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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 199

 
Aliás, não é racional considerar-se a infância como um estado normal de inocência. Não se vêem crianças dotadas dos piores instintos, numa idade em que ainda nenhuma influência pode ter tido a educação? Alguns não há que parecem trazer do berço a astúcia, a felonia, a perfídia, até pendor para o roubo e para o assassínio, não obstante os bons exemplos que de todos os lados se lhes dão? A lei civil as absorve de seus crimes, porque, diz ela, obraram sem discernimento. Tem razão a lei, porque, de fato, elas obram mais por instinto do que intencionalmente. Donde, porém, provirão instintos tão diversos em crianças da mesma idade, educadas em condições idênticas e sujeitas às mesmas influências? Donde a precoce perversidade, senão da inferioridade do Espírito, uma vez que a educação em nada contribuiu para isso? As que se revelam viciosas, é porque seus
Espíritos muito pouco hão progredido. Sofrem então, por efeito dessa falta de progresso, as conseqüências , não dos atos que praticam na infância, mas dos de suas existências anteriores. Assim é que a lei é uma só para todos e que todos são atingidos pela justiça de Deus.
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Comentário pelo Espírito Miramez:

 
Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q199c.html
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Livro dos Espíritos:
 
347. Que utilidade encontrará um Espírito na sua encarnação em um corpo que morre poucos dias depois de nascido?
“O ser não tem então consciência plena da sua existência; a importância da morte é quase nenhuma. Freqüentemente é, como já dissemos, uma prova para os pais.” 
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Anna Bitter

Ser atingido pela perda de um filho adorado é um desgosto doloroso; mas ver um filho único que dá as mais belas esperanças, no qual se concentraram suas únicas afeições, definhar sob seus olhos, extinguir-se sem sofrimentos, por uma causa desconhecida, uma dessas bizarrias da natureza que desconcertam a sagacidade da ciência; ter esgotado inutilmente todos os recursos da arte e adquirido a certeza de que não há nenhuma esperança, e aguentar essa angústia de cada dia durante longos anos sem lhe prever o fim, é um suplício cruel que a fortuna aumenta, em vez de aliviá-lo, porque se tem a esperança de ver um dia um ser querido desfrutar dela.
Tal era a situação do pai de Anna Bitter; assim, um desespero sombrio se apossara da sua alma, e seu caráter se azedava cada vez mais à vista desse espetáculo pungente cuja saída não podia ser senão fatal embora indeterminada. Um amigo da família, iniciado no Espiritismo, acreditou dever interrogar seu Espírito protetor a esse respeito, e recebeu dele a resposta seguinte:
“Aceito dar-te a explicação do estranho fenômeno que tens sob os olhos, porque sei que ao pedir-ma não és movido por uma indiscreta curiosidade, mas pelo interesse que diriges a essa pobre criança, e porque surgirá para ti, crente na justiça de Deus, um ensinamento valioso. Aqueles que o Senhor quer atingir devem curvar sua fronte e não o maldizer e se revoltar, pois ele nunca atinge sem causa. A pobre garota, cujo decreto de morte o Onipotente suspendera, deve em breve voltar para o nosso seio, pois Deus teve compaixão dela, e seu pai, esse desgraçado entre os homens, deve ser atingido na única afeição da sua vida, por ter troçado do coração e da confiança daqueles que o cercam. Por um momento seu arrependimento tocou o Altíssimo, e a morte suspendeu seu gládio sobre essa cabeça tão querida; mas a revolta voltou, e o castigo segue sempre a revolta. Felizes de vós quando é nesta terra que sois castigados! Orai, meus amigos, por essa pobre criança, cuja juventude tornará difíceis os últimos momentos; a seiva é tão abundante nesse pobre ser, apesar do seu estado de definhamento, que a alma se desprenderá com dificuldade. Oh! orai; mais tarde ela vos ajudará, e ela mesma vos consolará, pois seu Espírito é mais elevado do que o das pessoas que a rodeiam.
“Foi por uma permissão especial do Senhor que pude responder ao que me perguntaste, porque é preciso que esse Espírito seja ajudado a fim que o desprendimento seja mais fácil para ele.”
O pai morreu depois de ter sofrido o vazio do isolamento da perda da filha. Eis as primeiras comunicações que ambos deram após a morte.
A filha. Obrigada, meu amigo, por vos terdes interessado pela pobre criança, e por terdes seguido os conselhos do vosso bom guia. Sim, graças às vossas preces, pude deixar mais facilmente meu envoltório terrestre, pois meu pai, infelizmente, não orava: maldizia. No entanto, não lhe quero mal: era devido à sua grande ternura por mim. Peço a Deus para lhe fazer a graça de ser esclarecido antes de morrer; incito-o, encorajo-o; minha missão é aliviar seus últimos instantes. Por vezes um raio de luz divina parece penetrar até ele; mas não é senão um relâmpago passageiro, e ele volta logo às suas ideias iniciais. Há nele apenas um germe de fé asfixiado pelos interesses do mundo, e que só novas provas mais terríveis poderão desenvolver; pelo menos assim o temo. Quanto a mim, não tinha senão um resto de expiação a cumprir, é por isso que ela não foi muito dolorosa, nem muito difícil. Na minha estranha doença, eu não sofria; era antes um instrumento de provação para meu pai, pois ele sofria mais de me ver naquele estado do que eu; eu estava resignada, e ele não. Hoje estou recompensada, Deus fez-me a graça de abreviar minha estada na Terra, e agradeço-lhe. Estou feliz no meio dos bons Espíritos que me cercam; todos nos dedicamos às nossas ocupações com alegria, pois a inatividade seria um cruel suplício.

