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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Amor e sexualidade

Publicado por Alberto Almeida

AMOR E SEXUALIDADE

Pergunta – “Têm sexo os espíritos?”           
Resposta – “Não como entendeis, pois que os sexos dependem de uma organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.”
(O Livro dos Espíritos, questão 200)

***

Entre as energias mais poderosas por nós conhecidas está a força sexual inerente à natureza, manifesta em todos os reinos da criação universal, desde o mineral até as culminâncias angelicais, em inabordáveis expressões.
O princípio espiritual, desde o início da sua caminhada evolutiva, traz a sexualidade manifesta em nível muito primário, até alcançar as dimensões mais complexas, quando o princípio anímico passa a se constituir Espírito[1], na sua simplicidade e na sua ignorância, ao despontar no reino hominal, agora apresentando uma sexualidade revestida de novas demandas de expressão, em face da nova posição evolutiva em que se encontra.
A energia sexual, então, embute no ser humano primitivo as características ancestrais conquistadas cumulativamente, tendo no instinto animal a sua última aquisição ainda a reger a sua dinâmica existencial, mormente nas faixas mais primárias do seu desenvolvimento, quando, de modo muito sutil, desabrocham as novas possibilidades que irão compor, com o tempo, a configuração do homem atual.
A sexualidade no espírito encarnado, mediada pela gratificação de que se reveste, tem como funções a reprodução, a troca de energias magnéticas entre os parceiros[2] e a canalização do potencial criativo para outras finalidades superiores[3], quais as construções de obras da cultura, da arte, da assistência, da ciência etc., com vistas ao progresso infinito.
O amor é o penhor de garantia para o exercício de uma sexualidade centrada no equilíbrio e na harmonia. Cabe ao amor assegurar a sustentação da energia sexual, mantendo a ecologia intrapessoal e interpessoal, grupal e planetária propiciadora de paz.
Desta feita, caso o amor não tome parte regendo o sexo, surgem, invariavelmente, várias perturbações, que vão desde as alterações orgânicas até os transtornos psiquiátricos, incluindo os distúrbios socioemocionais e os processos espirituais obsessivos.
Portanto, com a ausência de amorosidade, surgem:
  1. Uma gratificação sexual centrada no gozo fisiológico propriamente dito, incitando o indivíduo a buscar relações para a descarga de sua pulsão libidinosa, transformando suas reações em encontros meramente sexuais, cujo prazer se adstringe ao sexo de superfície; surge daí uma busca por compensação com relações diversificadas e/ou com o aumento da frequência de cópulas, tentando-se, desse modo, contrabalançar a ausência de qualidade na gratificação afetivo-sexual por meio da quantidade de atos e/ou de parceiros sexuais.
  2. Uma reprodução tipificada pela paternidade e maternidade irresponsável; ou então, a criminalização da própria existência quando a gravidez recebe um endereçamento pelas vias do lamentável aborto delituoso.
  3. Uma união sexual com desperdício energético pela descarga libidinal, sem que haja a permuta magnética entre os parceiros da conjugação carnal, em face da ausência de compromisso afetivo, condenando o relacionamento à morte, pois que se reduz a uma interação estritamente corpórea, sem horizontes para a evolução do acasalamento.
  4. Um empobrecimento na utilização da canalização da energia criativa, pela escassez de amorosidade balizando seu direcionamento, e ficando, muitas vezes, como rio caudaloso, sem o controle de uma usina moral, a promover enchentes e calamidades morais de consequências imprevisíveis para todos os que são alcançados pela sua inundação.

Entretanto, quando o amor está presente, conectado às funções da energia sexual, surgem:
  1. Uma gratificação sexual que excede a de natureza fisiológica sem excluí-la, de vez que contempla prazer emocional, intelectual, espiritual etc., transformando o relacionamento em interação plenificante; isto porque a pulsão sexual está inserida numa perspectiva de ecologia global do ser, configurando uma sexualidade de profundidade regida por valores ético-morais, plena de gratificações. Pela qualidade de que se reveste, inclina-se para uma configuração de fidelidade natural à monogamia.
  2. Uma reprodução responsável, com assunção da paternidade e
da maternidade, e com absoluta rejeição da prática criminosa do abortamento como forma de lidar com o produto da concepção.
  1. Uma comunhão afetivo-sexual, com ampla troca de forças
magnéticas como alimento em regime de reciprocidade, assegurando a sustentação do equilíbrio e da evolução crescente do relacionamento de acasalamento.
  1. Uma adequada canalização das forças eróticas – quando experimenta a ausência de conjugação sexual direcionada para outras formas criativas de vida, caracterizadas pela produção do bem, do belo, do bom…, com vastas contribuições para a Humanidade.
***
Importante considerar que o sexo sem amor é mero impulso instintual constituindo o macho e a fêmea, destituído de valores intelecto-morais como categorias que demarcam um novo estágio de manifestação do princípio espiritual, compondo o homem e a mulher como espíritos reencarnados, de modo a dar prevalência aos ascendentes de sua natureza espiritual sobre os de natureza animal que ainda carregam.
Muitos julgam estar amando porque detêm um bom desempenho sexual; todavia, em não havendo amor, experimentam o enfado e a carência como quem esteja sentindo muita sede, não obstante estar tomando muita água… Porém, salgada!
Inúmeras pessoas tentam, em vão, preencher as lacunas amorosas deixadas por figuras representativas de sua história infantil, mormente pai e mãe, por meio do sexo propriamente dito. Destarte, fixam-se em seus parceiros conjugais em processos de transferência psicológica, sem aquilatar, efetivamente, o quanto amam de fato aqueles aos quais se vinculam sexualmente pelo acasalamento.
Incontáveis indivíduos, julgando amar, tão somente buscam sua afirmação de gênero, procurando, por meio da relação sexual, assegurar sua virilidade ou sua feminilidade, na tentativa de dissolver algum conflito da infância, quando foi colocada em xeque sua identidade sexual.
Incalculáveis almas cedem aos apelos sexuais na ânsia de suprir suas carências afetivas, sem que isto se constitua em solução; ao contrário, agravam suas demandas interiores, em face de seus parceiros de encontros eróticos comparecerem com uma sexualidade, às vezes, intensa, entretanto, destituída de qualquer amorosidade.
Várias pessoas procuram o sexo propriamente dito como a única fonte de prazer que se encontra disponível, sobretudo nas classes socioeconômicas mais despossuídas. Sucede, também, que, experimentando o gozo erótico, pensam estar vivenciando o amor.
Frequentes espíritos guardam dificuldades de fidelizar o sexo ao amor, em face de terem vivido reencarnações repetidas alimentando condicionamentos poligâmicos em ambientes e culturas que estimulavam semelhantes procedimentos.
Afinal, quantas outras situações despontam no cotidiano comunicando uma fragmentação entre a sexualidade e o amor e determinando um exercício da libido de maneira disfuncional, senão patológica, que agrava o sofrimento das almas sequiosas de plenitude amorosa.
***
Sexualidade é departamento do espírito, que não se situa numa parte do corpo, muito embora possa se expressar pelo aparelho genital. Contudo, mesmo quando genitalizada, precisa do balizamento de uma ética amorosa, sob pena de, ainda que produza gozo, vir a se transformar em pulsão de angústia e de vazio, de conflitos e de sofrimentos, de compulsões e de transtornos diversos, contaminando a rede de relações afetivas em todas as direções.
No entanto, caso o amor guie a energia sexual, estabelece-se a harmonização e a plenificação do ser, exteriorizando felicidade e evolução, quando e onde o espírito esteja.
E, caso esta vida reflita o mau manejo da libido no passado reencarnatório, pela presença de dores ou de limitações, de exacerbações ou de falhas, de distúrbios emocionais ou de transtornos psiquiátricos, o amanhã será o futuro abençoado de realizações e de (re)encontros promissores, se a ética do amor sustentar o seu curso na atual existência corpórea.

***
“Mestre, esta mulher foi apanhada, em flagrante, adulterando. Na Lei, nos ordenou Moisés serem apedrejadas tais mulheres. Portanto, que dizes tu?”
“(…) Jesus (…) lhes disse: Quem dentre vós estiver sem pecado atire sobre ela a primeira pedra.”
(João, 8:4, 5 e 7)

( extraído do livro “O Amor Pede Passagem”)
http://www.albertoalmeida.net/amor-e-sexualidade/

quinta-feira, 13 de junho de 2013

HOMOSSEXUALIDADE

Homossexualidade

 Emmanuel

Pergunta - Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher? Resposta: - Isso pouco lhe importa.
O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.
Item n° 202, de "O Livro dos Espíritos".

A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação.
Observada a ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às criaturas heterossexuais.
A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinqüência.
A vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto, através de milênios e milênios, o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas.
O homem e a mulher serão, desse modo, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta.
A face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese ao corpo de formação masculina que o segregue, verificando-se análogo processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias.
Obviamente compreensível, em vista do exposto, que o Espírito no renascimento, entre os homens, pode tomar um corpo feminino ou masculino, não apenas atendendo-se ao imperativo de encargos particulares em determinado setor de ação, como também no que concerne a obrigações regenerativas.
O homem que abusou das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões construtivas e lares diversos, em muitos casos é induzido a buscar nova posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino, aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a mulher que agiu de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino, com idênticos fins.
E, ainda, em muitos outros casos, Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, conseqüentemente, na elevação de si próprios, rogam dos Instrutores da Vida Maior que os assistem a própria internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem.
Escolhem com isso viver temporariamente ocultos na armadura carnal, com o que se garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a perseverarem, sem maiores dificuldades, nos objetivos que abraçam.
Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual.
E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia.
Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.
Psicografia : Francisco Cândido Xavier Livro : Vida e Sexo
 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

