CAPÍTULO
XXIV
O SERMÃO PROFÉTICO
O
SERMÃO PROFÉTICO; O PRINCÍPIO DE DORES
1
- E tendo saído Jesus do templo, se ia retirando. E chegaram a ele os
seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
2
- Mas ele, respondendo, lhes disse: Vedes tudo isto? Na verdade vos digo que
não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
As
grandezas do mundo, por mais sólidas que aparentem ser, o tempo as destruirá.
Civilizações milenárias desapareceram, cidades populosas
se transformaram em pó, e monumentos gigantescos se desfizeram em casos.
Tudo o que é matéria, ou que repousa em bases materiais, mais
cedo ou mais tarde, terá de sofrer as transformações próprias
da matéria. Tal não acontece com os bens espirituais. Os bens
espirituais são indestrutíveis; constituem patrimônio da
alma, a qual acompanham pela eternidade. Os bens materiais são instrumentos
com os quais cada um de nós trabalhará para conseguir os bens
espirituais. É por isso que Jesus não ensinou aos homens outra
coisa, a não ser como conquistar os bens espirituais.
3
- E estando ele assentado no monte das Oliveiras, se chegaram a ele seus discípulos
à puridade, perguntando-lhe:
Dize-nos,
quando sucederão estas coisas? e que sinal haverá de tua vinda,
e da consumação do século?
Com
o afirmar-lhes que do templo não ficaria pedra sobre pedra, compreenderam
os discípulos que Jesus lhes predizia uma grande transformação,
que nosso planeta sofreria. E ávidos de saber, perguntam-lhe quando teriam
lugar os acontecimentos. É a essa transformação que Jesus
se refere neste capítulo, e cujos sinais precursores enumera à
seus discípulos.
Sabemos
que os mundos, de um modo geral, se dividem em cinco classes: primitivos, de
expiação e de provas, de regeneração, felizes e
divinos. Os mundos, como os indivíduos, também progridem, e de
uma classe inferior passam para uma superior. A Terra já foi um mundo
primitivo; pertence agora à classe dos mundos de provas e de expiações,
e está prestes a passar para a classe dos mundos de regeneração.
Todavia, a passagem de uma classe para outra não se opera sem profundos
abalos, por vezes penosos, porque é necessário que se destrua
tudo o que não for compatível com o grau de progresso que a Terra
alcançou. As instituições retardatárias deverão
desaparecer, e os indivíduos que não se enquadrarem na nova ordem
das coisas, deverão desencarnar e deixar definitivamente o planeta. Eles
irão encarnar-se em outros mundos, cujos ambientes estejam de acordo
com o grau de desenvolvimento espiritual que já possuem, e onde recomeçarão
o trabalho de aperfeiçoamento.
Agora,
por alto, Jesus descreve os principais pontos pelos quais reconheceremos, que
são chegados os tempos da prestação de contas. Por certo,
não será de uma hora para outra que tudo acontecerá; porém,
a transformação se processará, gradual e lentamente.
4
- E respondendo, Jesus lhes disse: Vede, não vos engane alguém.
Jesus
recomenda vigilância e análise de tudo, a fim de que os que querem
acompanhar a evolução da Terra, e prepararem-se para um mundo
melhor, não se iludam pelas aparências, nem interpretem de um modo
errôneo os ensinamentos recebidos.
5
- Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão
a muitos.
Em
sua marcha evolutiva, a humanidade se defrontará com numerosos problemas
espirituais. Aparecem então os pretensos salvadores, que com teorias
absurdas, posto que engenhosas, desviam o povo do reto caminho traçado
por Jesus em seu Evangelho. Esses falsos Cristãos aparecem não
só no terreno religioso, como também no terreno científico.
Assim é que temos visto as religiões organizadas, encerradas em
suas pompas e práticas exteriores ou no rigorismo da letra, não
oferecerem a seus adeptos a compreensão exata das leis divinas entravando
temporariamente o progresso espiritual deles. E a ciência, por meio de
suas orgulhosas negações, contribuir para que o sombrio materialismo
fechasse a porta do mundo espiritual a grande número de almas.
6
- Haveis pois de ouvir guerras e rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis;
porque importa que assim aconteça, mas não é este ainda
o fim.
Para
que a humanidade progrida não são necessárias as guerras.
