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sexta-feira, 28 de maio de 2021

DIMAS : ARREPENDIMENTO E RECUPERAÇÃO
















Dimas: Arrependimento e Recuperação

Aqueles terríveis dias anunciados se concretizavam.

A semana, que se iniciara festiva entre cânticos e júbilos, culminava em tragédia de hediondez.

Fazia pouco, e a sinistra caravana atravessara as ruelas estreitas de Jerusalém até alcançar o Gólgota, fora dos muros da cidade.

O madeiro tosco já se encontravam aguardando as vítimas.

A crucificação era prerrogativa de Roma, que punia com crueza os inimigos de César e do Estado.

As tricas infames e as intrigas soezes levaram o Justo a uma triste peregrinação entre Anás, Caifás e Pilatos, num enredo político-religioso que a embriaguez farisaica, amparada pelos interesses subalternos do representante do Imperador que - embora a inteireza moral do Réu - cedeu às pressões hábeis da indignidade mal disfarçada, entregando-os aos Seus inimigos.

Ele não reagia de forma alguma, como se guardasse o veredicto já adrede tomado.

Imposto no cárcere após a humilhação pública no Pretório, no dia seguinte, ao Sol ardente e entre sarcasmos e doestos dos perseguidores gratuitos, Ele carregara a Cruz, tropeçando várias vezes sob o peso do madeiro da vergonha.

Agora, a música lúgubre das marteladas empurrando os cravos enferrujados que lhe rasgavam as carnes, os tendões e ossos, provocando dores acerbas, ficaria ribombando surdamente nos ouvidos das testemunhas...

Dois ladrões faziam-lhe companhia, como a caracterizá-lo na mesma condição de bandido, Ele que era a demonstração viva da Verdade.

Ao ser erguida a cruz e colocada na cova, calçada com pedras informes, o corpo derreou no poste e as farpas pontiagudas cravaram-se-lhe nas carnes e nos músculos relaxados uns e tensos outros, após longas horas de aflição...

Um gemido dorido escapou-lhe dos lábios arroxeados, e a coroa de cardos mais se lhe cravou na cabeça empastada de suor e de sangue.

Os vândalos, que zombavam, foram acometidos por estranho presságios, enquanto que a Natureza se enlutava e vestia-se da tormenta que arrebentou com violência, causando espanto e temor.

A terra exausto do calor refrescou-se e o céu voltou à transparência anterior.

As pessoas contemplavam a cena hedionda, quando Ele disse estar com sede em um grito rouco, para que cumprisse todas as Profecias.

Deram-lhe uma esponja mergulhada em fel e aloés, presa na ponta de uma lança, que foi encostada aos Seus lábios rachado, sangrentos...

Disfarçado na turbamulta, para não se identificado, Tiago, que era Seus discípulo, acompanhava com lágrimas o trágico acontecimento e se interrogava em silêncio:

Onde o carinho de Deus para com Seu Filho? 

Não era Ele o Messias? 

Assim retribuía às atividades de amor, que Ele realizara na Terra?

Tiago não podia entender, nas suas reflexões racionais, os desígnios de Deus, pensando conforme os padrões convencionais.

Nesse comenos, olhou em derredor, procurando um rosto conhecido, de alguém que o aplaudira em dias passados, quando da entrada triunfal em Jerusalém. Não havia ninguém.

Nem sequer um dos que lhe receberam a cura, as dádivas da Sua compaixão e misericórdia.

Ninguém que houvesse acompanhado. Nem os amigos de ministério se faziam presentes, à exceção de João, que abraçava a Sua mãe, ao lado de outras mulheres, trêmulas e receosas.

Tiago não pode dominar a aflição que o tomou por inteiro e pôs-se a chorar convulsivamente.

O Mestre olhou-o compassivo, e murmurou ternas palavras nos ouvidos do seu coração.

No mesmo instante, Dimas, o ladrão que estorcegava ao Seu lado direito, procurou identificar no grupo exótico que se movimentava aos pés das cruzes, além de conhecido, e os seus olhos se cruzaram com os de sua mãe Tamar.

Pelas reminiscências, a memória evocou-lhe a infância e a adolescência na orfandade paterna bem como os sacrifícios daquela mulher extraordinária.

Foi na juventude que se iniciara na rapina, unindo-se a outros desordeiros e atirando-se aos abismos do crime.

O instinto de mãe havia percebido a mudança do filho e advertira mil vezes, sem que ele se resolvesse por qualquer mudança real, embora não lhe confirmasse as suspeitas.

Quando se tornou notória a sua infeliz conduta, ele lhe prometera e à noiva Esther, que aquela seria a última viagem às terras fabulosas do além- Jordão, para poder oferecer-lhes a segurança de um lar honrado após consorciar-se e construir a família.

De tal maneira elaborou e apresentou o plano da viagem, que as duas mulheres acreditaram...

... Agora, surpreendido pelos soldados que o haviam emboscado no desfiladeiro por onde passavam as caravanas que ele e Giestas pretendiam assaltar, foram aprisionados e ali estavam punidos.

A mãe aflita chorava, interrogando com dorido silêncio:

- Por quê, meu filho? Em que errei a tua educação?!

Afogada em lágrimas esteve a ponto de cair, quando foi amparada pela jovem companheira, Esther, a noiva inditosa.

Dimas desejou gritar, estremunhado e louco, no justo momento em que o Mestre o fitou com suavidade.

Tomado de honesto arrependimento pelas alucinações praticadas, exorou, em agonia e fé:

- Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no paraíso.

Havia sinceridade e unção.

O arrependimento chegava-lhe na hora extrema. Reconhecia os erros e desejava reabilitação, anelava por confortar a mãezinha agônica e a noiva humilhada, mas era tarde.

Debatia-se na agonia, quando o Rabi, empapado do suor de sangue misturado ao pó, com chagas abertas como flores rubras de bordas rasgadas, lhe respondeu, misericordioso:

- Em verdade, em verdade, te digo hoje: entrarás comigo no paraíso...

Uma aragem fresca e suave passou pela alma do bandido.

Acompanhando a cena grandiloqüente, a Sua mãe percebeu a outra mulher quase desfalecida. Acercou-se-lhe com passo trôpego e interrogou-a com voz trêmula:

- É teu filho, o crucificado da direita?

- Sim, é meu filho...

- Então, mulher, se meu filho, o do meio, disse ao teu filho, que o atenderia, crê, porque meu filho é o Excelente Filho de Deus, o Seu Messias.

As duas mulheres se abraçaram, e novamente a terra tremeu, a tormenta voltou, e entre o ribombar dos trovões e o balé do relâmpago que cortava ziguezagueante as nuvens carregadas, Ele gritou:

- Está tudo consumado!
*
A Humanidade infeliz, vítima da ignomínia, tentou silenciar a Verdade que viera libertá-la, método infame utilizado pela covardia para retardar o próprio progresso.

Sempre porém, haverá oportunidade para o homem arrepender-se e recomeçar. Dimas era a última lição de arrependimento e de recuperação.
____________
(*) Lucas: 23-42.
Nota da Autora Espiritual
Do Livro : Até o Fim dos Tempos- Divaldo/Amélia Rodrigues.

domingo, 11 de abril de 2021

A CRIANÇA REJEITADA: “(...) Sem dúvida, muitos pais, despreparados para o ministério que defrontam em relação à prole, cometem erros graves, que influem consideravelmente no comportamento dos filhos, que, a seu turno, logo que podem, se rebelam contra estes, crucificando-os nas traves ásperas da ingratidão, da rebeldia"



A pior sensação que o filho ou a filha poderá ter é exatamente a de que é rejeitada por seus pais, por um ou por ambos.

Em verdade, não rejeita a criança apenas aquele pai ou aquela mãe que a abandona na via pública, ou a interna num orfanato, jamais indo vê-la. Rejeita-a também, aquele pai ou aquela mãe que promete amar a criança se ela for “boazinha”, se se conservar limpa numa quadra da vida em que o natural é a criança brincar livremente no solo (claro que protegida dos perigos), se fizer certinho um trabalho que está além de suas possibilidades infantis. Fica configurada a chantagem emocional, altamente perniciosa no processo da educação dos filhos.

