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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

ENTREVISTA COM DIVALDO FRANCO / Atendimento Fraterno 1a Parte

1

José Ferraz: — Qual a utilidade doutrinária do serviço de Atendimento
Fraterno na Casa Espírita?
Divaldo: — Receber as pessoas, orientando-as quanto às possibilidades
de que a Casa dispõe em forma de recursos que são colocados às ordens
daqueles que vêm até ao núcleo de iluminação espiritual, encaminhando os
que têm problemas para receberem as respostas pertinentes às suas
necessidades e, por fim, fazendo o trabalho educativo e fraternal de bem
conduzir todos aqueles que batem às portas da Instituição Espírita.
João Neves: — É benéfico para as pessoas que recorrem à terapia dos
passes serem, antes, assistidas e orientadas
(*) A presente Entrevista foi proposta e realizada no transcurso de
reunião pública do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador,
Bahia.
pelo atendente fraterno?
Divaldo: O Atendimento Fraterno é uma psicoterapia que modifica a
estrutura do problema no indivíduo que se acerca da Casa Espírita com idéias
que não correspondem à realidade.
Pode-se dizer que, desse contato pessoal que antecipa o passe, muitas
vezes o cliente já se beneficia, sendo até mesmo desnecessária a aplicação da
bioenergia.
Vivemos numa sociedade que padece conflitos psicossociais, sócioeconômicos,
comportamentais, cujos individuos têm necessidade de fazer
catarse. Como o atendimento psicanalítico é muito caro e muito prolongado, no
Atendimento Fraterno o indivíduo tem a oportunidade de abrir a alma ao bom
ouvinte, que o pode orientar com segurança e demitizar o significado do passe.
Como é natural, a desinformação atribui ao passe um caráter de natureza
miraculosa, o que tem levado algumas pessoas menos esclarecidas a
estabelecer o número deles para a solução de certos problemas, o que não
deixa de ser um equívoco, porque se poderá aplicá-los em número infinito e, se
o paciente não se transformar interiormente, de nada adiantará a terapêutica.
Se ele não se abrir para assimilar as energias, faz-se semelhante a uma pedra
granítica que, apesar de estar mergulhada em águas abissais por milhões de
anos, ao ser arrebentada encontra-se seca interiormente.
José Ferraz: — Quais são os requisitos indispensáveis para que uma
pessoa, na função de atendente fraterno, possa sintonizar com os Bons
Espíritos?
Divaldo: — A condição essencial é a boa moral. Do ponto de vista espiritista o requisito moral do indivíduo é relevante,
imprescindível. Utilizamo-nos de um brocardo popular: “Diz-me quem és e eu te
direi com quem andas; diz-me com quem andas e eu te direi quem és”.
Ir a Deus através da prece é outra condição, pois se abrem os canais
psíquicos para uma perfeita sintonia com o Mundo Espiritual que nos assiste no
atendimento às criaturas da Terra.
Além desses caracteres essenciais, além dos valores morais, é
imprescindível o conhecimento da Doutrina Espírita.
Não se pode propiciar um bom atendimento fraterno na Casa Espírita, sem
que se conheça o Espiritismo, o que seria paradoxal, falando-se de uma coisa
com a qual não se está identificado.
O conhecimento amplo da Doutrina Espírita é um requisito que tem caráter
primacial, porque a pessoa irá falar a respeito daquilo que é a essência da
Doutrina a fim de que o cliente recém-chegado se inteire do que pode
conseguir.
Um bom tato psicológico é necessário. A capacidade de saber ouvir é
valiosa, porque o cliente, normalmente, quer falar. Na maioria das vezes, não
deseja ouvir respostas, quer “desabafar”, como muitos o afirmam, porque, na
falta de uma resposta para o problema, ele necessita de alguém que o ouça.
Então, o atendente deve possuir esse tato psicológico para dar oportunidade ao visitante de
liberar-se do conflito. Evitar, quanto possível, que ele fale de questões íntimas,
de que se arrependerá depois, quando passar o problema.
