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sábado, 8 de dezembro de 2012

19 Inveja


Remanescente dos atavismos inferiores, a inveja é fraqueza moral, a
perturbar as possibilidades de luta do ser humano.
Ao invés de empenhar-se na autovalorização, o paciente da inveja lamenta
o triunfo alheio e não luta pelo seu; compete mediante a urdidura da intriga e
da maledicência; aguarda o insucesso do adversário, no que se compraz;
observa e persegue, acoimado por insidiosa desdita íntima.
Egocêntrico, não saiu da infância psicológica e pretende ser o único centro
de atenção, credor de todos os cultos e referências.
Insidiosa, a inveja é resultado da indisciplina mental e moral que não
considera a vida como patrimônio divino para todos, senão, para si apenas.
Trabalha, por inveja, para competir, sobressair, destacar-se. Não tem ideal,
nem respeito pelas pessoas e pelas suas árduas conquistas.
Normalmente moroso e sem determinação, resultado da sua morbidez
inata, o enfermo de inveja nunca se alegra com a vitória dos outros, nem com a
alheia realização.
A inveja descarrega correntes mentais prejudiciais dirigidas às suas
vítimas, que somente as alcançam se estiverem em sintonia, porém cujos
danos ocorrem no fulcro gerador, perturbando-lhe a atividade, o
comportamento.
A terapia para a inveja consiste, inicialmente, na-cuidadosa reflexão do eu
profundo em torno da sua destinação grandiosa, no futuro, avaliando os recursos
de que dispõe e considerando que a sua realidade é única, individual, não
podendo ser medida nem comparada com outras em razão do processo da
evolução de cada um.
O cultivo da alegria pelo que é e dos recursos para alcançar outros novos
patamares enseja o despertar do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus, como
meio e meta para alcançar a saúde ideal, que lhe facultará a perfeita
compreensão dos mecanismos da vida e as diferenças entre as pessoas,
formando um todo holístico na Grande Unidade.

Livro: O Ser Consciente
Divaldo/Joana de Angelis

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Centros Mal – Orientados

Infelizmente, algumas casas espíritas prestam um desserviço à Doutrina dão-nos a impressão de que foram construídas apenas para atender a vaidade dos médiuns que as edificaram.
Não somos contrários aos diretores reconhecidamente bem intencionados e idealistas que permanecem por longo tempo nos cargos que ocupam. A causa espírita necessita dos que não abram mão de seus deveres para com ela. Excesso de liberalidade doutrinária é tão prejudicial à casa espírita quanto aos regimes ditatoriais impostos por alguns diretores, que anseiam por se perpetuar nos postos de direção.
Por vezes, a renovação da diretoria é de vital importância para que a casa espírita se renove em suas atividades, com a descentralização do poder. No entanto precisamos reconhecer que, por outro lado, muitos novos diretores costumam ser um desastre, pois, consentindo que o cargo lhes suba à cabeça, tomam atitudes arbitrárias e passam a ser elementos desagregadores.
Não se admite em um núcleo espírita, a luta pelo poder. Jesus nos advertiu quanto aos perigos de uma casa dividida, afirmando que ela não seria capaz de se manter de pé.
Nos centros espíritas de boa formação doutrinária, prevalece o espírito de equipe; ninguém trabalha com o desejo de aparecer, de reter as chaves da instituição no bolso, de modo que certas portas não sejam abertas sem a sua presença... Não se tecem comentários desairosos sobre os companheiros, como se, o que se pretendesse, fosse desestabilizá-los nas tarefas que permanecem sob a sua responsabilidade.
Os dirigentes de uma instituição espírita necessitam ter pulso firme, transparência nas decisões, fraternidade no trato para com todos, submetendo-se sempre à orientação da Doutrina. Pontos de vista estritamente pessoais não devem ter espaços no Movimento.
Centros espíritas mal orientados passam para a comunidade uma imagem deturpada do Espiritismo. A divulgação da Doutrina começa pela fachada de uma casa espírita. Até o seu ambiente físico carece ser acolhedor, iluminado. Construções suntuosas muitas vezes espiritualmente estão vazias. Os centros espíritas devem ter a preocupação de ser a continuidade da Casa dos Apóstolos, em Jerusalém amparo aos desvalidos e luz para os que vagueiam nas sombras, sempre, em nome do Senhor, de portas descerradas à necessidade de quem quer que seja.
Num templo espírita é indispensável à divisão de tarefas; muitos núcleos permanecem de portas fechadas na maioria dos dias da semana, porque os seus dirigentes não sabem promover os companheiros... O ciúme e o apego injustificável de muitos dirigentes acabam por deixar ocioso o espaço de uma casa espírita, quase a semana inteira. Não vale a justificativa de que os seareiros sejam poucos... Cuide-se das atividades doutrinárias de base a evangelização e a mocidade e não se terá o problema de escassez de braços para o trabalho doutrinário.
Nos centros mal orientados, nos quais o campo de serviço é restrito, os Espíritos Superiores não têm muito que fazer. Quanto mais numerosas, diversificadas e sérias as atividades de uma casa espírita, maior a tutela da Espiritualidade e maior a equipe dos desencarnados que com ela se dispõem a colaborar.
Os dirigentes, médiuns responderão pela sua omissão e arbitrariedade à frente de um núcleo espírita.

Livro: Conversando com os Médiuns.
Espírito: Odilon Fernandes.
Médium: Carlos A. Baccelli.

Observe para Atender

A piedade é o melancólico, mas
celeste precursor da caridade.
primeira das virtudes que a tem
por irmã e cujos benefícios ela
prepara e enobrece.
(Alan Kardec, E.S.E. Cap.XIII- ltem 17).