ENTREVISTA COM DIVALDO FRANCO / Atendimento Fraterno 1a Parte

1

José Ferraz: — Qual a utilidade doutrinária do serviço de Atendimento
Fraterno na Casa Espírita?
Divaldo: — Receber as pessoas, orientando-as quanto às possibilidades
de que a Casa dispõe em forma de recursos que são colocados às ordens
daqueles que vêm até ao núcleo de iluminação espiritual, encaminhando os
que têm problemas para receberem as respostas pertinentes às suas
necessidades e, por fim, fazendo o trabalho educativo e fraternal de bem
conduzir todos aqueles que batem às portas da Instituição Espírita.
João Neves: — É benéfico para as pessoas que recorrem à terapia dos
passes serem, antes, assistidas e orientadas
(*) A presente Entrevista foi proposta e realizada no transcurso de
reunião pública do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador,
Bahia.
pelo atendente fraterno?
Divaldo: O Atendimento Fraterno é uma psicoterapia que modifica a
estrutura do problema no indivíduo que se acerca da Casa Espírita com idéias
que não correspondem à realidade.
Pode-se dizer que, desse contato pessoal que antecipa o passe, muitas
vezes o cliente já se beneficia, sendo até mesmo desnecessária a aplicação da
bioenergia.
Vivemos numa sociedade que padece conflitos psicossociais, sócioeconômicos,
comportamentais, cujos individuos têm necessidade de fazer
catarse. Como o atendimento psicanalítico é muito caro e muito prolongado, no
Atendimento Fraterno o indivíduo tem a oportunidade de abrir a alma ao bom
ouvinte, que o pode orientar com segurança e demitizar o significado do passe.
Como é natural, a desinformação atribui ao passe um caráter de natureza
miraculosa, o que tem levado algumas pessoas menos esclarecidas a
estabelecer o número deles para a solução de certos problemas, o que não
deixa de ser um equívoco, porque se poderá aplicá-los em número infinito e, se
o paciente não se transformar interiormente, de nada adiantará a terapêutica.
Se ele não se abrir para assimilar as energias, faz-se semelhante a uma pedra
granítica que, apesar de estar mergulhada em águas abissais por milhões de
anos, ao ser arrebentada encontra-se seca interiormente.
José Ferraz: — Quais são os requisitos indispensáveis para que uma
pessoa, na função de atendente fraterno, possa sintonizar com os Bons
Espíritos?
Divaldo: — A condição essencial é a boa moral. Do ponto de vista espiritista o requisito moral do indivíduo é relevante,
imprescindível. Utilizamo-nos de um brocardo popular: “Diz-me quem és e eu te
direi com quem andas; diz-me com quem andas e eu te direi quem és”.
Ir a Deus através da prece é outra condição, pois se abrem os canais
psíquicos para uma perfeita sintonia com o Mundo Espiritual que nos assiste no
atendimento às criaturas da Terra.
Além desses caracteres essenciais, além dos valores morais, é
imprescindível o conhecimento da Doutrina Espírita.
Não se pode propiciar um bom atendimento fraterno na Casa Espírita, sem
que se conheça o Espiritismo, o que seria paradoxal, falando-se de uma coisa
com a qual não se está identificado.
O conhecimento amplo da Doutrina Espírita é um requisito que tem caráter
primacial, porque a pessoa irá falar a respeito daquilo que é a essência da
Doutrina a fim de que o cliente recém-chegado se inteire do que pode
conseguir.
Um bom tato psicológico é necessário. A capacidade de saber ouvir é
valiosa, porque o cliente, normalmente, quer falar. Na maioria das vezes, não
deseja ouvir respostas, quer “desabafar”, como muitos o afirmam, porque, na
falta de uma resposta para o problema, ele necessita de alguém que o ouça.
Então, o atendente deve possuir esse tato psicológico para dar oportunidade ao visitante de
liberar-se do conflito. Evitar, quanto possível, que ele fale de questões íntimas,
de que se arrependerá depois, quando passar o problema.
O Atendimento Fraterno não é um confessionário. Como o próprio nome
diz, é um encontro, no qual se atende fraternalmente àquele que tem qualquer
tipo de carência.
Com tato psicológico pode-se desviar, no momento oportuno, uma questão
que seja inconveniente e interromper o cliente na hora própria, a fim de que
não se alongue demasiadamente, gerando um “élan” de afinidades entre o
terapeuta do atendimento e aquele que o busca, evitando produzir-se o que, às
vezes, ocorre entre o psicoterapeuta convencional e o seu paciente.
O atendente fraterno deve manter-se em condição não preferencial por
pessoas, numa neutralidade dinâmica, como diria Joanna de Ângelis, porque
todos são iguais — diz a Justiça — perante a Lei. A todos, então, que tem
problemas e nos buscam, deveremos atender com carinho, sem preferências,
sem excepcionalidades e sem absorvermos o seu problema, para que ele não
se torne um paciente nosso e não transfira todos os seus desafios para nossa
residência. Não poucas vezes, o mesmo perguntará: — Quando eu tiver um
problema posso telefonar-lhe? — Não — será a resposta — em casa eu tenho
outros compromissos; você virá quando necessitar, aqui ao Atendimento.
João Neves: — Pessoas há, que embora interessadas nas orientações do
Atendimento Fraterno, estão tão presas às idéias fixas, que dificultam a absorção da orientação. Como fazer, para
ajudá-las a desviar essas fixações?
Divaldo: — Deixar, primeiro, que falem. O primeiro encontro é sempre
muito difÍcil. A pessoa vem com muitas idéias que não correspondem à
realidade; ou vem céptica, e fala com certa indiferença; ou vem fascinada pela
hipótese de ter o problema resolvido no primeiro encontro. Então acha que pelo
fato de estar numa Casa Espírita, os seus problemas já não mais irão afligi-la.
Essa pessoa, no momento em que começa a falar, deveremos deixá-la
expor a sua dificuldade por alguns instantes e, logo depois, interrompê-la,
informando-a: — Agora você vai me ouvir.
Se a pessoa insistir, afirmaremos: — Você não veio para me doutrinar,
mas sim para pedir conselhos, que eu vou lhe dar. Agora vai depender de você
aceitá-los ou não — evitando assim, que a pessoa transforme o Atendimento
Fraterno num rosário de queixas. Poderemos dizer também: — Até aqui a sua
vida foi dessa forma; neste momento abre-se-lhe uma etapa nova. É
necessário que voce me ouça, para poder ver as possibilidades que estão ao
seu alcance. Agora pare, e ouça as sugestões que tenho e que são induções
simples. Joanna de Ângelis, a nossa Mentora, diz o seguinte: — Tudo começa
no pensamento. Toda vez que um pensamento for perturbador, substitua-o por
outro que seja positivo.
Se a criatura disser: — Mas, eu não posso...
Responderemos: — Você não quer quer; mas é o quanto nós lhe podemos dar;
além disso, não lhe prometemos nada. Não lhe oferecemos aquilo que não podemos doar, porqüanto não
estamos aqui para enganar as pessoas.
Evitar-se, ao máximo, essas expressões de natureza prodigiosa, que
martirizam o paciente, dando-lhe informações que ele não tem capacidade para
digerir.
Diante de uma pergunta: - Será que eu sou obsidiado? — responda-se
com honestidade: — Não sei.
— Será que existem comigo obsessores?
— Eles só estão em contato conosco, porque estamos em sintonia com
eles...
Evite-se, tanto quanto possível, aumentar-lhe a carga de aflições com
informações indevidas ou que podem não corresponder à realidade.
José Ferraz: — Os bons Espíritos ajudam as pessoas que buscam o
Atendimento Fraterno? De que forma? Fale, particularmente, sobre a
desobsessão na nossa Casa.
Divaldo: — Todo aquele que sobe a um planalto, mesmo que não se dê
conta, aspira oxigênio puro; quem desce ao vale, onde existem pântanos e
matéria em decomposição, mesmo que o não perceba impregna-se de
miasmas. A Casa Espírita é o planalto no qual podemos comungar com Deus.
É o oásis refrescante na severidade adusta da terra sáfara. É a ilha generosa
no oceano tumultuado das paixões. Quando alguém se adentra pela Casa
Espírita — e aqui fazemos uma generalização, estendendo a qualquer templo de fé religiosa — é amparado pelos Espíritos que têm ali a tarefa de preservar o nome de Deus, o Seu valor diante das almas e, no caso
específico do Cristianismo, a presença de Jesus, que prometeu nunca nos deixar órfãos.
Quando chegamos à Casa Espírita, as Entidades benevolentes e caridosas
dispõem de Espíritos outros que se encarregam de vigiar, de proteger o recinto
humano e o espiritual. Fazem programas, utilizando-se de Entidades com capacidades magnéticas para impedir a entrada de outras, perturbadoras, obsessoras, assim também de pessoas que causam transtorno, tumulto e generalizam desequilíbrios, o que é patente em nossas Casas, como noutras congêneres.
A nossa Instituição tem as portas abertas a quem quer que sej a, e todos somos testemunhas de que jamais aconteceu qualquer coisa desagradável, face à massa que a freqüenta, e que pode trazer psicopatas, dependentes químicos de drogas, de álcool, desajustados, porque as defesas magnéticas
estabelecidas, de alguma forma impedem-lhes a entrada, da mesma forma que as defesas espirituais impossibilitam a penetração de Espíritos perversos que, às vezes, estão acompanhando os seus hospedeiros. Eis porque, aí já começa a desobsessão...
A presença dos bons Espíritos e o atendimento que fazem logo modifica a
estrutura psíquica dos pacientes, afastando as Entidades malévolas que os irão
aguardar àsaída, fora dessas defesas magnéticas.
Quando os visitantes saem tumultuados, ansiosos para voltar a casa e recuperar os pensamentos negativos com os quais vieram — e momentaneamente os deixaram, ouvindo a palestra ou recebendo a orientação — volvem às viciações psíquicas, e assim atraem,
de retorno, os seus comparsas, prosseguindo o problema.
Essa é uma desobsessão coletiva.
Nas conferências, nas aulas, em quaisquer instruções dignificantes, enquanto o público se concentra na proposta elevada, os bons Espíritos aplicam energias corretivas, libertadoras, naqueles que estão vinculados à idéia superior, realizando, desse modo, igualmente, a terapêutica desobsessiva.
Em nossa Casa, em particular, e em outras, no sentido genérico, os Benfeitores, ao verem o paciente que veio para o Atendimento Fraterno, observando a sua carência real, a sua angústia, a sua honesta necessidade de mudar, anotam quais os perseguidores que os afligem, e trazem-nos, em particular e discretamente, às sessões mediúnicas para tratamento desobsessivo.
Eles me apresentam verdadeiros livros onde registram os endereços das
pessoas que pedem visitas, e as atendem. Determinam Espíritos que acompanham aquelas que pediram socorro, e que permanecem por longo período ao lado delas. Mesmo que qualquer uma mude de idéia, o seu acompanhante continua dando-lhe assistência até o momento em que o quadro se modifique.
Aquele Espírito assistente torna-se o comunicador das Entidades que mourejam na Casa Espírita e que passam a ter conhecimento de como vai o processo de recuperação do cliente, que antes veio pedir socorro
Isso começa, portanto, quando nos adentramos na Casa Espírita ou noutro templo de fé, mais particularmente quando nos encontramos em atendimento fraterno, porque os bons Espíritos estão
acompanhando-nos e, percebendo a gravidade, maior ou menor, de nosso problema, removem aqueles Espíritos perturbadores e os trazem à doutrinação.
Ocorre, com muita freqüência entre nós, essa doutrinação sem a presença do paciente, o que é perfeitamente compreensível. Estar ali participando não é necessário para a sua recuperação, impondo-lhe assistência à reunião mediúnica.
Desse modo, o Atendimento Fraterno também tem o caráter de desobsessão lúcida, porque o atendente funciona como doutrinador e o paciente como beneficiário.
João Neves: — Na sua experiência tão vasta de atendente fraterno, quais as causas preponderantes que desencadeiam as aflições humanas?
Divaldo: — O egoísmo, seria a resposta de Allan Kardec.
O egoísmo é o câncer da sociedade, porque é ele que desencadeia outros distúrbios em nossa área espiritual. Éo egoísmo que responde pela nossa agressividade, porque ele nos leva ao egocentrismo, ao direito de crer que somos o centro do Universo, e de merecermos tudo e todos, tornando-nos soberbos. O ciúme também é causa infeliz, porque nos faz pensar que somos
proprietários uns dos outros, dos objetos, das ocasiões e das circunstâncias; o ódio a todo
aquele que não concorda conosco e nos agride é fator dissolvente e
desprezível; a revolta e, conseqüentemente, a cólera fulminante, que abre espaço ao ódio, constituindo-se elemento pernicioso.
Graças a esses fatores, as enfermidades se nos alojam com mais facilidade, porqüanto o egoísmo produz enzimas destrutivas, que vêm perturbar o metabolismo e facultam campo para a instalação de doenças degenerativas.
Ao mesmo tempo, torna-nos distônicos, e passamos a ter problemas psicológicos, abrindo ensejo para a vinculação com as Entidades perversas, malévolas, tendo início aí os processos de obsessão.
A Psico-neuro-imunologia identificou que possuimos na saliva uma enzima que protege o nosso organismo de infecções viróticas — a imunoglobulina.