O Atendimento Fraterno não é um confessionário. Como o próprio nome
diz, é um encontro, no qual se atende fraternalmente àquele que tem qualquer
tipo de carência.
Com tato psicológico pode-se desviar, no momento oportuno, uma questão
que seja inconveniente e interromper o cliente na hora própria, a fim de que
não se alongue demasiadamente, gerando um “élan” de afinidades entre o
terapeuta do atendimento e aquele que o busca, evitando produzir-se o que, às
vezes, ocorre entre o psicoterapeuta convencional e o seu paciente.
O atendente fraterno deve manter-se em condição não preferencial por
pessoas, numa neutralidade dinâmica, como diria Joanna de Ângelis, porque
todos são iguais — diz a Justiça — perante a Lei. A todos, então, que tem
problemas e nos buscam, deveremos atender com carinho, sem preferências,
sem excepcionalidades e sem absorvermos o seu problema, para que ele não
se torne um paciente nosso e não transfira todos os seus desafios para nossa
residência. Não poucas vezes, o mesmo perguntará: — Quando eu tiver um
problema posso telefonar-lhe? — Não — será a resposta — em casa eu tenho
outros compromissos; você virá quando necessitar, aqui ao Atendimento.
João Neves: — Pessoas há, que embora interessadas nas orientações do
Atendimento Fraterno, estão tão presas às idéias fixas, que dificultam a absorção da orientação. Como fazer, para
ajudá-las a desviar essas fixações?
Divaldo: — Deixar, primeiro, que falem. O primeiro encontro é sempre
muito difÍcil. A pessoa vem com muitas idéias que não correspondem à
realidade; ou vem céptica, e fala com certa indiferença; ou vem fascinada pela
hipótese de ter o problema resolvido no primeiro encontro. Então acha que pelo
fato de estar numa Casa Espírita, os seus problemas já não mais irão afligi-la.
Essa pessoa, no momento em que começa a falar, deveremos deixá-la
expor a sua dificuldade por alguns instantes e, logo depois, interrompê-la,
informando-a: — Agora você vai me ouvir.
Se a pessoa insistir, afirmaremos: — Você não veio para me doutrinar,
mas sim para pedir conselhos, que eu vou lhe dar. Agora vai depender de você
aceitá-los ou não — evitando assim, que a pessoa transforme o Atendimento
Fraterno num rosário de queixas. Poderemos dizer também: — Até aqui a sua
vida foi dessa forma; neste momento abre-se-lhe uma etapa nova. É
necessário que voce me ouça, para poder ver as possibilidades que estão ao
seu alcance. Agora pare, e ouça as sugestões que tenho e que são induções
simples. Joanna de Ângelis, a nossa Mentora, diz o seguinte: — Tudo começa
no pensamento. Toda vez que um pensamento for perturbador, substitua-o por
outro que seja positivo.
Se a criatura disser: — Mas, eu não posso...
Responderemos: — Você não quer quer; mas é o quanto nós lhe podemos dar;
além disso, não lhe prometemos nada. Não lhe oferecemos aquilo que não podemos doar, porqüanto não
estamos aqui para enganar as pessoas.
Evitar-se, ao máximo, essas expressões de natureza prodigiosa, que
martirizam o paciente, dando-lhe informações que ele não tem capacidade para
digerir.
Diante de uma pergunta: - Será que eu sou obsidiado? — responda-se
com honestidade: — Não sei.
— Será que existem comigo obsessores?
— Eles só estão em contato conosco, porque estamos em sintonia com
eles...
Evite-se, tanto quanto possível, aumentar-lhe a carga de aflições com
informações indevidas ou que podem não corresponder à realidade.
José Ferraz: — Os bons Espíritos ajudam as pessoas que buscam o
Atendimento Fraterno? De que forma? Fale, particularmente, sobre a
desobsessão na nossa Casa.