Você comentará falhas alheias, sem resultado edificante, e se fará dilapidador das fraquezas do próximo. Você censurará o vizinho, sem lhe retificar a posição, e se converterá em juiz impiedoso das vicissitudes dos outros.
Você discutirá as imperfeições do amigo, sem lhe modificar a situação moral, e se transformará em algoz de
quem já é vitima de si mesmo.
Você debaterá problemas dos conhecidos, sem os solucionar, e se tornará leviano examinador das causas
que lhe não pertencem.
Você exporá feridas do caráter das pessoas, sem as medicar, e se situará na condição de enfermeiro negligente em doenças a que lhe não cabe oferecer assistência.
*
Cale o verbo que não ajuda, observe e sirva.
Você caminha sob a mesma ameaça. Os outros observam-no também.
Deixe que a tentação da censura morra asfixiada no algodão do silêncio.
Ninguém é infeliz por prazer.
Os que mais erram são doentes contumazes que requerem o medicamento fraterno da prece e do entendimento.
O comentário improdutivo é gás que asfixia as plantas da esperança alheia.
Sua censura é espinho na alma do vizinho.
A exposição dos insucessos do próximo é estilete a ferir-lhe a chaga aberta.
*
Recorde o Mestre e examine-se.
Sua ascensão apóia-se na ascensão dos companheiros.
A queda de alguém é embaraço em seu caminho.
Auxilie sem exigência e indistintamente.
Permita ao grande tempo a tarefa de corrigir e educar. Confira a você mesmo o impositivo somente de ajudar.
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Glossário Espírita-Cristão.
Ditado pelo Espírito Marco Prisco.
4a edição. Salvador, BA: LEAL, 1993.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Vírus destruidor



 
A intriga é semelhante a um vírus destruidor que se multiplica rapidamente, aniquilando a organização de que se nutre.
Imiscui-se sutilmente e prolifera com volúpia, irradiando a sua morbidez devastadora.
Com facilidade transfere-se de uma para outra vítima, conseguindo gerar o ambiente pestífero que lhe é próprio.
O intrigante, por sua vez, é enfermo da alma, portando graves distúrbios emocionais e morais.
É invejoso, e transfere-se da conduta deplorável que lhe é característica para a das acusações perniciosas; é portador de complexo de inferioridade, mantendo sentimentos competitivos com os demais, e porque não possui os requisitos hábeis para vencer, oculta-se na intriga, mediante a qual denigre aquele de quem se faz opositor; é perverso, porque respira mágoas a respeito do seu próximo, que procura anular através das covardes assacadilhas...
Urde planos nefastos e mascara-se com sorrisos pérfidos com que engana as suas vítimas, enquanto as combate com ferocidade.
Sempre armados, a sua imaginação corrompe tudo quanto ouve e vê, adaptando à vérmina que traz no pensamento. Ninguém se livra da intriga insidiosa e cruel.
São célebres na História da Humanidade as intrigas palacianas...
Nas cortes, onde a frivolidade e o ócio predominavam, as intrigas no passado, assim como no presente, têm sido o alimento mantenedor dos parasitas morais que as constituem.
Quase todas as criaturas têm sido abaladas pela insídia da sua maldade, derrubando potentados e afastando pessoas nobres da execução dos seus elevados ideais.
Tronos são derruídos pela insídia da intriga; reis e potestades tombam nas malhas que as asfixiam.
A intrig é irmão gêmea da traição que se homizia no âmago dos Espíritos infelizes.
Todo grupamento social, político, acadêmico, popular, religioso, cultural ou de trabalho e de lazer, é vítima dos profissionais da intriga, neles integrados com os nefandos objetivos de os desagregar.
...E a intritga campeia a soldo da insegurança, da imaturidade psicológica das criaturas humanas.
O intrigante é instrumento dócil das Trevas que pretendem manter a sociedade na ignorância, no atraso moral, a fim de nutrir-se das emanações humanas que vampirizam.
Movimenta-se com facilidade porque é pusilânime, tornando-se hoje amigo daquele que no passado feriu, e assim, sucessivamente, em relação às pessoas que, no futuro, serão suas vítimas.
Alegra-se ao ver os distúrbios que provoca sem deixar-se trair, sorrindo de prazer ante as injunções penosas que a sua conduta reprochável dá lugar.
Encontra-se em toda parte, por constituir larga fatia da sociedade inditosa que se compraz na maledicência, nas observações distorcidas...
São necessários antídotos vigorosos para sanar essa epidemia ou muita água em forma de paciência e compaixão para apagar os incêndios morais que provoca.
A intriga é semelhante a cupim que destrói a fonte de onde retira o alimento, sem deixar vestígios externos, até o momento em que se desorganizam as estruturas nas quais se refugia.
*   *   *
Fecha os ouvidos à persuasiva palavra simulada do intrigante, que te escolhe para a catarse da própria desdita.
Não passes adiante a informação infeliz que ele te transmite com o objetivo de envenenar-te o que, invariavelmente, consegue.
Abafa a intriga que te chega ao conhecimento no poderoso algodão do silêncio e da dignidade.
Desarma-te, em relação ao teu irmão, adquire autoconfiança e autoconsciência, que te instrumentalizam para não aceitares a morbidez da intriga destruidora.
Mesmo no colégio galileu, a intriga e o ciúme campeavam, culminando na traição de Judas e em negação de Pedro em referência a Jesus, que sempre os amou.
Sê fiel ao teu ideal, mantendo lealdade com relação àqueles que constituem a tua família biológica, quanto a espiritual.
Não agasalhes informações nefastas, deixando-te contaminar pelo morbo sempre ativo da intriga.
Respeita a concha dos teus ouvidos, preservando-a da intriga e dignifica a tua voz não a propagando, dessa maneira deixando-a diluir-se no oceano da tua conduta moral.
Aqueles que se permitem criar embaraços ao seu próximo, acusando-os, indevidamente, tecendo as redes das informações malsãs,  vigiando-os de forma implacável, empurrando-os na direção do abismo do desânimo e do sofrimento, tornam-se responsáveis pelo mal que lhes venha acontecer.
São as mãos invisíveis que os asfixiam e as forças infelizes que os comprimem, derrubando-os pelo caminho da evolução.
Se alguém, por acaso, não corresponde à tua confiança, nem retribui o teu comportamento sadio, não te aflijas, porque o infeliz é ele que, ingrato, não é capaz de compreender a beleza nem o significado da amizade legítima.
Em qualquer circunstância, sê aquele que vive com elevação e honradez, a fim de que longos e saudáveis sejam os teus dias na viagem abençoada pela Terra.
Divulga o bem e canta a glória da afeição pura, entronizando na mente e na emoção, os valores da alegria defluente dos deveres retamente cumpridos.
Embora aceito pelos frívolos, o intrigante é detestado e temido por todos, que lhe conhecem o caráter e percebem que, de um para outro momento, poderão ser-lhes vítimas também.
O que fazem com os outros, certamente farão contigo, sem compaixão.
*   *   *
Jesus recomendou a vigilância e a oração como terapia preventiva e curadora, para uma existência digna e feliz.
Vigia as nascentes do coração para que nelas brote a água lustral do amor que se expande, enquanto orarás, arando com os tratores da caridade, os solos humanos que a vida te oferece.
Intriga, jamais!
 