Vale dizer que de igual modo rejeita o filho aquele pai ou aquela mãe que tudo faz quanto a criança ou o jovem peça só para se ver livre do pimpolho. É não lhe dar a mínima atenção, já se vê sem dificuldades.

Todos os excessos são danosos em nossas vidas, como se percebe facilmente.Se é danosa a rejeição da parte de um pai ou de uma mãe indiferente ou omissa, não deixa de ser ruim também a superproteção. Dentro deste raciocínio, se uma criança escorraçada, uma criança que viva debaixo de castigos corporais( mediante os quais os genitores descarregam suas tensões por outros motivos da vida estressante que levam hoje em dia), acaba vendo em todos os semelhantes inimigos em potencial, indivíduos que estariam prontos a maltratá-la, fazendo-se ao longo dos anos uma criatura amarga, pessimista, com raríssimos momentos de bom-humor,trazendo quase nulo o sentimento de solidariedade humana,uma criança superprotegida,criada cheia de dengos, de mimos excessivos, de cuidados exagerados, a quem tudo é simplesmente facilitado, vai-se acostumando a receber sem retribuir.

Resultado: a infância será um paraíso no lar, porém, a idade adulta será um inferno na sociedade. O indivíduo não saberá contar com ele mesmo nos momentos de decisão. Nutrirá, não raro, o sentimento de dependência não sendo capaz de solucionar os mais comezinhos problemas da experiência terrestre.

Aliás, quando a família é numerosa, tem vários filhos, não há mesmo condição para que os filhos sejam superprotegidos. Nesta situação, as crianças têm maiores oportunidades de viverem e se desenvolverem um tanto independentes. De certa forma, esta relativa independência auxilia o seu desenvolvimento, amadurecendo-as adequadamente. Desde pequenos, os filhos enfrentam alguns problemas e aprendem a resolvê-los. Inclusive há inúmeros casos ( sobretudo na presente atualidade planetária ) em que, a mãe trabalhando fora, vê-se na contingência de ter de contar com a ajuda da filha mais velha nos trabalhos domésticos, a cuidar dos irmãozinhos menores. O mesmo se dá relativamente ao filho mais velho; às vezes tem até de abandonar a escola ainda nas primeiras séries da educação fundamental (ensino de primeiro grau )a fim de ingressar no trabalho pesado, ou, no mínimo ao lado do pai, exercendo também alguma função com vista a equilibrar( ou colaborar a equilibrar, melhor dizendo) o precário orçamento doméstico, desempenhando atividades ditas masculinas.

Quando os pais sabem ajustar as situações assim criadas, os filhos aceitam bem os papéis que lhes são atribuídos e os conflitos momentâneos podem ser superados, desde que os mesmos pais não exijam perfeição de seus filhos. Aliás, os pais devem ser modelo mas nunca deverão pôr-se num pedestal dizendo aos filhos que nunca erraram na vida, o que não é, evidentemente, uma verdade. Melhor seria dizer-lhe que já cometeram enganos, ainda os cometem e se corrigem os filhos neste ou naquele particular é porque querem fazê-los felizes.

A segurança emocional, em parte sustentada pelo relacionamento entre irmãos, facilita muito o ajustamento do indivíduo fora de casa. Mas tudo isto( seria até desnecessário lembrar) vai depender em boa medida do comportamento dos pais.

Bem, há filhos que ser revoltam contra o tratamento que os pais lhe deram. Pois bem, para estes filhos deixaremos algumas frases do Espírito Joana de Ângelis, escritas pelo médium Divaldo Pereira Franco, constantes do livro “Após a Tempestade”( Livraria Espírita Alvorada Editora):
(...) Sem dúvida, muitos pais, despreparados para o ministério que defrontam em relação à prole, cometem erros graves, que influem consideravelmente no comportamento dos filhos, que, a seu turno, logo que podem, se rebelam contra estes, crucificando-os nas traves ásperas da ingratidão, da rebeldia e da agressividade contínua, culminando não raro em cenas de pugilato e vergonha”.
“(...) Aos filhos compete amar aos pais, mesmo quando negligentes ou irresponsáveis,porquanto é do Código Superior da Vida, o impositivo do honrar o pai e a mãe, sem excluir os que o são apenas por função biológica, assim mesmo, por cujo intermédio a Excelsa Sabedoria programa necessárias provas redentoras e pungitivas expiações liberativas”.

Termina sua exportação aquela mentora espiritual dizendo aos filhos estas orientações, com relação ao genitor que não lhes deu carinho:
“Se te falarem sobre recalques que ele traz da infância, em complexos que procedem desta ou daquela circunstância,(...) recorda, em silêncio, de que o Espírito procede do berço, trazendo gravados nas tecelagens sutis da própria estrutura gravames e conquistas, elevação e delinqüência, podendo, então, melhor compreendê-lo,mais ajudá-lo, desculpá-lo com eficiência e socorrê-lo com proibidade, prosseguindo ao seu lado sem mágoa(...) resgatando pelo sofrimento e amor os teus próprios erros, até o dia em que, redimido, possas reorganizar o lar feliz a que aspiras”.

Orientou assim Joana de Ângelis porque ninguém é pai ou mãe ou filho ou filha de outro alguém por um simples acaso biológico.Não. Nascemos e renascemos nas constelações familiares em que estávamos no mais das vezes envolvidos desde outras experiências corporais.Dá-se aqui o reencontro para que possamos solucionar os “desencontros” do passado.As possíveis algemas de ressentimentos devem ser transformadas em laços de amor para o nosso próprio bem.Reconhecemos ser tarefa árdua que exige renúncia abnegação e tempo.Todavia, será gratificante a sua execução porque teremos coroando o nosso esforço, às vezes não prontamente compreendido, a satisfação do dever cumprido!


Celso Martins

domingo, 22 de novembro de 2020

HONRAI VOSSO PAI E A VOSSA MÃE .

"Existis, porque os vossos pais existiram, antes de vós. Sem eles, onde estaria a vossa alma e o motivo da vossa soberba? Que o nome dos vossos pais esteja sobre a vossa cabeça, e pelo nome dos vossos pais sacrificai o vosso. Quando ouvirdes dizer que o vosso pai é pecador, defendei o nome dele, e se o pecado subsistir chorai no vosso coração, rogai a Deus por esse pecado e buscai apagá-lo da vossa mente - e Deus honrará o vosso nome nos vossos filhos, apagará o vosso pecado da mente deles e dar-vos-á o galardão da vida eterna. "




 Comunicações ou ensinos dos Espíritos

XVIII


Honrai a vosso pai e a vossa mãe, aos quais Deus delegou uma parte do seu poder. Eles são uma manifestação visível da Providência divina, cuidando das crianças desde o seu nascimento. Se virdes que o vosso pai infringe o preceito e não segue o caminho da virtude — cerrai os olhos e buscai esquecer o pecado do vosso pai, e rogai ao Senhor que apague esse pecado da sua presença. Se o vosso pai for cego — que os vossos olhos sejam os seus alhos; se for tolhido, que os vossos pés sejam os seus pés e que a vossas mãos sejam as suas mãos; porque deles, por delegação do Pai, recebestes os vossos olhos, as vossas mãos e os vossos pés. Nunca digais diante do vosso pai: 

 
 
