Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore magnânima
do seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de
novo, frutificando em obras de amor para todas as criaturas. Ao cepticismo
da época soará estranhamente uma afirmativa desta natureza. O Evangelho? Não
seria mera ficção de pensadores do Cristianismo o repositório de suas
lições? Não foi apenas um cântico de esperança do povo hebreu, que a Igreja
Católica adaptou para garantir a coroa na cabeça dos príncipes terrestres?
Não será uma palavra vazia, sem significação objetiva na atualidade do
globo, quando todos os valores espirituais parecem descer ao “sepulcro
caiado” da transição e da decadência? Mas, a realidade é que, não obstante
todas as surpresas das ideologias modernas, a lição do Cristo aí está no
planeta, aguardando a compreensão geral do seu sentido profundo. Sobre ela,
levantaram-se filosofias complicadas e as mais extravagantes teorias
salvacionistas. Em seu favor, muitos milhares de livros foram editados e
algumas guerras ensangüentaram o roteiro dos povos. Entretanto, a sublime
exemplificação do Divino Mestre, na usa expressão pura e simples, só pede a
humildade e o amor da criatura, para ser devidamente compreendida. Do seu
entendimento decorre aquele “Reino de Deus” em cada coração, de que falava o
Senhor nas suas meigas pregações do Tiberíades _ reino de amor fraternal,
cuja luz é o único elemento capaz de salvar o mundo, que se encaminha para
os desfiladeiros da destruição.
E
os verdadeiros aprendizes, os crentes sinceros no poder e na misericórdia do
Senhor, esperam, com os seus labores obscuros, o advento da cristianização
da humanidade, quando os homens, livres de todos os símbolos sectários de
separatividade, puderem entender, integralmente, as maravilhas ocultas da
obra cristã. Nas suas dolorosas provações dos tempos modernos, quando quase
todos os valores morais sofrem o insulto da mais ampla subversão, esses
espíritos heróicos e humildes sabem, na sua esperança e na sua crença, que,
se Deus permite a prática de tantos absurdos, por parte dos poderosos da
Terra, que se embriagam com o vinho da autoridade e da ambição, é que todas
essas lutas nada mais representam do que experiências penosas, por abreviar
a compreensão geral das leis divinas no porvir. E, serenos na sua resignação
e na sua sinceridade, conhecem, ainda, que as lições do Evangelho não são
símbolos mortos e aguardam, cheios de confiança no mundo espiritual, a
alvorada luminosa do renascimento humano.
Nessa abençoada tarefa de espiritualização, o Brasil caminha na vanguarda. O
material a empregar nesse serviço não vem das fontes de produção
originariamente terrena e sim do plano invisível, onde se elaboram todos os
ascendentes construtores da Pátria do Evangelho.
Estas páginas modestas constituem, pois, uma contribuição humilde à
elucidação da história da civilização brasileira em sua marcha através dos
tempos. Têm por único objetivo provar a excelência da missão evangélica do
Brasil no concerto dos povos e que, acima de tudo, todas as suas realizações
e todos os seus feitos, forros dos miseráveis troféus das glórias
sanguinolentas, tiveram suas origens profundas no plano espiritual, de onde
Jesus, pelas mãos carinhosas de Ismael, acompanha desveladamente a evolução
da pátria extraordinária, em cujos, céus fulguram as estrelas da cruz. São
elas, ainda, um grito de fé e de esperança aos que estacionam no meio do
caminho. Ditadas pela voz de que já atravessou as estradas poeirentas e
tristes da Morte, dirigem-se aos meus companheiros e irmãos da mesma
comunidade e da mesma família, exclamando:
_
Brasileiros, ensarilhemos, para sempre, as armas homicidas das
revoluções!... Consideremos o valor espiritual do nosso grande destino!
Engrandeçamos a pátria no cumprimento do dever pela ordem, e traduzamos a
nossa dedicação mediante o trabalho honesto pela sua grandeza! Consideremos,
acima de tudo, que todas as suas realizações hão de merecer a luminosa
sanção de Jesus, antes de se fixarem nos bastidores do poder transitório
precário dos homens! Nos dias de provação, como nas horas de venturas,
estejamos irmanados numa doce aliança de fraternidade e paz indestrutível,
dentro da qual deveremos esperar as claridades do futuro. Não nos compete
estacionar, em nenhuma circunstância, e sem marchar, sempre, com a evolução
e com a fé realizadora, ao encontro do Brasil, na sua admirável
espiritualidade e na sua grandeza imperecível!
____
(*) Espírito.
LIVRO: “BRASIL, CORAÇÃO DO
MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO”
ESPÍRITO: Humberto de
Campo