Joanna de Angelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica
da noite de 10 de setembro de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
em Salvador, Bahia.
Em 24.09.2012.
 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

PIEDADE EM CASA




Emmanuel

Não aguardes as ocorrências da dor para desabotoares a flor da piedade no coração.
Sê afável com os teus, sê gentil em casa, sê generoso onde estiveres.
No lar, encontrarás múltiplas ocasiões, cada dia, para o cultivo da celeste virtude.
Tolera, com calma silenciosa, a cólera daqueles que vivem sob o teto que te agasalha.
Não pronuncies frases de acusação contra o parente que se ausentou por algumas horas.
Não te irrites contra o irmão enganado pela vaidade ou pelo orgulho que se transviou nos vastos despenhadeiros da ilusão.
Na tarefa de esposo, desculpa a franqueza ou a exasperação da companheira, nos dias cinzentos da incompreensão; e, no ministério da esposa, aprende a perdoar as faltas do companheiro e a esquecê-las, a fim de que ele se fortaleça no crescimento do bem.
Se és pai ou mãe, compadece-te de teus filhos, quando estejam dominados pela indisciplina ou pela cegueira; e, se és filho ou filha, ajuda aos pais, quando sofram nos excessos de rigorismo ou na intemperança mental.
Compreende o irmão que errou e ajuda-o para que não se faça pior, e capacita-te de que toda revolta nasce da ignorância para que tuas horas no lar e no mundo sejam forças de fraternidade e de auxilio.
Quando estiveres à beira da impaciência ou da ira, perdoa setenta vezes sete vezes e adota o silêncio por gênio guardião de tua própria paz.
Compadece-te sempre.
Se tudo é desespero e conturbação, onde te encontras, compadece-te ainda, ampara e espera, sem reclamar.
Guarda a piedade, entre as bênçãos do trabalho.
Habituemo-nos a ignorar todo mal, fazendo todo o bem ao nosso alcance.
A piedade do Senhor, nas grandes crises da vida, transformou-se em perdão com bondade e em ressurreição com serviço incessante pelo soerguimento do mundo inteiro.

Não te irrites contra o irmão enganado pela vaidade ou pelo orgulho que se transviou nos vastos despenhadeiros da ilusão.
Auxiliar é a honra que nos compete.

 Livro: ALVORADA DO REINO - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Tema muito importante que constitui o caráter dos indivíduos nos fazendo refletirmos o quanto temos que nos vigiarmos e orientarmos as nossas crianças.

Em dia com o Espiritismo.
Por que mentimos?

“Da mesma boca provém bênção e maldição.” (Tiago, 3:10.)