Existis, porque os vossos pais existiram, antes de vós. Sem eles, onde estaria a vossa alma e o motivo da vossa soberba? Que o nome dos vossos pais esteja sobre a vossa cabeça, e pelo nome dos vossos pais sacrificai o vosso. Quando ouvirdes dizer que o vosso pai é pecador, defendei o nome dele, e se o pecado subsistir chorai no vosso coração, rogai a Deus por esse pecado e buscai apagá-lo da vossa mente - e Deus honrará o vosso nome nos vossos filhos, apagará o vosso pecado da mente deles e dar-vos-á o galardão da vida eterna. Honrai as cãs dos velhos. Os cabelos brancos do ancião são o testemunho da madureza do seu juízo, e as rugas do seu semblante são as letras de um livro escrito pelo dedo do Senhor. Não desprezeis o conselho do velho, nascido na oficina da sua experiência; o seu saber é muitas vezes amargo, mas a sua virtude atua sobre a alma e corrige os sentidos. Honrai os ministros da palavra, que são os distribuidores da luz para aqueles que a não conhecem; porque, aquele que os honra, honra à luz e honra Àquele que a enviou. Honrai o Filho na luz, e o Pai no Filho. O que pratica a humildade e fala a sabedoria, o que vive na pobreza de coração e só prega a paz, o que viou, despreza o Filho na luz, e despreza o Pai no Filho. Os ministros da palavra são árvores de vida para os homens, e devem ser conhecidos pelos seus frutos. O que pratica a humildade e fala a sabedoria, o que vive na pobreza de coração e só prega a paz, o que abre a sua mão e o seu seio aos que vivem na humilhação, e diz sem temor a verdade aos poderosos, o que vela enquanto os outros dormem, o que ergue a voz para denunciar o perigo, o que tem puro o pensamento e vive nessa pureza de pensamento, o que diz em sua alma: eu não sou digno, esses são os ministros da palavra, e a bênção de Deus os segue, porque a palavra deles é bênção e aplaina os caminhos do Senhor. Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! Senhor! São ministros da palavra, mas sim aqueles que cumprem a vontade do Senhor. Surgirão falsos ministros da palavra, mas os seus caminhos serão obstruídos e o seu julgamento estará nas suas mãos e nos seus pés; porque a árvore da mentira não pode dar frutos da verdade. Dirão: abominai os bens do mundo e a alma deles vive nas riquezas e nas comodidades; aconselharão a humildade, e o orgulho lhes reside no coração e nos olhos; dirão: sede misericordiosos e caritativos,  e na boca se lhes aninham a injúria e a maldição, e acumulam o ouro e a prata, afrontando a miséria dos outros. Pregarão a mansidão e guardam o ódio contra os seus inimigos, considerando-os como obra de zelo pelo Senhor; dirão, sede honestos, mas a lascívia domina nos seus desejos, e o adultério, nos seus leitos. 

 
 
Esses não são os ministros da palavra, mas sim hipócritas, e por isso os seus ensinos são abomináveis. Se da sua boca saem palavras de verdade — essa boca é indigna da palavra e profana o dom de Deus. Ouvi as suas palavras da verdade, mas conservai-vos alerta e não vos deixeis surpreender pelas suas intenções. São os sepulcros caiados, de que fala Jesus. 


Fonte: Roma e Evangelho - Comunicações ou ensinos dos Espíritos -XVIII


 

sábado, 25 de maio de 2019

Ter ou não ter filhos e Reencarnação



'Sucede muitas vezes que essa decisão de postergar compromissos determina a necessidade de um replanejamento espiritual com relação àqueles designados à reencarnação em um determinado lar. Podem os mesmos obter “novos passaportes” surgindo como netos, filhos adotivos ou outras vias de acesso elaboradas pela espiritualidade maior. Ocorrerá, nestes casos, a necessidade de um preenchimento da lacuna de trabalho que se criou ao se impedir a chegada de mais um filho.'

 - Dr. Ricardo Di Bernardi


O controle da natalidade vem sendo praticado desde os primórdios dos tempos. A civilização humana sempre encontrou raízes ou ervas com as quais feiticeiros ou médicos procuraram interferir no processo da concepção ou mesmo da gestação em curso.

Mesmo aqueles casais avessos aos processos artificiais frequentemente optam por “métodos naturais”, evitando relacionamento sexual nos dias férteis e objetivando o mesmo resultado: a limitação da natalidade.

Teoricamente, em todos os casais haveria uma possibilidade de número maior de filhos, caso não houvesse alguma forma de controle ou planejamento familiar. Esta constatação nos leva a crer que há, na quase totalidade dos casais, alguma interferência, por livre iniciativa, sobre a natalidade de seus filhos.

Em face do exposto, o bom senso nos leva a posicionar realisticamente, sem no entanto perdermos a visão idealística. Nós, seres humanos já conquistamos o direito da liberdade de decidir, evidentemente com a responsabilidade assumida pelo livre arbítrio. O Homo Sapiens já possui a possibilidade de escolher a rota de seu progresso, acelerando ou reduzindo a velocidade de seu desenvolvimento espiritual. Somos os artífices da escultura de nosso próprio destino.

Nas informações que são colhidas, psicográfica ou psicofonicamente, os espíritos nos expõem a respeito da planificação básica de nossa vida aqui na Terra, projeto desenvolvido antes de reencarnarmos. Se é verdade que os detalhes serão aqui por nós construídos, certamente o plano geral foi anteriormente elaborado no mundo espiritual, frequentemente com nossa aquiescência. Dessa planificação básica, consta o número de filhos.

Se um determinado casal deveria receber 4 filhos na sua romagem reencarnatória e não o fez, pelo uso das pílulas anticoncepcionais ou outro método bloqueador da concepção, ficará com a carga de responsabilidade a ser cumprida. Não se permitiu a complementação da tarefa a que se propôs antes de renascer.

A grande questão que surge é com relação às consequências advindas da decisão de limitar a natalidade dos filhos. Sabemos que há, frequentemente, uma transferência do compromisso estabelecido para outra encarnação.

Sucede muitas vezes que essa decisão de postergar compromissos determina a necessidade de um replanejamento espiritual com relação àqueles designados à reencarnação em um determinado lar. Podem os mesmos obter “novos passaportes” surgindo como netos, filhos adotivos ou outras vias de acesso elaboradas pela espiritualidade maior. Ocorrerá, nestes casos, a necessidade de um preenchimento da lacuna de trabalho que se criou ao se impedir a chegada de mais um filho.

O trabalho construtivo, consciente ou inconscientemente desenvolvido para a substituição do compromisso previamente assumido, poderá compensar pelo menos parcialmente a dívida adiada. Qualquer débito cármico poderá ser sanado ou apagado por potenciais positivos, às vezes bem diversos dos setores daqueles que originaram as reações. No entanto, o labor amoroso na área mais específica da maternidade e da infância carentes são naturalmente mais indicados para a harmonização das energias tornadas deficientes nessa área.

Se o ideal é que cumpramos o plano de vida preestabelecido, é também quase geral o fato de que neste planeta a maioria não logra êxito na execução total de suas tarefas. Resta-nos a necessidade de consultar honestamente a consciência, pois pela intuição ou sintonia com nosso eu interno encontraremos as respostas e dúvidas (ou dívidas) particulares nesse mister.

É constatação evidente o fato de, normalmente, não nos recordarmos dos planos previamente traçados, mas é verdadeiro também que frequentemente fazemos “ouvido de mercador” aos avisos que nosso inconsciente nos transmite. Não esperemos respostas prontas ou transferência de decisão para quem quer que seja, afinal estamos ou não lutando para fugir das mensagens dogmáticas, do “isto é permitido” e “isto não é”?. Cada casal deverá valorizar o mergulho em seu inconsciente, sentir, meditar, e das águas profundas de seu espírito, trazer à superfície a sua resposta...



Ricardo Di Barnardi é médico pediatra-homeopata, reside em Florianópolis, é palestrante espírita internacional, escritor com vários livros publicados na área.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

O que os pais devem saber

Revista o Reformador - setembro de 1963


[...]Enquanto trocavam palavras ásperas e impensadas, suas mentes,descontroladas pela ira, emitiam vibrações que tornavam deletéria a atmosfera psíquica da casa. Ao sofrer o impacto do ambiente viciado , o pequeno ser tornou-se vítima da insensatez de seus genitores.[...]Não podemos olvidar , para uma perfeita compreensão do fenômeno , que a nossa mente funciona qual autêntico gerador de força magnética, a expandir-se através de pensamentos e palavras.[...] se nos domina a cólera,o rancor , o ódio, o ciúme , a inveja , o desespero ou a revolta, desregulamos os centros de energia mental e passamos a emitir , qual instalação elétrica em curto-circuito, raios destruidores que comprometem nossa estabilidade espiritual e a salubridade do ambiente em que estivermos.[...]Há mães que envenenam o leite materno com pensamentos menos dignos; pais que levam para seus filhos as mais nocivas influências escolhidas no vício, e casais que, em constantes desavenças, formam lares de clima psíquico irrespirável para os pequenos.[...]há aqueles que desencarnam quando deveriam continuar no mundo , apenas por não suportarem o ambiente do lar.