A evolução se processa gradativamente, sem provocar abalos, e
sem produzir ruínas. Entretanto, como os homens não querem obedecer
à lei do progresso, e se apegam em demasia às instituições
e às idéias do passado, produzem-se os atritos, os quais incentivados
pelo egoísmo humano, degeneram em conflitos, donde advém o caráter
penoso das transições.
7
- Porque se levantará nação contra nação,
e reino contra reino, e haverá pestilências, e fomes, e terremotos
em diversos lugares.
A
instituição da fraternidade universal é um dos mais belos
aspectos da lei da evolução. As guerras, com seu sinistro cortejo
de pestes e de fome, originam-se do fato de os homens não obedecerem
à lei da fraternidade. E os terremotos parecem advertir aos homens da
fragilidade das coisas terrenas.
8
- E todas estas coisas são princípios das dores.
9
- Então vos entregarão à tribulação, e vos
matarão; e sereis
aborrecidos de todas as gentes por causa do meu nome.
Realmente,
depois da partida de Jesus acelera-se a decadência do Império Romano.
Começa o longo período das guerras, que culminou na espantosa
catástrofe a que acabamos de assistir. Os discípulos também
sofrem cruéis perseguições; a princípio, por parte
dos pagãos; depois, pelas religiões oficiais. E ainda hoje, os
que procuram seguir os ensinamentos do Mestre, e pregar o Evangelho a seus irmãos,
se não sofrem a perseguição física, não escapam
à perseguição moral.
10
- E muitos serão escandalizados, e se entregarão de parte à
parte, e se aborrecerão uns aos outros.
Os
que ainda não desenvolveram dentro de si próprios a fé
viva, e a vontade sincera de viverem de acordo com o Evangelho, ao primeiro
embate das perseguições e das tentações do mundo,
não resistirão, e abandonarão o caminho. Não nos
esqueçamos de que a vida do verdadeiro cristão é uma luta
incessante contra suas próprias imperfeições. Os pais cristão:,
devem ensinar a seus filhos, desde muito cedo, a travarem essa luta. Quanto
mais tarde essa luta contra as imperfeições for iniciada, tanto
mais difícil será a vitória, por causa dos hábitos
errôneos que se contraem. Por esse motivo, o Espiritismo proclama que
não bastam afirmações doutrinárias, e exige de seus
adeptos uma luta tenaz contra as inclinações inferiores, e prega
a renúncia às comodidades, em benefício do próximo.
Assim o Espiritismo é freqüentemente abandonado, o que não
sucede com as religiões dogmátícas, as quais contam com
maior número de adeptos, porque elas nada exigem, a não ser o
preenchimento de fórmulas, em que nem o coração nem a inteligência
tomam parte.
11
- E levantar-se-ão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
Os
falsos profetas pululam por toda a parte, e em todos os setores das atividades
humanas, procurando sempre desviar as criaturas de Deus, e interpretando os
mandamentos divinos segundo suas conveniências. Com a autoridade que adquiriram
no campo científico, os falsos profetas da ciência pretendem negar
as coisas espirituais. E os falsos profetas religiosos, sacerdotes de religiões
formalísticas e materializadas, adaptando as leis divinas aos seus interesses,
enganam os seus adeptos. No campo do Espiritismo também temos os falsos
profetas, constituídos pelos médiuns interesseiros e ambiciosos,
desviados de reto caminho, seduzidos pelo brilho das coisas terrenas e corrompidos
pela moeda; vendem sua mediunidade, preferindo auferir com ela proveitos materiais
e não espirituais.
12
- E porquanto multiplicar-se-á a iniqüidade, se resfríará
a caridade de muitos.
13
- Mas o que perseverar até o fim, esse será salvo.
A
fim de que cada um possa ser julgado por suas próprias obras, haverá
plena liberdade e grandes facilidades, não só para a prática
do bem, como para a prática do mal. E como a maioria se inclinará
para a prática do mal, a iniqüidade se ostentará como que
triunfante. E muitos, percebendo que o mal aumenta na face da terra, perderão
a fé e renegarão o Evangelho
do Mestre. Aqueles, todavia, que persistirem na fé e na fiel observância
dos ensinamentos de Jesus, certos de que na ocasião oportuna o Senhor
manifestará sua justiça serão salvos, isto é, terão
o direito de viverem na terra regenerada, tranqüila e feliz.
14
- E será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho
a todas as gentes; e então chegará o fim.
