O texto colocado entre aspas, em seguida às perguntas,
é a resposta que os Espíritos deram. Para destacar as notas e explicações
aditadas pelo autor, quando haja possibilidade de serem confundidas com o
texto da resposta, empregou-se um outro tipo menor. Quando formam
capítulos inteiros, sem ser possível a confusão, o mesmo tipo usado para
as perguntas e respostas foi o empregado.
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Comentário pelo Espírito Miramez:
Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q199c.html
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Livro dos Espíritos:
347. Que utilidade encontrará um Espírito na sua encarnação em um corpo que morre poucos dias depois de nascido?
“O
ser não tem então consciência plena da sua existência; a importância da
morte é quase nenhuma. Freqüentemente é, como já dissemos, uma prova
para os pais.”
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Anna Bitter
Ser
atingido pela perda de um filho adorado é um desgosto doloroso; mas ver
um filho único que dá as mais belas esperanças, no qual se concentraram
suas únicas afeições,
definhar sob seus olhos, extinguir-se sem sofrimentos, por uma causa
desconhecida, uma dessas bizarrias da natureza que desconcertam a
sagacidade da ciência; ter esgotado inutilmente todos os recursos da
arte e adquirido a certeza de que não há nenhuma esperança, e aguentar
essa angústia de cada dia durante longos anos sem lhe prever o fim, é um
suplício cruel que a fortuna aumenta, em vez de aliviá-lo, porque se
tem a esperança de ver um dia um ser querido desfrutar dela.
Tal
era a situação do pai de Anna Bitter; assim, um desespero sombrio se
apossara da sua alma, e seu caráter se azedava cada vez mais à vista
desse espetáculo pungente cuja saída não podia ser senão fatal embora
indeterminada. Um amigo da família, iniciado no Espiritismo, acreditou
dever interrogar seu Espírito protetor a esse respeito, e recebeu dele a
resposta seguinte:
“Aceito
dar-te a explicação do estranho fenômeno que tens sob os olhos, porque
sei que ao pedir-ma não és movido por uma indiscreta curiosidade, mas
pelo interesse que diriges a essa pobre criança, e porque surgirá para
ti, crente na justiça de Deus, um ensinamento valioso. Aqueles que o
Senhor quer atingir devem curvar sua fronte e não o maldizer e se
revoltar, pois ele nunca atinge sem causa. A pobre garota, cujo decreto
de morte o Onipotente suspendera, deve em breve voltar para o nosso
seio, pois Deus teve compaixão dela, e seu pai, esse desgraçado entre os
homens, deve ser atingido na única afeição da sua vida, por ter troçado
do coração e da confiança daqueles que o cercam. Por um momento seu
arrependimento tocou o Altíssimo, e a morte suspendeu seu gládio sobre
essa cabeça tão querida; mas a revolta voltou, e o castigo segue sempre a
revolta. Felizes de vós quando é nesta terra que sois castigados! Orai,
meus amigos, por essa pobre criança, cuja juventude tornará difíceis os
últimos momentos; a seiva é tão abundante nesse pobre ser, apesar do
seu estado de definhamento, que a alma se desprenderá com dificuldade.
Oh! orai; mais tarde ela vos ajudará, e ela mesma vos consolará, pois
seu Espírito é mais elevado do que o das pessoas que a rodeiam.
“Foi
por uma permissão especial do Senhor que pude responder ao que me
perguntaste, porque é preciso que esse Espírito seja ajudado a fim que o
desprendimento seja mais fácil para ele.”
O
pai morreu depois de ter sofrido o vazio do isolamento da perda da
filha. Eis as primeiras comunicações que ambos deram após a morte.
A filha.
Obrigada, meu amigo, por vos terdes interessado pela pobre criança, e
por terdes seguido os conselhos do vosso bom guia. Sim, graças às vossas
preces, pude deixar mais facilmente meu envoltório terrestre, pois meu
pai, infelizmente, não orava: maldizia. No entanto, não lhe quero mal:
era devido à sua grande ternura por mim. Peço a Deus para lhe fazer a
graça de ser esclarecido antes de morrer; incito-o, encorajo-o; minha
missão é aliviar seus últimos instantes. Por vezes um raio de luz divina
parece penetrar até ele; mas não é senão um relâmpago passageiro, e ele
volta logo às suas ideias iniciais. Há nele apenas um germe de fé
asfixiado pelos interesses do mundo, e que só novas provas mais
terríveis poderão desenvolver; pelo menos assim o temo. Quanto a mim,
não tinha senão um resto de expiação a cumprir, é por isso que ela não
foi muito dolorosa, nem muito difícil. Na minha estranha doença, eu não
sofria; era antes um instrumento de provação para meu pai, pois ele
sofria mais de me ver naquele estado do que eu; eu estava resignada, e
ele não. Hoje estou recompensada, Deus fez-me a graça de abreviar minha
estada na Terra, e agradeço-lhe. Estou feliz no meio dos bons Espíritos
que me cercam; todos nos dedicamos às nossas ocupações com alegria, pois
a inatividade seria um cruel suplício.
(O pai, aproximadamente um mês após a morte.)
P. Nosso objetivo, ao chamar-vos, é inquirir sobre vossa situação no
mundo dos Espíritos, para vos sermos úteis se estiver em nosso poder. –
R. O mundo dos Espíritos! Não vejo nenhum. Não vejo senão os homens que
conheci e dos quais nenhum pensa em mim e sente minha falta; pelo
contrário, eles parecem estar contentes de se terem livrado de mim.
P. Dais-vos bem conta da vossa situação?
– R. Perfeitamente. Durante algum tempo acreditei ser ainda do vosso mundo, mas agora sei muito bem que não sou mais.
P. Como explicar então que não víeis outros Espíritos à vossa volta? – R. Ignoro-o; entretanto, tudo é claro à minha volta.
P.
Não revistes vossa filha? – R. Não; ela morreu; procuro-a, chamo-a
inutilmente. Que vazio horroroso sua morte me deixou na Terra! Ao
morrer, eu me dizia que a reencontraria sem dúvida; mas nada; sempre o
isolamento à minha volta; ninguém que me dirija uma palavra de consolo e
de esperança. Adeus; vou procurar minha filha.
O guia do médium.
Este homem não era ateu, nem materialista; mas era daqueles que creem
vagamente, sem se preocupar com Deus nem com o futuro, absorvidos como
estão pelos interesses da terra. Profundamente egoísta, teria sem dúvida
sacrificado tudo para salvar a filha, mas teria também sacrificado sem
escrúpulo todos os interesses de terceiros em seu benefício pessoal.
Exceto por sua filha, não tinha apego por ninguém. Deus o puniu por
isso, como sabeis; tirou-lhe sua única consolação na terra, e como ele
não se arrependeu, ela também que lhe é tirada no mundo dos Espíritos.
Ele não se interessava por ninguém na terra, ninguém se interessa por
ele aqui; está sozinho, abandonado: essa é sua punição. A filha está
perto dele, no entanto, mas ele não a vê; se a visse, não seria punido. O
que ele faz? dirige-se a Deus? arrepende-se? Não; murmura
continuamente; blasfema até; faz, numa palavra, como fazia na terra.
Ajudai-o, pela prece e com conselhos, a sair de sua cegueira.
Livro: O Céu e o Inferno
Segunda Parte - Exemplos - Capítulo VIII - Expiações terrestres
Segunda Parte - Exemplos - Capítulo VIII - Expiações terrestres
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