   O termômetro marca quarenta graus. A criança debate-se em convulsões próprias de tão elevada temperatura. Constatada a infecção pelo clínico familiar , a medicação antibiótica é aplicada sem demora , sob a expectativa ansiosa dos pais , que não se afastam do leito bem cuidado. A febre parece não ceder e , enquanto a madrugada avança lentamente , eles permanecem em dolorosa vigília e ardentes orações.
   Acompanhando a silenciosa luta do frágil ser contra a morte, indagam de si mesmos como pudera a enfermidade assumir características tão avassaladoras! Evidentemente , uma causa houvera! Algo que enfraquecera as defesas orgânicas , permitindo a incursão dos bacilos provocadores do grave processo patológico! Como teria acontecido , se todos os cuidados eram dispensados ao rebento querido, desde a rigorosa higiene no mais perfeito regime alimentar!?
   Nunca poderiam imaginar, no entanto, que foram uma lamentável descuido de sua parte que envenenara a criança, comprometendo a ação dos agentes imunológicos.Mas um envenenamento que não deixara vestígios e que jamais seria descoberto.
    Dias antes tiveram violenta discussão, dessas comuns em lares que não são habitados pelo respeito, pelo entendimento e pela tolerância. Enquanto trocavam palavras ásperas e impensadas, suas mentes,descontroladas pela ira, emitiam vibrações que tornavam deletéria a atmosfera psíquica da casa. Ao sofrer o impacto do ambiente viciado , o pequeno ser tornou-se vítima da insensatez de seus genitores.

   Não podemos olvidar , para uma perfeita compreensão do fenômeno , que a nossa mente funciona qual autêntico gerador de força magnética, a expandir-se através de pensamentos e palavras. Quando nos mantemos equilibrados na serenidade , suas emissões são sempre salutares , favorecendo a harmonia ao nosso derredor. Entretanto , se nos domina a cólera,o rancor , o ódio, o ciúme , a inveja , o desespero ou a revolta, desregulamos os centros de energia mental e passamos a emitir , qual instalação elétrica em curto-circuito, raios destruidores que comprometem nossa estabilidade espiritual e a salubridade do ambiente em que estivermos.
   Sendo estas explosões mais frequentes na intimidade do lar,onde se rompe com maior facilidade o leve verniz de civilidade que a vida em sociedade impõe, as crianças são as primeiras a sofrer as consequências, em virtude de sua frágil constituição.
   As cefalalgias, a urticária , os ataques convulsivos ,as perturbações digestivas, etc.,são males infantis que causam grande preocupação aos pais , os quais, entretanto,facilitam com sua conduta irregular e desajustada a eclosão de tais distúrbios.
  Há mães que envenenam o leite materno com pensamentos menos dignos; pais que levam para seus filhos as mais nocivas influências escolhidas no vício, e casais que, em constantes desavenças, formam lares de clima psíquico irrespirável para os pequenos.

   Muitos Espíritos partem da Terra, diariamente , deixando a vestimenta carnal nos verdes anos da infância , por atender a imperativos de experiências e provações. Entretanto, há aqueles que desencarnam quando deveriam continuar no mundo , apenas por não suportarem o ambiente do lar. Os Espíritos amigos,os chamados anjo de guarda, procuram facultar-lhes todos os recursos de sobrevivência , salvaguardando-os de semelhantes males, mas há ocasiões em que vêem infrutíferos seus esforços , tão violento é o impacto das vibrações deletérias em que são envolvidos os pequeninos, em virtudes da criminosa imprudência daqueles que não medem a extensão das responsabilidades que assumiram perante Deus , ao aceitarem a sagrada missão da paternidade..

    Quando aconselhamos a sofrear seus maus impulsos, muitos dizem, simplesmente: "Impossível , pois meu gênio é este!È a minha natureza!"

    Todavia, tal afirmativa encerra um absurdo inconcebível e apenas revela orgulho e ignorância. Aceitá-la seria admitir que Deus criasse espíritos violentos e viciados! Os sentimentos inferiores que dominam a alma humana são apenas fruto de seus desastrosos fracassos , no passado.

    Perecerá, talvez, nem sempre convincente falar aos homens que o caminho de regresso  à Casa Paterna e, consequentemente , o caminho da salvação, é o da renovação à luz do Evangelho, em combate corajoso e perseverante contra suas infelizes criações. Mas a Doutrina dos Espíritos vai além, e é extraordinariamente persuasiva quando , usando a lógica irretorquível da filosofia edificada sobre as bases científicas, fala no que existe de mais nobre e puro em seus corações - o amor que dedicam aos filhos- e revela que para o perfeito desenvolvimento físico e espiritual dos rebentos queridos, que resumem suas mais caras esperanças, a alimentação sadia,  o vestuário adequado e os cuidados higiênicos são importantes,mas a harmonia no lar, garantida pelo esforço da virtude, é indispensável!

    Recusar atender-lhe às advertências seria demonstrar a triste cegueira de quem não quer ver!

Richard Simonetti

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O Romance que estava escrito



Ao praticar quase uma dezena de abortos, estava convicta de livrar-se para sempre daquele desagradável “contratempo”. Ignorava que em cada gravidez estava presente um espírito reencarnante, interessado em viver e necessitado de uma existência na carne, a fim de realizar alguma tarefa essencial ao seu processo evolutivo.[...] E o que foi programado para você? Quais são seus planos a respeito dessa existência? _ Eu não tenho planos, está entendendo? Não tenho muita escolha, não. _ Sim, mas o que você vai fazer? Vai nascer pobre, com dificuldades, ou como será? Algum lar já deve estar programado para você.É. Vou nascer numa família de uns dez filhos ou oito. Então minha mãe vai morrer e eu vou ter que criar esse bando de crianças! (Fala destacando certas palavras para dar-lhes ênfase especial).”






Escrito por Herminio C. Miranda 

Há dois meses vínhamos trabalhando em nossas atividades mediúnicas, junto de determinada instituição espiritual, quando se manifestou uma entidade feminina, em pranto. 

Segundo apuramos depois, vinha de uma existência de irresponsabilidades e crimes contra a natureza humana. Fora uma bela mulher que usou seus encantos pessoais para escravizar pessoas aos seus caprichos e às suas ânsias. 

Os homens estendiam-lhe seus mantos para que ela passasse sobre eles, explicou. Levava-os ao desespero, ao alcoolismo e até a última degradação da sarjeta. Casamento? De forma alguma! Precisava gozar a vida.
Filhos? Nem pensar! Por isso, rejeitava-os sistematicamente quando ocorria qualquer gravidez, sempre indesejável e inoportuna.
Ao praticar quase uma dezena de abortos, estava convicta de livrar-se para sempre daquele desagradável “contratempo”. Ignorava que em cada gravidez estava presente um espírito reencarnante, interessado em viver e necessitado de uma existência na carne, a fim de realizar alguma tarefa essencial ao seu processo evolutivo.

Os pequenos fetos arrancados pela violência de seu belo corpo eram prontamente destruídos e logo esquecidos, mas os espíritos, não. Ficaram à sua espera no mundo espiritual para cobrar-lhe, um dia, o assassinato de que haviam sido vítimas.

Depois de muito penar pelos escuros planos da dor, fora recolhida pela instituição de que vínhamos cuidando e que começava a desarticular-se irremediavelmente, por causa do afastamento de seus dirigentes. Não que tivesse resolvido seus problemas pessoais, pelo contrário, dado que, longe de ter iniciado o resgate de suas antigas faltas, continuava a assumir mais responsabilidades ao cometer novos desatinos, pelos quais também teria de responder um dia. Pelo menos tinha, ali, certa “proteção”, a troco dos seus serviços, colaborando para que os objetivos desagregadores das sombras fossem eventualmente alcançados.
Desmantelada a comunidade, contudo, restaram a ela apenas duas opções: assumir, finalmente, suas responsabilidades cármicas e enfrentar as dificuldades do resgate ou ficar novamente entregue às aflições e incertezas do que a Codificação Espírita caracteriza como estado de erraticidade.
Decidiu pelo trabalho da reconstrução de seu atormentado espírito, com todos os seus riscos e sofrimentos, carências e frustrações. Foi honesta conosco ao enfatizar que não era com alegria que resolvera aceitar a pesada carga. A palavra adequada para ela nem era aceitação. Se pudesse, tudo faria para livrar-se daquilo ou, pelo menos, atenuar um pouco o peso que, de repente, parecia ter desabado sobre ela, mas reconhecia, no fundo, que não tinha alternativa. O caminho era aquele mesmo; ela própria o escolhera, ao precipitar-se no abismo de suas paixões.