E
quando o Evangelho tiver sido pregado a todos os povos, de maneira que ninguém
possa alegar ignorância, então Deus fará sua justiça.
Parece-nos que já estamos vivendo esse tempo: qual é a parte do
mundo em que ainda não penetrou o Evangelho? E o Espiritismo começou
acelerar ainda mais a pregação do Evangelho pelo mundo todo. E
as calamidades às quais estamos assistindo, provocando o desencarne violento
de milhares de espíritos, como que estão separando os que devem
ficar e os que devem partir.
O
SERMÃO CONTINUA, A GRANDE TRIBULAÇÃO
15
- Quando vós pois virdes que a abominação da desolação
que foi predita pelo profeta Daniel, está no lugar santo; o que lê
entenda.
O
lugar santo é aqui o símbolo das religiões organizadas
do planeta, as quais se transformaram em instrumento de opressão dos
povos.
A
abominação da desolação significa os atos reprováveis
cometidos pelos ministros dessas religiões, que se tornaram verdadeiros
lobos, de pastores que deveriam ser.
As
religiões que se entregam à abominação persistirão
durante todo o tempo da transição. Surgindo o Espiritismo, preparador
dos tempos novos, esta nova doutrina esclarecerá definitivamente a humanidade.
E, uma vez esclarecida, a humanidade abandonará paulatinamente as religiões
erradas, as quais desaparecerão da face da terra, cessando assim as abominações
que se cometem à sombra dos altares.
16
- Então; os que se acham na Judéia, fujam para os montes.
17
- E o que se acha no telhado, não desça a levar coisa alguma de
sua casa.
18
- E o que se acha no campo, não volte a tomar a sua túnica.
Nestes
três versículos, Jesus fala simbolicamente. Sair da Judéia
e fugir para os montes significa que se desejarmos ingressar no mundo novo,
que será inaugurado, devemos abandonar a excessiva preocupação
da vida material, e voltarmos a um viver mais simples e mais espiritualizado.
Não descer do telhado para levar coisa alguma de sua casa, significa
que não devemos levar para o novo mundo as idéias do passado,
porqu~ ~:sse mundo que se inaugurará, novos problemas e no~as. ldel~s
r:~s aguardam. Não voltar do campo para buscar a tumca, slgmhca devemos
ser vigilantes, que quando
Nestes
três versÍculos, Jesus fala simbolicamente. Sair da Judéia
e fugir para os montes significa que se desejarmos inngressar no mundo novo,
que será inaugurado, devemos abandonar a excessiva preocupação
da vida material, e voltarmos, a um viver mais simples e mais espiritualizado.
Não descer do telhado para levar coisa alguma de sua casa, significa
que não devemos levar para o novo mundo as idéias do passado porque
nesse mundo que se inaugurará, novos problemas e novas idéias
nos aguardam. Não voltar do campo para buscar a túnica, significa
que devemos ser vigilantes, para que quando os tempos novos chegarem, estejamos
preparados; pois se não o estivermos, não haverá mais oportunidade
para que nós nos preparemos.
19
- Mas ai das que estiverem pejadas, e das que criarem naqueles dias.
Tomando
a infância como o símbolo da inocência, Jesus nos adverte
de que, nos últimos tempos o desvairamento dos homens nos caminhos tenebrosos
do mal, não pouparia sequer as criancinhas inocentes nem o sagrado estado
das mães. Realmente, foi isso a que assistimos em nossos dias, quando
as terríveis forças das trevas bombardeavam cidades, destruindo
lares e maternidades.
20
- Rogai pois que não seja a vossa fuga em tempo inverno ou em dia de
sábado.
Isto
é, devemos orar e vigiar para que, quando tivermos de passar pelas duras
provas, estejamos preparados para suportá-las cristãmente, tirando
delas o máximo proveito para o burilamento de nossos espíritos.
As provas, leves ou penosas são para todos, e não será
pelo fato de estarmos estudando e começando a compreender o Evangelho,
que ficaremos isento delas.
Em
nossa fuga em dia de sábado ou em tempo de inverno, Jesus simboliza o
chamado do Altíssimo, que pode dar-se quando menos os esperamos, ou em
dias de adversidades.
Nos
tempos antigos, principalmente na época de Jesus, em que não havia
comodidades para as viagens, o inverno era a estação imprópria
para empreendê-las. E o sábado, dado que toda nação
hebraica o guardava, era um dia em que dificilmente alguém podia aparelhar-se
para viajar. Por conseguinte, o viajor que não se aparelhasse de antemão,
depararia com grandes dificuldades.
