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sexta-feira, 17 de maio de 2019

Lei de Sociedade



Pergunta 766 - A vida social está em a Natureza? - "Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação."

Pergunta 775 -Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família? - "Uma recrudescência do egoísmo."

1 - O INTERCÂMBIO SOCIAL

O homem, inquestionavelmente, é um ser gregário, organizado pela emoção para a vida em sociedade.

O seu insulamento, a pretexto de servir a Deus, constitui uma violência à lei natural, caracterizando-se por uma fuga injustificável às responsabilidades do dia-a-dia.

Graças à dinâmica da atualidade, diminuem as antigas incursões ao isolacionismo, seja nas regiões desérticas para onde o homem fugia a buscar meditação, seja no silêncio das clausuras e monastérios onde pensava perder-se em contemplação.

O Cristianismo possui o extraordinário objetivo de criar uma sociedade equilibrada, na qual todos os seus membros sejam solidários entre si.

O "negar o mundo", do conceito evangélico, não significa abandoná-lo, antes criar condições novas, a fim de modificar-lhe as estruturas negativas e egoísticas, engendrando recursos que o transformem em reduto de esperança, de paz, perfeito símile do "reino dos céus", a que se reportava Jesus.

A vivência cristã se caracteriza pelo clima de convivência social em regime de fraternidade, no qual todos se ajudam e se socorrem, dirimindo dificuldades e consertando problemas.

Viver o Cristo é também conviver com o próximo, aceitando-o conforme suas imperfeições, sem constituir-lhe fiscal ou pretender corrigi-lo, antes acompanhando-o com bondade, inspirando-o ao despertamento e à mudança de conduta de 'motu proprio'.

A reforma pessoal de alguém inspira confiança, gera simpatia, modifica o meio e renova os cômpares com quem cada um se afina.

Isolar-se, portanto, a pretexto de servir ao bem não passa de uma experiência na qual o egoísmo predomina, longe da luta que forja heróis e constrói os santos da abnegação e da caridade.

Criaturas bem-intencionadas sonham com comunidades espiritualizadas, perfeitas, onde se possa viver em regime da mais pura santificação.

Assim tocadas, programam colméias, organizam comitês para tal fim, e os mais ambiciosos laboram por cidades onde o mal não exista e todos se amem ...

Em verdade, tal ambição, nobre, par enquanto impraticável, senão totalmente irrealizável, representa uma reminiscência ancestral das antigas comunidades religiosas onde o atavismo criou necessidades de elevação num mundo especial, longe das realidades objetivas entre os homens em evolução.

Jesus, porém, deu-nos o exemplo.

Desceu das Regiões Felizes ao vale das aflições, a fim de ajudar.

Não convocou os privilegiados, antes convidou os infelizes, os rebeldes e rejeitados, suportando suas mazelas e assim mesmo os amando.

No colégio íntimo, esteve a braços com as sistemáticas dúvidas dos amigos, suas ambições infantis, suas querelas frívolas, suas disputas ...

Não se afastou deles, embora suas imperfeições, não se rebelou contra eles.

Ajudou-os, incansavelmente, até os momentos extremos, quando, sofrendo, no Getsêmani, surpreendeu-os, mais de uma vez, a dormir ...

E retornou ao convívio deles, quando atemorizados, a sustentá-los e animá-los, a fim de que não deperecessem na fé, nem na dedicação em que se fizeram mais tarde dignos do seu Mestre, em face dos testemunhos libertadores a que se entregaram ...

Atesta a tua confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais inditosos do que tu mesmo.

Sê-lhes a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha. Nada esperes dos outros.

Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende.

Se eles te enganam ou te traem, se censuram-te ou exigem-te o que não dão, ama-os mais, sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.

Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direção de Deus.

2 - PARTICIPAÇÃO NA FELICIDADE

Quando alguém chora acoimado por este ou aquele problema, fácil é participares do seu drama, dilatando esforços para diminuir-lhe o padecimento.

Ante a fome ou a enfermidade experimentas o apelo aos elevados sentimentos que te concitam à ajuda automática e rápida.

Sem dúvida, todo socorro que se oferta a alguém que sofre é de relevante significação.

Caridade, sim, a dádiva material e o gesto moral de solidariedade.

Indispensável, porém, não te deteres na superfície da realização.

Há os que são solidários na dor, assumindo a posição de benfeitores, em lugar de realce com o que se realizam interiormente.