O egoísta é introspectivo, apaixonado, indiferente aos problemas alheios.
Produz toxinas que impedirão a fabricação da imunoglobulina, deixando-o a mercê das doenças.
Por isso, Jesus ofereceu como terapia fundamental o amor, porque,
quando se ama, sai-se de si para poder tornar-se ütil; o individuo esquece seus próprios problemas para contribuir pela diminuição dos alheios.
Quando começamos a amar, a vida iridesce a paisagem, que se apresenta
enriquecida, e as nossas pequenas dores tornam-se menores diante do volume
de aflições que desgovernam o mundo.
Jesus sintetizou tudo isso de uma forma muito bela, quando os discípulos afirmaram que Ele sempre atendia as criaturas tomado por compaixão. Não esse sentimento de piedade vulgar, mas, com a paixão de ternura, com o desejo veemente de modificar aquela situação. É esse sentimento de amor que ajuda e faz que se entesoure os recursos para diminuir os sofrimentos humanos.
José Ferraz: Esta pergunta foi elaborada por Suely Caldas Schubert:
Como conduzir a orientação a uma pessoa que já tentou o suicídio algumas vezes e persiste na mesma idéia? Deve-se, de alguma forma, dizer lhe quais as conseqüências funestas do seu ato infeliz ou ser-lhe compreensivo e consolador?
Divaldo: — A melhor maneira de consolar é advertir quanto aos riscos que advêm como conseqüências dos nossos atos impensados.
Consola-se, quando se esclarece.
A melhor forma de consolar alguém é arrancá-lo da ignorância, educá-lo.
Allan Kardec faz uma abordagem, em “O Livro dos Espíritos”, que é
excelente, ao referir-se à tarefa da educação, elucidando que os males humanos decorrem da predominância dos instintos agressivos, que se sentem repelidos, como diria o psicanalista Alfredo Adier, e devem ser superados através dos métodos morais disciplinadores. Allan Kardec se reporta à educação moral. É necessário dizer ao paciente que ele tem o direito de interromper a vida física, mas que esse ato lhe trará tais e quais conseqüências inevitáveis.
Ele está sofrendo hoje angústia, desesperação, sente soledade, incompreensões, como colheita dos atos imprevidentes de ontem. Se complicar a atual existência com uma atitude de revolta contra Deus, a sociedade e a si mesmo, as suas penas e aflições serão muito maiores. É, portanto,
perfeitamente lícito e necessário dizer-se com doçura, para não parecer que lhe estamos prometendo um castigo — como fazem algumas doutrinas do Deus terror — que o agora é colheita de uma sementeira infeliz, e que ele está tendo a opção de superar o drama ao invés de entregar-se ao suicídio, uma opção cujas conseqüências serão muito mais funestas.
João Neves: — Diga-nos uma postura adequada a assumir diante das pessoas que se vêem assinaladas por desvios da sexualidade, conflitadas com essa problemática.
Divaldo: — A postura da bondade, mas não da intimidade; compreensão, mas não conivência; espírito fraternal, mas sem estímulo ao prosseguimento do comportamento que não corresponde à ética estabelecida pela Doutrina Espírita.
O indivíduo tem direito à sua opção sexual ou a qualquer outra, pois este é seu livre-arbítrio, mas não tem o de nos obrigar a concordar com ele, de exigir que estejamos ao seu lado, a fim de que tenha uma escusa para continuar no vício.
A proposta do Espiritismo é erguer, jamais de contribuir para que se venha permanecer numa atitude cômoda, sem esforço, e de grandes prejuízos para o ser espiritual que somos, na jornada carnal em que estamos.
A continência e a fidelidade aos outros; o que não gostaríamos que nos fizessem, não lhes façamos.
Assim, a melhor atitude para acabar com o erro, é a conservação da virtude.
O melhor caminho para fazer cessar a agressividade social, é a paz de espírito, que luariza a violência e modifica a estrutura do agressor.
Seja qual for, portanto, o tipo de desvio do comportamento sexual, moral, ético, espiritual, que nos seja apresentado, a nossa atitude é terapêutica, sem conivência, repito, sem anuência, sem reproche, porque o indivíduo tem o direito de fazer da sua vida o que lhe aprouver; mas temos o dever de mostrar lhe
o caminho correto que deve seguir.
José Ferraz: — É recomendável sugerir tratamentos médico ou psicológico para o atendido? Em que circunstâncias?
Divaldo: — Quando o paciente traz um problema na área da saúde, a primeira pergunta deve ser: — Está recebendo assistência médica? — Porque
o Espiritismo não é uma Doutrina que combate a Medicina, como muita gente pensa, e como durante um largo período os médicos supuseram, face ao comportamento irrelevante de alguns indivíduos que se
diziam espíritas ou curadores e ficariam melhor colocados como curandeiros.
Allan Kardec escreveu que: “O Espiritismo marcha ao lado do progresso, aceita tudo quanto ele comprova, mas não se detém onde a Ciência pára, porque a Ciência estuda os efeitos e o Espiritismo remonta às causas”.
A função do Espiritismo não é curar corpos, mas animar o homem, a fim de que se autocure espiritualmente, e a saúde seja-lhe uma conseqüência da própria transformação moral.
Daí, é perfeitamente válido, e mesmo compreensÍvel, que o atendente
pergunte: — Tem recebido assistência médica? — quando o mesmo se
encontre enfermo — e dizer-lhe mais: — Não abandone o seu médico, porque o Espiritismo irá também ajudá-lo, através dele, a resolver o problema.
Nos casos de natureza psicológica, nos distúrbios comportamentais, nos
transtornos neuróticos e psicóticos, é justo que se pergunte também: — Já
consultou o especialista? — Porque pessoas há, que ficam muito magoadas
quando falamos as palavras psiquiatra e psicólogo.
Se ele indagar: — De que especialidade?
Responder-se-á: — Do problema que o está afligindo: o psicólogo, o
psicanalista, o psiquiatra, porque, hoje a Psiquiatria, a Psicologia e a
Psicanálise não têm somente a exclusiva finalidade de tratar doentes, mas de
evitar as doenças que lhes são pertinentes.
Sendo possível, todos deveremos, periodicamente,consultar um psicólogo, um psiquiatra. Da mesma forma como realizamos um “check-up” para o organismo fÍsico, deveríamos fazê-lo também para o
comportamental, o psicológico, o psíquico, evitando determinados distúrbios que começam sutilmente e que se podem agravar, até mesmo na área da senilidade, quando ultrapassamos determinada faixa de idade.
É válido que se sugira assistência médica, mesmo porque, em caso de agravamento do problema, ninguém pode culpar-nos de havermos negligenciado com os deveres da assistência especializada.
João Neves: No Atendimento Fraterno temos observado um medo acentuado nas criaturas humanas: medo de doença, medo da morte, medo de feitiço, medo de assumir compromissos mediúnicos em clima de
respeitabilidade. Fale-nos um pouco sobre isso.
Divaldo: — A desinformação é inimiga do progresso. A desinformação é pior do que a ignorância total, porque a informação equivocada, a meia verdade são mais perigosas do que a mentira. Infelizmente, grassa em nossos arraiais a meia verdade. Existem aqueles que se comprazem em transformar a mediunidade em um instrumento divinatório, O fato de ser médium dar-lhe-ia o
poder de saber tudo, de entender tudo e de resolver tudo. E uma meia verdade, O médium, como o nome diz, é instrumento, aquele que se encontra no meio.
Quando assimila a informação de que se faz objeto, torna-se instrumento lúcido; quando apenas transmite sem consciência, é instrumento automático que não lucra, que não se beneficia com a oportunidade de que desfruta.
Alguém, um dia, me disse: — Conversando com Chico Xavier, notei que ele é muito culto, que fala escorreitamente, que não comete erros gramaticais nem prosódicos, e que tem informações muito seguras; no entanto, dizem que ele tem apenas o curso primário.
Respondi-lhe: — É verdade. Ele fez o curso primário dentro da proposta convencional, mas consideremos que, desde criança, ele dialoga com os Mestres, os Espíritos nobres que vêm à Terra, e não apenas se expressando na língua brasileira, porque viveram aqui no país, mas também Espíritos de
escol nas áreas da Ciência, da Filosofia, das Artes... É toda uma existência de constante aprendizagem. Quando psicografa, filtra a mensagem dos Espíritos, depois a lê, a datilografa, relê, envia-a em livro, que termina por receber, voltando a inteirar-se do seu conteúdo. É natural que aprenda.
Ele não pode ser tão rústico quanto nós. Se aprendemos o que os Espíritos escrevem por seu intermédio, lendo-lhe os livros, é óbvio que ele próprio os lendo muitas vezes, conhece-os mais do que nós. Ademais, ele interroga aos Autores, que lhe apresentam adenda, que lhe trazem esclarecimentos mais complexos, e que lhe dizem coisas que não estão escritas. Desse modo, Chico
Xavier não é somente uma pessoa bem informada, é um sábio, porque oculta a sua sabedoria, evitando constranger a nossa ignorância.
É natural, portanto, que nesse trabalho do Atendimento Fraterno procuremos iluminar a própria consciência, quanto possível, oferecendo aos indivíduos uma visão qualitativa, principalmente do que a Doutrina Espírita é, do que lhes está reservado, para que, naturalmente, esclarecidos, mudem de comportamento para melhor.
Essa conquista iluminativa podemos haurir no estudo da Doutrina, na convivência com os Bons Espíritos, nos diálogos que mantemos uns com os
outros, e ademais, na sintonia permanente que deveremos preservar depois que o Atendimento Fraterno termina e vamos para casa.
José Ferraz: Como conduzir a orientação para uma senhora casada que adulterou e arrependeu-se; no entanto, o seu parceiro continua com a atitude persistente de dar continuidade à ligação irregular, inclusive, ameaçando-a de contar ao marido.
Divaldo: Todos desfrutamos do direito de errar, mas temos o dever de recuperarmo-nos. Se a pessoa não teve resistências e assumiu um compromisso extraconjugal, ao despertar do problema, que tome a atitude
rigorosa de interrompê-lo. O Evangelho fala com clareza que, caindo em si, Simão Pedro percebeu o grande erro de haver negado Jesus. Reabilitou-se entregando-Lhe toda a vida; e caindo em si, Maria de Magdala identificou oabismo em que se encontrava, e ergueu-se, tornando-se a grande mensageira
da ressurreição; e caindo em si, Judas não teve resistência, cometendo um crime pior: o suicídio...
A pessoa que caí em si, deve assumir as conseqüências do seu ato, e não voltar a tombar.
Não se trata de uma teoria; é uma terapia.
Se houver ameaça por parte do explorador, diga-se-lhe: - Muito bem, que a
cumpra, e se fique em paz, evitando-se prosseguir na fossa da degradação, pois que, o chantagista, além de venal, é perverso.
A mulher estava enganada e despertou, não mais entrando na sombra.
Nossos erros poderemos resgatá-los hoje, amanhã ou mais tarde. sempre é tempo de fazê-lo. Se o adúltero levar ao conhecimento do esposo, e ele cobrar, que ela tenha a lealdade de dizer: Infelizmente, é verdade até
determinado ponto; agora não é mais. — Tome ele a atitude que lhe convier,
porque ela já tomou a sua: mudar de vida para melhor, com o direito de reabilitar-se.
Se o ofendido a abandonar, o problema, agora, será dele.
Porque se esteja sob ameaça, não é justo continuar corrompendo-se mais.
João Neves: Como atender a uma pessoa que esteja no limiar entre a lucidez e o desequilíbrio? Têm acorrido à nossa Casa pessoas nas suas últimas resistências.
Divaldo: — Dizer que, quando queremos, podemos. Estimulá-la a mudar de paisagem mental.
Todo aquele que está fraquejando emocionalmente. fixa em demasia os seus conflitos, gerando uma psicosfera de autocompaixão. A autocompaixão é um drama tão grande, quanto a indiferença de sentimentos, porque, na autocomiseração o indivíduo somente vê a sua desgraça e não a contribuição dos valores que estão ao seu alcance, aguardando-o.
Na área da Psicologia, fala-se que há uma tendência muito maior de conservar a tristeza do que a alegria, a dor ao invés do bem-estar. E um comportamento masoquista.
As nossas alegrias são muito rápidas e as nossas tristezas muito demoradas, porque nós gostamos mais da tristeza. As nossas alegrias parecem que não nos saciam e queremos mais. Determinada coisa de impacto
ou de felicidade, algumas horas depois, já não nos preenche tão plenamente.
Mas, uma contrariedade, um insucesso, marca-nos tão profundamente que ficamos a reneti-lo mentalmente. o que faz que se imprima cada vez mais em nosso inconsciente profundo.
Quando passarmos a coletar as alegrias e a não dar valor aos desconfortos, às vicissitudes, enfrentaremos os problemas com mais naturalidade. Achamos, porém, que vida feliz é a daquele que tem dinheiro,
que vive o prazer. Isto, no entanto, é uma vida sensualista, no sentido de gozo
incessante.
Na hora em que compreendermos que gozo não é felicidade, e que prazer é uma questão que diz respeito às sensações, sendo felicidade aquilo que afeta às emoções profundas, encararemos as vicissitudes como acidentes de percurso, porque a nossa meta é a plenitude.
Marcam-nos mais a tragédia, o sofrimento, do que a felicidade e a harmonia.
Observe-se que o indivíduo,...
Continuação .....