Assim,
o indivíduo que descura do seu preparo espiritual, deixando-o para depois,
poderá ser surpreendido na ocasião menos adequada para seu espírito
e, além de perder a oportunidade, seu sofrimento será muito grande.
Aqui
Jesus adverte também os médiuns de que não se descuidem
de estarem sempre alertas para o bom desempenho de seu medianato. Jamais saberemos
quando se apresentará a oportunidade de darmos o supremo testemunho de
fé, de renúncia e de amor a Deus e ao próximo. Roguemos
pois que sejam quais forem as circunstâncias com que nos defrontarmos,
nunca recuemos no cumprimento de nossas tarefas mediúnicas, e do preparo
de nossas almas.
21
- Porque será então a aflição tão grande,
que, desde que há mundo até agora, não houve, nem haverá
outra semelhante.
Dado
que nos últimos tempos a humanidade passará pelas mais ásperas
provas, para que o Altíssimo proceda à seleção dos
espíritos, é muito natural que a aflição reinará
em toda a face do planeta, provocada pelos próprios homens. Para que
cada um tivesse mérito se fosse escolhido e não se queixasse se
fosse repelido, os homens teriam plena liberdade de usar o seu livre-arbítrio
como melhor entendessem.
22
- E se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa
alguma; porém, abreviar-se-ão aqueles dias em atenção
aos escolhidos.
As
calamidades provocadas pela maldade dos homens serão tantas, que se não
houver a intervenção da Providência Divina, nada será
respeitado na terra. Mas, a Providência Divina estará vigilante,
e no momento oportuno porá um paradeiro à loucura dos homens,
para que não sejam tragados na voragem os espíritos a caminho
da regeneração.
23
- Então, se alguém vos disser: Olhai, aqui está o Cristo,
ou,
ei-lo acolá; não lhe deis crédito.
24
- Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que
farão grandes prodígios e maravilhas tais, que (se fora possível)
até os escolhidos se enganariam.
2.5
- Vede que eu vo-lo adverti antes.
26
- Se pois vos disserem: Ei-lo lá está no deserto, não saiais;
ei-lo cá no mais retirado da casa, não lhe deis crédito.
No
meio da desordem geral, todos buscarão um recurso para se salvarem. E
então aparecerão salvadores, cujo único intuito é
tirarem proveito da situação. Os mais absurdos sistemas serão
inventados para tirarem a humanidade do caos em que se precipitou. Todavia,
os escolhidos, isto é, os espíritos evangelizados, não
se enganarão, por uma razão muito simples: porque sabem que a
salvação está no Evangelho, cujos preceitos deverão
servir de base a toda reforma útil que se fizer nas instituições
humanas. É evidente que os que se enganarem deverão queixar-se
de si próprios, uma vez que o Evangelho aí está para adverti-los
sobre o verdadeiro modo de viverem segundo a vontade divina.
Quanto
à salvação, não virá personificada num homem.
Mas sim, será o produto do esforço de todos os espíritos
do bem, encarnados e desencarnados, para o completo triunfo do Evangelho.
27
- Porque do modo que um relâmpago sai do oriente, e se mostra até
ao ocidente, assim há de ser também a vinda do Filho do homem.
28
- Em qualquer lugar onde estiver o corpo, aí se hão de ajuntar
também as águias.
Aqui
Jesus nos adverte de que sua vinda não se dará em determinado
lugar. Com isto nos quer dizer que seus ensinamentos, depois de tanto tempo
esquecidos, seriam novamente pregados à humanidade, em espírito
e verdade.
E
Jesus atualmente está entre os homens, por meio do Espiritismo, o qual
prega o Evangelho e concita a todos a lutarem pela implantação
do reino de Deus. Com a rapidez de um relâmpago, o Espiritismo se espalhou
pelo mundo, despertando a atenção dos homens para o Cristianismo
puro, tal qual o fundou Cristo e seus apóstolos.
O
corpo é a doutrina de Jesus que, pregada pelo Espiritismo de um modo
racional, conclama em torno de si as águias, isto é, os espíritos
já esclarecidos e regenerados
O
SERMÃO CONTINUA. A VINDA DO FILHO DO HOMEM
29
- E logo depois da aflição daqueles dias, escurecer-se-á,
o sol, e a lua não dará a sua claridade, e as estrelas cairão
do céu, e as virtudes do céu se comoverão.
