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sábado, 27 de fevereiro de 2021

DA LEI DE IGUALDADE

 1 - PRIMITIVISMO OU SUBNUTRIÇÃO:


"Perante Deus, são iguais todos os bomens?"


"Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis frequentemente: "O Sol é luz para todos" e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais. " Questâo n° 803 (Da Lei de Igualdade).


Partindo do princípio de que Deus é a equidade perfeita, a justiça sem mácula, é evidente que considera iguais todos os homens. Fomos criados para um mesmo fim: a Perfeição. Mais cedo ou mais tarde lá chegaremos, quer queiramos ou não, porquanto essa é a vontade do Criador, que não falha jamais em seus objetivos.


Dentro de milhares ou milhões de anos - espaço de tempo vasto para os padrões humanos, mas insignificante diante da Eternidade - teremos desenvolvido plenamente nossas potencialidades criadoras, ajustando-nos adequadamente as Leis Divinas. Seremos, então, prepostos do Senhor, co-partícipes na obra da Criação, e embora as limitações do relativo diante do Absoluto, da criatura diante do Criador, seremos deuses, segundo expressão do salmista, citada por Jesus (João, 10;34).


Nessa longa jornada rumo aos objetivos finais de nossa existência, não partimos todos ao mesmo tempo. Há, por isso, Espíritos em variadas faixas de evolução. Natural, portanto, que os encontremos na Terra, encarnados ou desencarnados, revelando profunda diversificação de entendimento, compreensão, inteligência, vocação, moralidade.


O assunto exige cuidado para não incorrermos no engano de avaliar a condição evolutiva do indivíduo pela posição que ocupa na sociedade. Há Espíritos altamente cultos e intelectualizados que ressurgem na Terra em situação de penúria, experimentando limitações que os ajudarão a vencer sentimentos inferiores de ambição, orgulho, vaidade ...


Por outro lado, há Espíritos de mediana evolução que, por força de experiências necessárias ao seu aprendizado, reencarnam no seio de classes abastadas, onde terão amplas facilidades de aprendizado e ação no meio social, detendo valiosos patrimônios materiais.


Encontramos nas camadas mais pobres uma incidência significativa de indivíduos sem iniciativa, inspirando-nos a impressão de que, nesse vasto segmento da população, em países subdesenvolvidos, localizam-se Espíritos primitivos ... Visitadores de organizações assistenciais defrontam-se, frequentemente, com famílias que parecem absolutamente incapazes de melhorar sua condição social, ainda que orientadas, ajudadas e estimuladas.


São Espíritos primitivos ou estamos diante de problemas decorrentes da própria situação em que se encontram? Até que ponto o Espírito de mediana evolução conseguiria superar condicionamentos psicológicos e culturais impostos pela pobreza?


Consideremos outro fator importante: a nutrição.


Sabe-se que durante a gestação e nos primeiros anos de vida é de fundamental importância que a criança tenha uma alimentação sadia, enriquecida principalmente por proteínas, a fim de que sua estrutura orgânica e, particularmente, suas células cerebrais, tenham um desenvolvimento adequado. Caso contrário, poderá sofrer danos irreparáveis, tornando-se apática, sem iniciativa, com dificuldade de raciocínio e atenção. Salvo em circunstâncias especiais, envolvendo Espíritos altamente evoluídos, as leis biológicas não serão contrariadas.


Recordamos o clássico exemplo do exímio violinista, usando instrumento defeituoso. Por mais se esforce, não conseguirá emprestar brilho a execução. Da mesma forma, Espíritos reencarnados de razoável desenvolvimento mental e intelectual terão imensas dificuldades em exercitar suas potencialidades, se houverem sofrido carências nutritivas nos primeiros anos de vida.


O renascimento em lares extremamente pobres pode ocorrer por uma questão de disponibilidade. À falta de portas melhores para o retorno a carne, Espíritos preementemente necessitados da experiência física reencarnam em lares paupérrimos, onde as portas jamais se fecham.


Mas, se a Providência faculta essa Possibilidade, não é pela vontade de Deus que o indivíduo seja subnutrido, faminto, miserável... A Vida é dádiva do Criador; a condição de vida é obra da criatura. O Homem é responsável pela existência de pessoas que morrem de fome, de crianças condenadas a um futuro problemático em face da subnutrição. Semelhantes limitações não podem ser debitadas a inamovíveis desígnios divinos - nenhum pai deseja isso para seu filho - mas à omissão de uma sociedade regida pelo egoísmo, onde cada um cuida de si e "o resto que se dane".


A compreensão de que somos todos iguais perante Deus implica na responsabilidade de oferecermos idênticas oportunidades aos Espíritos que reencarnam, não à custa de simples medidas governamentais, sempre omissas e limitadas, nem de revoluções armadas, que repetem velhos enganos e fomentam eternas ambições, perpetuando injustiças e desigualdades, mas por iniciativa da própria sociedade, daqueles que, em situação melhor, se disponham a ajudar os seus irmãos.