sábado, 18 de agosto de 2012

Encontro de Reparação.



          Encontro de Reparação
          O diálogo, na praça ensolarada, no qual a mulher adúltera foi compreendida por Jesus, tornou-se um esperado escândalo.

          Surpreendentemente, o Mestre não censurou o delito, recomendando a lapidação da equivocada, nem a liberou de responsabilidade, considerando-a inocente.

          Reportou-se, isto sim, à leviandade dos acusadores que se encontravam incursos no mesmo crime.

          Tal atitude havia desconcertado os intrigantes e vingadores gratuitos, que se rebelavam contra a terrível chaga do organismo social, que é o adultério, esquecidos de que, ao lado da caída encontrava-se o comparsa que tombara no mesmo erro.

          Passada a surpresa e debandada a multidão sedenta de sangue, e porque a sós, com a infortunada, o Senhor recomendou-lhe que não voltasse a pecar a fim de que não lhe acontecesse mal pior, conforme era habitual.

          Naquela noite, no entanto, quando o episódio já esmaecia, inclusive, entre os discípulos, a mulher, decidida a imprimir novo rumo à existência, procurou o Amigo Divino, na residência que O acolhia ...

          Demonstrando, no constrangimento que exteriorizava, todo o drama, e sofrimento maceradores, solicitou e conseguiu uma entrevista com Aquele graças a cuja interferência tivera a vida poupada.

          Compreendendo a angústia que a apunhalava, o Senhor ensejou-lhe o início da conversa de edificação, saudando-a com carinho e sem afectação.

          - Rogo perdão - disse ela reticente - por vir perturbar-Vos a paz.

          - A verdadeira paz - retrucou-lhe, calmo - é a que flui do coração aclimatado ao culto do dever, que nada perturba.

          "Fala, tranquila e te ouvirei... "

          - Sinto-me aturdida - ripostou-Lhe em pranto - sem saber que rumo dar à minha existência. Lutei muito antes de tombar... O sedutor rondou-me os passos como lobo voraz, ante a presa invigilante ...

          "Meu esposo, passados os primeiros dias da novidade conjugal, retornou às noitadas alegres, deixando-me em solidão... Enferma da alma e carente de bondade, permiti-me envenenar por tormentos que não merecem compaixão.

          "Com sede de ternura, embriaguei-me de concupiscência e ansiosa pela água pura do amor, chafurdei no lodaçal dos desejos doentios. O resultado foi a tragédia ...

          "Abandonada e sem lar, agora padeço o desprezo e a zombaria geral, não sabendo que rumo seguir, nem como agir.

          "Peço-Vos um roteiro e uma lâmpada acesa de


          esperança, a fim de prosseguir... "

          Jesus penetrou naquela alma, ansiosa e sofrida, nela encontrando as dores da Humanidade através dos tempos e considerou, bondoso:

          - A paciência e a confiança em Deus serão as duas providências iniciais que te facultarão a cura e a renovação da saúde. Cometido o erro, ele passa a pesar na economia social e a sobrecarregar a consciência culpada.

          "Não são de importância o que os outros pensam de nós e a cobrança, pela impiedade, com que .desejam fazer justiça. O problema íntimo é vital, e somente quando o homem se reintegra no concerto da ordem, do bem, é que pode fruir de tranquilidade.

          "Arma-te de humildade e confia no amanhã.

          "A memória do povo é fraca e passa rápida em relação às virtudes do próximo. Todavia, é firme, clara e duradoura de referência às faltas alheias, sempre recordadas com o ácido da acusação e os acepipes da malícia.

          "O exemplo decorrente do arrependimento se transforma na defesa do equivocado, que assim repara perante o Pai, ante si mesmo e a sociedade, o engano perpetrado."

          - Para onde irei, agora? - inquiriu, vencida ..

          - As aves dos céus têm ninho, as serpentes e feras os seus covis, mas o filho do Homem não tem onde se agasalhar, vivendo sob a abóbada estrelada e avançando na direcção do Infinito ...

          "Assim, busca a oportunidade de reparação e adapta-te à situação actual, aguardando o amanhã com a disposição de quem compreende o prejuízo a si mesmo causado, ao arrojar fora o hoje ...

          "A negligência do esposo ingrato e leviano não constitui respaldo para que assumisses compromisso infeliz semelhante. E porque ele é doente também, vivendo num organismo comunitário alienado do amor, não tem condições de distender-te a mão amiga, quando dele necessitas e conforme de ti no futuro igualmente dependerá.

          "A vida é feita de permutas, que facilitam a felicidade para todos, sem cujo concurso faz-se mais difícil.

          "Segue, porém, renovada pela certeza do triunfo, porquanto todo aquele que se levanta da queda, encontra apoio na fé e na luta para firmar-se.

          "O Pai Criador não desampara filho algum e vela, devotado, por todos."

          Fazendo-se um silêncio natural, profundo e tocante, foi a mulher quem o arrebentou, rogando:

          - Permiti-me, seguir-Vos, na minha pequenez, e dai-me a Vossa bênção.

          Jesus envolveu a sofredora em uma onda de ternura ímpar, e, erguendo-a, pois que, comovida, se Lhe prosternara aos pés, concluiu:

          - Vai, filha, e não sofras mais. Aqueles que se arrependem e buscam ensejo de redenção, encontram-no. Há sempre um lugar no rebanho do amor para as ovelhas que retornam e desejam avançar.

          "Onde quer que vás, eu estarei contigo e a luz da verdade, no archote do bem brilhará à frente, clareando o teu caminho."

          No céu silencioso, a sinfonia dos astros espalhava luz cintilante, apontando o futuro.

          *

          Dez anos depois, na cidade de Tiro, uma casa humilde de aspecto e rica de amor, recolhia peregrinos cansados e enfermos sem ninguém.

          Uma mulher, que traía na face desgastada vestígios de grande beleza em decadência, reunia ali os infelizes, limpava-lhes as chagas e falava-lhes de Jesus.

          Tornara-se, por isso, querida e respeitada por todos.

          Num cair de tarde amena, chegou, trazido por mãos piedosas, um homem chagado, em extrema penúria, quase morto sob o fardo de mil vicissitudes.

          Recolhido com carinho, teve as úlceras lavadas e aliviadas com unguentos medicamentosos, recebendo caldo reconfortante das mãos da caridade.

          Quando se recobrou um pouco do desalento que o vitimava, ouviu a mensagem de encorajamento, em nome de Jesus, enunciada com unção e carinho pela desconhecida benfeitora.

          Emocionado, e quase sem vitalidade, indagou interessado:

          - Esse Jesus a quem vos referis é o galileu que foi crucificado em Jerusalém?

          - Sim, é Ele mesmo. Morreu por nós, mas volveu ao nosso convívio para nunca mais deixar-nos.

          - E vós O conhecestes para terdes a certeza de que os Seus ensinos são verdadeiros?

          - Sim, eu O conheci oportunamente, quando a mim Ele salvou-me ...

          - Também eu tive a honra de O conhecer - respondeu o moribundo, quase sem forças - mas não soube beneficiar-me. A vós Ele salvou, mas, eu, egoísta e mau, O detestei, afastando-me da Sua presença, confuso e amargurado.

          - Que vos fez Ele para que fugísseis, magoado?

          - Salvou a minha mulher que adulterara contra mim e não me concedeu uma palavra, sequer, de consolação. Não pude compreendê-lO, então.

          "Abandonei a companheira a quem eu infelicitara com os meus vícios e envenenei-me de dor.

          "Passados os anos e havendo despertado para a verdade, tenho-a buscado em vão por toda parte, até que a doença me devorou o corpo e aqui estou... "

          Embargada pelas emoções em desenfreio, naquele momento, a mulher recordou-se da praça e do diálogo, à noite, com o Mestre, um decénio antes, reconheceu o companheiro do passado e sem dizer-lhe nada, segurou-lhe a mão suavemente e o consolou:

          - O arrependimento do erro, a confiança em Deus e a paciência são os primeiros passos para a reparação de qualquer delito.

          "Deus é amor, e, Jesus, por isso mesmo nunca está longe daqueles que O querem e buscam.

          "Agora durma em paz enquanto eu velo, porquanto, nós ambos já O encontramos ... "