30
- E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e
então todos os povos da terra chorarão, e verão ao Filho
do homem, que virá sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade.
31
- E enviará os seus anjos com trombetas e com grande voz, e ajuntarão
os seus escolhidos desde os quatro ventos, do mais remontado dos céus
até às extremidades deles.
32
- Aprendei pois o que vos digo, por uma comparação tirada da figueira;
quando os seus ramos estão já tenros, e as folhas têm brotado,
sabeis que está perto o estio.
33
- Assim também, quando vós virdes tudo isto, sabeis que está
perto às portas.
Estando
os homens preocupados unicamente em salvaguardar seus interesses materiais,
e completamente esquecidos do estudo e da observância das leis divinas,
as trevas espirituais se tornarão espessas na face do planeta. Quando
estas trevas espirituais se tornarem mais densas, de novo os homens verão
brilhar nos céus o sinal salvador. Esse sinal já refulge nas sombras
da terra, iluminando o caminho para os que choram na escuridão espiritual
é o Espiritismo, o qual reafirma na terra o poder e a majestade de Jesus.
Estamos
em plena fase evangelizadora; passada ela, proceder-se-á à seleção
dos espíritos; os endurecidos no mal e rebeldes à lei divina,
serão enviados a mundos inferiores, compatíveis com seus estados,
onde reiniciarão o trabalho de aperfeiçoamento de suas almas;
os em vias de regeneração poderão continuar no plano terrestre;
e a Terra passará a ser um planeta de paz, ordem e espiritualidade.
Quando
começarmos a perceber os sinais que Jesus aqui enumera, é porque
estamos às portas das grandes transformações morais e materiais,
que farão nosso planeta se colocar num plano superior na categoria dos
mundos. Não aleguemos ignorância. Se bem analisarmos as condições
em que se encontra a Terra atualmente, facilmente perceberemos que estamos vivendo
os dias decisivos.
34
- "Na verdade vos digo, que não passará esta geração
sem que se cumpram todas estas coisas.
Isto
é, a geração que hoje escuta minhas palavras, estará
encarnada na terra, quando tiverem lugar os acontecimentos que predigo.
35 - Passará o céu e a terra, mas não passarão as
minhas palavras.
Sendo
os ensinamentos de Jesus uma lei moral universal emanada de Deus, as coisas
materiais poderão desaparecer, sem que suas palavras deixem de prevalecer
para os espíritos.
Encerrando
estes sombrios presságios, é oportuno transcrever aqui uma página
de Emmanuel em seu livro "Há dois mil anos", em que este instrutor
reproduz as palavras de Jesus, ditadas num ambiente espiritual, logo depois
de sua partida da terra:
"Entre
a Manjedoura e o Calvário, tracei para minhas ovelhas o eterno e luminoso
caminho. .. O Evangelho floresce agora, como a seara imortal e inesgotável
das bênçãos divinas. Não descansemos, contudo, meus
amados, porque tempo virá na terra, em que todas as suas lições
serão espezinhadas e esquecidas. .. Depois de longa era de sacrifícios
para consolidar-se nas almas, a doutrina da redenção será
chamada a esclarecer o governo transitório dos povos; mas o orgulho e
a ambição, o despotismo e a crueldade, hão de reviver os
abusos nefandos de sua liberdade. O culto antigo, com suas ruínas pomposas,
buscará restaurar os templos abomináveis do bezerro de ouro. Os
preconceitos religiosos, as castas clericais, os falsos sacerdotes, restabelecerão
novamente o mercado das coisas sagradas, ofendendo o amor e a sabedoria de Nosso
Pai, que acalma a onda minúscula no deserto do mar, como enxuga a mais
recôndita lágrima da criatura, vertida no silêncio de suas
orações, ou na dolorosa serenidade de sua amargura indizível!
... Soterrando o Evangelho na abominação dos lugares santos, os
abusos religiosos não poderão, todavia, sepultar o clarão
de minhas verdades, roubando-as ao coração dos homens de boa vontade.
.. Quando se verificar o eclipse da evolução de meus ensinamentos,
nem por isso deixarei de amar intensamente o rebanho de minhas ovelhas tresmalhadas.