Todavia, quando defrontam amigos em prosperidade, companheiros em evidência, conhecidos em situação de relevo, deixam-se ralar por mágoa injustificável, transformando-se em fiscais impenitentes e acusadores severos que não perdoam a ascensão do próximo.

Ressentimentos se acumulam nas paisagens íntimas, e, azedos, referem-se ao êxito alheio, vencidos por torpe inveja.

Não sabem o preço do triunfo de qualquer procedência, quando na Terra.

Ignoram os contributos que deve doar todo aquele que se alça a situação de destaque.

Farpas da maledicência e doestos do ciúme, perseguição sistemática disfarçada de sorrisos, ausência de amigos legítimos tornam as ilusórias horas douradas do homem de relevo em momentos difíceis de ser vencidos.

Assume posição diferente.

Sem que te faças interessado no que ele tem ou é, rejubila-te com o progresso de quem segue contigo.

Quando alguém se eleva, com ele se ergue toda a Humanidade. Quando alguém cai é prejuízo na economia moral do planeta.

Solidário na dificuldade do teu irmão, participa dos júbilos do teu próximo para que a ingestão do veneno do despeito e do tóxico da animosidade não te destrua a alegria de viver.

Ser feliz com a felicidade alheia é também forma de caridade cristã.

3- AMIZADES E AFEIÇÕES

Não apenas a simpatia como ingrediente único para facultar que os afagos da amizade te adornem e enlevem o Espírito.

Muito fácil ganhar como perder amigos. Quiçá difícil se apresente a tarefa de sustentar amizades, em vez de somente consegui-las.

O magnetismo pessoal é fator importante para promover a aquisição de afetos. Todavia, se o comportamento pessoal não se padroniza e sustenta em diretrizes de enobrecimento e lealdade, as amizades e afeições não raro se convertem em pesada canga, desagradável parceria que culmina em clima de animosidade, gerando futuros adversários.

Nesse particular, existem pequenos fatores que não podem nem devem ser relegados a plano secundário, a fim de que sejam mantidas as afeições.

A planta não irrigada sucumbe sob a canícula. O grão não sepulto morre.

O lume sem combustível se apaga.

A máquina sem graxa arrebenta-se.

Assim, também, a amizade que sem o sustento da cortesia e da gentileza se estiola.

Se desejas preservar teus amigos não creias connsegui-lo mediante um curso de etiqueta ou de boas maneiras, com que, muitas vezes, a aparência estudada, artificial, substitui ou esconde os sentimentos reais. Os impositivos evangélicos que te apliques serão admiráveis técnicas de autenticidade, que funcionam como recurso valioso para a sustentação do bem em qualquer pessoa.

A afabilidade, a doçura, a gentileza de alguém, aparentemente destituído de simpatia conseguem propiciar a presença de amigos, retê-los e torná-los afetos puros para sempre.

Amizades se desagregam ou se desgastam exatamente após articuladas, no período em que os consórcios fraternos se descuidam de mantê-las.

E isso normalmente ocorre como conseqüência de atitudes que se podem evitar:

- o olhar agressivo;

- a palavra ríspida;

- o atendimento hostil ou negligente; a lamentação constante;

- a irreverência acompanhada pela frivolidade; a irritação contínua;

- a queixa contumaz;

- o pessimismo vinagroso ...

Os amigos são companheiros que também têm problemas. Por essa razão se acercam de ti.

Usa, no trato com eles, quanto possível, a bondade e a atenção, a fim de que, um dia, conforme Jesus enunciou: "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas, tenho-vos chamado amigos, porque vos revelei tudo quanto ouvi de meu Pai", tornando-te legítimo amigo de todos, conseqüentemente fruindo as bênçãos da amizade e da afeição puras.

4 - ABNEGAÇÃO

Mais profunda do que a ação de solidariedade, pura e simplesmente.

Mais nobre do que gesto asceta de desprezo e indiferença pelo mundo.

Mais elevada do que o altruísmo no seu sentido sociológico.

A abnegação é a oferenda de amor ao próximo, que leva ao sacrifício como forma inicial de caridade relevante.

Tem origem nos pequenos cometimentos do auxílio fraternal, com renúncia pessoal, mediante a qual a imolação reserva para quem a exerce a alegria de privar-se de um prazer, em prol do gozo de outrem.