(O pai, aproximadamente um mês após a morte.) P. Nosso objetivo, ao chamar-vos, é inquirir sobre vossa situação no mundo dos Espíritos, para vos sermos úteis se estiver em nosso poder. – R. O mundo dos Espíritos! Não vejo nenhum. Não vejo senão os homens que conheci e dos quais nenhum pensa em mim e sente minha falta; pelo contrário, eles parecem estar contentes de se terem livrado de mim.
P. Dais-vos bem conta da vossa situação?
– R. Perfeitamente. Durante algum tempo acreditei ser ainda do vosso mundo, mas agora sei muito bem que não sou mais.
P. Como explicar então que não víeis outros Espíritos à vossa volta? – R. Ignoro-o; entretanto, tudo é claro à minha volta.
P. Não revistes vossa filha? – R. Não; ela morreu; procuro-a, chamo-a inutilmente. Que vazio horroroso sua morte me deixou na Terra! Ao morrer, eu me dizia que a reencontraria sem dúvida; mas nada; sempre o isolamento à minha volta; ninguém que me dirija uma palavra de consolo e de esperança. Adeus; vou procurar minha filha.
O guia do médium. Este homem não era ateu, nem materialista; mas era daqueles que creem vagamente, sem se preocupar com Deus nem com o futuro, absorvidos como estão pelos interesses da terra. Profundamente egoísta, teria sem dúvida sacrificado tudo para salvar a filha, mas teria também sacrificado sem escrúpulo todos os interesses de terceiros em seu benefício pessoal. Exceto por sua filha, não tinha apego por ninguém. Deus o puniu por isso, como sabeis; tirou-lhe sua única consolação na terra, e como ele não se arrependeu, ela também que lhe é tirada no mundo dos Espíritos. Ele não se interessava por ninguém na terra, ninguém se interessa por ele aqui; está sozinho, abandonado: essa é sua punição. A filha está perto dele, no entanto, mas ele não a vê; se a visse, não seria punido. O que ele faz? dirige-se a Deus? arrepende-se? Não; murmura continuamente; blasfema até; faz, numa palavra, como fazia na terra. Ajudai-o, pela prece e com conselhos, a sair de sua cegueira.
Livro: O Céu e o Inferno
Segunda Parte - Exemplos - Capítulo VIII - Expiações terrestres

Aprendendo com o livro dos Espíritos questão 198

 

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Comentário do Espírito de Miramez :

 
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Revista Espírita de 1859 -   Janeiro -  O Duende de Bayonne 

Em nosso número passado dissemos algumas palavras relativamente a essa estranha manifestação. As informações nos haviam sido dadas muito sucintamente e de viva voz por um de nossos assinantes, amigo da família onde ocorreram aqueles fatos. Tinha ele prometido detalhes mais circunstanciados e devemos à sua colaboração a disponibilização das cartas que contêm referências detalhadas dos fatos.
A família reside perto de Bayonne e as cartas foram escritas pela própria mãe da menina, uma criança de dez anos, a seu filho que mora em Bordeaux, pondo-o ao corrente do que se passava em casa. Este último teve o trabalho de transcrevê-las para nós, a fim de que se lhes não pudesse contestar a autenticidade. Por essa gentileza nós lhe somos infinitamente reconhecidos.
Compreende-se a reserva com que cercamos os nomes das pessoas, reserva que para nós é sempre uma lei a observar, a não ser que recebamos autorização formal. Nem todos gostam de atrair multidões de curiosos. Àqueles para quem tal reserva constitui motivo de suspeitas diremos que é necessário estabelecer uma diferença entre um jornal eminentemente sério e os que apenas visam distrair o público. Nosso objetivo não é contar casos para encher páginas, mas iluminar a Ciência. Se fôssemos enganados, sê-lo-íamos de boa-fé. Quando aos nossos olhos uma coisa não é formalmente demonstrada, damo-la apenas a título de registro. Já o mesmo não se dá quando se trata de pessoas respeitáveis, cuja honorabilidade conhecemos e que, longe de ter interesse em induzir-nos em erro, também querem instruir-se.
A primeira carta é a do filho ao nosso assinante, enviando-lhe as cartas de sua mãe.

