-próprio as sitia.
Grupamentos humanos de relevância se desagregam quando o amor-próprio semeia o separatismo .
... E as guerras - conseqüência dos pequeninos conflitos que se travam nos grupos familiares - decorrem do amor-próprio doentio de governos arbitrários e enlouquecidos que tripudiam sobre os direitos humanos, e, transformados em abutres, logo sucumbem sobre os escombros dos vencidos em que se refestam ...
Jesus caluniado, agredido, desrespeitado, abandonado e crucificado, lecionando o amor fraternal - antítese do amor-próprio - e atestando a suprema força de que se encontrava investido, ofertou-nos, sábio, a mensagem-advertência salvadora contra esse inimigo que habita em nós e deve ser combatido sem tréguas: o amor-próprio.
5 - RENOVAÇÃO
A poda propicia a renovação da planta.
A drenagem faculta a modificação do campo. A decantação aprimora a qualidade do líquido.
O cautério enseja a laqueação de vasos e a destruição dos tecidos contaminados.
A modificação dos hábitos viciosos fomenta o entusiasmo que liberta do comodismo pernicioso e da atividade perturbadora.
Imperioso o esforço para a renovação que gera bênção e é matriz de prodigiosas conquistas.
Renovar idéias - haurindo no manancial inesgotável do Evangelho a inspiração superior.
Renovar palestras - mediante o exercício salutar do pensamento comedido e nobre.
Renovar atividades - colocando o "sal" da alegria e a gota de amor em cada tarefa a ser realizada.
Renovar objetivos - pelo estudo contínuo das metas e meios para a libertação espiritual, tendo em vista a decisão irrevogável de triunfar sobre as imposições afligentes que conspiram no mundo contra a paz verdadeira do Espírito.
Renovar é processo fecundo de produzir. Não apenas renovar para variar, antes reativar os valores que jazem vencidos pela rotina pertinaz, ou redescobrir os ideais que, a pouco e pouco, são consumidos pelo marasmo, vencidos pela modorra, desarticulados pelas contingências da mecânica realizadora.
A renovação interior - poda moral - desse modo, exige disciplina e sacrifício para lograr o êxito que se pretende colimar.
Diante da questão desagradável, que já consegues resolver, renova a paciência e tenta uma vez mais.
Ante a pessoa irritante que já conseguiu fazer-se antipática, renova conceitos e insiste na fraternidade um pouco mais.
Em face do antagonista gratuito que logra desagradar-te, renova o esforço de vencer-te e sê gentil ainda mais.
Perante o sofrimento que parece destruir-te, renova-te pela oração e confia mais.
O discípulo do Evangelho, que desdenha o milagre da renovação, pode ser comparado ao trabalhador que menospreza a esperança - tornando-se vítima fácil para o fracasso.
Jesus, o Sublime Exemplo, ensinando a perene urgência da renovação dos propósitos superiores, cercou-se de pessoas difíceis de ser amadas, compreendidas, ajudadas, não desperdiçando situações nem circunstâncias negativas, armadilhas e astúcias em momentos de aflitivas conjunturas, propiciando-nos, assim, a demonstração do valor do ideal e da vivência do bem, conseguindo todos renovar e tudo modificar, em razão dos objetivos elevados do Seu ministério entre os homens.
Sem reclamar contra o pecado, renovou os pecadores. Sem invectivar a astúcia, renovou as vítimas da perturbação bem urdida.
Sem reagir contra os que O perseguiam em caráter contumaz, renovou todos os que se facultavam à Sua palavra.
Toda a mensagem que nos legou, mediante palavras ou ações, constitui um poema e um hino de bênçãos à renovação do homem, do mundo e da Humanidade.
6 - HEROÍSMO DA RESIGNAÇÃO
O imediatismo dos interesses apaixonados confunde-a com demência ou a tem em conta de deficiência de forças para poder investir violentamente contra as circunstâncias.
Não falta quem se rebele contra os seus necessários impositivos.
Tacham-na de cobardia moral.
Crêem-na ultrapassada, nos dias voluptuosos do tecnicismo moderno.
Todavia, a resignação é bênção lenificadora, quando a vida responde em dor e sombra, infortúnio e dificuldade aos apelos do homem.
Alternativa redentora, que somente os bravos se conseguem impor, reforça os valores espirituais para as lutas mais ingentes da inteligência e do sentimento.
Não deflui de uma atitude de medo, porquanto isso seria injustificado ante as Leis Superiores, mas resulta de morigerada e lúcida reflexão que favorece o perfeito entendimento das imposições evolutivas.