Imaginemos que prodígios de promoção humana, de recuperação da pobreza operaríamos com a simples mobilização das classes sociais mais bem aquinhoadas, a procurar os lares humildes para oferecer aos Espíritos que ali iniciam sua romagem terrena condições para um desenvolvimento físico e mental sadio !


Aos que supõem que semelhante esforço é mera utopia, recordamos que Jesus não foi um visionário empolgado por sonhos irrealizáveis. Ao empenhar seu apostolado no esforço em favor dos humildes, deixou bem claro que verdadeira utopia é pretender que o Reino de Deus se estabeleça no Mundo por decreto divino, sem adesão da criatura humana aos princípios de solidariedade e fraternidade que o fundamentam.


2 - MOBILIZAÇÃO


"Há pessoas que, por culpa sua caem na miséria. Nenhuma responsabilidade caberá disso à sociedade?"

"Mas, certamente. Já dissemos que a sociedade é muitas vezes a principal culpada de semelhante coisa. Demais, não tem ela que velar pela educação moral dos seus membros? Quase sempre, é a má educação que lhes falseia o critério, ao invés de sufocar-lhes as tendências perniciosas." Questão n° 813 (Da Lei de Igualdade)


A idéia do determinismo, o "malktub" (estava escrito), da filosofia oriental, está profundamente arraigada no espírito religioso. Não são poucos os profitentes a conceberem que Deus sabe o que faz, e se há miséria, infelicidade e sofrimento no Mundo, é porque deve ser assim.


Os espíritas nem sempre fazem melhor. O princípio da Reencarnação inspira a muitos companheiros a impressão de que, se estamos todos resgatando dívidas cármicas e se cada indivíduo se movimenta em faixa evolutiva própria, com suas tendências e necessidades, não será lícito pretender grandes mudanças, o que, hipoteticamente, somente ocorrerá quando a Terra for promovida na sociedade dos, mundos, deixando a condição de planeta de expiação e provas.


Isto equivale a dizer que os males do Mundo são obra de Deus, o que está fundamentalmente errado. Eles são produzidos pelo Homem, que, com suas ambições, sua incúria, seus preconceitos, gera os desníveis sociais, as crises econômicas, as guerras destruidoras, a crônica infelicidade.


Quando Jesus proclama que não cai uma folha da árvore sem que seja pela vontade de Deus, isto não significa que Deus derrube as folhas. O Criador sustenta a vida, que se perpetua no transformismo incessante da Natureza, segundo as leis por Ele instituídas.


Da mesma forma, Deus não gera os males humanos, mas permite que aconteçam para que o Homem aprenda, com a força ele suas experiências, o que é melhor para ele, no incessante transformismo da moral em evolução, igualmente orientada por leis divinas.


Imperioso, portanto, superar a atitude contemplativa ou de indiferença que marca o comportamento humano. É preciso mobilizar os homens pela palavra e pelo exemplo, demonstrando ser indispensável estabelecer dos de solidariedade entre os componentes da sociedade, a fim de que possamos, efetivamente, superar as misérias da Terra.


Não se trata, simplesmente, de beneficiar o semelhante, mas, essencialmente, a nós mesmos com esse empenho. Se moramos no campo e observamos o mato crescer em torno de nossa casa, invadindo a lavoura, podemos dizer: "O mato cresce pela vontade de Deus." No entanto, se nos acomodarmos, embalados por essa convicção, o mato continuará a crescer, sufocará a plantação, favorecerá o aparecimento de répteis e insetos nocivos. Viveremos miseravelmente, com ameaças à própria integridade física. O que diremos depois? "Foi a vontade de Deus?"


Os bolsões de miséria crescem em toda parte, como mato insidioso, gerado por injustiças sociais. Dali sai a grande maioria dos crimes, dos roubos, dos assassinatos, das prostituições, males que assolam a sociedade. Imperioso derrubar esse matagal, ajudando de forma efetiva aqueles que enfrentam problemas dessa natureza, a fim de que não sejam tentados pela tendência humana de resolvê-las na marginalidade criminosa.


Fala-se muito em mudanças nas estruturas sociais.


Há revoluções, sucedem-se os regimes e sistemas - comunismo, socialismo, parlamentarismo, fascismo, presidencialismo, monarquismo, totalitarismo, capitalismo, - enquanto se perpetuam a miséria e o infortúnio. No entanto, qualquer "ismo" funcionaria bem, resolveria os problemas sociais, se conseguíssemos eliminar um outro "ismo", presente em todos eles: o egoísmo, o culto a própria personalidade.


A vida em sociedade implica em responsabilidades, a começar pela mais elementar: trabalhar pelo bem comum, ideal inatingível enquanto considerável parcela da sociedade estiver marginalizada pela enfermidade, pela penúria, por problemas de comportamento.


Há dois mil anos o Cristo deixou na Terra os fundamentos do Reino de Deus. Outros tantos milênios poderão passar sem que seja edificado, se não desenvolvermos o espírito de serviço no campo da Fraternidade, ensaiando desprendimento e boa vontade.