“Saint-Esprit, 20 de novembro de 1858.
“Meu caro amigo,
“Chamado para junto de minha família por motivo da morte de um de meus irmãos menores, que Deus houve por bem tirar-nos, esta circunstância, afastando-me por algum tempo de minha casa, é o motivo do atraso de minha resposta. Ficaria muito triste se vos fizesse passar por um contador de histórias junto ao Sr. Allan Kardec, por isso quero dar-vos alguns pormenores sumários sobre as coisas que se passam em minha família. Penso que já vos disse que as aparições cessaram há algum tempo e não mais se manifestam à minha irmã. Aí vão as cartas que a respeito me escreveu minha mãe. Devo observar que muitos dos fatos foram omitidos, embora não sejam os menos interessantes. Escreverei novamente para completar a história, caso não o possais fazer recordando-vos daquilo que vos disse de viva voz.”

23 de abril de 1855.

Há cerca de três meses, uma tarde, tua irmã X teve necessidade de sair para fazer uma compra. Como sabes, o corredor da casa é longo e nunca iluminado; mas o velho hábito que temos de percorrê-lo sem luz faz com que jamais tropecemos nos degraus da escada. X já nos havia dito que cada vez que saía ouvia uma voz a lhe dizer coisas que a princípio não compreendia, mas que depois se tornaram inteligíveis. Algum tempo depois ela viu uma sombra e, no trajeto, não cessava de ouvir a mesma voz. As palavras ditas por esse ser invisível tendiam sempre a tranquilizá-la e a lhe dar sábios conselhos. Uma boa moral constituía a essência de tais palavras. X ficava muito perturbada e, segundo nos disse, por vezes não tinha forças para prosseguir. “Criança”, dizia-lhe o invisível cada vez que ela se perturbava, “nada temas, pois quero apenas o teu bem.” Ensinou-lhe um lugar onde por vários dias ela encontrou algumas moedas; de outras vezes nada encontrou. X conformou-se com a recomendação que lhe foi dada, e durante muito tempo ou encontrava dinheiro ou alguns brinquedos que verás. Certamente esses presentes lhe eram dados com o fito de encorajá-la. Não eras esquecido na conversa desse ser. Muitas vezes ele falava de ti e nos dava as tuas notícias por intermédio de tua irmã. Várias vezes ele nos pôs a par do que fazias à noite. Viu-te a ler em teu quarto; outras vezes nos disse que os teus amigos estavam reunidos em tua casa; enfim ele nos acalmava, sempre que a preguiça te impedia de nos escrever.
De algum tempo para cá, X tem contatos quase que contínuos com o invisível. Durante o dia ela nada vê. Ouve sempre a mesma voz que lhe dirige palavras sensatas, não cessando de estimulá-la ao trabalho e ao amor a Deus. À noite ela vê, na direção de onde parte a voz, uma luz rósea que não ilumina, mas que, em sua opinião, poderia ser comparada ao faiscar de um diamante na sombra. Agora ela perdeu o medo completamente. Se lhe manifesto dúvidas, diz-me: “Mamãe, é um anjo que me fala; e se, para te convenceres, te armares de coragem, ele me pede para dizer-te que esta noite fará com que te levantes. Se te falar, deverás responder. Vai ao lugar que ele te indicar; verás alguém em tua frente, mas não temas.” Eu não quis pôr à prova a minha coragem. Tive medo e a impressão que me ficou impediu-me de dormir. Muitas vezes, à noite, parecia-me ouvir um sopro à cabeceira de meu leito. As cadeiras moviam-se sem que ninguém as tocasse. Depois de algum tempo meus terrores desapareceram completamente e eu lamento muito não ter me submetido à prova que me fora proposta para ter ligações diretas com o invisível e também para não ter que lutar continuamente contra as dúvidas.
Aconselhei X a interrogar o invisível quanto à sua natureza.
Eis a conversa de ambos:
X. ─ Quem és tu?
Inv. ─ Sou teu irmão Eliseu.
X. ─ Meu irmão morreu há doze anos.
Inv. ─ É verdade. Teu irmão morreu há doze anos, mas havia nele, como há em todos os seres, uma alma que não morre e que neste mesmo instante se acha em tua presença, te ama e protege a todos.
X. ─ Gostaria de ver-te.
Inv. ─ Estou à tua frente.
X. ─ Contudo nada vejo.
Inv. ─ Tomarei uma forma visível para ti. Depois da cerimônia religiosa descerás; então tu me verás e eu te abraçarei.
X. ─ Mamãe também gostaria de conhecer-te.
Inv. ─ Tua mãe é minha mãe. Ela me conhece. Preferiria manifestar-me a ela do que a ti. Esse era o meu dever, mas não me posso mostrar a muitas pessoas, pois Deus não o permite. Lamento que mamãe não tenha tido coragem. Prometo dar-te provas de minha existência, e então desaparecerão todas as dúvidas.
À tarde, à hora marcada, X foi à porta do templo. Um rapaz apresentou-se a ele e disse: “Eu sou o teu irmão. Disseste que me querias ver. Estás satisfeita? Abraça-me, porque não posso conservar por muito tempo a forma que tomei.”
Como bem compreendes, a presença desse ser deveria ter espantado X a ponto de impedi-la de fazer qualquer observação. Assim que a abraçou, ele desapareceu no ar.
Na manhã seguinte, aproveitando o momento em que X deveria sair, o invisível se manifestou novamente e lhe disse:
“Deverias ter ficado muito surpreendida com o meu desaparecimento. Pois bem, eu te quero ensinar a elevar-te nos ares, para que me possas acompanhar.” Qualquer outra que não X teria ficado com medo de tal proposta. Ela, porém, aceitou-a com entusiasmo e logo sentiu que se elevava como uma andorinha. Em pouco tempo chegou a um lugar onde havia uma multidão considerável. Segundo nos contou, viu ouro, diamantes e tudo quanto na Terra satisfaz a nossa imaginação. Ninguém considerava essas coisas mais do que nós consideramos as pedras das calçadas por onde andamos. Reconheceu várias crianças de sua idade que moravam na nossa rua e que faleceram há muito tempo. Num apartamento ricamente decorado, onde não havia ninguém, o que mais lhe chamou a atenção foi uma grande mesa na qual, de espaço a espaço, havia um papel. Diante de cada papel havia um tinteiro. Ela via as penas molharem-se por si sós e traçarem caracteres sem que qualquer mão as movesse.
Quando voltou, censurei-a por se ter ausentado sem minha autorização e a proibi expressamente de retomar tais excursões. O invisível lhe manifestou pesar por me haver contrariado e lhe prometeu formalmente que, de então em diante, não a convidaria mais para ausentar-se sem que eu fosse avisada.