MARTA ANTUNES MOURA


Por definição, a mentira é um engano, falsidade ou fraude. Algo que é contrário à verdade e à caridade. Pode ocorrer por vontade própria, por omissão ou por equívocos de interpretação de fatos e comportamentos.
Em qualquer situação os resultados são sempre negativos.
Primeiro porque contraria padrões morais, éticos e religiosos (a mentira é considerada “pecado” pelas religiões cristãs tradicionais); segundo porque pode desencadear reações imprevisíveis, com exacerbação de animosidade e conflitos entre as pessoas, estabelecimento de focos de maledicência, entre outros.
Alguns filósofos, como Platão (428/427-348/347 a.C.), admitiam aceitar algumas mentiras, desde
que não produzissem maiores prejuízos, como a chamada “mentira piedosa”. Immanuel Kant (1724- -1804), Santo Agostinho (354-430) e Aristóteles (384-322 a.C.) não aceitavam qualquer tipo de mentira,
por acreditarem que o mentiroso é um Espírito moralmente fraco. Este último filósofo, inclusive, a distinguia e classificava em dois tipos: a jactância, que consiste em exagerar a verdade, e a ironia que, ao contrário, diminui a verdade.1*
Não há dúvidas de que a mentira, parcial ou total, velada ou declarada, revela desarmonia espiritual
de quem a pratica. A questão que se coloca, porém, é outra: o que fazer para evitar queda nas malhas
da maledicência, fazendo opção pela verdade? Pois nem sempre é fácil discernir entre o falso e o verdadeiro. Pondera o Espírito São Luís, a respeito, que todo cuidado é pouco ao comentar o mal
alheio, ainda que este se revele verdadeiro:
[...] Se as imperfeições de uma pessoa só prejudicam a ela mesma, não haverá nenhuma utilidade
em divulgá-la.No entanto, se podem acarretar prejuízos a terceiros, deve-se preferir o interesse
do maior número ao interesse de um só. [...] Em tal caso, deve-se pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes.2*
No rastro histórico da mentira, vamos localizá-la como abominável técnica de persuasão, largamente
utilizada por Adolf Hitler e os construtores do nazismo, a qual foi denominada Teoria da Grande Mentira. Trata-se de uma ferramenta da propaganda ideológica frequentemente usada, no passado e no presente, para se referir à crença de que uma mentira, repetida com frequência, de forma convicente que ignora todas
e quaisquer declarações que poderiam desmascará-la, irá com o tempo ser aceita pelas pessoas,
adquirindo o status de verdade, desde que repetida enfaticamente e soprada nos ouvidos certos.3*
Estudos de psicologia comportamental indicam que a mentira pode surgir por várias razões: receio
de que a verdade produza consequências negativas, por insegurança ou baixa autoestima, por opressão de autoridades (pais, amigos, chefes), para obtenção de vantagens ou regalias, e por motivos patológicos. Analisa, contudo, o filósofo estadunidense David Livingstone Smith, Ph.D e professor da Universidade da Nova Inglaterra (USA), que a mentira está há muito tempo integrada no ser humano, iniciada, possivelmente, logo após o surgimento da linguagem. Informa que o homem aprendeu a mentir, inicialmente,
para si mesmo, como forma de aliviar tensões, mas, ao mentir para si, aprendeu a enganar o outro.4*
De qualquer forma, a mentira, pequena ou grande, revela imperfeição moral que pode e deve ser
combatida, pois é mecanismo contrário à melhoria moral do Espírito, como enfatiza Emmanuel:
– Mentira não é ato de guardar a verdade para o momento oportuno [...].
A mentira é a ação capciosa que visa ao proveito imediato de si mesmo, em detrimento dos interesses alheios em sua feição legítima e sagrada; e essa atitude mental da criatura é das que mais humilham a personalidade humana, retardando, por todos os modos, a evolução divina do Espírito.5*

O Espírito que já possui algum esclarecimento sabe, portanto, que o ato de mentir implica aquisição
de satisfações pessoais por meios escusos e que não considera o constrangimento e o sofrimento
do próximo. É um comportamento errôneo, um deslize moral, como ensina Joanna de Ângelis:
O erro é sempre um compromisso negativo, e toda lesão moral, particularmente aquela
produzida no organismo social, constitui grave comprometimento, de cujos efeitos não se
pode evadir o responsável. Desse modo, todo e qualquer deslize moral é sempre uma agressão à
ordem, à saúde, ao equilíbrio, que devem viger em toda parte.
É muito comum censurar-se o crime hediondo que estarrece, enquanto se praticam defecções ditas menores [...].Aqui, é a mentira branca, disfarçando o mau hábito de escamotear a verdade [...]. Mentir é sempre um hábito doentio que encarcera o indivíduo nas suas malhas traiçoeiras.
Adiante, é a censura com ironia, ocultando a perversidade que se expande a soldo da maledicência
e da leviandade. [...]6*

A mentira é relativamente comum na infância, daí ser importante que pais e educadores aprendam
a distinguir a realidade da fantasia. A situação se revela especialmente grave quando a criança
e o adolescente mentem para se isentarem da culpa, para chamarem a atenção dos genitores, familiares, colegas e professores.
Persistindo-se nessas bases, o processo pode evoluir para algo mais sério, doentio, sobretudo se os
adultos, que servem de referência para a criança e o jovem, também têm o hábito de mentir, ou de
usar de subterfúgios para justificar os seus atos incorretos.

Para o professor David L. Smith, anteriormente citado, a questão é
muito mais ampla quando se trata da educação de filhos.
[...] a maioria de nós diz que ensina os filhos a não mentir.Embora seja verdade que as crianças
ouvem que não devem mentir, aprendem mais frequentemente a mentir de uma maneira socialmente aceitável. [...] As crianças aprendem a praticar as formas de engano que são publicamente proibidas, mas, secretamente, sancionadas.
A mentira socialmente apropriada não é meramente tolerada; é compulsória. A criança
que não consegue dominar essa habilidade paga o alto preço da desaprovação, da punição
e do ostracismo social.7*

A mentira sistemática produz, com o tempo, deformações no caráter
individual, sendo impossível, em determinados casos, discernir se a pessoa fala ou não a
verdade. A inteligência humana criou, então, instrumentos não verbais para detectar a mentira, os
quais, ainda que sejam considerados controvertidos, abusivos e antiéticos por várias comunidades
nacionais, são aceitos em investigações policiais de alguns países.
Entre eles estão os “polígrafos”, aparelhos de detecção de mentiras que medem o estresse fisiológico
do entrevistado quando ele fornece declarações ou responde a perguntas.
Acredita-se que os picos do estresse indicariam as mentiras.
A precisão desse método é amplamente contestada, pois o entrevistado tem condições de ludibriar
os registros do aparelho.
Outro detector de mentira é o soro da verdade, que também é considerado pouco confiável.
Recentemente, neurocientistas descobriram que a mentira ativa
estruturas específicas do cérebro, observadas durante exames de tomografia por ressonância magnética.
Trata-se de um método em fase de teste, pois é caro e pouco prático.
O certo, mesmo, é fugirmos da mentira, agindo com mais sinceridade no trato com as pessoas.
Para isto é necessário exercitar atos de boa conduta, apoiando-se nesta orientação do Codificador
do Espiritismo:
[...] Desde que a divisa do Espiritismo é Amor e caridade, reconhecereis a verdade pela prática
desta máxima, e tereis como certo que aquele que atira a pedra em outro não pode estar com a
verdade absoluta. [...].8
*
Referências:
1ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia.
Trad. Alfredo Bosi. 4. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2000. p. 660.
2KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra.
Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 10, item
21, p. 217.
3Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/A_Grande_Mentira_(livro)>.
4SMITH, David Livingstone. Por que mentimos:
os fundamentos biológicos e psicológicos
da mentira. Trad. de Marcelo Lino.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Prefácio,
p. 11.
5XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo
Espírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Rio
de Janeiro: FEB, 2010. Q. 192.
6FRANCO, Divaldo P. Iluminação interior.
Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador:
LEAL, 2006. Cap. 24, p. 149-150.
7SMITH, David Livingstone. Por que mentimos:
os fundamentos biológicos e psicológicos
da mentira. Trad. Marcelo Lino.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Cap. 1, p. 9.
8KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862
e outras viagens de Allan Kardec. Trad.
Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2007. Discurso de Allan Kardec
aos Espíritas de Bordeaux, p. 217.
Julho 2010 • Reformador 281