          
Pelos caminhos de Jesus -  Divaldo Pereira Franco – Amélia Rodrigues

sábado, 11 de agosto de 2012

Sexo e Genética no Espiritismo


Falar em sexo é falar em moral, porque o sexo se tornou, na cultura religiosa, o pivô de todos os sistemas morais. Nas civilizações agrárias e pastoris o problema sexual, embora carregado pelos tabus da selva, não se deixou esmagar por essa carga. A moral das primeiras civilizações revelou-se, de modo geral, muito aberta em relação ao sexo, chegando mesmo a encará-lo como sagrado. Na remota Suméria e mesmo nas civilizações teocráticas a era fálica desenvolveu-se de maneira espantosa. O falo, ou, como dizia Rilke, o membro da geração, era objeto de culto religioso. O ato sexual era considerado sagrado. Podemos ver na Bíblia que a civilização agrária judaica foi, durante os primeiros tempos, bastante liberal no tocante ao sexo. Mas na proporção em que as questões de linhagem e direitos sucessórios exigiram disciplinação, o sexo foi sendo encarado com progressivas suspeitas.
Na Grécia e na Roma arcaicas a licença sexual chegou ao extremo das festas religiosas em homenagem aos deuses da sensualidade e da fecundidade. Por todo o Antigo Oriente o culto sexual dominou amplamente, aprimorando-se as cerimônias do sexo com requintes dionisíacos na China, no Japão, na Arábia, na Pérsia e assim por diante. Técnicas requintadas ainda subsistem atualmente em vários países, servindo para o incentivo do comércio turístico e pesando favoravelmente na balança de exportações. Os ritos da virilidade produziram em Esparta a prática oficial e obrigatória do homossexualismo na educação dos adolescentes, com repercussões acentuadas em Atenas, na Pérsia e em Roma. Na época de Sócrates o problema era encarado com ambivalência, como verificamos no Banquete de Platão. Mas ainda nessa época os gregos chegaram a organizar, como relata Werner Laeger, um exército de andrógenos para conquistar Siracusa, partindo da idéia de que os amantes não se acovardavam quando juntos e queriam brilhar aos olhos uns dos outros. Episódio que mostra a plurivalência do sexo nas culturas clássicas.
No Cristianismo o sexo caiu em desgraça. Nem mesmo os tópicos bíblicos altamente sensuais puderam salvá-lo. Os cristãos caíram no complexo de castração. O sexo transformou-se em pecado mortal e a Igreja instituiu o celibato obrigatório dos clérigos e restabeleceu a virgindade sagrada das vestais, do culto pagão da deusa Vesta. Em conflito com o próprio mandamento divino do crescei e multiplicai-vos, a geração tornou-se impura e as crianças não nasciam inocentes, mas maculadas pelo pecado original. O horror ao sexo provocou epidemias de crises místicas nos conventos e mosteiros, dando incremento às perversões sexuais e aos delírios de histeria. Os íncubos e súcubos, demônios pervertidos, atacavam os padres e as freiras nos dormitórios sagrados, levando-os a pecados horrendos e a penitências e cilícios que geravam explosões satânicas de masoquismo. A asfixia das fontes biológicas da espécie custava tão caro que os clérigos tiveram de apelar à hipocrisia e à mentira. Bispos criaram taxas especiais para que os clérigos pudessem socorrer-se às ocultas, escapando aos delírios do sexo com a compra de autorizações eclesiásticas para pecar sem perigo para a pureza suposta das almas.
E todas essas loucuras, que perduram ainda, repercutiram por todo o mundo em atrocidades de toda a espécie, perseguições e torturas, excomunhões e maldições, fogueiras assassinas, tudo ao canto das litanias piedosas, ao clamor diuturno das preces, no desespero e na angústia das famílias mutiladas, em nome do Cristo que salvara a mulher adúltera da lapidação dos hipócritas e transformara Madalena em santa, porque ela muito amara. O tempo passou, é verdade, mas as almas esmagadas perderam-se na revolta impotente, marcadas a fogo pela descrença em Deus e nos homens.
Não fazemos um libelo tardio, mas não se pode tratar dessas fases históricas com a indiferença dos cínicos. A lição do passado precisa gravar-se em nossas mentes de maneira indelével, com as cores trágicas da loucura, para não cairmos de novo nas armadilhas da arrogância e da ferocidade selvagem que continuam armadas em nós mesmos. Seria um crime de lesa-humanidade ocultar essa verdade áspera. E mais ainda, seria uma traição ao futuro passar de leve sobre um problema tão grave, tão carregado de conseqüências que ainda continuam a ameaçar-nos. A herança tenebrosa corre ainda em nossas veias. A peçonha da serpente edênica envenena o nosso sangue, e o seu sibilar remoto ainda cicia aos nossos ouvidos, incitando-nos à loucura de novas tentativas de santidade e pureza extremas, como se pudéssemos sair do barro da carne para elevar-nos, num segundo, à condição angélica. A pretensão da santidade, formal, feita de atitudes fictícias, de fanatismo bronco, de orgulho satânico, ainda empolgam os que se julgam melhores do que os outros. As duras lições do passado nos mostram que só podemos nos aproximar do Cristianismo através da humildade consciente e da simplicidade espontânea. Basta um grãozinho de orgulho, de pretensão a sabereta ou santo, para perdermos o Cristo de vista e entrarmos na procissão dos anjos de asas de papel.
O Espiritismo nos oferece a última oportunidade de voltarmos a Cristo e reencontrarmos o seu ensino e o seu exemplo. Em todas as religiões cristãs exalta-se a importância do exemplo de Cristo, mas a própria instituição igrejeira, herdada do judaísmo e do paganismo, opõe-se brutalmente a qualquer assimilação da naturalidade cristã pelos adeptos. A erva daninha da vaidade pessoal e de grupo asfixia com suas folhas de urtiga as sementes do Semeador. A suntuosidade das Federações e dos Centros Espíritas com instalações pomposas excitam a vaidade das pessoas simples que as integram com boas intenções, mas logo se embriagam com as posições que assumem, considerando-se autoridades doutrinárias e portanto capazes de ditar normas, estabelecer disciplina, fixar posições doutrinárias e exigir obediência e respeito. Convencidos de possuir um conhecimento superior, muito acima da fatuidade da sabedoria igrejeira e da ignorância espiritual dos sábios materialistas, criaturas desprovidas de um mínimo de cultura geral julgam-se aptas a ensinar a Verdade e até mesmo de reformular a Doutrina com os dados supostos de suas precárias experiências. Não conseguem sequer assimilar os princípios espíritas, mas porque se tornaram figuras socialmente importantes nos quadros institucionais passam a falar grosso e a semear na seara o joio de suas especulações ilógicas. Nada mais desolador do que esse espetáculo de ignorância enfatuada, não raro dado por indivíduos de formação universitária mal assimilada, que se apóiam em seus títulos para sustentar o seu falso prestígio. A última novidade que se espalha no meio espírita é a mais velha de todas: a da castidade para homens e mulheres, a fuga ao sexo, esse instrumento do Diabo que é também o instrumento da criação, do povoamento da Terra pelas criaturas de Deus. Esses anjos assexuados que surgem agora, em revoadas místicas, no meio espírita, não são jejunos apenas em questões genéticas, mas também e principalmente em Espiritismo. Nada conhecem da poderosa síntese histórica e espiritual que Kardec nos deixou. Devem ter saído ontem de alguma sacristia medieval escondida num mosteiro de frades analfabetos do deserto, que para servir a Deus andavam descalços e em trapos, guardavam a sua sagrada ignorância como as vestais a sua virgindade sagrada, e não tomavam banho para terem a glória de morrer em cheiro de santidade, ou seja, de suor e sujeira no corpo desnutrido coberto de chagas.
No Espiritismo não há lugar para a volta à era fálica nem para o restabelecimento das castidades forçadas. Na sua natureza de síntese cultural, o Espiritismo coloca o problema sexual acima das antigas condições de ambivalência do sexo. O capítulo sobre a Lei de Reprodução n’O Livro dos Espíritos é decisivo: a lei de reprodução é encarada como lei natural e humana, de ordem moral, correspondendo às exigências divinas da evolução dos seres, das raças e de toda a Humanidade. O celibato é condenado como fuga egoísta aos compromissos sociais, a menos que seja determinado por motivos graves. O sexo não é nem pode ser pecaminoso. Sua função é evidentemente necessária para o progresso dos espíritos. O que se condena é o excesso, o abuso e o aviltamento do sexo. Lei natural, estabelecida por Deus para todas as formas de vida, o sexo é o meio de transmissão da vida na sucessão das gerações. Nos reinos da Natureza, o vegetal, o animal e o hominal, o sexo é a garantia da continuidade da vida e o fator das reencarnações. As superstições anti-sexuais revelam estreiteza mental, tendência ao misticismo igrejeiro do passado, ao beatismo ignorante, ao masoquismo lúbrico e à necrofilia, ou seja, apego mórbido à morte. Esse é um problema bem conhecido em Psicologia e suas conseqüências pertencem ao campo da Psiquiatria. Esse conjunto de elementos negativos produziu no passado religioso as mais estranhas manifestações de delírios pseudo-místicos e desequilíbrios da afetividade. Incontáveis casos de loucura e pseudo-possessões demoníacas brotaram dos conventos e mosteiros medievais pela prática forçada e criminosa de abstinências sexuais que, não raro, acabavam em perversões.
Os desvios da afetividade levam criaturas inocentes a imperceptíveis ligações amorosas com outras criaturas da mesma tipologia psicológica, chegando a extremos criminosos de perversão de crianças em internatos de rigor espartano, em cujo clima asfixiante as exigências biológicas fazem renascer as flores venenosas das práticas de Esparta. Em contrapartida, surgem também os casos de delírios senis em criaturas envelhecidas, que no declínio da vitalidade se tornam ridículas e perigosas, tentando reativar suas energias genéticas sem a compulsão das frustrações de toda uma vida em que esmagaram seus impulsos afetivos. Já sem forças para sustentar as lutas disciplinares da mocidade contra os impulsos naturais, essas vítimas da ilusão religiosa são condenadas e julgadas como seres depravados que só então revelam o que eram. É o duro preço pago pelos que não tiveram a coragem de escalar as encostas do Olimpo para roubar o fogo celeste de Zeus.
O mesmo acontece no tocante às condenações rigorosas contra as pessoas apegadas a hábitos comuns na sociedade, mas que o puritanismo espírita reprime em nome do bom conceito que os adeptos devem sustentar no meio social, uma imagem forçada, artificial e quase sempre insustentável. Os espíritas não constituem uma comunidade à parte no meio social, não podem e não devem isolar-se ou distinguir-se por atitudes ou comportamento especiais. Jesus podia ter nascido príncipe, como o Buda, ou podia nascer numa família abastada que o encaminhasse para o sacerdócio e as honras do rabinato. Preferiu a humildade de uma família pobre de Nazaré, pequena cidade de uma província desprezada pela sua numerosa população de gentios, e a condição inferior de carpinteiro. Viveu no meio do povo, convivendo com criaturas renegadas como os publicanos, cobradores de impostos, os soldados e centuriões romanos, os pescadores do Mar da Galiléia, os mercadores, os cegos e os leprosos (lixos do povo, desprezados por Deus, segundo as normas do Templo) com os fabricantes de azeite da região de Betânia, os pastores árabes da Transjordânia, sendo anunciado pelo profeta popular do Deserto, João Batista, que se cobria com pele de animais. Comia com eles sem obedecer aos rituais fariseus, não respeitava as leis discriminatórias da pureza judaica, hospedava-se em casas impuras, conversava com samaritanos segregados, defendia em praça pública as mulheres adúlteras, para afinal morrer na cruz infamante entre ladrões, sob o peso da mesma condenação desses companheiros da hora extrema. Nesse convívio com o populacho atendia a todos, semeava as sementes do seu ensino em corações puros ou impuros, sem condená-los pela sua impureza convencional. Os espíritas, que desejam ser os Seus amigos e companheiros de hoje, não podem entregar-se a puritanismos discriminatórios, criando exigências formalistas para si mesmos e para os outros. O verdadeiro cristão é sal do mundo e precisa misturar-se na massa que deve salgar.
O Espiritismo não criou igrejas, não precisa de templos suntuosos e tribunas luxuosas com pregadores enfatuados. Não tem rituais, não dispensa bênçãos, não promete lugar celeste a ninguém, não confere honrarias em títulos ou diplomas especiais, não disputa regalias oficiais. Sua única missão é esclarecer, orientar, indicar o caminho da autenticidade humana e da verdade espiritual do homem. Se não compreendermos isso e nisso não nos integrarmos estaremos sendo pedras de tropeço para os que desejam realmente evoluir, não por fora, mas por dentro. E esse por dentro não quer dizer reforma, mas desenvolvimento das potencialidades do espírito. A teoria da reforma intima é um engodo que levou muitos companheiros aproveitáveis à vaidade adulteradora. Não há reforma para o que não se estraga. O espírito é o mesmo em todos e só necessita de uma coisa: desenvolvimento. Enquanto não desenvolver a sua capacidade de compreender, analisar, julgar, discernir e respeitar a verdade não terá condições para modificar-se por dentro. Mesmo porque essa modificação só pode ocorrer pelo esforço pessoal de cada um. A expressão reforma intima é inadequada, pois implica a idéia de substituição de coisas, conserto, modificação em disposições internas, como numa casa ou numa loja. As disposições internas do espírito correspondem ao seu grau de evolução, como nos mostra a Escala Espírita de Kardec. O espírito é vida e não arranjo. Seu desenvolvimento depende de experiências, estudos, reflexão – tudo isso com mente aberta para a realidade e não fechada em esquemas artificiais. Ninguém se reforma nem pode reformar os outros. Mas todos podem superar as suas condições atuais, romper os limites em que a mente se fechou e transcender-se. Os modelos de figurino espiritual são inócuos e até mesmo prejudiciais. A responsabilidade espírita é individual, cada qual responde por si mesmo e não pode prender-se a supostos mestres espirituais.
Um espírita que se sujeita às lições de um mestre pessoal não é espírita, é um beato seguindo Antônio Conselheiro. O despertar da consciência na experiência é o seu caminho único de progresso. Ele não confia em palavras, mas nos fatos. Não busca a ilusão de uma salvação confessional, mas aprofunda-se no conhecimento doutrinário para saber por si mesmo onde pisa e para onde vai...
Os que precisam de mestres não confiam em si mesmos, fazem-se ovelhas de um rebanho. No Espiritismo não há rebanhos nem pastores: há trabalho a fazer, afinidades a estabelecer entre companheiros em pé de igualdade, toda uma batalha a vencer; há os pesados resíduos teológicos, supersticiosos e obscurantistas que esmagam a ingenuidade das massas. O Espiritismo é uma tomada de consciência da responsabilidade do homem na existência, da sua liberdade e da sua transcendência. Os espíritas que ainda se alimentam de leite – como escreveu Paulo – precisam tratar de crescer e alimentar-se de coisas sólidas, consistentes.
O problema da Genética no Espiritismo refere-se ao princípio da reencarnação. Os críticos da Doutrina denunciam suposto conflito entre a herança biológica e o controle espiritual na formação do novo corpo. Entendem que o determinismo da hereditariedade cria dificuldades ao desenvolvimento do esquema programado para a nova encarnação. O temperamento e as condições biopsíquicas e biofisiológicas do nascituro não estariam sujeitos às exigências reencarnatórias das provas e expiações que o espírito teria de enfrentar na nova existência. Mas essas objeções decorrem do antigo conceito dualista do homem, com separação absoluta dos elementos corporais anímicos. A Ciência Espírita demonstrou que espírito e matéria se conjugam, como energia estruturadora e massa estruturável, subordinando-se, portanto, a matéria ao espírito. Segundo os princípios doutrinários, podemos colocar o problema genético na seguinte disposição no plano evolutivo:
a)   simples ação de aglutinação das partículas materiais livres, dispersas no espaço, para a formação dos átomos e a seguir das estruturas atômicas do reino mineral;
b)  complexa estruturação dos átomos na formação das moléculas no plano vital, para a produção das espécies do reino vegetal;
c)   complexíssima elaboração dos elementos orgânicos, nos reinos anteriores, para a formação dos seres vivos;
d)  transcendente elaboração dos resultados de todo esse processo no plano espiritual para organização das formas matrizes e seus centros de energias padronizadoras, para a organização das formas perispiríticas dos seres vivos e particularmente dos superiores, para a ligação espírito-matéria, em que o primeiro, como inteligência ativa e criadora, exercerá as funções determinantes.
A espantosa intuição dos gregos já havia captado, no desenvolvimento do atomismo filosófico, particularmente entre os fisiólogos, como Leucipo e Demócrito, a existência dos átomos de fogo da alma e das homeomérias, modelos infinitesimais que se ligam para a produção das formas materiais. Essas homeomérias (do grego, homo – semelhante) seriam minúsculas partículas na forma do pé, do braço, da cabeça. e de cada membro a ser produzido. As pesquisas atuais no campo da Biologia comprovaram a existência dos centros padronizadores nos seres vivos. A perna de frente de um embrião de rato, deslocada para o lugar de uma perna traseira (e vice-versa) adquire, no desenvolvimento do animal, a forma de perna traseira. Assim, as homeomérias, que pareciam uma concepção fantasiosa e ingênua, revelam-se como símbolo dos centros padronizadores dos corpos dos seres vivos. Nas pesquisas soviéticas sobre o corpo bioplásmico (perispírito) ficou cientificamente provada a ação modeladora desse corpo sobre o desenvolvimento do corpo material humano.
Dessa maneira, ficou demonstrada a interferência de um poder maior do que o da hereditariedade na formação dos embriões humanos; o determinismo do código genético não pode ser considerado como absoluto e cego, estabelecido por leis mecânicas. A Inteligência Universal que responde pela estruturação de toda a realidade revela-se minuciosa na especificação da infinita variedade das coisas e dos seres. Não há, pois, nenhum conflito entre as forças naturais no processo da reencarnação. Por outro lado, a própria flexibilidade do processo da hereditariedade, há muito cientificamente constatada, que permite o aparecimento surpreendente de caracteres de ancestrais remotos em exemplares de gerações recentes, poderiam contestar as dúvidas dos críticos. Não se precisa ser especialista em Biologia para se compreender esse problema, cuja solução, em face da Doutrina, pertence ao campo da lógica. Por isso Kardec sustentava: “O Espiritismo é uma questão de bom-senso”.
Essas questões de sexo e genética mostram claramente a posição científica do Espiritismo, que não apela jamais para explicações místicas ou soluções imaginosas dos problemas reais. É com os pés na realidade que o Espiritismo avança em todos os sentidos.

