Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
Mostrando postagens com marcador Monod. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Monod. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

CONHECENDO O LIVRO: O CÉU E O INFERNO - CAP.VII - ESPÍRITOS ENDURECIDOS : Angèle, nulidade sobre a terra---"Sem defeitos sérios, mas sem qualidades, ela fez a infelicidade do marido, perdeu o futuro de seus filhos, arruinou o bem-estar deles por sua incúria e sua preguiça. Falseou o julgamento e o coração deles, primeiro pelo seu exemplo, depois abandonando-os aos cuidados dos domésticos que nem mesmo tomava o cuidado de escolher. Sua vida foi inútil para o bem e por isso mesmo culpada, pois o mal nasce do bem negligenciado.""

 
(Bordeaux, 1862.)
 
Um Espírito se apresenta espontaneamente ao médium sob o nome de Angèle.

1. Vós vos arrependeis de vossas faltas? – R. Não.
– Então por que vindes a mim?
– R. Para fazer uma tentativa.
– Então não sois feliz?
– R. Não.
– Estais sofrendo?
– R. Não. – O que vos falta então?
– R. A paz.

Observação: Certos Espíritos não consideram como sofrimentos senão os que lhes lembram as dores físicas, embora convindo que seu estado moral é intolerável.
 
2. Como pode faltar-vos a paz na vida espiritual?
– R. Um arrependimento do passado.
P. – O arrependimento do passado é um remorso; vós vos arrependeis então?
– R. Não; é por temor do futuro. 
P. – Que temeis vós?
– R. O desconhecido.
3. Quereis dizer-me o que fizestes em vossa última existência? Isso talvez me ajude a vos esclarecer.
– R. Nada. 
4. Em que posição social estáveis?
– R. Média.
P. – Fostes casada?
– R. Casada e mãe.
P. – Cumpristes com zelo os deveres dessa dupla posição?
– R. Não; meu marido me aborrecia, meus filhos também.
5. Como se passou vossa vida?
– R. A divertir-me enquanto solteira, a aborrecer-me casada.
P. – Quais eram vossas ocupações?
– R. Nenhuma.
P. – Então quem cuidava de vossa casa? – R. A doméstica.
6. Não é nessa inutilidade que é preciso procurar a causa de vossos arrependimentos e de vossos temores?
– R. Talvez tenhas razão.
P. – Não basta convir. Quereis, para reparar essa existência inútil, ajudar os Espíritos culpados que sofrem à vossa volta?
– R. Como?
– Ajudando-os a se aperfeiçoarem pelos vossos conselhos e vossas preces.
– R. Não sei rezar.
P.  – Nós o faremos juntos, aprendereis; quereis? –
R. Não.
P. – Por quê?
– R. A fadiga.  
 
Instrução do guia do médium.
 
 Nós damos-te instruções pondo-te sob os olhos os diversos graus de sofrimento e de posição dos Espíritos condenados à expiação em consequência de suas faltas.
Angèle era uma dessas criaturas sem iniciativa, cuja vida é tão inútil para os outros quanto para elas mesmas. Amando apenas o prazer, incapaz de procurar no estudo, no cumprimento dos deveres da família e da sociedade essas satisfações do coração que são as únicas que podem dar encanto à vida, porque pertencem a todas as idades, ela não pôde empregar seus jovens anos senão em distrações frívolas; depois, quando os deveres sérios chegaram, o mundo havia feito o vazio em torno dela, porque ela havia feito o vazio no seu coração. Sem defeitos sérios, mas sem qualidades, ela fez a infelicidade do marido, perdeu o futuro de seus filhos, arruinou o bem-estar deles por sua incúria e sua preguiça. Falseou o julgamento e o coração deles, primeiro pelo seu exemplo, depois abandonando-os aos cuidados dos domésticos que nem mesmo tomava o cuidado de escolher. Sua vida foi inútil para o bem e por isso mesmo culpada, pois o mal nasce do bem negligenciado. Compreendei bem todos que não basta abster-vos das faltas: é preciso praticar as virtudes que lhes são opostas. Estudai os mandamentos do Senhor, meditai sobre eles, e compreendei que, se eles vos colocam uma barreira que vos detém à beira do mau caminho, eles vos forçam ao mesmo tempo a voltar atrás para tomar o caminho oposto que leva ao bem. O mal é oposto ao bem; portanto, aquele que o quer evitar deve entrar no caminho oposto, sem o quê sua vida é nula; suas obras estão mortas e Deus nosso pai não é o Deus dos mortos, mas o Deus dos vivos.

P. Posso vos perguntar qual fora a existência anterior de Angèle? A última devia ser sua consequência.

R. Ela havia vivido na preguiça beata e na inutilidade da vida monástica. Preguiçosa e egoísta por gosto, ela quis tentar a vida de família, mas o Espírito progrediu muito pouco. Ela repeliu sempre a voz íntima que lhe mostrava o perigo; o declive era suave, ela preferiu deixar-se ir a fazer um esforço para se deter no início. Hoje ela ainda compreende o perigo que existe em se manter nessa neutralidade, mas não se sente com força para tentar o menor esforço para daí sair. Orai por ela, despertai-a; forçai seus olhos a se abrirem para a luz: é um dever, não negligencieis nenhum.
 O homem foi criado para a atividade: atividade de espírito, é sua essência; atividade do corpo, é uma necessidade. Preenchei, portanto, as condições de vossa existência, como Espírito destinado à paz eterna. Como corpo destinado ao serviço do Espírito, vosso corpo não é senão uma máquina submetida à vossa inteligência; trabalhai, cultivai então a inteligência, a fim de que ela dê uma impulsão salutar ao instrumento, que deve ajudar o Espírito a cumprir sua tarefa; não lhe deis repouso nem trégua, e lembrai-vos de que a paz à qual aspirais não vos será dada senão depois do trabalho; portanto, durante todo o tempo em que tiverdes negligenciado o trabalho, todo esse tempo durará para vós a ansiedade da espera.
Trabalhai, trabalhai sem cessar; cumpri todos os vossos deveres sem exceção; cumpri-os com zelo, com coragem, com perseverança, e vossa fé vos sustentará. Aquele que cumpre com consciência a tarefa mais ingrata, mais vil em vossa sociedade, é cem vezes mais elevado aos olhos do Altíssimo, do que aquele que impõe essa tarefa aos outros e negligencia a sua. Tudo consiste em degraus para subir ao céu: não os quebreis, pois, sob vossos pés, e contai que estais cercados de amigos que vos estendem a mão, e apoiam aqueles que põem sua força no Senhor. 

MONOD.

fonte: Livro O Céu e o Inferno - Allan Kardec.
Segunda Parte - Cap. 7 - Espíritos Endurecidos.