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Maledicência



“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, fala mal da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.”
(Tiago, 4: 11)
Nem todas as horas são adequadas ao rumo da ternura na esfera das conversações leais.
A palestra de esclarecimento reclama, por vezes, a energia serena em afirmativas sem indecisão; entretanto, é indispensável grande cuidado no que
concerne aos comentários posteriores.
A maledicência espera a sinceridade para turvar lhe as águas e inutilizar lhe esforços justos.
O mal não merece a coroa das observações sérias. Atribuir lhe grande importância nas atividades verbais é dilatar lhe a esfera de ação. Por isso mesmo, o conselho de Tiago reveste se de santificada sabedoria.
Quando surja o problema de solução difícil, entre um e outro aprendiz, é razoável procurem a companhia do Mestre, solucionando o à claridade da sua luz,mas que nunca se instalem na sombra, a distância um do outro, para comentários maliciosos da situação, agravando a dor das feridas abertas.
“Falar mal”, na legítima significação, será render homenagem aos instintos inferiores e renunciar ao título de cooperador de Deus para ser crítico de suas obras.
Como observamos, a maledicência é um tóxico sutil que pode conduzir o discípulo a imensos disparates.
Quem sorva semelhante veneno é, acima de tudo, servo da tolice, mas sabemos, igualmente, que muitos desses tolos estão a um passo de grandes
desventuras íntimas. Livro: Fonte Viva


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ASSEIO VERBAL

 
Emmanuel
 
Nossa conversação, sem que percebamos, age por nós em todos aqueles que nos escutam.
 
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só o que for bom
para promover a edificação”
– Paulo (Efésios, 4:29).
 
Quanto mais se adianta a civilização, mais se amplia o culto à higiene.
Reservatórios são tratados, salvaguardando-se o asseio das águas.
Mercados sofrem fiscalização rigorosa, com vistas à pureza das substâncias alimentícias.
Laboratórios são continuamente revistos, a fim de que não surjam medicamentos deteriorados.
Instalações sanitárias recebem, diariamente, cuidadosa assepsia.
Será que não devemos exercer cautela e diligência para evitar a palavra torpe, capaz de situar-nos em perturbação e ruína moral?
Nossa conversação, sem que percebamos, age por nós em todos aqueles que nos escutam.
Nossas frases são agentes de propaganda dos sentimentos que nos caracterizam o modo de ser; se respeitáveis, traze-nos a atenção de criaturas respeitáveis; se menos dignas, carreiam em nossa direção o interesse dos que se fazem menos dignos; se indisciplinadas, sintonizam-nos com representantes da indisciplina; se azedas, afinam-nos de imediato, com os campeões do azedume.
Controlemos o verbo, para que não venhamos a libertar essa ou aquela palavra torpe. Por muito esmerada nos seja a educação, a expressão repulsiva articulada por nossa língua é sempre uma brecha perigosa e infeliz, pela qual perigo e infelicidade nos ameaçam com desequilíbrio e perversão.
 
Francisco Cândido Xavier - Livro Centelhas

terça-feira, 11 de setembro de 2012

MATEUS, 5º, 27 ao 30. Adultério no coração. Extirpação de todos os maus pensamentos


MATEUS: capítulo 5º, versículo 27. Aprendeste que aos antigos fora dito:
Não cometerás adultério. — 28. E eu te digo que quem quer que olhe para uma
mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério no seu coração. 29. Se o teu olho
direito te for motivo de escândalo — arranca-o e atira-o longe de ti, porqüanto
melhor te é que pereça um dos membros do teu corpo do que ser todo este
lançado na geena. — 30. Se a tua mão direita te for motivo de escândalo —
corta-a e atira-a longe de ti, porqüanto melhor te é que pereça um dos
membros do teu corpo do que ir todo este para a geena.

São simbólicas as palavras de Jesus, constantes nestes versículos.
Devemos, pois, procurar-lhes o verdadeiro sentido. Elas têm, primeiramente,
uma acepção de ordem geral, porqüanto visam fazer compreensível que os homens
devem abster-se de toda má palavra, de toda ação má e de todos os
maus pensamentos.
Quanto ao dizer que devem ser arrancado o olho e cortada a mão que se
tornem causa de escândalo, bem se vê que também nesse ponto usou Ele de
uma linguagem figurada, composta de imagens materiais, como convinha aos
Espíritos daquela época. Falando a criaturas materiais, só por meio de tais
imagens podia impressioná-las fortemente.
O ensino moral, que delas decorre, é que não basta nos abstenhamos do
mal; que precisamos praticar o bem e que, para isso, mister se faz destruamos
em nós tudo o que possa ser causa de obrarmos mal, seja por atos, seja por
palavras, seja por pensamentos, sem atendermos ao sacrifício que porventura
nos custe a purificação dos nossos sentimentos.
Não se estranhe o dizermos que podemos obrar mal pelo pensamento.
Embora ela não exista perante os homens, porque estes não percebem o que
se passa no íntimo do Espírito, incorre em falta, aos do Senhor, tanto quanto se
praticasse uma ação má, aquele que formula um mau pensamento, porque. o
Senhor, que lê o íntimo dos seres, vê a mácula que na alma produz um pensamento
mau e toda mácula significa que a criatura se afastou do seu Criador.
Daí vem o ser a concupiscência, no dizer de Jesus, equiparada ao
adultério. Para Deus, o Espírito, em quem ela se manifestou, cometeu falta
Idêntica à em que teria caído, se houvera consumado o adultério, mesmo
porque, as mais das vezes, só uma dificuldade material qualquer impede que o
pensamento concupiscente se transforme em ato.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A violência doméstica para com os filhos. UMA ABORDAGEM À LUZ DO ESPIRITISMO




CLARA LILA GONZALEZ DE ARAÚJO
Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra.
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.”
(Mateus, 5:5 e 9.)