Teve, contudo, um gesto de grandeza, demonstrando que já começava nela o processo da regeneração. Referindo-se às inúmeras mulheres que continuam a praticar abortos sucessivos, sugeriu-nos:

_ Conta para elas essas coisas, conta. Conta o que está me esperando… Vai falar com elas aí! Vai, fala e escreve. Por que você não faz isso? Conta! Fala!

“Esta história é, portanto, um recado que estou transmitindo em nome e a pedido de alguém que sabe. 

Ao conversar conosco, naquela noite, já há algum tempo se encontrava recolhida pelos trabalhadores do bem, a uma comunidade de recuperação. O diálogo que se lê, a seguir, é a fiel transcrição da nossa conversa. A  primeira fala é dela, e estava em pranto logo que se manifestou.

_ Não me leva! Não me leva pra lá! Eu não quero ir! Eu não tenho onde ficar!

_ Tem sim. Todos nós estamos guardados em Deus. Todos temos para onde ir.

Ninguém será jogado fora.

_ Nunca tive nada de meu. Nunca tive pra onde ir. E agora, não quero ir para lá também. Não quero! Não quero ir pra lá pra nascer de novo… Que eu vou ganhar aí, no mundo?
_ Você vai ganhar aquilo que perdeu. As coisas que você fez errado, vai ter oportunidade de fazer de novo, de acertar. Vai ser recebida por pessoas que querem te ajudar…
_ Será que querem mesmo? Toda vida fui recebida por pessoas que queriam saber o que podiam tirar de mim.
_ Sim, mas havia alguma razão para que isso acontecesse dessa maneira, não é, minha filha? Você não acha que a pessoa que concordou em receber você como filha, quer ajudar? Você conhece a pessoa?

_ Não conheço, não. (Não é verdade isto, como veremos).

_ Você já sabe quem vai recebê-la?

_ Não sei quem vai, eu sei é que…

_ Talvez você não esteja compreendendo bem isso aí.

_ O que eu não estou compreendendo? Estou compreendendo agora…

_ Você não queria? Preferia continuar assim como está? É isso?

_ Não sei o que eu preferiria, não. Às vezes acho que vai ser bom nascer de novo… Você esquece… todo mundo te pega no colo porque você é um neném. Até você lembrar de novo, já descansou um bom tempo.

Refere-se, portanto, à terrível pressão das lembranças desagradáveis, dos remorsos dolorosos, das angústias do ser que se reconhece culpado e contempla, desalentado, a penosíssima tarefa da recuperação espiritual.

_ È que você tem muitas agonias no espírito – diz o doutrinador -, mas a Lei é generosa e pacificadora. Ela nos concede o esquecimento exatamente para que possamos recomeçar tudo de novo.

_ Às vezes eu acho que deveria ser bom, mas quando penso em tudo quanto vou ter que passar… que me disseram lá que eu vou ter que passar…

_ Pois é, minha irmã, mas a gente está devendo à Lei… É preciso passar por essas coisas para aprender. Você não acha? É preciso ter paciência. Você precisa aceitar isso. Se fôssemos perfeitos, bonzinhos, caridosos, não estaríamos passando por tantas coisas, não é? Você está lembrando de uma vida em que foi maltratada, foi espoliada, mas não se lembra das outras, quando foi a sua vez de espezinhar, de maltratar…

_ Eu não acho que fosse uma pessoa capaz de fazer isso. Eu não acho…

_ Por que você acha, então, que a Lei lhe pediu isso?

_ Não interessa a Lei de Deus! Interessa é o que vou ter de passar por isso e ponto final!

_ Sei, minha querida. Mas não é só. Interessa saber que você vai ficar boa.

Você não é uma pessoa má. Você não faria mais aquilo que fez.

_ Como é que você diz que eu fiz? Você sabe o que eu fiz?

_ Se você passou pelas coisas que passou, é porque devia.

_ Outra vez! Ter de viver de novo, ter que… aguentar tudo!

_ Você já conversou sobre isso com os nossos companheiros?

_ Já, já… Mais de uma vez.

_ E o que foi programado para você? Quais são seus planos a respeito dessa existência?

_ Eu não tenho planos, está entendendo? Não tenho muita escolha, não.

_ Sim, mas o que você vai fazer? Vai nascer pobre, com dificuldades, ou como será? Algum lar já deve estar programado para você.

_ É. Vou nascer numa família de uns dez filhos ou oito. Então minha mãe vai morrer e eu vou ter que criar esse bando de crianças! (Fala destacando certas palavras para dar-lhes ênfase especial).”

“_ Sim, mas isso não é uma oportunidade muito boa para você?

_ Não vou poder me casar porque estou criando irmãos. Não vou poder estudar porque estou criando irmãos. Não vou passear, não vou me divertir… Vou ficar dentro de casa cuidando de irmãos…

_ Sim, mas esses irmãos não são escolhidos ao acaso, não é? São seres ligados a você. São pessoas às quais você deve esse favor, esse compromisso, essa oportunidade. Em algum ponto de suas vidas passadas, você tirou alguma coisa delas.

_ Sabe? Desgraçada a mulher que não usa bem o sexo!

_ É. Isso é verdadeiro, sim. Você tem razão.

_ Desgraçada dela! Quer dizer, não vou casar, mas vou ter que sustentar criança, vou ter que tomar conta de crianças… Vou ter que ser mãe das crianças! Só porque fiz alguns abortinhos…

_ Só porque?…

_ Qual a mulher que não fez um aborto na vida?

_ Pois é, minha filha, mas você acha isso certo?

_ Eu, quando fiz, achava. Achava que era!

_ Hoje você não acha, mas o erro ficou lá, de alguma forma.

_ E eu que não dou para esse negócio de ser mãe! Você já imaginou?

_ Você terá que aprender, irmã.

_ Não dou pra isso. Eu nunca quis filho, justamente por causa disso.

_ É, mas a sua mãe teve você…

_ Aí foi problema dela. Ela quis… Eu não quis ter nenhum e não tive. Não tem escolha. Tem?

_ Tem a escolha e tem a responsabilidade também, não é?

_ Agora, não. Ou você aceita isso, ou então continua na vida que quiser.

Quer dizer… Eu não tenho mais a vida que eu quiser, porque onde eu estava com os meus amigos, não dá mais. Então você fica entre a cruz e a caldeirinha…

_ A não ser a penosa reencarnação que estava programada para ela, a única opção viável agora seria uma indefinida fase de agonias, vagando sem rumo pela vastidão dos mundos de desarmonia e de angústia, perseguida implacavelmente pelos adversários que a insensatez criou para ela. Ante tais perspectivas, ambas assustadoras e aflitivas, o mal menor ainda era a reencarnação que, sem ser compulsória, apresentava-se como única alternativa aceitável.

_ Eram seus amigos? Pergunta o doutrinador.

_ Eram, sim, meus amigos. Então, vou ter que ir, vou ter que nascer, vou ter que cuidar desse bando de crianças. Vou criar mesmo! Quando a mãe morrer, o último vai ser um bebê. Acabou de nascer, ela morre… E eu vou criar todo mundo. Você já viu?

_ Você não acha que é uma oportunidade de mostrar que sabe fazer alguma coisa? Quando você terminar essa existência, se houver cumprido direitinho suas tarefas, sua consciência estará em paz. Na próxima vida, depois dessa, você já não terá mais esses compromissos. Vai ter oportunidade de ser feliz, ter o seu marido, seu lar, sua casa… o que você desejar, enfim.

_ Você já imaginou que destino triste?

_ Sei, minha querida. Mas você poderia ter aceitado essas crianças quando tinha condições, e não quis, não é? Não precisava ser triste. Se eles tivessem sido seus filhos, naquela outra vida, você não teria tido grandes dificuldades. Você não dispunha de recursos? Na ocasião em que podia você não quis. Agora…

_ Sabe para onde vou ter que ir? Disseram que vou ter que ir para a Argentina, porque lá é que está o pessoal todo. Tenho que ir… E o pior é que vou ser uma moça bonita. Os homens vão querer casar comigo e eu não vou poder casar. Nenhum vai querer aceitar aquele bando de crianças.