26 de abril.

O invisível transformou-se aos olhos de X. Tomou tua forma tão bem que tua irmã pensou que estivesses na sala. Para certificar-se, ela lhe pediu que tomasse sua forma primitiva. Pois assim que desapareceste, foste substituído por mim. Seu espanto foi grande: perguntou como eu me achava ali, sendo que que a porta do salão estava fechada a chave. Então ocorreu uma nova transformação: ele tomou a forma do irmão morto e disse a X: “Tua mãe e todos os membros da família não veem sem espanto e mesmo sem um certo receio todos os fatos que se realizam por minha intervenção. Meu desejo não é amedrontar; contudo, quero provar minha existência e te pôr ao abrigo da incredulidade de todos, pois que poderiam tomar como mentira tua o que seria da parte deles uma obstinação em não se renderem à evidência. A senhora C. é lojista; sabes que é preciso comprar botões; iremos ambos comprá-los. Eu me transformarei em teu irmãozinho (ele tinha então nove anos) e quando voltares para casa pedirás à mamãe que mande perguntar à senhora C. quem estava contigo no momento em que os botões foram comprados.” X observou as instruções. Eu mandei perguntar à senhora C. e ela respondeu que tua irmã estava com teu irmão, a quem muito elogiou, dizendo que, em sua idade, ninguém poderia pensar que tivesse respostas tão fáceis e, sobretudo, tão pouca timidez. É bom que saibas que o pequeno estava no colégio desde cedo e que só voltaria às sete horas. Além disso, é muito tímido e não tem aquela facilidade que lhe querem atribuir. É muito curioso, não achas? Creio que a mão de Deus não é estranha a essas coisas inexplicáveis.

7 de maio de 1855.

Não sou mais crédula do que se deve ser e não me deixo dominar por ideias supersticiosas. Contudo não posso recusar-me a crer em fatos que se realizam sob minhas vistas. Eram-me necessárias provas muito evidentes para não mais infligir à tua irmã os castigos que lhe dava, às vezes com pesar, receando que nos quisesse ludibriar e abusar de nossa confiança.
Ontem, por volta das cinco horas, o invisível disse a X: “É provável que a mamãe te mande a algum lugar, para dar um recado. No caminho serás agradavelmente surpreendida pela chegada da família de teu tio”. Imediatamente X me transmitiu o que o invisível lhe havia dito. Eu estava longe de esperar tal visita e fiquei ainda mais surpresa por ficar sabendo dessa maneira. Tua irmã saiu e as primeiras pessoas que encontrou foram realmente meu irmão, sua mulher e seus filhos, que nos vinham ver. X apressou-se em dizer que eu tinha uma prova a mais da veracidade de tudo quanto ela me dizia.