Divaldo: — Todo aquele que sobe a um planalto, mesmo que não se dê
conta, aspira oxigênio puro; quem desce ao vale, onde existem pântanos e
matéria em decomposição, mesmo que o não perceba impregna-se de
miasmas. A Casa Espírita é o planalto no qual podemos comungar com Deus.
É o oásis refrescante na severidade adusta da terra sáfara. É a ilha generosa
no oceano tumultuado das paixões. Quando alguém se adentra pela Casa
Espírita — e aqui fazemos uma generalização, estendendo a qualquer templo de fé religiosa — é amparado pelos Espíritos que têm ali a tarefa de preservar o nome de Deus, o Seu valor diante das almas e, no caso
específico do Cristianismo, a presença de Jesus, que prometeu nunca nos deixar órfãos.
Quando chegamos à Casa Espírita, as Entidades benevolentes e caridosas
dispõem de Espíritos outros que se encarregam de vigiar, de proteger o recinto
humano e o espiritual. Fazem programas, utilizando-se de Entidades com capacidades magnéticas para impedir a entrada de outras, perturbadoras, obsessoras, assim também de pessoas que causam transtorno, tumulto e generalizam desequilíbrios, o que é patente em nossas Casas, como noutras congêneres.
A nossa Instituição tem as portas abertas a quem quer que sej a, e todos somos testemunhas de que jamais aconteceu qualquer coisa desagradável, face à massa que a freqüenta, e que pode trazer psicopatas, dependentes químicos de drogas, de álcool, desajustados, porque as defesas magnéticas
estabelecidas, de alguma forma impedem-lhes a entrada, da mesma forma que as defesas espirituais impossibilitam a penetração de Espíritos perversos que, às vezes, estão acompanhando os seus hospedeiros. Eis porque, aí já começa a desobsessão...
A presença dos bons Espíritos e o atendimento que fazem logo modifica a
estrutura psíquica dos pacientes, afastando as Entidades malévolas que os irão
aguardar àsaída, fora dessas defesas magnéticas.
Quando os visitantes saem tumultuados, ansiosos para voltar a casa e recuperar os pensamentos negativos com os quais vieram — e momentaneamente os deixaram, ouvindo a palestra ou recebendo a orientação — volvem às viciações psíquicas, e assim atraem,
de retorno, os seus comparsas, prosseguindo o problema.
Essa é uma desobsessão coletiva.
Nas conferências, nas aulas, em quaisquer instruções dignificantes, enquanto o público se concentra na proposta elevada, os bons Espíritos aplicam energias corretivas, libertadoras, naqueles que estão vinculados à idéia superior, realizando, desse modo, igualmente, a terapêutica desobsessiva.
Em nossa Casa, em particular, e em outras, no sentido genérico, os Benfeitores, ao verem o paciente que veio para o Atendimento Fraterno, observando a sua carência real, a sua angústia, a sua honesta necessidade de mudar, anotam quais os perseguidores que os afligem, e trazem-nos, em particular e discretamente, às sessões mediúnicas para tratamento desobsessivo.
Eles me apresentam verdadeiros livros onde registram os endereços das
pessoas que pedem visitas, e as atendem. Determinam Espíritos que acompanham aquelas que pediram socorro, e que permanecem por longo período ao lado delas. Mesmo que qualquer uma mude de idéia, o seu acompanhante continua dando-lhe assistência até o momento em que o quadro se modifique.
Aquele Espírito assistente torna-se o comunicador das Entidades que mourejam na Casa Espírita e que passam a ter conhecimento de como vai o processo de recuperação do cliente, que antes veio pedir socorro
Isso começa, portanto, quando nos adentramos na Casa Espírita ou noutro templo de fé, mais particularmente quando nos encontramos em atendimento fraterno, porque os bons Espíritos estão
acompanhando-nos e, percebendo a gravidade, maior ou menor, de nosso problema, removem aqueles Espíritos perturbadores e os trazem à doutrinação.