Professor Herculano Pires
Curso Dinâmico de Espiritismo

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Aborto e Justiça Divina


"O aborto provocado, mesmo diante de regulamentos humanos que o permitem, é um crime perante as Leis de Deus. "- Emmanuel (Leis de Amor, Cap. XI)
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O Espírito Emmanuel nos fala deste hediondo crime:
"Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza... Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação. "(Religião dos Espíritos, Cap. 17)
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"A insensibilidade humana na prática do aborto cruel mostra quanto estamos distantes das Leis Divinas, ainda mais quando as instituições dos códigos humanos criam leis aprovando o direito à mulher de negar a continuidade da vida a um ser que está desenvolvendo-se dentro de seu próprio organismo. "
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"O aborto provocado destrói não somente o corpo do bebê, mas também o santuário divino das formas humanas na mulher."
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"O aborto provocado não será crime ante a Justiça Divina, quando se tem por finalidade salvar a vida da mãe, quando seu organismo não possuir condições de dar seqüência ao desenvolvimento fetal. Vejamos em "O Livro dos Espíritos" a Questão 359:"
"Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvara segunda?
"Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe."
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"As conseqüências imediatas do aborto delituoso logicamente se refletem, primeiro e em maior grau, no organismo fisiopsicossomático da mulher, pois abortar é arrancar violentamente um ser vivo do claustro materno. "
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"O centro genésico, que é o santuário das energias criadoras do sexo e tem sua contraparte na organização perispiritual da mulher, com a prática do aborto condenável sofre desequilíbrios profundos, ainda desconhecidos da ciência terrena. O Espírito André Luiz em seu livro "Evolução em Dois Mundos" descreve os resultados no mundo psíquico da mulher que comete o aborto delituoso: "
"É dessa forma que a mulher e o homem, acumpliciados nas ocorrências do aborto delituoso, mas principalmente a mulher, cujo grau de responsabilidade nas faltas dessa natureza é muito maior, à frente da vida que ela prometeu honrar com nobreza, na maternidade sublime, desajustam as energias psicossomáticas, com mais penetrante desequilíbrio do centro genésico, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que frutescerão, mais tarde, em regime de prudução a tempo certo ." (Evolução em Dois Mundos, Cap. XIV - Parte II)
*
"O crime do aborto não é simplesmente o de destruir um corpo que está se formando, mas também o de interferir no direito do Espírito reencarnante que realmente está dando vida ao feto, pois a partir do momento da concepção, o Espírito passa a atuar profundamente no crescimento do embrião. Analisemos o que nos esclarecem os Espíritos Superiores em "O Livro dos Espíritos" , na Questão 344: "
"Em que momento a alma se une ao corpo? "
"A união começa na concepção mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até o instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus. "
*
"Como na organização fetal existe um Espírito administrando o seu crescimento em simbiose mental com a mãe, em realidade já é o dono desse corpo em formação, e em sã consciência a mulher gestante não poderá dizer que é dona do feto e faz dele o que lhe aprouver, pois ela já está trabalhando em parceria com um Espírito, filho de Deus como ela mesma, e com os mesmos direitos de possuir um corpo e de voltar à Terra. "
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"A mulher que cometeu aborto delituoso passa a sofrer conseqüências desagradáveis imediatas em seu próprio organismo, seja pelo surgimento de enfermidades variadas ou pelos processos sombrios da obsessão, em virtude da antipatia nascida no Espírito reencarnante, que vê seu tentame frustrado. Meditemos nas explicações de Emmanuel: "
"O aborto oferece conseqüências dolorosas especiais para as mães?
Resposta - O aborto oferece funestas intercorrências para as mulheres que a ele se submetem, impelindo-as à desencarnação prematura, seja pelo cáncer ou por outras moléstias de formação obscura, quando não se anulam em aflitivos processos de obsessão. "(Leis de Amor, Cap. IV)
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"Deus nos deixa com o livre-arbítrio para decidirmos se cometeremos ou não o hediondo crime do aborto, uma vez que somos responsáveis pelos nossos próprios atos. Mas Deus não dá a ninguém o direito de eliminar a vida de um ser que está em formação no organismo materno, pois este direito somente Ele o possui. Quem está patrocinando o renascimento de qualquer criança, antes de tudo, é DEUS. "
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"A maior luz e a maior força de Amor na maternidade é a de DEUS. "
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"A organização física e os elementos genésicos femininos e masculinos são criação de DEUS e todo o processo e formação da criança no ventre materno está sob a diretriz de Suas Leis. A participação da mulher na maternidade não é absoluta, mas parcial, pois a maior pertence a DEUS. Nossos filhos, antes de tudo, são filhos de DEUS, como esclarece o Espírito Emmanuel: "
"A mãe terrestre deve compreender, antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus. "(O Consolador , Pergunta 189)
*
"Observamos que, no processo expiatório do aborto cruel, as conseqüências mais infelizes permanecerão sempre com a mulher, quando sua prática nasce de sua única decisão. O remorso virá, mais cedo ou mais tarde, cobrando o reajuste. E também as reações psíquicas negativas do Espírito que deveria ser o futuro filho são resultantes quase que naturais, após o extermínio intra-uterino. André Luiz assim descreve o estado íntimo do Espírito frustrado em sua reencarnação:
"Isso ocorre não somente porque o remorso se lhe entranhe no ser, à feição de víbora magnética, mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e de desespero e, por vezes, de revolta e vingança dos Espíritos que a lei lhes reservara para filhos do próprio sangue, na obra de restauração do destino. (Evolução em dois Mundos , Cap. XIV - Parte II)
*
"Retira-se violentamente o organismo fetal do ventre materno, eliminando a vida física, mas não se consegue destruir o Espírito reencarnante, o qual, muitas vezes, permanece profundamente arraigado à tessitura perispirítíca da frustrada mãe, provocando os desequilíbrios mentais e dis unções orgânicas as mais diversas."
*
"Não podendo extinguir-se a simbiose psíquica com a mesma brevidade com que se elimina a vida em gestação no ventre materno, sua natureza de permuta magnética muda-se totalmente, porque o Espírito reencarnante transforma-se no seu mundo íntimo, que antes era de alegria e esperança, para as emoções traumatizadas de desapontamento, ódio e vingança, por não concordar com a destmição de seu organismo em formação. Geralmente são Espíritos sofredores com grandes problemas a enfrentar e resolver, a quem as mães insensíveis, em geral, devem muito em virtude dos compromissos afetivos espezinhados em vidas passadas, e que agora a bênção da reencarnação chama para o reajuste do destino."
"É preferível deixá-los reencarnar e ser para nós filhos-problemas, trazendo lutas incessantes para o lar, pois os sofrimentos serão muito menores do que se estivessem no mundo espiritual, cultivando perseguição implacável, pelos fios da obsessão atormentadora. Em manuel em o livro "Vida e Sexo" nos esclarece:"
"Se, porém, quando instalados na Terra, anestesiamos a consciência, expulsando-os de nossa companhia, a pretexto de resguardar o próprio conforto, não lhes podemos prever as reações negativas e, então, muitos dos associados de nossos erros de outras épocas, ontem convertidos, no Plano Espiritual, em amigos potenciais, à custa das nossas promessas de compreensão e de auxílio, fazem-se hoje - e isso ocorre bastas vezes, em todas as comunidades da Terra - inimigos recalcados que se nos entranham a vida Intima com tal expressão de desencanto e azedume que, a rigor, nos infundem mais sofrimentos e aflição que se estivessem conosco em plena experiência física, na condição de filhos-problemas, impondo-nos trabalho e inquietação. "(Vida e Sexo , Lição 17)
*
"As conseqüências desagradáveis do aborto delituoso podem ser imediatas e a longo prazo, principalmente para a mulher, seja no seu corpo físico, na atual existência, seja na vida espiritual após a morte, e também na próxima encarnação. Já analisamos o problema da obsessão por parte do Espírito reencamante que não pôde ser um filho na Terra. Vejamos agora as enfermidades na organização física da mulher, tendo como causa a prática do aborto. Esses desequilíbrios, que têm começo nesta existência, seguirão por muito tempo na organização psicossomática da mulher que engendrou o aborto cruel. Os desajustamentos do centro genésico no penspírito da mulher irão refletir-se em enfermidades graves do corpo físico, ao longo da existência terrena: "
"Arrancar uma criança ao materno seio é infanticídio confesso. A mulher que o promove ou que venha a cometer semelhante delito é constrangida, por leis irrevogáveis, a sofrer alterações deprimentes no centro genésico de sua alma, predispondo-se geralmente a dolorosas enfermidades, quais sejam a metrite, o vaginismo, a metralgia, o enfarte uterino, a tumoração cancerosa, flagelos estes com os quais muita vez, desencarna, demandando o Além para responder, perante a Justiça Divina, pelo crime praticado. E, então, que se reconhece rediviva, mas doente e infeliz, porque, pela incessante recapitulação mental do ato abominável, através do remorso, reterá por tempo longo a degenerescência das forças genitais. "(Ação e Reação, Cap. XV)
*
"Na vida corpórea, dificilmente percebemos que nossas enfermidades são resultados positivos de nossos deslizes diante da Lei Divina, mas na Vida Espiritual cada Espírito vê, sente e vive em si mesmo os reflexos negativos de seus pensamentos enfermiços, emoções inferiores e ações criminosas, praticadas na existência humana irresponsável. A miséria moral se estampa perfeitamente no mundo mental e tem como conseqüência a desorganização e a deformidade do corpo espiritual. E o que acontece com as mulheres que praticaram o aborto com plena liberdade e consciência do que estavam fazendo, segundo as declarações de André Luiz: "
"O aborto provocado, sem necessidade terapêutica, revela-se matematicamente seguido por choques traumáticos no corpo espiritual, tantas vezes quantas se repetir o delito de lesa-maternidade mergulhando as mulheres que o perpetram em angústias indefiníveis, além da morte, de vez que, por mais extensas se lhes façam as gratificações e os obséquios dos Espíritos Amigos e Benfeitores que lhes recordam as qualidades elogiáveis, mais se sentem diminuídas moralmente em si mesmas, com o centro genésico desordenado e infeliz, assim como alguém indebitamente admitido num festim brilhante carregando uma chaga que a todo instante se denuncia. "(Evolução em Dois Mundos, Cap. XIV - Parte II)
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"Para a mulher que praticou o aborto, injustificadamente, os sofrimentos continuarão na próxima encarnação, através dos desequilíbrios psíquicos diversos, enfermidades do útero e a grande frustração pela impossibilidade de gerar filhos. Mesmo a mulher que praticou o aborto, após já ter concebido o primeiro ou o segundo filho, receberá, na próxima encarnação; os sintomas perturbatórios de seu crime, justamente depois do primeiro ou do segundo filho, período exato em que praticou o aborto na existência anterior. Diversos problemas que sofrem hoje as mulheres no exercício da maternidade têm suas causas profundas nos deslizes do passado, que hoje surgem no corpo físico como reflexo positivo da desorganização perispirítica."
"Em razão disso, nem sempre a mulher recupera a saúde, afetada por esses transtornos, somente com o uso de medicamentos e hábeis cirurgias da medicina terrestre, pois há que resgatar em si mesma, à custa de muitos sofrimentos, suportados com fé e abnegação, os crimes do ontem, para aprender a valorizar, respeitar e amparar a vida dos filhos que Deus temporariamente lhe entrega nas mãos."
*
"Todos aqueles que induzem ou auxiliam a mulher na eliminação do nascituro possuem também a sua culpabilidade no ato criminoso: maridos ou namorados que obrigam as esposas, médicos que estimulam e o realizam, enfermeiras e parteiras inconscientes. Para a justiça humana, não há crime, nem processo, nem punição, na maioria dos casos, mas para a JUSTIÇA DIVINA todos os envolvidos no ato criminoso sofrerão as conseqüências sombrias, imediatas ou a longo prazo, de acordo com o seu grau de culpabilidade. Emmanuel nos esclarece bem isso:"
"O aborto oferece conseqüências dolorosas especiais para os pais? Resposta - Os pais que cooperam nos delitos do aborto, tanto quanto os ginecologistas que o favorecem, vêm a sofrer os resultados da crueldade que praticam, atraindo sobre as próprias cabeças os sofrimentos e os desesperos das próprias vítimas, relegadas por eles aos percalços e sombras da vida espiritual de esferas inferiores. "(Leis de Amor, Pergunta 04)
BARCELOS, Walter. Sexo e Evolução. FEB. Trechos extraídos do Livro Sexo e Evolução.