De certa feita, ao finalizarmos uma palestra espírita sobre a afabilidade e a doçura, virtudes analisadas no capítulo IX, de O Evangelho segundo o Espiritismo,
(1 ) um companheiro aproximou-se de nós e observou:
“Este assunto é bastante conhecido dos espíritas e todos já devem ter consciência da necessidade de agir
com bondade, especialmente em seu meio familiar”.
Após a colocação do prezado irmão, ficamos a pensar, longamente, sobre as suas palavras. Estariam os espíritas realmente conscientes da necessidade de semelhante conduta moral? Compreenderiam,
na vivência de suas experiências cotidianas, a importância de observarem, inexoravelmente, a lei de amor e de caridade? Como se portariam no seio familiar, onde a benevolência e a fraternidade devem ser
alicerces para a consolidação da harmonia entre os corações?
A compreensão do que seja violência doméstica, à luz do Espiritismo, não se reveste da verdadeira clareza
sobre o problema e, ao buscarmos as orientações nos textos dos Espíritos Superiores, percebemos, perplexos, que esta situação pode ocorrer em alguns lares espíritas, ferindo, profundamente, a quantos a enfrentam como provas salvadoras.
Allan Kardec, ao avaliar a necessidade de sermos mais dóceis e afáveis, no citado capítulo de O Evangelho segundo o Espiritismo, item 4, afirma que simples palavras, emitidas de forma intempestivas  podem causar conseqüências graves para aqueles que as transmitem: “[...] É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade que deve presidir às relações entre os homens e manter
entre eles a concórdia e a união; é que constitui um golpe desferido na benevolência recíproca e na fraternidade; é que entretém o ódio e a animosidade; é, enfim, que, depois da humildade
para com Deus, a caridade para com o próximo é a lei primeira de todo cristão”.(2).
Assim, ser agressivo, violento, hostil, com a intenção de causar dano ou ansiedade nos outros, não
significa só bater, ferir fisicamente, lesar materialmente, mas utilizar expressões verbais com o intuito
de depreciar e atacar as pessoas é prejudicá-las, é magoá-las de maneira grave e humilhante.
No relacionamento familiar, o problema da agressão verbal ocorre, quase sempre, a partir das dificuldades
que os pais encontram na criação dos filhos. Para muitos, não elevar a voz de modo excessivamente
contundente e autoritário seria renunciar a qualquer tentativa educacional. Os adultos parecem
ignorar que a obediência não é coisa que surja espontaneamente.
É por meio de um trabalho interior que a criança poderá compreender e aceitar as solicitações
dos outros, sem estar a eles incondicionalmente dependente e com isso construir-se a si mesma,
tornar-se uma pessoa equilibrada e autônoma.
A infância e a adolescência passam por várias etapas em seu desenvolvimento e, sem os cuidados
de uma educação salutar e bem encaminhada, é natural que os filhos reajam com maior ou menor
insegurança, que pode levá-los a comportamentos aberrantes, expressão de sua angústia profunda,
conforme as circunstâncias em que essas experiências lhes são impostas e do meio em que vivem. Aos
pais cabe o dever de amá-los, educando- os, sem exigir que se transformem em cópias vivas deles mesmos,
desrespeitando suas características individuais. Certos pais só conseguem manifestar ternura de modo extremamente possessivo, como se não conseguissem atingir um grau de compreensão que lhes
seria necessário para atender às carências reais de seus filhos.
Os Benfeitores espirituais nos advertem: “[...] Com efeito, ponderai que nos vossos lares possivelmente
nascem crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram hábitos diferentes dos vossos
e dizei-me como poderiam estar no vosso meio esses seres, trazendo paixões diversas das que nutris,
inclinações, gostos, inteiramente opostos aos vossos; como poderiam enfileirar-se entre vós, senão
como Deus o determinou, isto é, passando pelo tamis da infância?
[...] A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos
que devam fazê-los progredir [grifo nosso]
. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. [...]”3
Na maioria das vezes, porém, não utilizamos as palavras para consolar e edificar. Não nos preparamos
para o diálogo e a vontade sincera de esclarecer e orientar os filhos, especialmente, quando se recusam em satisfazer às nossas exigências. No plano inconsciente, suas próprias recusas podem ser tidas como a resultante de vários desejos insatisfeitos, e suas respostas, contrárias aos nossos desejos, se transformam na única maneira que conhecem para se comunicar conosco.
O Espírito Emmanuel, em mais uma de suas expressões de sabedoria, ao refletir sobre a significância
da língua como centelha divina do verbo, observa que o homem costuma desviá-la de sua verdadeira função, originando-se aí as grandes tragédias sociais, quase sempre da conversação dos sentimentos inferiores e reconhecendo
“[...] que a sua disposição é sempre ativa para excitar, disputar, deprimir, enxovalhar, acusar e
ferir desapiedadamente”.(4)
Ao chegarmos à fase em que essas manifestações atinjam certo grau de exteriorização habitual,
certamente nos afastamos dos ensinamentos cristãos, como se fôssemos, no entender do Espírito Lázaro,
“[...] homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados
lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento
que, fora de casa, se impõem a si mesmos. [...] Envaidecem- se de poderem dizer: ‘Aqui mando e sou obedecido’, sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar:
‘E sou detestado’”(.5)
Sabemos que a banalização da violência nos meios de comunicação e sua inserção na vida cotidiana
influem no comportamento de nossos filhos, fazendo com que se tornem vítimas e algozes,
ao mesmo tempo.Mas a violência também encontra respaldo no ambiente onde a criança e o jovem
estão inseridos. Afirmam os psicólogos e educadores que “reforçar condutas agressivas conduz
a um aumento das expressões observáveis de agressão, bem como a uma generalização de respostas
agressivas a outras situações”.(6)
Ou seja, se a criança for agredida pelos adultos, no período da infância, poderá, quando jovem e adulta, deixar-se influenciar por modelos agressivos, não só para aliviar sua raiva e hostilidade como também para atingir os objetivos desejados.
Quando isso acontece, dificilmente achamos que os filhos retratam os nossos exemplos. Na
questão 582, de O Livro dos Espíritos, a resposta dada pelos Espíritos a Kardec, sobre a missão da
paternidade, orienta-nos quanto à possibilidade de virmos a falhar no grandíssimo dever de educar
os seres que geramos:
“[...] Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar
bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por
culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho
na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada
do bem”(.7)
As lições de Jesus – o incomparável Mestre, o consumado pedagogo, o excelso psicólogo –, são sempre
oportunas em todas as épocas da Humanidade! Ao anunciar, no Sermão do Monte, que deveríamos
ser brandos e pacíficos reporta- se aos humildes de espírito, cujos corações estejam alijados do
orgulho e do egoísmo e sem semear a cizânia em todos os campos de ação onde exerçam suas atividades. O orgulho, não procura, assim como o egoísmo, base para apoiar as suas reações.Manifesta-
se com ou sem motivos que o justifiquem. Há pais que ao se sentirem melindrados no seu
excessivo amor-próprio transformam- se em verdadeiras feras, insultando e agredindo, em defesa
do que denominam autoridade!
A humildade não se compatibiliza com a violência de ação, uma vez que a violência é sempre
o oposto da compreensão, da benevolência, da mansuetude e da paz. A luta na exclusão do mal deve
ser uma constante em nossas vidas, reagindo, com firmeza, sempre que sentirmos o perigo que nos ameaça, especialmente quando deixarmos de orientar os nossos filhos para que não venham a
sucumbir aos desenganos e ilusões do mundo material. Nossos corações, no entanto, devem ser
simples, pacientes e amorosos ao aconselhar, destituídos de soberba e prepotência, iluminados pelas
claridades do Evangelho, que despertam nas almas os verdadeiros sentimentos de caridade e fraternidade.
A melhor maneira de ajudarmos aqueles que nos são caros é evangelizando-os, pois os problemas
existenciais e espirituais do ser serão esclarecidos à luz da Doutrina dos Espíritos e do Evangelho
de Jesus, no cumprimento da assertiva divina que recomenda:
Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, que
todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo”. (Mateus, 6:33.)

Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. IX, itens 1 a 6, p. 171-174.
2______. item 4, p. 172.
3 ______.O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Questão 385.
4XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Espírito
Emmanuel. Ed. especial. Rio de Janeiro:
FEB, 2005. Cap. 170, p. 353-354.
5KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. IX, item 6, p. 173.
6MUSSEN, CONGER, KAGAN. Desenvolvimento
e personalidade da criança. 4.
ed. São Paulo: Editora Harbra, 1977.
p. 308-309.
7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Questão 582.
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0 Reformador • Setembro 2006

sábado, 28 de julho de 2012

Reflexões sobre a calúnia

Reflexões sobre a calúnia

Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o cerco da ignorância e da imperfeição humana.
Considerado como planeta-escola, o mundo físico é abençoado reduto de aprendizagem, no qual são exercitados os valores que dignificam, em detrimento das heranças ancestrais que assinalam o passado de todas as criaturas, no seu penoso processo de aquisição da consciência.
Herdando as experiências transatas nos seus conteúdos bons e maus, por um largo período predominam aqueles de natureza primitiva, por estarem mais fixados nos painéis dos hábitos morais, mantendo os instintos agressivos-defensivos que se vão transformando em emoções, prioritamente egoicas, em contínuos conflitos com o Si-mesmo e com todos aqueles que fazem parte do grupo social onde se movimentam. Inevitalmente, as imposições inferiores são muito mais fortes do que aquelas que proporcionam a ascensão espiritual, liberando o orgulho, a inveja, o ressentimento, a agressividade, o despotismo, a perseguição, a mentira, a calúnia e outros perversos comportamentos que defluem do ego atormentado.
Toda vez, quando o indivíduo se sente ameaçado na sua fortaleza de egotismo pelos valores dignificantes do próximo, é dominado pela inveja e investe furibundo, atacando aquele que supõe seu adversário.
Porque ainda se compraz na situação deplorável em que se estorcega, não deseja permitir que outros rompam as barreiras que imobilizam as emoções dignas e os esforços de desenvolvimento espiritual, assacando calúnias contra o inimigo, gerando dificuldades ao seu trabalho, criando desentendimentos em sua volta, produzindo campanhas difamatórias, em mecanismos de preservação da própria inferioridade.
Recusando-se, consciente ou inconscientemente, a crescer e igualar-se àqueles que estão conquistando os tesouros do discernimento, da verdade, do bem, transforma-se, na ociosidade mental e moral em que permanece, em seu cruel perseguidor, não lhe dando trégua e retroalimentando-se com a própria insânia.
Torna-se revel e não aceita esclarecimento, não admitindo que outrem se encontre em melhor situação emocional do que ele, que se autovaloriza e se autopromove, comprazendo-se em persegui-lo e em malsiná-lo.
Ninguém consegue realizar algo de enobrecido e dignificante na Terra sem sofrer-lhe a sanha, liberando a inveja e o ciúme que experimenta quando confrontado com as pessoas ricas de amor e de bondade, de conhecimentos e de realizações edificantes.
A calúnia é a arma poderosa de que se utilizam esses enfermos da alma, que a esgrimem de maneira covarde para tisnar a reputação do seu próximo, a quem não conseguem equiparar-se, optando pelo seu rebaixamento, quando seria muito mais fácil a própria ascensão no rumo da felicidade.
A calúnia, desse modo, é instrumento perverso que a crueldade dissemina com um sorriso e certo ar de vitória, valendo-se das imperfeições de outros cômpares que a ampliam, sombreando a estrada dos conquistadores do futuro.
Nada obstante, a calúnia é também uma névoa que o sol da verdade dilui, não conseguindo ir além da sombra que dificulta a marcha e das acusações aleivosas que afligem a quem lhe ofereça consideração e perca tempo em contestá-la.
*   *   *
Nunca te permitas afligir, quando tomes conhecimento das acusações mentirosas que se divulgam a teu respeito, assim como de tudo quanto fazes.
Evita envenenar-te com os seus conteúdos doentios, não reservando espaço mental ou emocional para que se te fixem, levando-te a reflexões e análises que atormentam pela sua injustiça e maldade.
Se alguém tem algo contra ti, que se te acerque e exponha, caso seja honesto.