Ocorre, com muita freqüência entre nós, essa doutrinação sem a presença do paciente, o que é perfeitamente compreensível. Estar ali participando não é necessário para a sua recuperação, impondo-lhe assistência à reunião mediúnica.
Desse modo, o Atendimento Fraterno também tem o caráter de desobsessão lúcida, porque o atendente funciona como doutrinador e o paciente como beneficiário.
João Neves: — Na sua experiência tão vasta de atendente fraterno, quais as causas preponderantes que desencadeiam as aflições humanas?
Divaldo: — O egoísmo, seria a resposta de Allan Kardec.
O egoísmo é o câncer da sociedade, porque é ele que desencadeia outros distúrbios em nossa área espiritual. Éo egoísmo que responde pela nossa agressividade, porque ele nos leva ao egocentrismo, ao direito de crer que somos o centro do Universo, e de merecermos tudo e todos, tornando-nos soberbos. O ciúme também é causa infeliz, porque nos faz pensar que somos
proprietários uns dos outros, dos objetos, das ocasiões e das circunstâncias; o ódio a todo
aquele que não concorda conosco e nos agride é fator dissolvente e
desprezível; a revolta e, conseqüentemente, a cólera fulminante, que abre espaço ao ódio, constituindo-se elemento pernicioso.
Graças a esses fatores, as enfermidades se nos alojam com mais facilidade, porqüanto o egoísmo produz enzimas destrutivas, que vêm perturbar o metabolismo e facultam campo para a instalação de doenças degenerativas.
Ao mesmo tempo, torna-nos distônicos, e passamos a ter problemas psicológicos, abrindo ensejo para a vinculação com as Entidades perversas, malévolas, tendo início aí os processos de obsessão.
A Psico-neuro-imunologia identificou que possuimos na saliva uma enzima que protege o nosso organismo de infecções viróticas — a imunoglobulina.
O egoísta é introspectivo, apaixonado, indiferente aos problemas alheios.
Produz toxinas que impedirão a fabricação da imunoglobulina, deixando-o a mercê das doenças.
Por isso, Jesus ofereceu como terapia fundamental o amor, porque,
quando se ama, sai-se de si para poder tornar-se ütil; o individuo esquece seus próprios problemas para contribuir pela diminuição dos alheios.
Quando começamos a amar, a vida iridesce a paisagem, que se apresenta
enriquecida, e as nossas pequenas dores tornam-se menores diante do volume
de aflições que desgovernam o mundo.
Jesus sintetizou tudo isso de uma forma muito bela, quando os discípulos afirmaram que Ele sempre atendia as criaturas tomado por compaixão. Não esse sentimento de piedade vulgar, mas, com a paixão de ternura, com o desejo veemente de modificar aquela situação. É esse sentimento de amor que ajuda e faz que se entesoure os recursos para diminuir os sofrimentos humanos.
José Ferraz: Esta pergunta foi elaborada por Suely Caldas Schubert:
Como conduzir a orientação a uma pessoa que já tentou o suicídio algumas vezes e persiste na mesma idéia? Deve-se, de alguma forma, dizer lhe quais as conseqüências funestas do seu ato infeliz ou ser-lhe compreensivo e consolador?
Divaldo: — A melhor maneira de consolar é advertir quanto aos riscos que advêm como conseqüências dos nossos atos impensados.
Consola-se, quando se esclarece.
A melhor forma de consolar alguém é arrancá-lo da ignorância, educá-lo.
Allan Kardec faz uma abordagem, em “O Livro dos Espíritos”, que é
excelente, ao referir-se à tarefa da educação, elucidando que os males humanos decorrem da predominância dos instintos agressivos, que se sentem repelidos, como diria o psicanalista Alfredo Adier, e devem ser superados através dos métodos morais disciplinadores. Allan Kardec se reporta à educação moral. É necessário dizer ao paciente que ele tem o direito de interromper a vida física, mas que esse ato lhe trará tais e quais conseqüências inevitáveis.