REENCARNAÇÃO, FAMÍLIA E SEXO


Através de 22 emissoras de televisão, sob o comando a TV-TUPI de São Paulo, o programa Flávio Cavalcanti apresentou, ao vivo, uma entrevista com o querido médium Francisco Cândido Xavier, em 14 de julho de 1974, qual apresentamos agora, resumidamente.
Após ser apresentado a toda a platéia presente e aos telespectadores de todo o Brasil pelo animador do programa, Chico Xavier disse em determinado momento, em agradecimento:
“Eu peço licença para dizer que esta medalha, este troféu assim tão brilhante, pertence à Doutrina Espírita da qual temos sido, até agora, o último dos últimos servidores”.
(Chico referia-se à Medalha Cinquentão, a ele ofertada pelo programa).
Sob intensa expectativa, seguiram-se as perguntas.
104 – CONHECIMENTO ANTECIPADO DA MORTE
P – O senhor admite que Emmanuel irá, quando chegar o momento, informá-lo antecipadamente do dia e da hora de sua morte?
R – Creio que ele reconhece a minha condição de criatura humana, frágil ainda; se o nosso Benfeitor Espiritual observar-me em condições adequadas para receber a notícia se, alarme, ele o fará. Mas, compreendendo decerto me abençoará com a caridade so silêncio.
105 – RELIGIÃO E TRANSFUSÃO DE SANGUE
P – Por motivos religiosos, neste confronto entre o direito à vida e a convicção religiosas, no caso do menino filho de Testemunha de Jeová que não permitiram a transfusão de sangue que o salvaria, com quem o senhor ficaria?
R – Notamos que os pais da criança estão ou estariam agindo com muita honestidade perante a fé que abraçam. Acreditamos que a Providência Divina podendo manifestar-se através de circunstâncias e através de ocorrências diversas terá induzindo a um outro pai, no caso, o Exmo. Sr. Juiz de Menores, a providenciar os recursos para o tratamento necessário à criança doente. (Aplausos).
106 – OS ESPÍRITAS E O MEDO DA MORTE
P – O Espiritismo diz que a morte é o começo de uma nova vida. Por que, então, muitos espíritas têm medo de morrer, inclusive o senhor?
R – essa notícia a meu respeito naturalmente é divulgada através daquela história, com a descrição que fiz de um dos problemas nossos numa viagem aérea. è verdade que tive muito medo da partida súbita para outro gênero de vida, mas também tive medo de quebrar a coluna e ficar impossibilitado para o trabalho. è que, efetivamente, nunca houve na terra esse ou aquele curso de preparação para a morte. Sempre  encaramos a desencarnação como sendo uma prova sem remédios ou uma dor irreversível. Isso impõe sérias complicações ao assunto. Através de existências numerosas, entramos sempre no Além com muitas dificuldades, e inibições, recapitulando de óbito em óbito, essa espécie de terror.
(*) Transcrita do “Serviço Espírita de Informações” – SEI – Rio de Janeiro (RJ) 27 de julho de 1974, sob o título “Chico Xavier no Programa Flávio Cavalcanti”.
107 – PERÍODO DE SONO
P – P Senhor dorme muito?
R – Durmo atualmente na média de 4 horas diárias, incluindo no total das minhas pausas de repouso de meia hora para tratamento dos olhos.
108 – ALIMENTAÇÃO
P – Come bem?
R – Almoço regularmente, incluindo a carne em meu prato comum. aliás sou uma pessoa natural.
109 – ESTADO DE SAÚDE
P – O Senhor está doente?
R – Tenho andado com alguma hipotensão, mas, estou em tratamento médico melhorando sempre.
110 – ATENDIMENTO SEMANAL
P – Quantas pessoas o senhor atende por semana?
R – Na atualidade, tenho contato com o público, em duas noites por semana: sextas e sábados, na média de 500 pessoas semanalmente com a repetição em mais ou menos vinte por cem, de alguns contatos pessoais com amigos e conhecidos sempre muito estimáveis.
111- OPERAÇÃO PLÁSTICA. PERMISSÃO
P – Nós temos no júri um cirurgião plástico, famoso aqui em são Paulo, o Dr. Oswaldo. O senhor seria capaz de se permitir uma operação plástica?
R – Desde que a plástica fosse para regenerar o aspecto de minha apresentação, acho que seria um dever meu, para não assustar o público, em meu relacionamento habitual. (Aplausos e risos).
112 – MENSAGEM AOS QUE SOFREM
P – O senhor sabe quem quando anunciamos que iríamos entrevistá-lo, várias penitenciárias do Estado e de outros Estados pediram autorização para que os aparelhos ficassem ligados até mais tarde, porque os presidiários gostariam de ouvi-lo e vê-lo.
Assim aconteceu com muitos hospitais, inclusive, com a Santa Casa de Misericórdia e vários outros nosocômios.
Enfermos de toda sorte, mosteiros, casa de freiras, asilos... Em todos esses lugares o senhor está sendo visto e ouvido agora. Chegou-nos, igualmente a noticia de que, em quase uma dezena de detenções, os aparelhos se encontram ligados, e os detentos pedindo uma palavra de carinho e de amor.
R – Isso me surpreende muito porque nada fiz para merecer essas atenções, nem tenho possibilidade ou dotes quaisquer para corresponder a tanta grandeza de alma. Em razão disso peço permissão aos nossos irmãos presidiários e aos caros amigos telespectadores para contar um pequeno episódio ocorrido meses atrás: Conheci em Uberaba, uma criança de seis anos que, costumeiramente, acompanhava a própria mãezinha à cidade de Igarapava e a cidades outras de nossa vizinhança, a procura de trabalho. Esse menino que se locomovia com muita dificuldade chamava-se Pedro. Demorou-se, perto de nós cerca de dois meses, freqüentando a beneficência da Comunhão Espírita Cristã. Certa vez, perguntei-lhe: “Pedro, o que é que você quer ser quando for homem feito?” Ele respondeu: “Tio Chico, quando crescer eu quero ajudar Deus a pintar as flores!”
Aquilo me enterneceu muito e eu disse: “então, você vai ser um grande artista”.No dia seguinte ao nosso diálogo, um veiculo em disparada atropelou o menino. Fui vê-lo, no colo materno, entre a expectativa da morte que se aproximava e o enternecimento que o garoto me suscitava ao coração, e perguntei-lhe: “Pedro, o que é que você quer agora? O papagaio de papel ou o carro de brincar de que você gosta tanto?
Ele me disse: “Tio Chico, eu quero... eu quero ajudar Deus...” Meu Deus, se todos nós andássemos no trânsito respeitando os sinais; se amássemos mais profundamente os nossos semelhantes ao guiar as nossas máquinas... Refiro-me a este episódio porque todas as crianças são nossos filhos, em todos os níveis sociais. Os Espíritos Benfeitores explicam sempre que as crianças são esperanças de Deus, que vieram até nós ajudando a Deus, colorindo por isso mesmo, a nossa vida d felicidade e paz.
Com referência ao assunto, rogo licença para lembrar aos amigos que nos emprestam atenção e bondade que nós todos também certas vezes, desrespeitamos os sinais vermelhos da lei e conseqüentemente entramos em grandes dificuldades, embora ninguém atropele ninguém por querer.
Em várias ocasiões, achamo-nos sob clima psicológico difícil.
Nossos irmãos nos presídios, em escolas de tratamento espiritual, são, como nós, filhos de Deus.
Jesus, quando nos recomendou entregar os nossos julgamentos aos juízes, para que não venhamos a julgar erradamente uns aos outros, compreendia, decerto que geralmente temos, digo isso de mim – determinado grau de periculosidade e que, em virtude disso, precisamos de misericórdia de todos.
Todos estamos presos a circunstâncias, a provações, problemas e lutas.
Quem de nós não está encerrado em alguma estreiteza, dentro dos nossos próprios sonhos e idéias na própria vida humana?
Com todo o nosso coração desejamos aos nossos irmãos, nos presídios, paz e amor, muita alegria, esperança, e também muito respeito à justiça, porque a violência não ajuda ninguém. (Aplausos).
Flávio Cavalcanti – Agora, cada um do júri fará uma pergunta a Chico Xavier. Por favor, aqui está o maestro Erlon Chaves, que deseja conhecer o senhor há longo tempo.
113 – CONSOLO A UM AFLITO
Erlon chaves – Este momento é muito importante para mim, porque eu tinha guardado comigo a idéia de pedir uma palavra sua de muito carinho com meu pai, que está doente. Aliás, está muito menos doente do que estava há dias atrás. E, quando Flávio falo dos presidiários, eu me lembrei de um caso que está acontecendo no Brasil. Meu pai vai entender, o assunto que exponho, pois ele me conhece bem, como eu o conheço, enfim, porque eu não peço uma palavra para ele e sim para esse rapaz, ao qual vou me referir.
Por motivos óbvios, eu não vou declinar-lhe o nome, mas vou contar o caso. Há dois anos atrás, um rapaz de 19 anos, por uma loucura da mocidade, armado com um revólver ed brinquedo, cometeu um assalto, auferido Cr$ 28,00, apenas para gastar num fim de semana. Depois disso, a vida dele andou, a polícia não o encontrou, e hoje, com 21 anos de idade, ele é um homem recuperado. mas aconteceu que a Justiça também andou e no Código Penal, assalto é punido com um mínimo de 4 anos. Ele está para ser preso. Porém, está recuperado. E como vai ser difícil a vida dele, a partir daí! Tomara que ele esteja nos vendo agora e principalmente tomara que ele ouça a sua palavra, Chico, de paz e de confiança.
Chico Xavier – Maestro Chaves, esperamos que ele, o rapaz a que o senhor se reporta de consciência edificada, quando à solução do problema, se considere tranqüilo e se submeta à magnanimidade da Justiça, na certeza de que os senhores juízes farão um pronunciamento favorável à dignidade com que ele comparecerá à barra dos tribunais.
Confiamos na Justiça, porque a Justiça traduz em si os desígnios Divinos e creio que uma consciência tranqüila nada tem a temer.
114 – ESPAÇO E TEMPO NO MUNDO ESPIRITUAL
Flávio Cavalcanti – Vamos chamar agora, para fazer uma pergunta, a jornalista Anik Malvil da “Última Hora”, São Paulo.
Anik Malvil – Está sendo um grande prazer conhecer o senhor. Como explica que as pessoas recém-falecidas possam se orientar, se elas não tem os mesmos pontos de referência de espaço e tempo, do mundo físico?
Chico Xavier – Os amigos espirituais têm nos esclarecido que, quando nos adestramos suficientemente, através da religião ou da meditação, para a Vida espiritual, fazemos um curso instintivo de reaprendizado de nossos controles, quando às noções de espaço e tempo, verificando-se, no Além mais ou menos, aquilo que acontece com a nossa chegada à Terra, através da reencarnação, quando despendemos, às vezes, seis a oito anos para tomar conhecimento das noções de espaço e tempo no Plano Físico, ao atravessarmos o período da primeira infância.