_ Quem sabe não aparece um companheiro que queira?

_ Não! Está lá!… Não. Já sei que não vou. Já me disseram: “Você não vai casar. Se casar, vai complicar tudo!”

_ Então, veja bem. Você rejeitou essas crianças quando poderia tê-las aceito, com muito maior facilidade. Não quis. É direito seu…

_ É. Eu andei fazendo uns abortozinhos… Mas eu… não é porque eu não gostava; eu não podia ter filhos!

_ Como não podia?

_ Não podia… Eu não queria casar. Eu queria uma vida livre. Quer dizer…

_ Então, você escolheu, tomou uma decisão e a responsabilidade ficou.

_ Mas eu nunca achei que fosse uma coisa tão ruim assim.

_ Você não achou, mas a Lei sabe que era. E hoje você sabe que é tão grave que vai precisar fazer um sacrifício maior para se recompor.

_ Mas, então, por que… (para, hesita, pensa). Ah!, não. A moça disse lá. 

Eu 
perguntei: “Então por que eu não caso e eles não vêm como meus filhos?” 

Eles me disseram que há uns tão revoltados comigo que nunca vingariam como filho.
Entende? Não iam conseguir. Eu também ia rejeitar e eles me rejeitariam e iria ser uma confusão danada! Então, vindo com outra mãe, eu vou ser irmã e isso é diferente.

_ É. Você vê como tudo é lógico e direitinho…

_ Que lógico? Sei lá… Não estou pensando nisso. Estou pensando no problema em si. É, podiam ser meus filhos, porque aí eu casava e teria alguém para me sustentar, para me dar uma vida melhor. 

Você já imaginou? Eu vou trabalhar que nem uma desesperada!

_ O trabalho não mata ninguém, minha irmã. Pelo contrário, ocupar as mãos com algum trabalho digno…

_ Não vou ocupar, não, vou esfolar…

_ Não importa. Depois que você abandonar esse corpo, seu espírito estará em paz, estará redimido, pelo menos quanto a esse aspecto.

_ Pois é, mas será que eu vou aguentar? E que vou ter que… Eu, uma criança ainda… Você imagina? Já estou vendo o drama todo na minha frente.

_ Mas, minha querida, não há outro caminho. É esse aí que você tem que aceitar. É por ali mesmo que você tem de passar. Você não quis passar da outra vez, que era mais fácil, vai passar agora que é difícil. É como se você tivesse de fazer uma caminhada com um belo dia de sol, e você não quis.

Agora vai fazer com chuva mesmo.

_ Eu disse pra eles: “Então porque não faz o seguinte: o meu futuro pai não casa com outra mulher, para ter uma madrasta para cuidar?
 E eu vou ajudar a cuidar das crianças…”

_ Isso não resolveria os problemas ali. Você tem de assumir a responsabilidade que rejeitou da outra vez…

_ Lavar, passar e ainda costurar a máquina!

_ Não é vexame nenhum isso aí…

_ Eu, uma escrava daquele bando de crianças…

_ Se você os tivesse aceitado da outra vez, eles iriam crescer e ajudar, quando você fosse mais velha. Iriam trabalhar… Talvez você terminasse a vida em perfeita paz e conforto.

_ Não sei, não. Por que a gente…

_ É. Você tem razão. Por que a gente erra, não é? Uma pena…

_ Não é porque a gente erra, não. Não estou dizendo isso. Meu deus do céu, como é que você fica? Você vai para o mundo, o mundo tem uma porção de coisas que são atraentes, que você quer. Você é uma mulher bonita, você… ué!

Você não tem que viver? A gente tem os instintos… Você tem que viver. Por que Deus criou essas coisas?

_ Está muito bem. Mas você pode exercer seus instintos, atender suas solicitações, mas não precisa matar ninguém, não é , minha irmã?

_ Que matei? Aborto não é matar ninguém!

_ É um assassinato. Não há diferença. A criatura não pode nem defender-se.

_ Engraçado! No meio disso tudo, desse bando de crianças… até me mostraram lá um  “retrato”, tem um menino… um só… que eu não vou ter problema com ele.

Ele gosta de mim. De onde ele gosta de mim, não sei. Ainda não apurei isso.

Ele gosta de mim. Então, dizem que ele pediu, ele quer vir… É o segundo irmão: eu, depois ele, porque assim ele vai ajudar.

_ Que bom! Já vai melhorar um pouco o sofrimento.

_ Ah, que nada! Acontece que ele está pedindo isso. É diferente. Eu, não: eu tenho que aceitar, contra a minha vontade. Porque, vou lhe falar com toda franqueza, se fosse para dizer “Você escolhe”, eu não ia, não. Não ia, porque tenho minhas dúvidas se vou aguentar um negócio desses. É um “negócio” muito pesado. Não estou acostumada com isso. Eu tive uma vida de princesa, de rainha, com todo mundo… Quer dizer, não fui princesa ou rainha, foi uma vida de princesa, de rainha, todo mundo fazendo o que eu queria, com os homens ali, botando a capa no chão pra eu pisar por cima e passar… Agora, de repente… Quer dizer, estou acostumada com isso… Nunca usei minhas mãos para lavar roupa. Agora, você já imaginou? Eu tenho que lavar roupa, com as minhas mãos! Com estas mãos aqui… Vou ter que ficar numa máquina costurando. Vou ter que criar calos. Tudo por causa de irmão! Vou ter uma raiva danada deles! Tenho medo!

_ Se cometer tolice, você vai complicar-se ainda mais. Olhe que aí não vai ser mais caminhar na chuva, não; vai ser muito pior.

_ Por que isso? Será que você não “dava” um jeito? Você conhece eles lá (os nossos amigos espirituais). Você não pode pedir pra eles… “maneirar” um pouquinho o negócio pra mim? Vai lá, fala, pede… Diz que eu sou sua parenta, sua conhecida… qualquer coisa.

_ Você acha que eu vou chegar lá pregando mentira?

_ Mas você não diz que sou sua irmã? Então! Você podia ir lá falar…

“_ Minha filha, você sabe lá? Se fossem cobrar tudo mesmo, aí, sim, você não iria aguentar.

_ Mas você não acha que isso é demais?

_ Não. Não acho.

_ Puxa! Que você está pensando? São dez crianças! São nove porque eu sou o dez… Vou ser mãe de nove crianças.
_ Imagine se fossem 30 ou 40…

_ É, você é doido mesmo…

_ Imagine se você tivesse que nascer cega ou paralítica, ou surda…

_ Ah, pelo menos ia ter alguém que cuidasse de mim.

_ Não sei. Muita gente passa a vida toda cega, sem ter quem cuide.

 A solidão é uma coisa terrível, minha irmã. Afinal de contas, você vai ter uma família. Quando eles crescerem, mesmo que não te retribuam, vai haver um para te ajudar, amar e respeitar. Vai partilhar com você essas agonias todas. Mas, quem sabe, mesmo entre eles, os outros sete ou oito, alguns pensem: “Essa irmã sacrificou-se. Eu não gostava dela, mas, afinal de contas, ela foi boa para a gente.”

_ Não está com jeito, não. Do jeito que eu vejo, vai ser tudo um bando de ingratos, que vão fazer de mim gato e sapato. Isso é que eu acho.

_ Se você usar sua inteligência, sua capacidade de amar, poderá transformá-los em seres que te amem.

_ E a minha vida de moça?

_ Isso é tão importante assim? Você teve uma vida de moça e não a utilizou corretamente. Você mesma disse aí, no princípio, que não usou bem os seus encantos. Usou-os para dominar, para corromper, enfim, para fazer tudo quanto veio à cabeça.

_ Isso tudo é tão complicado! Se a gente soubesse a confusão que dá, não faria certas coisas. Vou lhe contar, não faria mesmo!

_ Veja bem. Você sabe agora. Agora você está sabendo.

_ Pois é, mas agora que eu sei, é tarde. Vou ter que aguentar. E tem mais, eu não lhe falei. Vou ter um pai, não é? Mas esse pai vai ser um alcoólatra.

Disseram-me que, numa outra vida, eu fiz dele um alcoólatra. Ele teve um desgosto e deu de beber, beber… e acabou morto, numa sarjeta, por minha causa, porque se apaixonou por mim. Agora, que mulher pode ter culpa se um homem se apaixona por ela? Eu tenho culpa? Se amanhã você se apaixona por mim… Vamos ver. 