Ele está sofrendo hoje angústia, desesperação, sente soledade, incompreensões, como colheita dos atos imprevidentes de ontem. Se complicar a atual existência com uma atitude de revolta contra Deus, a sociedade e a si mesmo, as suas penas e aflições serão muito maiores. É, portanto,
perfeitamente lícito e necessário dizer-se com doçura, para não parecer que lhe estamos prometendo um castigo — como fazem algumas doutrinas do Deus terror — que o agora é colheita de uma sementeira infeliz, e que ele está tendo a opção de superar o drama ao invés de entregar-se ao suicídio, uma opção cujas conseqüências serão muito mais funestas.
João Neves: — Diga-nos uma postura adequada a assumir diante das pessoas que se vêem assinaladas por desvios da sexualidade, conflitadas com essa problemática.
Divaldo: — A postura da bondade, mas não da intimidade; compreensão, mas não conivência; espírito fraternal, mas sem estímulo ao prosseguimento do comportamento que não corresponde à ética estabelecida pela Doutrina Espírita.
O indivíduo tem direito à sua opção sexual ou a qualquer outra, pois este é seu livre-arbítrio, mas não tem o de nos obrigar a concordar com ele, de exigir que estejamos ao seu lado, a fim de que tenha uma escusa para continuar no vício.
A proposta do Espiritismo é erguer, jamais de contribuir para que se venha permanecer numa atitude cômoda, sem esforço, e de grandes prejuízos para o ser espiritual que somos, na jornada carnal em que estamos.
A continência e a fidelidade aos outros; o que não gostaríamos que nos fizessem, não lhes façamos.
Assim, a melhor atitude para acabar com o erro, é a conservação da virtude.
O melhor caminho para fazer cessar a agressividade social, é a paz de espírito, que luariza a violência e modifica a estrutura do agressor.
Seja qual for, portanto, o tipo de desvio do comportamento sexual, moral, ético, espiritual, que nos seja apresentado, a nossa atitude é terapêutica, sem conivência, repito, sem anuência, sem reproche, porque o indivíduo tem o direito de fazer da sua vida o que lhe aprouver; mas temos o dever de mostrar lhe
o caminho correto que deve seguir.
José Ferraz: — É recomendável sugerir tratamentos médico ou psicológico para o atendido? Em que circunstâncias?
Divaldo: — Quando o paciente traz um problema na área da saúde, a primeira pergunta deve ser: — Está recebendo assistência médica? — Porque
o Espiritismo não é uma Doutrina que combate a Medicina, como muita gente pensa, e como durante um largo período os médicos supuseram, face ao comportamento irrelevante de alguns indivíduos que se
diziam espíritas ou curadores e ficariam melhor colocados como curandeiros.
Allan Kardec escreveu que: “O Espiritismo marcha ao lado do progresso, aceita tudo quanto ele comprova, mas não se detém onde a Ciência pára, porque a Ciência estuda os efeitos e o Espiritismo remonta às causas”.
A função do Espiritismo não é curar corpos, mas animar o homem, a fim de que se autocure espiritualmente, e a saúde seja-lhe uma conseqüência da própria transformação moral.
Daí, é perfeitamente válido, e mesmo compreensÍvel, que o atendente
pergunte: — Tem recebido assistência médica? — quando o mesmo se
encontre enfermo — e dizer-lhe mais: — Não abandone o seu médico, porque o Espiritismo irá também ajudá-lo, através dele, a resolver o problema.
Nos casos de natureza psicológica, nos distúrbios comportamentais, nos
transtornos neuróticos e psicóticos, é justo que se pergunte também: — Já
consultou o especialista? — Porque pessoas há, que ficam muito magoadas
quando falamos as palavras psiquiatra e psicólogo.
Se ele indagar: — De que especialidade?