10 de maio de 1855.

Hoje não posso mais duvidar de que algo de extraordinário acontece em casa. Vejo sem medo se realizarem todos esses fatos singulares, dos quais, entretanto, não posso extrair nenhum ensinamento, porque esses mistérios me são inexplicáveis.
Ontem, depois de ter arrumado toda a casa, e sabes que é uma coisa a que ligo especial atenção, o invisível disse a X que, a despeito das provas que havia dado de sua intervenção em todos os fatos curiosos que te contei, eu ainda tinha dúvidas que ele queria eliminar por completo. Sem que se tivesse ouvido qualquer ruído, um minuto foi bastante para pôr os quartos em completa desordem. Uma substância vermelha, que acredito fosse sangue, tinha sido derramada no soalho. Se tivessem sido apenas algumas gotas, eu teria pensado que X se tivesse cortado ou sangrado pelo nariz; mas fica sabendo que o soalho ficou inundado. Esta prova esquisita deu-nos um trabalho considerável para restituir ao piso do salão o seu primitivo brilho.
Antes de abrir as cartas que nos escreves, X conhece o conteúdo. É o invisível quem lho transmite.

16 de maio de 1855.

X não aceitou uma observação que a irmã lhe fez, não sei a propósito de quê. Deu uma resposta inconveniente e teve a merecida reprimenda. Castiguei-a e ela foi deitar-se sem jantar. Antes de dormir ela tem o hábito de rezar a Deus. Essa noite ela esqueceu. Mas alguns instantes depois de deitada o invisível lhe apareceu. Exibiu-lhe um castiçal e um livro de orações semelhante ao que ela habitualmente usava, e lhe disse que, apesar da punição que ela merecera, não devia esquecer-se de cumprir sua obrigação. Então ela se levantou, fez o que ele ordenara e tudo desapareceu quando a prece terminou.
Na manhã seguinte, depois de me haver abraçado, X me perguntou se o castiçal que se achava sobre a mesa no andar superior do seu quarto tinha sido retirado. Ora, esse castiçal, semelhante ao que lhe havia sido apresentado na véspera, não tinha mudado de lugar, assim como o seu livro de preces.

4 de junho de 1855.

De algum tempo para cá nenhum fato digno de menção ocorreu, a não ser o seguinte: Eu estava resfriada nestes últimos dias; anteontem todas as tuas irmãs estavam ocupadas e eu não dispunha de ninguém para mandar comprar um unguento. Disse a X que quando ela tivesse acabado a sua tarefa seria bom ir à farmácia mais próxima comprar-me alguma coisa. Ela esqueceu minha recomendação e eu mesma não pensei mais no caso. Tenho certeza de que ela não saiu, nem deixou o trabalho senão para ir buscar uma sopeira de que necessitávamos. Com grande surpresa, ao abri-la encontramos um pacote de balas de cevada que o invisível tinha trazido, para poupar uma caminhada e também para satisfazer um desejo meu, que havia sido olvidado.
Evocamos esse Espírito numa das sessões da Sociedade e lhe dirigimos as perguntas abaixo. O Sr. Adrien o viu com a fisionomia de um menino de 10 a 12 anos: bela cabeça, cabelos negros e ondulados, olhos negros e vivos, pálido, lábios irônicos, caráter leviano, mas bondoso. O Espírito disse ignorar por que o evocavam.
Nosso correspondente estava presente à sessão e disse que seus traços correspondem perfeitamente aos que a menina lhe descreveu em várias circunstâncias.