Uma noite de sono reparador trocada pela vigília junto a um enfermo não vinculado diretamente aos sentimentos, quer pela consangüinidade ou por interesse de outra procedência;

a cessão de um bem que é preciso e quiçá faça falta, desde que constitua a alegria de outra pessoa;

a paciência e a doçura na atitude, com esforço e sem acrimônia interna, na desincumbência de um grave mister, dirigido às criaturas humanas;

a jovialidade, ocultando as próprias dores, de modo a não afligir aqueles com os quais se convive;

a perseverança discreta no trabalho mortificante, sem queixa nem enfado, desde que resultem benefícios para os demais;

a ação não-violenta, o silêncio ante a ofensa a não defesa em face de indébitas acusações, consideranndo, com esse esforço sacrificial, não comprometer nem ofender a ninguém, são expressões de renúncia ao amor-próprio, dando lugar à abnegação, que ora escasseia entre as criaturas, e, no entanto, é essencial para a construção do bem entre os homens da Terra.

Um gesto de abnegação fala mais expressivamente do que brilhantes páginas escritas ou discursos de alta eloqüência e rebuscada técnica retórica ...

A abnegação felicita quem a recebe, mas santifica quem a exercita.

O utilitarismo e o imediatismo modernos encontram soluções eufemistas, por meio de processos de transferência para as realizações que recomendam a abnegação de cada um.

Nesse sentido, o egoísmo é um entrave dos mais impeditivos para a consecução do sacrifício com que se pode enflorescer de bênçãos a cruz da abnegação. Diante de um esforço que te cabe brindar a alguém que sofre, não transfiras a oportunidade de ser abnegado.

Sob pretexto algum te poupes à operosa produção da felicidade, se o cometimento te exige abnegação.

Melhor ser o sacrificado pelo bem e pelo progresso dos seres do que o usufrutuário das coisas.

No ato de espalhar o conforto moral, não entreteças opiniões desairosas nem te apresentes na condição de mártir com o fim de inspirares simpatia.

Sê autêntico no dever.

O abnegado se desconhece. Ama com devotamento, e a flama do amor que lhe arde no íntimo raramente dá-lhe tempo para pensar primeiro em si, porquanto os problemas e as dores dos seus irmãos em Humanidade têm para ele regime de prioridade.

Se, todavia, desejares um protótipo que te expresse com mais veemência a grandeza da abnegação, recorre a Jesus que, em se esquecendo de Si mesmo, abraçou a cruz do sacrifício, a tudo renunciando, a fim de, por essa forma, testemunhar o Seu afeto e devoção por todos nós.

Oxalá, assim, a abnegação te dulcifique o ser e te faça realmente cristão.

5 - REFREGAS DA EVOLUÇÃO

Apesar das rudes refregas da luta, não te deixes abater.

Sob o peso de indescritíveis aflições, não te guardes à sombra do desalento.

Mesmo que os caminhos estejam refertos de dificuldades, não estaciones desanimado na jornada empreendida.

Aprende com a natureza: a terra sacudida pelo desvario dos ventos renova-se, cessada a tormenta; o solo encharcado retoma a verdura, e o arvoredo esfacelado cobre-se novamente de flores.

Em toda parte a vida se renova incessantemente, sob o látego das aflições, convidando-te a imitar-lhe o exemplo.

Não permitas, assim, que o pessimismo, esse conselheiro soez, balbucie aos teus ouvidos expressões de desencanto em relação às tarefas elegidas.

Recorda Jesus, abandonado, traído, em extrema solidão, plantando sozinho a espada luminosa do dever, desde então transformada em marco de luz para a Humanidade inteira.

Não te meças por aqueles que tombaram, deixando-te empolgar pelas deficiências deles.

A terra não se sente desrespeitada com o cadáver que lhe macule o solo. Recebe a dádiva da decomposição celular como bênção e transforma os tecidos apodrecidos em energias novas que são preciosas a outras vidas.

Se o companheiro ao teu lado cair, por que te desalentares? Encoraja-te e reflete que, apesar do fracasso dele, necessitas chegar ao fim.

Não te intimides com o insucesso alheio. A correnteza não cessa o curso porque a lama se encontra à frente; atravessa as camadas da dificuldade e surge, novamente límpida, adiante para abraçar o mar que a aguarda ao longe.

Se o amigo não teve a felicidade de manter o padrão de equilíbrio que se fazia necessário, na tarefa empreendida, conduze a mensagem que ele não pode levar aos angustiados que te esperam, ansiosos, à frente.

Fita a face dos triunfadores e deixa-te estimular pelo exemplo deles.

O caminho do Calvário é a história de uma grande solidão e toda a Boa Nova é hino de fidelidade ao dever.

O mestre nem sequer repreendeu Judas, ou censurou Pedro, ou doou taça de fel a Tomé, em dúvida.