Responder-se-á: — Do problema que o está afligindo: o psicólogo, o
psicanalista, o psiquiatra, porque, hoje a Psiquiatria, a Psicologia e a
Psicanálise não têm somente a exclusiva finalidade de tratar doentes, mas de
evitar as doenças que lhes são pertinentes.
Sendo possível, todos deveremos, periodicamente,consultar um psicólogo, um psiquiatra. Da mesma forma como realizamos um “check-up” para o organismo fÍsico, deveríamos fazê-lo também para o
comportamental, o psicológico, o psíquico, evitando determinados distúrbios que começam sutilmente e que se podem agravar, até mesmo na área da senilidade, quando ultrapassamos determinada faixa de idade.
É válido que se sugira assistência médica, mesmo porque, em caso de agravamento do problema, ninguém pode culpar-nos de havermos negligenciado com os deveres da assistência especializada.
João Neves: No Atendimento Fraterno temos observado um medo acentuado nas criaturas humanas: medo de doença, medo da morte, medo de feitiço, medo de assumir compromissos mediúnicos em clima de
respeitabilidade. Fale-nos um pouco sobre isso.
Divaldo: — A desinformação é inimiga do progresso. A desinformação é pior do que a ignorância total, porque a informação equivocada, a meia verdade são mais perigosas do que a mentira. Infelizmente, grassa em nossos arraiais a meia verdade. Existem aqueles que se comprazem em transformar a mediunidade em um instrumento divinatório, O fato de ser médium dar-lhe-ia o
poder de saber tudo, de entender tudo e de resolver tudo. E uma meia verdade, O médium, como o nome diz, é instrumento, aquele que se encontra no meio.
Quando assimila a informação de que se faz objeto, torna-se instrumento lúcido; quando apenas transmite sem consciência, é instrumento automático que não lucra, que não se beneficia com a oportunidade de que desfruta.
Alguém, um dia, me disse: — Conversando com Chico Xavier, notei que ele é muito culto, que fala escorreitamente, que não comete erros gramaticais nem prosódicos, e que tem informações muito seguras; no entanto, dizem que ele tem apenas o curso primário.
Respondi-lhe: — É verdade. Ele fez o curso primário dentro da proposta convencional, mas consideremos que, desde criança, ele dialoga com os Mestres, os Espíritos nobres que vêm à Terra, e não apenas se expressando na língua brasileira, porque viveram aqui no país, mas também Espíritos de
escol nas áreas da Ciência, da Filosofia, das Artes... É toda uma existência de constante aprendizagem. Quando psicografa, filtra a mensagem dos Espíritos, depois a lê, a datilografa, relê, envia-a em livro, que termina por receber, voltando a inteirar-se do seu conteúdo. É natural que aprenda.
Ele não pode ser tão rústico quanto nós. Se aprendemos o que os Espíritos escrevem por seu intermédio, lendo-lhe os livros, é óbvio que ele próprio os lendo muitas vezes, conhece-os mais do que nós. Ademais, ele interroga aos Autores, que lhe apresentam adenda, que lhe trazem esclarecimentos mais complexos, e que lhe dizem coisas que não estão escritas. Desse modo, Chico
Xavier não é somente uma pessoa bem informada, é um sábio, porque oculta a sua sabedoria, evitando constranger a nossa ignorância.
É natural, portanto, que nesse trabalho do Atendimento Fraterno procuremos iluminar a própria consciência, quanto possível, oferecendo aos indivíduos uma visão qualitativa, principalmente do que a Doutrina Espírita é, do que lhes está reservado, para que, naturalmente, esclarecidos, mudem de comportamento para melhor.
Essa conquista iluminativa podemos haurir no estudo da Doutrina, na convivência com os Bons Espíritos, nos diálogos que mantemos uns com os
outros, e ademais, na sintonia permanente que deveremos preservar depois que o Atendimento Fraterno termina e vamos para casa.