Se cometeste algum erro ou equívoco que te coloque em situação penosa e outrem o percebe, sendo uma pessoa digna, que se dirija diretamente a ti, solicitando esclarecimentos ou oferecendo ajuda, a fim de que demonstre a lisura do seu comportamento.
Se ages de maneira incorreta em relação a outrem e esse experimenta mal-estar e desagrado, tratando-se de alguém responsável, que te procure e mantenha um diálogo esclarecedor.
Quando, porém, surgem na imprensa ou nas correspondências, nas comunicações verbais ou nos veículos da mídia, acusações graves contra ti,sem que antes haja havido a possibilidade de um esclarecimento de tua parte, permanece tranquilo, porque esse adversário não deseja informações cabíveis, mas mantém o interesse subalterno de projetar a própria imagem, utilizando-se de ti...
Quando consultado pelos iracundos donos da verdade e policiais da conduta alheia com a arrogância com que se comportam, exigindo-te defesas e testemunhos, não lhes dês importância, porque o valor que se atribuem, somente eles mesmos se permitem...
Não vives a soldo de ninguém e o teu é o trabalho de iluminação de consciências, de desenvolvimento intelecto-moral, de fraternidade e de amor em nome de Jesus, não te encontrando sob o comando de quem quer que seja. Em razão disso, faculta-te a liberdade de agir e de pensar conforme te aprouver, sem solicitar licença ou permissão de outrem.
Desde que o teu labor não agride a sociedade, não fere a ninguém, antes, pelo contrário, é de socorro a todos quantos padecem carência, continua sem temor nem sofrimento na realização daquilo que consideras importante para a tua existência.
Desmente a calúnia mediante os atos de bondade e de perseverança no ideal superior do Bem.
Somente acreditam em maledicências, aqueles que se alimentam da fantasia e da mentira.
Alegra-te, de certo modo, porque te encontras sob a alça-de-mira dos contumazes inimigos do progresso
Todos aqueles que edificaram a sociedade sob qualquer ângulo examinado, padeceram a crueza desses Espíritos infelizes, invejosos e insensatos.
Criando leis absurdas para aplicarem-nas contra os outros, estabelecendo dogmas e sistemas de dominação, programando condutas arbitrárias e organizando tribunais perversos, esses instrumentos do mal, telementalizados pelas forças tiranizantes da erraticidade inferior, tornaram-se em todas as épocas inimigos do progresso, da fraternidade que odeiam, do amor contra o qual vivem armados...
Apiada-te, portanto, de todo aquele que se transforme em teu algoz, que te crie embaraços às realizações edificantes com Jesus, que gere ciúmes e cizânia em referência às tuas atividades, orando por eles e envolvendo-te na lã do Cordeiro de Deus, sedo compassivo e misericordioso, nunca revidando-lhes mal por mal, nem acusação por acusação...
A força do ideal que abraças, dar-te-á coragem e valor para o prosseguimento do serviço a que te dedicas, e quanto mais ferido, mais caluniado, certamente mais convicto da excelência dos teus propósitos, da tua vinculação com o Sumo Bem.
*   *   *
Como puderam, aqueles que conviveram com Jesus, recusar-Lhe o apoio, a misericórdia, a orientação?
Após receberem ajuda para as mazelas que os martirizavam, como é possível compreender que, dentre dez leprosos, somente um voltou para agradecer-Lhe?
Como foi possível a Pedro, que era Seu amigo, que O recebia no seu lar, que convivia em intimidade com Ele, negá-lO, não uma vez, mas três vezes sucessivas?!
...E Judas, que O amava, vendê-lO e beijá-lO a fim de que fosse identificado pelos Seus inimigos naquela noite de horror?!
Sucede que o véu da carne obnubila o discernimento mesmo em alguns Espíritos nobres, e as injunções sociais, culturais, emocionais, neles produzem atitudes desconcertantes, em antagonismos terríveis às convicções mantidas na mente e no coração.
Todos os seres humanos são frágeis e podem tornar-se vítimas de situações penosas.
Assim, não julgues a ninguém, entregando-te em totalidade Àquele que nunca Se enganou, jamais tergiversou, e deu-Se em absoluta renúncia do ego, para demonstrar que é o Caminho da Verdade e da Vida.

Joanna de Angelis.
Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco,na manhã de 29 de outubro de 2010, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.
Em 14.02.2011.