O que eu vou fazer? Você se apaixonou porque quis. Mas aí, deixa eu contar, pra você ver o quadro como é preto. Então, vou ter esse pai, que vai ser outra carga em cima de mim. Quer dizer, vou ter que ficar com o peso todo, porque ele vai chegar em casa bêbado. Vou ter que ajudar, vou ter que… Ó meu Deus! Parece coisa de novela, não parece? Parece história de folhetim. Se contar, ninguém acredita. E eu vou… Quer dizer… É um romance que já está escrito. Já foi escrito! Mostraram-me tudo lá. E um romance que já está escrito!





(Trecho do livro As mil faces da realidade espiritual, escrito por Herminio C. Miranda - Ed.CEAC)

sábado, 18 de maio de 2019

PLANEJAMENTO FAMILIAR,ABORTO,VASECTOMIA,BEBÊ DE PROVETA...

Entrevistando Chico Xavier


50 -Direito de Planejar

ME - O casal tem o direito de programar o número de filhos em sua própria casa?

Diz Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos” que o homem deve corrigir tudo aquilo que possa ser contrário à natureza. Hoje, dividem-se as opiniões, mas à frente da problemática da nossa civilização, à frente dos impositivos da educação e da assistência à família, nós, pessoalmente, acreditamos que o casal tem direito de pedir a Deus inspiração, de rogar a Jesus as sugestões necessárias para que não venha a cair em compromissos nos quais os cônjuges permaneçam frustrados.

Somos filho de família numerosa. Pessoalmente sou descendente de uma família de 15 irmãos, mas, de 20 anos para cá, a vida no planeta tem sofrido muitas alterações, e devemos estudar o planejamento com muito respeito à vida e consequentemente a Deus, em nossos deveres uns para com os outros, e não cairmos, em qualquer calamidade por omissão ou deserção dos nossos deveres.
(julho de 1974).

51 Pílula, Anticoncepcional Aperfeiçoado
MN - Chico, muitos companheiros acreditam que as respostas às perguntas 693, 693ª e 694 de “O Livro dos Espíritos” não facultam aos espíritas a possibilidade de planejarem as suas famílias.
O que pensa a respeito?

Diz Allan Kardec, na questão 693 de “O Livro dos Espíritos”: ‘Deus concedeu ao homem sobre todos os seres vivos um poder de que ele deve usar sem abusar”.
De nossa parte, cremos que o problema do planejamento familiar está afeto ao livre-arbítrio dos casais, de vez que, segundo pensamos, cada casal precisa saber o que faz, de modo que a família se forme para cooperar na realização do bem de todos e devido a todos.
Segundo os Benfeitores Espirituais, a ciência terrestre aperfeiçoará de tal modo os anticoncepcionais que serão eles usados sem quaisquer riscos para a saúde humana, de modo que a Terra se liberte das calamidades do aborto e a fim de que o livre-arbítrio funcione, presidindo as responsabilidades dos parceiros das relações afetivas, que precisam usar a própria consciência nos compromissos que assumam.
(abril de 1982)

MN - É lícito o uso de anticoncepcionais?

Estamos diante de um problema em que os conceitos da Ciência e da vida familiar devem ser por nós todos respeitados. Esperemos que o tempo nos faça sentir as vantagens dos anticoncepcionais, compreendendo-se, porém, que os anticoncepcionais não estarão chegando a Terra sem finalidade justa. (julho de 1974)

52- Vasectomia
MN - E o problema da vasectomia? Você acha que os homens devem realizar esse tipo de operação para impedir a procriação?

Não é aconselhável. Não devem fazer, porque a mulher terá sempre um meio de retomar a sua capacidade criativa. A mulher é dotada de recursos que o homem não tem.
Tenho notado que a vasectomia traz uma profunda angústia ao homem, porque parece que ele lesou um patrimônio que lhe pertencia, o dom de criar.
Os homens que conheço e que se submeteram a esse tipo de intervenção não têm alegria de viver. Não se deve violentar os processos da natureza. A mulher pode utilizar-se de outros processos, mas o homem não. (novembro de 1982)

53- Afronta à Vida

FW - Há mães solteiras que abortam por temor a uma moral, ou convenção social muito rigorosa frente a tal condição materna. O que poderia dizer-nos acerca de tais preconceitos que induzem, pressionam ou indiretamente favorecem o aborto?

Pensamos, como os Amigos Espirituais, que a existência de mães solteiras sempre dignas do nosso maior respeito, envolve a existência de pais que não deveriam estar ausentes.
Compreendemos a legitimidade das convenções sociais, veneráveis em seus fundamentos, mas entendemos que não nos será lícito menosprezar, em tempo algum, aqueles que não conseguiram se lhes ajustar aos preceitos.
Sabendo que o aborto, mesmo legalizado no mundo, é uma falha nossa na Terra, estamos certos de que ninguém deveria praticá-lo, seja no regime das convenções humanas ou fora delas. Cremos, desse modo, que uma legislação surgirá no futuro em favor da mulher, que tendo confiado um dia em alguém,teve coragem de não abandonar a criatura indefesa que esse alguém lhe trouxer à vida. Aguardemos, assim, providências humanitárias, em que os homens mais responsáveis criem por si disposições legais magnânimas, baseadas na justiça da vida, com que venham a sanar a falta deixada pelos outros homens, nossos irmãos, que se fizeram pais, sem consciência mais ampla das obrigações que assumiram. (agosto de 1976)

Dr. Rossi (CEU) - Na China já está sendo utilizado um medicamento que, quando ingerido nas primeiras semanas, provoca o aborto sem necessidade de intervenção cirúrgica. O que você pensa disso?

Sempre que faço qualquer referência ao aborto, lembro-me da utilidade do anticoncepcional como elemento de socorro às necessidades do casal. As  duas criaturas querem a união, mas não estão em condições de realizarem  esse ideal; nesse caso, a anticoncepção viria em seu auxílio.
Se minha mãe, quando me esperava, repleta de doenças, quisesse me expulsar, não sei o que seria de mim.
Se há anticoncepcional, por que promover a morte de criaturas nascituras ou  em formação? Com uma terra tão imensa para ser lavrada e aproveitada, é  impossível aplaudir o aborto. Somente podemos entender o aborto terapêutico quando a vida materna está ameaçada. Lembro-me de minha mãe sofrendo por minha causa, e não posso aplaudir. (novembro de 1988)

FW - Existe no Congresso Nacional um projeto legalizando o aborto no Brasil. Seria oportuna uma campanha nacional colhendo manifestações de pessoas e grupos posicionados contra essa legalização?

Não digamos "campanha nacional” porque semelhante legenda está’  suscetível de acordar críticas destrutivas em torno do assunto, criando longos  debates improdutivos.
Consideramos obra de benemerência social o trabalho que se possa efetuar  para conhecimento dos senhores legisladores e outras autoridades, tanto quanto para informação às mulheres, para que colaborem a fim de que a  legalização do aborto no Brasil ou em qualquer outro país do mundo seja frustrada em benefício da maternidade e em louvor da criança.
O serviço dessa natureza, a nosso ver, deve ser realizado com seriedade e respeito, porque ele, de qualquer modo, na hipótese da legalização referida, na nossa opinião não sofrerá alterações quaisquer, por quanto além do aborto delituoso ser medida inaceitável para o campo de atividades espíritas-cristãs, é, acima de tudo, uma afronta às leis naturais da vida. (outubro de 1983)

FW - Já existe uma injeção, à base de ácidos que aplicada diretamente no útero da gestante mata o feto, queimando-o. Que dizer dessa prática?

O processo a que se refere a pergunta — no caso do aborto delituoso — é comparável a um assassinato na intimidade do corpo feminino. (setembro de  1983)

FW - Os espíritos abortados perdoam quem pratica, consente ou induz ao aborto?