José Ferraz: Como conduzir a orientação para uma senhora casada que adulterou e arrependeu-se; no entanto, o seu parceiro continua com a atitude persistente de dar continuidade à ligação irregular, inclusive, ameaçando-a de contar ao marido.
Divaldo: Todos desfrutamos do direito de errar, mas temos o dever de recuperarmo-nos. Se a pessoa não teve resistências e assumiu um compromisso extraconjugal, ao despertar do problema, que tome a atitude
rigorosa de interrompê-lo. O Evangelho fala com clareza que, caindo em si, Simão Pedro percebeu o grande erro de haver negado Jesus. Reabilitou-se entregando-Lhe toda a vida; e caindo em si, Maria de Magdala identificou oabismo em que se encontrava, e ergueu-se, tornando-se a grande mensageira
da ressurreição; e caindo em si, Judas não teve resistência, cometendo um crime pior: o suicídio...
A pessoa que caí em si, deve assumir as conseqüências do seu ato, e não voltar a tombar.
Não se trata de uma teoria; é uma terapia.
Se houver ameaça por parte do explorador, diga-se-lhe: - Muito bem, que a
cumpra, e se fique em paz, evitando-se prosseguir na fossa da degradação, pois que, o chantagista, além de venal, é perverso.
A mulher estava enganada e despertou, não mais entrando na sombra.
Nossos erros poderemos resgatá-los hoje, amanhã ou mais tarde. sempre é tempo de fazê-lo. Se o adúltero levar ao conhecimento do esposo, e ele cobrar, que ela tenha a lealdade de dizer: Infelizmente, é verdade até
determinado ponto; agora não é mais. — Tome ele a atitude que lhe convier,
porque ela já tomou a sua: mudar de vida para melhor, com o direito de reabilitar-se.
Se o ofendido a abandonar, o problema, agora, será dele.
Porque se esteja sob ameaça, não é justo continuar corrompendo-se mais.
João Neves: Como atender a uma pessoa que esteja no limiar entre a lucidez e o desequilíbrio? Têm acorrido à nossa Casa pessoas nas suas últimas resistências.
Divaldo: — Dizer que, quando queremos, podemos. Estimulá-la a mudar de paisagem mental.
Todo aquele que está fraquejando emocionalmente. fixa em demasia os seus conflitos, gerando uma psicosfera de autocompaixão. A autocompaixão é um drama tão grande, quanto a indiferença de sentimentos, porque, na autocomiseração o indivíduo somente vê a sua desgraça e não a contribuição dos valores que estão ao seu alcance, aguardando-o.
Na área da Psicologia, fala-se que há uma tendência muito maior de conservar a tristeza do que a alegria, a dor ao invés do bem-estar. E um comportamento masoquista.
As nossas alegrias são muito rápidas e as nossas tristezas muito demoradas, porque nós gostamos mais da tristeza. As nossas alegrias parecem que não nos saciam e queremos mais. Determinada coisa de impacto
ou de felicidade, algumas horas depois, já não nos preenche tão plenamente.
Mas, uma contrariedade, um insucesso, marca-nos tão profundamente que ficamos a reneti-lo mentalmente. o que faz que se imprima cada vez mais em nosso inconsciente profundo.
Quando passarmos a coletar as alegrias e a não dar valor aos desconfortos, às vicissitudes, enfrentaremos os problemas com mais naturalidade. Achamos, porém, que vida feliz é a daquele que tem dinheiro,
que vive o prazer. Isto, no entanto, é uma vida sensualista, no sentido de gozo
incessante.
Na hora em que compreendermos que gozo não é felicidade, e que prazer é uma questão que diz respeito às sensações, sendo felicidade aquilo que afeta às emoções profundas, encararemos as vicissitudes como acidentes de percurso, porque a nossa meta é a plenitude.
Marcam-nos mais a tragédia, o sofrimento, do que a felicidade e a harmonia.
Observe-se que o indivíduo,...
Continuação .....

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