O conhecimento dos fatores causais dos sofrimentos premia o homem com a tranqüila responsabilidade que assume, em relação aos gravames que os motivaram.
Quiçá a resignação exija mais dinâmica da coragem para submeter-se, do que requereria a reação rebelada da violência.
Entrementes, a atitude resignada não significa parasitismo nem desinteresse pela luta. Ao contrário, enseja fecundo labor ativo de reconstrução interior, fixação de propósitos salutares em programa eficaz de enobrecimento.
Ceder, agora, a fim de conseguir mais tarde. Aguardar o momento oportuno, de modo a favorecer-se com melhores resultados
Reagir pela paciência e mediante a confiança imbatível em Deus, apesar do quanto conspire, aparentemente contra.
Crer sem desfalecimento, embora as aparências aziagas.
Porfiar no serviço edificante sem engendrar técnicas da astúcia permissiva, quando tudo se apresenta em oposição.
Manter-se na alegria, não obstante sofrendo ou incompreendido, abandonado ou vencido, expressa os triunfos da resignação no homem consciente dos objetivos reais da existência na Terra.
O metal em altas temperaturas funde-se. O rio caudaloso na planície espalha-se.
A semente no solo adubado transforma-se.
O cristão ativo na construção do testemunho resigna-se.
A própria reencarnação é um ato de submissão, quanto a desencarnação, desde que ocorrem independentemente da vontade do aprendiz que se deve resignar às exigências superiores da evolução.
Resignação, por conseguinte, é conquista da não violência do Espírito que supera paixões e impulsos vis, a fim de edificar-se e triunfar sobre si mesmo e, em conseqüência, sobre os fatores negativos que lhe obstaculam o avanço libertador.
Joanna de Ângelis

quinta-feira, 27 de junho de 2013

JUSTIÇA E AMOR

JUSTIÇA  E  AMOR
Emmanuel

Questão nº876
 
Sempre que te reportes à justiça, repara que Deus a fez assistida pelo amor, a fim de que os caídos não sejam aniquilados.
Terás contigo a lógica indicando-te os males e o entendimento inspirando-te o necessário socorro aos que lhes sofrem o assédio.
Onde passes, compadece-te dos vencidos que contemples à margem...
Muitos pranteiam as ilusões que lhes trouxeram arrependimento e remorso e muitos se levantam ainda sobre os próprios enganos, à maneira de trapezistas inconscientes, ensaiando o último salto ao precipício da morte.
Dir-te-ão alguns não precisarem de teu consolo, fugindo-te à presença, com receio da verdade que te brilha na boca, e outros, que desceram do poder renovador do trabalho, preferem rolar no vício, descendo, mais cedo, os degraus do sepulcro.
Além deles, porém, surgem outros... Os que desanimaram em plena luta, recolhendo-se ao frio da retaguarda, os que enlouqueceram de sofrimento, os que perderam a fé por falta de vigilância, os que se transviaram à mingua de reconforto e os que se abeiraram do suicídio, tomados pelo superlativo do desespero...
Tentando dar-lhes remédio, ergue o mundo peniten­ciárias e hospitais, reformatórios e manicômios; no en­tanto, para ajudá-los, confere-te o Cristo a flama do amor no santuário do coração.
Todos esses padecentes da estrada têm algo para ensinar.
Os que tombam esmagados de aflição induzem-te ao serviço pelo mundo melhor, e os que se arrojam a mons­truosos delitos falam, sem palavras, em. Louvor do equilíbrio de que dispões, auxiliando-te a preservá-1o.
Não permitas que a justiça de tua alma caminhe sem amor, para que se não converta em garra de vio­lência.
Ao pé dos maiores celerados da Terra, Deus colocou mães que amam, embora esses filhos desditosos de suas bênçãos lhes transformem a vida em fonte de lágrimas.
Diante, pois, dos vencidos de todas as condições e de todas as procedências, não mostres desprezo, nem grites anátema.
Não lhes conheces a história desde o princípio e não percebes, agora, a causa invisível da dor que os degrada.
Ora e auxilia em silêncio, porque não sabes se amanhã raiará teu instante de abatimento e de angústia, e manda a regra divina façamos aos outros aquilo que desejamos nos seja feito.
Justiça sem amor é como terra sem água.
Recorda que o próprio Cristo, reconhecendo que os vencedores do mundo habitualmente se inclinam à vaidade - perigosa armadilha para quedas maiores -, preferiu nascer na palha dos que vagueiam sem rumo, viver na dificuldade dos menos felizes e morrer na cruz reservada às vítimas do crime e aos filhos da escravidão.
 
 
(De "Religião dos Espíritos", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)