Não nos seria possível especificar as atitudes da criatura humana nos problemas do aborto delituoso. A esfera dos espíritos desencarnados,  profundamente vinculados à existência, é semelhante à faixa de ação dos homens, propriamente considerada. Temos irmãos desencarnados aptos a perdoar a irresponsabilidade da mulher ou do homem que pratica ou incentiva o aborto delituoso. Existem, também, aqueles outros que influenciam negativamente na gestação e no desenvolvimento da criança nascitura, em  lastimáveis processos de obsessão. (setembro de 1983)*


* Nesse mesmo dia, no pátio do Grupo Espírita da Prece, Augusto César Vanucci e sua equipe de artistas apresentava a Chico Xavier a peça Além da Vida, que tem também entre seus quadros um esclarecimento contra o aborto. Eram três horas do amanhecer de domingo, quando o médium Chico Xavier fez a prece de encerramento, todos de mãos dadas, público e artistas. Antes e depois do espetáculo, conversei muito com Vanucci sobre algo novo que surge de forma criativa no Brasil: a arte comoveículo de divulgação do kardecismo consolador. (FW)

MN - Chico, o aborto, está sendo liberado em quase todo o mundo. Você acredita realmente nas tendências cristãs do povo brasileiro para rechaçar uma medida como esta?

Felizmente parece que, no Brasil, pelo menos a maioria das autoridades (sejam elas de caráter administrativo ou religioso) é contrária a essa  calamidade de legalização do aborto.

Acreditamos que em muitos países, talvez pelo interesse em conter a explosão demográfica, determinados setores apoiaram ou apoiam o aborto legalizado. Mas acreditamos que essas nações voltarão a fazer uma  reconsideração de comportamento em relação ao assunto, porque em qualquer  ocasião de conflito internacional a questão do incentivo à maternidade é largamente praticado, porque em todos os setores surge logo o estímulo ao nascimento de muitas criaturas. Como estamos no Ocidente, sem grandes guerras desde 1945, em nos referindo à vida ocidental propriamente considerada, muitas nações estão achando a legalização do aborto um triunfo para as nossas irmãs, as mulheres, mas acreditamos que esses países, futuramente, voltarão a fazer uma revisão dessa legislação.
Na condição de cristãos, não podemos apoiar o aborto, que seria um crime sempre cometido com absoluta impunidade entre as paredes domésticas.
Acreditamos que o anticoncepcional é um recurso que nos foi concedido na Terra pela Divina Providência para que a delinquência do aborto seja sustada, uma vez que a criatura humana, por necessidade de revitalização de suas próprias forças orgânicas, naturalmente precisará do relacionamento sexual,
entre os parceiros que estão compromissados no assunto, mas usarão esse agente anticoncepcional para que o crime do aborto seja devidamente evitado em qualquer parte do mundo.
Mais hoje, mais amanhã, as nações entrarão em acordo a esse respeito, porque não é possível que estejamos exterminando crianças absolutamente personificadas, formadas, vivas, com o apoio das autoridades que nos governam. É absolutamente impossível aplaudir uma coisa dessas. (junho de1980)

54- Bebê de Proveta, Escolha de Sexo e Útero de Empréstimo
FW - O que dizer da interferência do homem na intimidade do genes, experimentando desenvolver a vida humana em tubos de ensaio, da seleção e cruzamento em provetas, dos úteros alugados, do desequilibro biológico pela escolha de sexo da futura criança?

Compreendemos que a Ciência, na Terra, dispõe de meios para qualquer experimentação nos setores da genética. Os Instrutores Espirituais afirmam, entretanto, que esse tipo de experimentação deve merecer o máximo cuidado da parte de quantos se encarregam da orientação do mundo. Para evitar incursões na teratologia, com evidente menosprezo da personalidade humana;
e afim de coibir abusos que funcionariam em prejuízo do equilíbrio espiritual nos grupos sociais da Terra, devemos pedir o amparo da Providência Divina, para que a inteligência do homem espere mais alguns séculos afim de entrar no assunto. (agosto de 1976)

FW - Ser concebido dentro de uma proveta de laboratório significaria para o nascituro — e ou para seus pais — uma provação a ser aceita e superada?

Consideramos o assunto com sadio otimismo, desde que o óvulo fertilizado em proveta, com o apoio de autoridades respeitáveis, para a implantação no claustro feminino revele senso de maturidade espiritual na mulher que assume a maternidade consciente, em plenitude de responsabilidade entre a vida que passa a acalentar no próprio regaço. 
(setembro de 1978)

FW - A circunstância de ser concebido artificialmente, e só dois dias e meio depois ser transportado para o útero materno, significaria para o espírito que vai nascer desse recurso de manipulação científica alguma limitação espiritual para o bebê?

Não vemos qualquer limitação espiritual para o bebê, de vez que o processo da reencarnação para o espírito experimenta menos riscos, porquanto estará sob o apoio mais completo da responsabilidade humana.

FW - A fecundação e criação de bebês de proveta em série, quem sabe até em escala industrial, o que representa uma hipótese possível, não trará para a humanidade problemas psíquicos e espirituais de envergadura imprevisível?

A evolução moral dos povos não permitirá a criação de semelhante indústria, ou o homem estará rebaixando o nível de conhecimento superior em que se encontra, com perigosos comprometimentos para a humanidade inteira.

FW - Sabendo-se que nada no Universo acontece por acaso, e sim que tudo obedece aos planos e à permissão do Alto, é razoável deduzirmos que os espíritos que devem vir à luz ao nosso Mundo por este caminho são previamente preparados para esta via de nascimento?

Sim, quando a Ciência na Terra, iluminada pela bênção da fé na imortalidade puder intervir no auxílio, realmente digno, ao trabalho da genética no campo humano, sem nenhuma disposição para extravagâncias e abusos através de experimentações absolutamente desaconselháveis, a implantação do óvulo fertilizado no claustro da mulher responsável evitará muitos desastres na reencarnação, especialmente os que se referem ao aborto sem justificativas.

FW - Quais, então, são os perigos presentes e futuros que essa manipulação dos genes pode gerar à vida nos dois planos da matéria?

O materialismo inteligente e cruel, sem qualquer ideia de Deus e da imortalidade da alma, é o perigo que ameaça a manipulação dos recursos genéticos sem responsabilidade, mas devemos confiar nos homens de bom senso e de espírito humanitário que, através das legislações dignas, podem e devem coibir quaisquer abusos suscetíveis de aparecer no campo das pesquisas de caráter delituoso e inconsequente. Confiemos no amparo e na inspiração dos Mensageiros do Cristo, em auxílio das coletividades humanas.

(Respostas de Emmanuel)

55-Mãe de Aluguel
FW - Aluguel de úteros maternos é uma realidade a ser alcançada
brevemente por cientistas e pesquisadores.
Procede mal uma mulher que, por necessidade econômica e material, alugue seu útero para a gestação de um óvulo fecundado que não lhe pertence? Tal subterfúgio ou recurso extra não traria consequências ao nascituro?

As mães incapazes de amamentar os próprios filhos recorrem aos préstimos de companheiras que as assessoram nesse mister ou aproveitam outros recursos para a alimentação dos recém-natos. Quando a mulher se dispõe a ser mãe, consciente e digna do elevado encargo de se responsabilizar por determinadas vidas, sem possibilidades próprias para isso, julgamos justo que uma companheira, se possível, tome a si o trabalho de gestar, em favor dela, o filho ou os filhos que essa mulher digna da maternidade consciente se propõe receber nos próprios braços.

FW - Transgredirá a lei moral de Deus a mulher solteira que queira ter filhos sem o intercurso sexual com seu companheiro masculino, ou seja, engravidando através da inseminação artificial?

No caso, o problema é estritamente de natureza consciencial. (setembro de1978)


MN - Quando a mãe de aluguel dá à luz uma criança deficiente e a mãe que a encomendou não a aceita, como resolver o impasse do ponto de vista legal e espiritual? Nesse particular, a adoção deve ser incentivada, tendo em vista o número de rejeições constatadas, isto é, a devolução das crianças adotadas?

O assunto nos parece demasiadamente complexo, porque se assumo determinado compromisso, a meu ver, não deve existir algo que me impeça a obrigação de cumpri-lo.
Não entendo rejeição, em matéria de dever voluntariamente procurado ou aceito. Diante, porém, da insegurança compreensível de muita gente, que vacila ante os resultados das próprias escolhas, cremos que a Justiça entrará na solução dos problemas em foco, afim de que ninguém faça a alguém joguete dos caprichos a que se afeiçoem. (novembro de 1983)

Do livro “Lições de Sabedoria