Fez-se o atestado vivo e imortal do Pai, transformando-se em caminho para todos os arrependidos que O desejam seguir.

Na Boa Nova, a queda de cada discípulo é uma advertência para a vigilância dos que vêm depois; a deserção do aprendiz representa um convite à perseverança dos novos candidatos à escola universal do amor.

Robustece o ânimo, amigo do Cristo, fita o sol generoso a repetir sem cansaço a mensagem da alvorada diariamente, e segue fiel, de fronte erguida e coração içado ao bem, mantendo a tua comunhão com o Mestre nos deveres que te competem, certo de que não seguirás sozinho.

6 - REFERÊNCIAS ENCOMIÁSTICAS

Agredido pela pedrada rude com que a impiedade zurze a sua malquerença ante o bem em triunfo, não desfaleças na desincumbência do ideal.

O petardo que te alcança, mesmo ferindo a sensibilidade da tua alma ou rasgando a tecedura fisiológica do teu corpo, é bênção de que podes retirar incalculáveis resultados opimos.

O agressor é sempre alguém em aturdimento, de quem a Lei, muitas vezes, se utiliza a fim de chamar-te a atenção e situar-te no devido lugar de trabalhador da causa das minorias do Evangelho.

Perigosa, entretanto, na tarefa a que doas o melhor dos teus sentimentos, é a referência encomiástica (laudatória, aplauso), exaltada e perturbadora.

Semelhante a punhal disfarçado em veludo, penetra-te e aniquila as tuas decisões superiores, fazendo-te desfalecer. É comparável a veneno perigoso em taça de cristal transparente. Chega-se aos lábios da alma, produzindo imediata intoxicação.

Necessário colocar-te em atitude de defesa contra os que aplaudem, os que enaltecem, os que, momentaneamente iludidos, podem transformar os teus sentimentos que aspiram à paz, em perturbações que ensejam a glória efêmera.

Sabes pela experiência que o bom amigo traduz os seus sentimentos invariavelmente pelo testemunho da solidariedade silenciosa, da ação produtiva e do amparo fraternal, e não mediante as palavras explosivas, carregadas de lisonja.

O júbilo que explode no momento de exaltação também se converte em máscara de ira no momento de desgraça.

Poderás identificar o apoio ou a ressalva, o acerto ou o equívoco dos teus cometimentos se te exercitares no hábito salutar da reflexão e do exame das atividades encetadas.

"O bom trabalhador", disse Jesus, "é digno do seu salário." E o salário de quem trabalha com o Cristo é a paz da consciência correta.

O lídimo cristão sabe que tudo quanto faça nada faz, em considerando a soma volumosa de bênçãos que usufrui quando nas tarefas do Senhor.

Não te deixes, portanto, perturbar pela balbúrdia dos companheiros aturdidos, de palavras fáceis, gestos comovidos que te trazem o encômio vulgar, instrumentos, quiçá, de mentes levianas da Espiritualidade inferior interessadas na tua soberba e na tua queda.

Vigia as nascentes donde procede o elogio e não o apliques a ninguém, nem te facultes recebê-lo de ninguém.

E' verdade que todos necessitam do estímulo. Entre o estímulo sadio e a palavra enganosa medeia uma grande distância.

Poderás incutir no teu amigo o estímulo de que ele precisa.

Um gesto de ternura numa expressão da face em júbilo edificante, mediante a palavra bem dosada com expressões de equilíbrio, terçando armas ao lado, quando ele necessita de alguém e participando com ele da experiência da fé, no amanho do solo dos corações com o arado da caridade e a perseverança do tempo, são atestados inequívocos de aplauso nobre.

Encômios, Jesus, o modelo excepcional de todos nós, nunca os recebeu dos que O cercavam. A dúvida, porém, a suspeição rude, a injunção negativa, a coroa de espinhos, o cetro do ridículo, o manto da chocarrice e a cruz da ignomínia sim, Ele os aceitou em silêncio, e, não obstante, representava a Verdade máxima que jamais a Terra recebera.

Não pretendas, a serviço d'Ele, superá-lO sem lograr sequer o que Ele jamais almejou: o triunfo equivocado das criaturas humanas.

Preserva-te nos postulados e tarefas do bem e, ocorra quanto ocorrer, sê-Lhe fiel sem fantasias, sem enganos e sem aceitar as expressões encomiásticas que tantos têm iludido e derrubado no cumprimento do dever.

Joanna de Ângelis

Do Livro : As Leis Morais da Vida