1 ─ Ouvimos contar a história de tuas manifestações numa família de Bayonne e, a tal respeito, gostaríamos de fazer-te algumas perguntas.
─ Façam e eu responderei. Mas façam rapidamente, pois tenho pressa de ir embora.
2 ─ Onde apanhaste o dinheiro que davas à tua irmã?
─ Tirei do bolso dos outros. Os senhores compreendem que eu não me iria divertir em cunhar moedas. Pego daqueles que podem dá-las.
3 ─ Por que te ligaste àquela menina?
─ Por grande simpatia.
4 ─ É certo que foste seu irmão, falecido aos quatro anos?
─ Sim.
5 ─ Por que és visível para ela e não para tua mãe?
─ Minha mãe deve estar impedida de ver-me, mas minha irmã não necessita de punição. Aliás foi por concessão especial que lhe apareci.
6 ─ Poderias explicar como, à vontade, te tornas visível ou invisível?
─ Não sou suficientemente elevado e estou muito preocupado com o que me atrai, para que possa responder a tal pergunta.
7 ─ Se quisesses poderias aparecer em nosso meio, assim como te mostraste à dona da loja?
─ Não.
8 ─ Nesse estado serias sensível à dor, se apanhasses?
─ Não.
9 ─ Que aconteceria se a dona da loja te houvesse batido?
─ Teria batido no vácuo.
10─ Sob que nome podemos te designar, quando falarmos de ti?
─ Podem chamar-me de Duende, se quiserem. Mas deixem-me ir; é preciso que eu vá.
11 ─ (A São Luís). Seria útil termos às nossas ordens um Espírito assim?
─ Muitas vezes os tendes junto a vós, a vos assistir sem que o suspeiteis.
  
CONSIDERAÇÕES SOBRE O DUENDE DE BAYONNE

Se compararmos estes fatos com os de Bergzabern, dos quais os nossos leitores não perderam a lembrança, veremos uma diferença capital. O de Bergzabern era mais que um Espírito batedor; era ─ e ainda é neste momento ─ um Espírito perturbador, na exata acepção do vocábulo. Sem fazer mal, é um hóspede muito incômodo e muito desagradável, sobre o qual voltaremos a falar em nosso próximo número, à vista de novas e recentes proezas. Ao contrário, o de Bayonne é eminentemente benévolo e prestativo; é o tipo desses bons Espíritos serviçais, cujos feitos nos são transmitidos pelas lendas alemãs, nova prova de que nas histórias lendárias pode haver um fundo de verdade. Aliás, é de convir que a imaginação dependeria de pouco esforço para colocar estes fatos no plano de uma lenda e que poderiam ser tomados como uma história medieval, se não se tivessem passado, por assim dizer, sob nossos olhos.
Um dos traços mais notáveis do Espírito a quem demos o nome de Duende de Bayonne são as suas transformações. Que dirão agora da fábula de Proteu[1]? Entre o de Bayonne e o de Bergzabern há ainda a diferença de que este último só se mostrou em sonhos, enquanto que o nosso diabrete se tornava visível e tangível como uma pessoa real, não só para a irmã como para estranhos; testemunha-o a compra de botões na lojista. Por que não se mostrava a todos e a toda hora? Eis o que ignoramos. Parece que não tem tal poder e mesmo que não podia permanecer muito tempo em tal estado. Talvez para isso fosse necessário um trabalho íntimo, um poder da vontade superior às suas forças.
Novos detalhes prometidos sobre esses estranhos fenômenos permitirão que voltemos ao assunto.


[1] Deus marinho grego. Era filho de Poseidon (Netuno) e da deusa Fenícia; predizia o futuro e guardava os cardumes marinhos de Anfitrite, a deusa do mar. Morava numa ilha do Egito e podia tomar múltiplas formas, a fim de subtrair-se à curiosidade daqueles que pretendiam que lhes revelasse o futuro. (N. do T.)
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Livro : O que é o espiritismo? Cap. III
158. Qual, na vida futura, a sorte das crianças que morrem em tenra idade?
Esta questão é uma das que melhor provam a justiça e a necessidade da pluralidade das existências. Uma alma que só tiver vivido alguns instantes, sem fazer nem bem nem mal, não pode merecer prêmio nem castigo, pois, segundo a máxi­ma do Cristo — cada um é punido ou recompensado conforme suas obras — é tão ilógico como contrário à justiça de Deus admitir-se que, sem trabalho, essa alma seja chamada a go­zar da bem-aventurança dos anjos, ou que desta se veja priva­da; entretanto, ela deve ter um destino qualquer. Um estado misto, por toda a eternidade, seria igualmente uma injustiça. Uma existência logo em começo interrompida, não podendo, pois, ter conseqüência alguma para a alma, tem por sorte atual o que mereceu da existência anterior, e futuramente o que vier a merecer em suas existências ulteriores.
 