Das esferas de luz que dominam todos os círculos das atividades terrestres,
caminharei com meus rebeldes tutelados, como outrora, entre os corações
impiedosos e empedernidos de Israel, que escolhi um dia, para mensageiro das
verdades divinas, entre as tribos desgarradas da imensa família humana
! Quando a escuridão se fizer mais profunda nos corações
da terra, determinando todos os progressos humanos para o extermínio,
para a miséria e Fé a morte, derramarei a minha luz sobre toda
a carne, e todos os que vibrarem com o meu reino, e confiarem nas minhas promessas,
ouvirão as nossas vozes e apelos santificadores ! Dentro das suaves revelações
do Consolador, pela Sabedoria e pela Verdade,
meu verbo se manifestará novamente no mundo, para as criaturas desnorteadas
no caminho escabroso. Sim, amados meus, porque o dia chegará, no qual
todas as mentiras humanas hão de ser confundidas pela claridade das revelações
do céu. Um sopro poderoso de Verdade e Vida varrerá toda a terra,
que pagará, então, à evolução de seus institutos,
os mais pesados tributos de sofrimento e de sangue... Exausto de receber os
fluidos venenosos da ignomínia e da iniqüidade de seus habitantes,
o próprio planeta protestará contra a impenitência dos homens,
rasgando as entranhas em dolorosos cataclismas. .. As impiedades terrestres
formarão pesadas nuvens de dor, que rebentarão no instante oportuno,
em tempestade de lágrimas na face escura da Terra. E, então, das
claridades de minha misericórdia, contemplarei meu rebanho desditoso,
e direi como os meus emissários: Oh, Jerusalém, Jerusalém!
... Mas, Nosso Pai, que é a sagrada expressão de todo o amor e
sabedoria, não quer que se perca uma só de suas criaturas transviadas
nas tenebrosas sendas da impiedade!. .. Trabalharemos com amor na oficina dos
séculos porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos,
examinaremos detidamente todas as ruínas, buscando o material passível
de novo aproveitamento e, quando as instituições terrestres reajustarem
sua vida na fraternidade e no bem, na paz e na justiça, depois da seleção
natural dos espíritos, e dentro das convulsões renovadoras da
vida, organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com
as divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual."
O
SERMÃO CONTINUA. EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA
36
- Mas daquele dia, nem daquela hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus,
senão só o Pai.
37
- E assim como foi nos dias de Noé, assim será também a
vinda do Filho do homem.
38
- Porque assim como nos dias antes do dilúvio estavam comendo e bebendo,
casando-se e dando-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou
na arca.
39
- E não o entenderam enquanto não veio o dilúvio, e os
levou a todos, assim será também na vinda do Filho do Homem.
40
- Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado, e outro
será deixado.
41
- De duas mulheres que estiverem moendo em um moinho, uma será tomada
e outra será deixada.
42
- Velai pois, porque não sabeis a que hora há de vir vosso Senhor.
43
- Mas sabeis que, se o pai de família soubesse a que hora hada de vir
o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria minar a
sua casa.
44
- Por isso estais vós também apercebidos; porque não sabeis
em que hora tem de vir o Filho do homem.
Neste
trecho Jesus nos recomenda a máxima vigilância.
Não
deixemos para amanhã nossa reconciliação com as leis divinas.
Amanhã, poderá ser muito tarde. Só Deus, Nosso Pai, sabe
quando se dará a depuração do planeta, e quando cada um
de seus filhos será chamado ao mundo espiritual. Por isso, é necessário
que estejamos sempre preparados, para que possamos ser contados no número
dos escolhidos. Sejamos trabalhadores previdentes, e não sigamos o exemplo
dos que se entregam exclusivamente aos gozos e aos vícios e às
mil e uma distrações que a matéria proporciona, esquecidos
de cuidarem de suas almas, corrigindo suas imperfeições. Estes
serão apanhados desprevenidos, de surpresa, e o despertar deles para
s realidade que não quiseram ver, lhes será doloroso. Preparemo-nos,
por conseguinte, o melhor que pudermos, sem perda de tempo, porque ao se aferirem
os valores espirituais dos aprendizes do Evangelho, será aproveitado
quem demonstrar boa aplicação das lições recebidas.
A vigilância e o preparo devem ser contínuos, em virtude de ninguém
saber quando soará sua hora.
A
PARÁBOLA DOS DOIS SERVOS
45
- Quem crês que é o servo fiel e prudente, a quem seu senhor pôs
sobre a sua família, para que lhes dê comer a tempo?