115 – OS PLANOS ESPIRITUAIS
Flávio Cavalcanti – Por gentileza, com a palavra o cirurgião plástico, Dr. Oswaldo.
Dr. Oswaldo – Inicialmente, eu quero expressar minha profunda admiração e respeito pelo senhor, por tudo aquilo que tem feito. eis a minha pergunta: muito se tem ouvido falar, especialmente por parte dos estudiosos da matéria, que o mundo espiritual é dividido em muitos planos. Fala-se, inclusive, em subplanos. Existe, realmente, essa distinção de planos na Vida Espiritual?
Chico Xavier – O nosso Emmanuel costuma dizer sempre que podemos observar isto nos próprios agrupamentos sociais da Terra. Conquanto convivamos uns com os outros, cada qual de nós pertence a determinada faixa cultural, sentimental, racial, e através dessas faixas, vamos efetuando a nossa auto-educação.
Isso existe naturalmente no Mundo Maior, dizem os nossos Amigos, como existe aqui também.
116 – REENCARNAÇÃO, FAMÍLIA E SEXO
Flávio Cavalcanti – Com a palavra, Lucinha Kauffman.
Lucinha Kauffman – A minha pergunta é sobre reencarnação. Gostaria de saber se ela se limita ao nosso grupo, porque, pelo que dizem alguns espíritas, a gente tem a impressão de que a reencarnação se faz quase sempre no mesmo grupo familiar. E também quero saber se o homem reencarna sempre como homem e mulher como mulher.
Chico Xavier – De um modo geral, até que venhamos a conseguir um grau maior de evolução, permanecemos jungidos ao nosso grupo familiar.
Quanto à reencarnação, do ponto de vista fixação morfológica, isso pode variar. O sexo pode ser modificado, para efeito de provação regenerativa ou para o desempenho de tarefas específicas por parte da criatura que retorna a Terra.
117 – FENÔMENOS COM O CORPO
Flávio Cavalcanti – Agora, vamos à pergunta de Nair Belo.
Nair Belo – Também eu tenho um grande prazer em conhecê-lo. Vou fazer uma pergunta que eu, há muito tempo, tenho vontade de saber. Os espíritas fazem e os não espíritas também, alguns na base da brincadeira, as tentativas de ação mediúnica com o uso do copinho. O verdadeiro espírita sabe que a comunicação desse modo é uma forma primária, de intercâmbio, não é?
Eu gostaria de perguntar se além de primária também é perigosa, porque eu tive uma experiência e acho muito perigosa.
Gostaria que o senhor me esclarecesse e a todos que assim procedem por brincadeira.
Chico Xavier – os Benfeitores Espirituais nos dizem que devemos sempre separar mediunidade de Doutrina Espírita, porque esta última veio-nos para disciplinar os fenômenos. Assim através do copinho, ser-nos-á possível entrar em contato com os espíritos amigos, mas, por vezes ainda não educados ou não sublimados, isto é, com criaturas desencarnadas muito próximas da nossa faixa de evolução, de modo que, sem a Doutrina Espírita, qualquer fenomenologia, inclusive a do copo, é capaz de suscitar dissabores, pelas experiências.
Flávio Cavalcanti – Então, não se deve brincar?...
Chico Xavier – É interessante não brincar.
118 – RENASCIMENTO, MOMENTO DA LIGAÇÃO. PAIS. DEFEITOS FÍSICOS.
Flávio Cavalcanti – Paulo Roberto, por gentileza.
Paulo Roberto – Eu quero fazer duas perguntas, embora resumidas numa só. Gostaria de saber se o feto, isto é, se a criança nascitura recebe espírito no momento em que é concebida ou no momento que nasce, e qual é a relação entre o pai, a mãe e o feto, ou seja a relação espiritual entre eles, porque eu quero chegar àquela pergunta: por que nascem crianças defeituosas, crianças retardadas? Há alguma relação com os pais?
Chico Xavier – Sim, na maioria dos casos, por que os pais possuem vínculos cármicos com o espírito renascente.
Com freqüência, criaturas que foram compelidas à morte violenta por nossa causa, ou à morte lenta por determinadas atitudes nossas, em especial as que recorrem ao suicídio, para se libertarem da nossa crueldade mental na Terra, não se afastam mentalmente de nós. Mesmo quando ausentes em Outros Planos da Vida, continuam vinculados a nós outros, particularmente quando não sabem exercer a faculdade do perdão.
Essas criaturas habitualmente, reencarnam na condição de nossos próprios filhos. E a posição do espírito, diante da vida fetal, varia muito, segundo a evolução de cada reencarnante ou segundo a tarefa com que venham ao nosso mundo.
Há, também, vinculações de outro amor, possibilitando o renascimento da criatura necessitada de apoio em lares pertencentes a corações amigos que os recebem com extremada abnegação.
Fora disso, no campo normal da reencarnação, temos a considerar os casos em que o espírito, por mérito conquistados, tem o direito de escolher o corpo em que atuará sobre a Terra junto dos pais à cuja bondade e nobreza já se imanizam, quase sempre, desde muito tempo.
Certos musicistas, por exemplo, ao reencarnarem, poderão merecer um sistema auditivo magnificante organizado com o qual se lhe facilite o discernimento dos sons.
Noutros aspectos isso ocorre com todos aqueles obreiros da cultura e do progresso, habilitados a influenciar milhares de pessoas.
Esses já conquistaram o poder de selecionar os recursos de que farão o uso preciso na existência Terrestre.
Quanto ao mais, a pergunta 344 e a respectiva resposta, contidas em “O Livros dos Espíritos” esclarece a questão da união da alma e do corpo, afirmando que essa união se dá na concepção e se completa no nascimento.
119 – REENCARNAÇÃO EM VEGETAIS
Flávio Cavalcanti – Por gentileza, Márcia de Windsor.
Mas, antes, o telespectador Antônio, aqui de São Paulo, pergunta se o senhor acredita que os vegetais sofram um processo de reencarnação? É possível um ser humano voltar reencarnado num vegetal?
Chico Xavier – Não, isso nós não podemos admitir porque seria um retrocesso. Ocorre que a evolução dos vegetais se verifica num plano ainda inabordável, especialmente para minha capacidade de compreensão. Mesmo que os espíritos quisessem me esclarecer sobre isso, eu não teria cérebro para registrar os esclarecimentos em todas as nuances desejáveis.
120 – PERDA DE SERES QUERIDOS
Flávio Cavalcanti – Márcia de Windsor, a sua pergunta.
Márcia de Windsor – Eu faço apenas uma pergunta, servindo de portadora da mesma. Uma senhora perdeu um filho há um ano e durante esse ano inteiro essa senhora tem chorado, tem penado dores incríveis, numa inconformação absoluta por essa perda. Ela, muito aflita, me pede que lhe pergunte se essas lágrimas, se toda essa dor, esse sofrimento podem prejudicar, de algum modo o seu filho.
Chico Xavier – Em outros casos semelhantes, temos recebido o esclarecimento de que essa dor, essa dor entranhada na alma inconformada daqueles que ficam, prejudica muito e às vezes, de maneira intensa, aos corações amados que nos precedem na Vida Espiritual. Seria tão bom que essa mãe generosa pudesse entregar o filhinho a Deus, de quem ela recebeu esse mesmo filho, a fim de protegê-lo e orientá-lo nesse mundo! E estamos certos de que ela procurando reencontrá-lo entre tantas outras crianças que ai estão necessitadas, rapazes mesmo que precisam de benfeitores paternais e maternais, essa abençoada mãezinha estará extinguindo a dor dela no caminho desse filho, que deve, naturalmente, se afligir.
Peçamos a deus para que ela tenha bastante serenidade e que, na condição de mãe, na grandeza maternal de todas as mães, ela possa continuar auxiliando e abençoando o filho que partiu no rumo da Vida Maior.
121 – MENSAGEM
Flávio Cavalcanti – Muito obrigado. Agora o senhor não há de estranhar as folhas nem o lápis, porque sei que só mesmo o senhor poderá resolver, tomada a resolução, porque o senhor me falou do meio ambiente, me disse das necessidades psíquicas, psicológicas...Eu gostaria de pedir ao senhor, que é amigo do Erlon e amigo de todos nós, que se possível for, psicografe uma mensagem para os doentes, os detentos, para a Penitenciária do Estado da Guanabara, para os estimados Velhinhos da Casa de são Luiz, da minha querida Dra. Rute Ferreira de Almeida, enfim, para todas as pessoas que sofrem.
Chico Xavier – Podemos ouvir um pouco de música?
Flávio Cavalcanti – Perfeitamente. Atenção por favor, ele precisa de música e de silêncio no ambiente.
(Há uma longa pausa, enquanto Chico psicografa, concentrado, várias folhas de papel enquanto se fazem ouvir os sons arpejados de um prelúdio.)
Flávio Cavalcanti – A mensagem já está pronta e o espírito pediu que o próprio médium leia a mensagem já que não deve caber a outra pessoa essa missão.
Nesse ponto da entrevista, Chico Xavier se levanta e faz em voz alta, a leitura da página psicografada:
SEMPRE AMOR
Se a provação te alcança,
Contempla a Natureza, alma querida e boa,
E encontrarás, na Terra, em toda parte,
O lar de luz que nos aperfeiçoa.
Dores? Dizes que as dores lembram trevas
Compelindo-te o sonho a persistir de rastros...
Fita o império da noite desvendando
A floresta dos astros.
Renúncia? Há quem afirme que a renúncia
É carga improdutiva para o amor...
Olha o brilhante arrebatado à pedra,
Esbanjando esplendor.
Sofrimento? Assevera a rebeldia
Que todo sofrimento é processo infecundo,
Mas a fonte filtrada entre os punhais da rocha
Acrescenta o conforto e a beleza do mundo.
Crises? Lembra o fragor da tempestade...
O campo grita ao furação violento...
Depois, o chão se alimpa e o Sol espalha
Mais Ouro e mais Azul no firmamento.
Sacrifício? Medita sobre o tronco
A tombar sem apoio a que se arrime...
Depois, fez-se violino entre mãos hábeis
Interpretando a música sublime.
Morte? Se crês que a morte é o fim de tudo,
Qual abismo escavado abismo agressores,
Fita a semente nua a renascer do solo
Para ser planta nova e esmaltar-se de flores...
Escuta, alma querida! A vida é sempre amor
Do mais nobre caminho aos mais plebeus
E a presença da dor, em qualquer parte,
É uma bênção de Deus.
Maria Dolores
Livro: “A Terra e o Semeador” – Psicografia de Francisco C. Xavier – Espírito Emmanuel