Aprendendo com o livro dos Espíritos questão 197

 
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Comentário pelo Espírito Miramez:

 

Fonte:  http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q197c.html

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Revista Espírita 1866-Agosto-Criança , guia espirituais dos pais



Tendo perdido um filho de sete anos, e tendo-se tornado médium, a mãe teve essa mesma criança como guia. Um dia lhe fez a seguinte pergunta:
- Caro e bem amado filho, um espírita meu amigo não compreende e não admite possas ser o guia espiritual de tua mãe, porque ela existia antes de ti e, indubitavelmente, deve ter tido um guia, mesmo que fosse apenas durante o tempo em que tivemos a felicidade de ter-te ao nosso lado. Podes dar-nos algumas explicações?
Resposta do Espírito da criança ─ Como quereis aprofundar tudo o vos parece incompreensível? Aquele que vos parece mesmo o mais adiantado no Espiritismo está apenas nos primeiros elementos dessa doutrina e não sabe mais do que esse ou aquele que vos parece capaz de tudo e capaz de vos dar explicações. Eu existi muito tempo antes de minha mãe, e ocupei, em outra existência, uma posição eminente por meus conhecimentos intelectuais.
Mas um imenso orgulho se havia apoderado de meu Espírito, e durante várias existências consecutivas fui submetido à mesma prova, sem poder dela triunfar, até chegar à existência em que estava junto de vós. No entanto, como já estava adiantado, e minha partida devia servir ao vosso adiantamento, a vós, tão atrasados na vida espírita, Deus me chamou antes do fim de minha carreira, considerando minha missão junto a vós mais aproveitável como Espírito do que como encarnado.
Durante minha última estada na Terra, minha mãe teve o seu anjo guradião junto a ela, mas temporariamente, pois Deus sabia que era eu que devia ser o seu guia espiritual, e que eu a levaria mais eficazmente para o caminho do qual ela estava tão afastada. O guia que ela tinha então, foi chamado para outra missão, quando vim tomar seu lugar junto a ela.
Perguntai aos que sabeis mais adiantados do que vós se esta explicação é lógica e boa, porque pode ser que, considerando-se que esta é minha opinião pessoal, talvez eu me engane. Enfim, isto vos será explicado, se perguntardes. Muitas coisas ainda vos são ocultas e vos parecerão claras mais tarde. Não queirais aprofundar muito, porque dessa constante preocupação nasce a confusão de vossas ideias. Tende paciência, pois assim como um espelho embaciado por um sopro ligeiro, se clareira pouco a pouco, vosso espírito tranquilo e calmo atingirá esse grau de compreensão necessário ao vosso adiantamento.
Coragem, pois, bons pais; marchai com confiança, e um dia bendireis a hora da prova terrível que vos trouxe ao caminho da felicidade eterna, sem a qual teríeis ainda muitas existências infelizes a percorrer.

OBSERVAÇÃO: Esse menino era de uma precocidade intelectual rara para a sua idade. Mesmo gozando de boa saúde, parecia pressentir seu fim próximo. Ele se alegrava nos cemitérios e, sem jamais ter ouvido falar em Espiritismo, no qual seus pais não acreditavam, muitas vezes perguntava se, quando se estivesse morto, não se poderia voltar aos que se tinha amado. Ele aspirava a morte como uma felicidade e dizia que quando morresse sua mãe não deveria afligir-se, porque ele voltaria para junto dela. Com efeito, foi a morte de três filhos em alguns dias que levou os pais a buscar uma consolação no Espiritismo. Eles encontraram largamente essa consolação, e sua fé foi recompensada pela possibilidade de conversar a cada instante com os filhos, porque a mãe se tornou excelente médium em bem pouco tempo, tendo seu próprio filho como guia, Espírito que se revela por uma grande superioridade.

 

segunda-feira, 26 de junho de 2017

CURA DO HIDRÓPICO Segundo Carlos Pastorino

CURA DO HIDRÓPICO
Luc. 14:1-6
1.E aconteceu que ao vir ele (Jesus) à casa de um dos chefes fariseus,no sábado, para comer pão, este o estava observando.
2.E eis que certo homem hidrópico estava diante dele.
3.E respondendo Jesus falou aos doutores da lei e fariseus, dizendo: "É lícito curar no sábado, ou não"?
4.Eles calaram-se. E tocando, curou-o e libertou-o,
5.e a eles disse: "qual de vós, se cair no poço um filho ou um boi,imediatamente não o levanta, mesmo em dia de sábado"?
6.E não puderam responder a isso.