46
- Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor achar nisto ocupado quando vier.
47
- Na verdade vos digo que ele o constituirá administrador de todos os
seus bens.
Há
servos fiéis e servos infiéis. Jesus distingue as espécies,
enumerando as boas qualidades de uma e as qualidades da outra.
O
servo fiel a Deus é o que trata carinhosamente de seu progresso espiritual,
sem se esquecer de ajudar a todos os seus irmãos, na medida de suas posses
e de seu adiantamento espiritual. Se é bafejado pelos bens terrenos,
transforma esses bens em fonte de benefícios. Se é possuidor de
grande inteligência, coloca-a ao serviço de iluminação
e de instrução de seus irmãos menos evoluídos. Sabendo
que seu corpo e sua alma são patrimônios divinos, cuida carinhosamente
do corpo, não deixando que ele se arruine pelos vícios, nem pelos
desregramentos; cuida de sua alma, llvrando-a das imperfeições,
das más paixões, do mal, e da ignorância, dedicando-se ao
estudo e à prática das leis divinas. Como médium, faz da
sua mediunidade um sacerdócio, usando-a amorosamente a favor de todos
os que lhe batem às portas, sem jamais esperar um agradecimento, sequer.
Em
quaisquer circunstâncias em que estejamos, lembremo-nos sempre de que
somos servos do Senhor a cuidar do seu patrimônio. Temos uma alma e um
corpo para zelar. Temos familiares, pais, mães, irmãs, esposa
e filhos, pelos quais somos responsáveis. Enxameiam por toda a parte
os sofredores aos quais devemos alívio, consolo e amparo; e também
encontraremos, por toda a parte, ignorantes necessitados de luz.
No
leito do sofrimento, à míngua de humano socorro, curtindo pacientemente
nossas dores, ou no esplendor da saúde e dos bens materiais, sejamos
servos fiéis de Deus, esforçando-nos por servi-lo. As oportunidades
de servir a Deus não faltam a ninguém; mesmo os que estão
atravessando dolorosos períodos de sofrimento, podem fazer de suas dores
um meio de servir a Deus, dando a seus irmãos o exemplo da fé,
da resignação, da paciência e da esperança.
48
- Mas se aquele servo, sendo mau, disser no seu coração: Meu senhor
tarda em vir.
49
- E começar a maltratar os seus companheiros, e a comer e beber com os
que se embriagam.
50
- Virá o senhor daquele servo no dia em que ele o não espera,
e na hora em que ele não sabe.
51
- E removê-lo-á e porá a sua parte com os hipócritas;
ali haverá choro e ranger de dentes.
Vejamos
agora as características do servo infiel. Há muitas maneiras de
sermos servos infiéis; por isso, é preciso muito cuidado e atenção.
Os que se entregam aos vícios, a hipocrisias, a maldades; os que se comprazem
na ignorância, os que semeiam a descrença, os que murmuram e se
revoltam contra a situação em que se encontram; os que pensam
unicamente em si, esquecidos dos que os rodeiam; os que colocam a inteligência
ao serviço do mal, os que usam da fortuna para estimularem seus apetites
e paixões inferiores; os que pelo mau comportamento dão péssimo
exemplo a seu próximo; os pregadores que somente pregam o Evangelho com
os lábios, e vivem em desarmonia com o que pregam; os médiuns
que usam de sua mediunidade para fins puramente materiais; todos esses são
servos infiéis. A todos são concedidas oportunidades valiosas
de serem servos fiéis; mas o excessivo apego às coisas da terra,
despertando e alimentando o egoísmo no coração da maioria,
transforma-os em servos infiéis, e maus.
Há
outra espécie de servos infiéis, e são aqueles que fazem
questão de-acumularem fortuna primeiro, e saciarem-se dos gozos que a
matéria pode proporcionar, para depois cuidarem da alma. Esses agem levianamente,
pois, como poderão saber se lhes será facultado o tempo de se
tornarem servos fiéis?
Outros
servos infiéis são aqueles que se riem e motejam, quando se lhes
chama a atenção para as coisas espirituais, movidos por falsa
superioridade.
Os
servos infiéis também serão chamados ao mundo espiritual
quando menos o esperarem, e o sofrimento lhes fará chorar e ranger os
dentes, até que aprendam a cuidar fielmente dos patrimônios que
a Providência Divina lhes confiou.
O Evangelho dos Humildes.
Eliseu
Rigonatti