Este trecho e os três seguintes pertencem ao mesmo  episódio: um almoço na casa "de certo chefe fariseu" (tínos tôn archóntôn pharisaíôn), ou seja, de algum dos membros influentes do partido, porque os fariseus jamais tiveram o que pudesse denominar-se um "chefe" oficial. No entanto, havia vários membros do partido que, por sua posição social, cultural, política ou financeira, gozavam de maior prestígio, e eram considerados "archontes" (principais, destacados, influentes, chefes etc.).
O que convidou Jesus parece que era simpático ao Mestre, como veremos pela atenção e delicadeza com que O trata, e pelas lições de perfeição que recebe, num grau bem mais elevado que o da plebe. 
E o convite, mesmo depois de tantas acusações feitas a Jesus e de Suas invectivas contra os fariseus demonstra que havia, pelo menos, admiração e desejo de aprender. Não obstante, o anfitrião não deixa de observá-Lo.
A expressão "comer pão" era corrente em hebraico para significar uma refeição sem formalismo.
Ao entrar em casa dos fariseus Jesus vê diante de si (émprosthen autoú) um hidrópico. Dizem os hermeneutas que no oriente há mais liberdade de alguém penetrar na casa de estranhos, do que um ocidental permitiria, e por isso o hidrópico deve ter entrado ao ver Jesus para já dirigir-se. Mas quem nos diz que o hidrópico era um mendigo? podia até ser um dos convidados. Nem só os mendigos adoecem de hidropisia. Ou podia ser um dos agregados ou empregados. O texto diz que Jesus "viu diante de si",dando a entender que o enfermo já estava na casa. E o verbo apolyô não significa rigorosamente, nem apenas, "despedir" (dando idéia de que se manda embora uma pessoa), mas também "libertar".
O fato é que Jesus aproveita o ensejo e pergunta se é licito curar no sábado,como o fizera na sinagoga(Luc. 6:9; vol. 2) com o homem da mão atrofiada. Já fora criticado por fazê-lo (Luc. 13:14), mas sempre ensinou que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mat. 12:8 e Luc. 6:5;vol. 2).
Como não pudessem responder sobre a liberdade ou não do ato, o Mestre não perde tempo: toca o enfermo, despejando sobre ele Seus poderes e Seu magnetismo curador, e liberta-o da enfermidade; além de curá-lo, deixa-o livre. Não exige declaração de fé, como fizera em outros casos, nem avisa quanto ao perigo de uma recaída, se tornasse a errar. Por faltarem esses pormenores é que preferimos traduzir apolyô por "libertar”: o curado estava libertado do carma.
Depois prossegue na argumentação, demonstrando aos presentes que, se eles libertam um filho ou um boi, quando caem num poço num dia de sábado por que não poderia Ele faze-lo a uma criatura humana? Por que um filho merece mais que um estranho? Não sofrem ambos? E por que um boi vale mais,por ser "nosso", do que um irmão, filho do mesmo Pai celestial ?
A comparação já fora feita com "um boi e um asno”(Mat. 12:11; Luc. 13:15). Agora aparece um filho ou um boi", com ótimos testemunhos (papiros 45, 75, códices A, B, E, G, H, L, M, S, U, V, W, gama,deltae boi” (códices sinaítico, K, X,pi, psi e siríaca sinaítica).
O argumento era decisivo. Nada foi dito e, parece, o fato foi bem aceito.
A lição versa sobre o serviço aos estranhos, oposto aos do próprio círculo de parentesco ("filho") e das propriedades ("bois"). Todos somos UM. E não há dias nem datas prefixadas para atender aos necessitados. Desde que se apresente a necessidade , ajuda-se, sem burocracia, sem exigências, sem condições, com todo o amor.
Mas todos os que entram no "Caminho" são agudam ente observados pelos profanos, que os julgam por sua pauta humana mesquinha, e fazem questão cerrada  de amoldá-los a suas formas prefabricadas, segundo os preceitos inventados por eles como regras infalíveis, atribuindo-os sempre a um deus que lhes está sujeito, como títere em suas mãos.
A figura do hidrópico é típica como exemplificação, tal como fora a da "mulher recurvada" (Luc.13:11). Aqui a imagem é tirada de um hidrópico (1).
(1) A hidropisia é causada pelo derrame de serosidade em qualquer cavidade do corpo, tomando nomes técnicos de acordo com o local (hidrotórax, no peito;hidrocefalia, na cabeça; hidroftalmia, nos olhos;edema ou anasarca a total ou parcial infiltração no tecido celular, etc.). No entanto, vulgarmente, a hidropisia é tida como sinônimo de "barriga d'água", embora, no ventre, os médicos a denominem oficialmente "ascite" (doença de que desencarnou o famoso Domingos de Gusmão, fundador dos frades dominicanos (cfr. Frei Luiz de Souza, "História de São Domingos", livro 5, cap. 38).
A hidropisia faz inchar a parte do corpo atacada pela enfermidade. Assim, o convencimento de ser"dono da verdade" incha o pequeno eu vaidoso (cfr. Paulo: 1.ª Cor. 4:18, 19; 5:2; 8:1; Col. 2:18,. 1.ªTim. 3:6). Nada mais típico para ensinar-nos que precisamos curar (sobretudo em nós mesmos!) essas hidropisias intelectualóides, a fim de conseguir a humildade indispensável para compreender as lições que nos são trazidas. Curada a hidropisia do orgulho, o espírito é libertado (apolyô) e progredirá sem empecilhos