Em todas as cidades há grupos de trabalho de variadas denominações religiosas, despertos para semelhante realidade, cujos membros estão tentando viver a mensagem de Jesus, participando de organizações de assistência e promoção humanas, motivados por sagrado idealismo.


Se esses poucos abnegados produzem tanto, imaginemos que prodígios seriam feitos, se houvesse uma ampla mobilização de todos os segmentos da população em condições de participar !


Um dia todos compreenderemos que a Vida vem de Deus, mas à qualidade de vida vem do Homem.


O Cristo mostra-nos o caminho, mas não pode caminhar por nós. Oferecendo-nos orientação e exemplo, o Mestre deixou bem claro que o serviço da redenção humana, de erradicação do Mal, da miséria, do infortúnio, é trabalho impostergável de todos os homens.


3 - O HOMEM E A MULHER


"São iguais perante Deus o bomem e a mulher e têm os mesmos direitos? "


"Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?" Questão n° 817 (Da Lei de Igualdade).


"Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos, porque para a mulher é vergonhoso falar nas igrejas."


Estas preconceituosas recomendaçôes, que reduzem a mulher a mera ouvinte nas atividades religiosas, surpreendentemente foram feitas pelo apóstolo Paulo, em sua Primeira Epístola aos Coríntios (capítulo 13, versículos 34 e 35). Não obstante sua inteligência e lucidez, o grande arauto do Cristianismo não conseguiu superar as limitaçôes de seu tempo em relação a mulher, considerada então um ser inferior, mera serva do homem, que podia, dentre outras prerrogativas, dispensá-la como esposa, se não a desejasse mais, obriga-la a coabitar com concubinas ou mandá-la apedrejar se suspeitasse de sua fidelidade.


Ela era marginalizada até mesmo em razão de suas funções biológicas. A menstruação a tornava impura. O mesmo ocorria no nascimento de filhos, obrigando-a a severas disciplinas e a indispensáveis rituais de purificação.


Nem mesmo a gloriosa mensagem do Cristo, combatendo todos os preconceitos, foi suficiente para libertar a mulher de discriminações que perduraram até o início deste século.


Em 1857, quando foi lançado "O Livro dos Espíritos", era inconcebível qualquer pretensão de igualdade entre os sexos. Estavam por ser articulados os movimentos feministas que garantiriam a mulher o direito de votar, de exercer profissão liberal, de gerir seus próprios negócios, de exercitar o livre-arbítrio. Nesta como em muitas outras questões, a Doutrina Espírita situava-se numa vanguarda de idéias renovadoras em favor de uma sociedade mais justa.


Nem poderia ser diferente, partindo do princípio doutrinário segundo o qual o Espírito não tem sexo. Tanto pode encarnar em corpo masculino ou feminino. Iguais quanto à origem e destinação, inteligentes e perfectíveis, o homem e a mulher devem exercitar direitos idênticos.


Estão distantes os tempos em que "filósofos" discutiam se a mulher tem alma e somente em sociedades primitivas pode persistir a concepção de que ela é inferior ao homem.


Contribuíram para essa desejada igualdade os imperativos da sociedade atual, em que a mulher é convocada a exercer uma atividade profissional, não simplesmente por uma necessidade de auto-afirmação, mas, sobretudo, em decorrência de um problema econômico, a fim de auxiliar na formação de renda que atenda às necessidades de subsistência da família. Raros os lares que podem dispensar tal iniciativa.


Há quem afirme que a liberação feminina, longe de representar um progresso, transformou-se em instrumento de conturbação da sociedade, favorecendo o aumento da infidelidade conjugal, o negligenciamento dos filhos e a dissolução da família.


Apesar do caráter machista que acompanha críticas dessa natureza, forçoso reconhecer que o processo de liberação da mulher não se faz de forma pacífica, gerando dificuldades no relacionamento familiar e inspirando perturbadoras iniciativas na alma feminina.


Muitos lares estão em crise porque a mulher não admite ser contestada em sua disposição de fazer o que julga conveniente, em favor de sua auto-realização, não vacilando em partir para a separação se encontra resistência no cônjuge.


Semelhantes problemas são passageiros, situando-se como tremores de superfície que acompanham modificaçôes nas profundezas, e serão superados na medida em que a Humanidade assimilar plenamente um princípio fundamental, enunciado na questão número 822-a, de "O Livro dos Espíritos", quando Kardec interroga se uma legislação perfeitamente justa deve consagrar a igualdade de direitos entre o homem e a mulher. Respondem os Mentores:


"Dos direitos, sim; das funçôes, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete" ...


Pretender absoluta igualdade envolvendo as funções é contrariar a própria biologia. O homem foi estruturado para o trabalho mais pesado, no esforço da subsistência familiar; a mulher é convocada às responsabilidades do lar, particularmente no cuidado dos filhos.


O progresso moral iguala ambos quanto aos direitos.


O progresso material os aproxima no desempenho de funções, na medida em que o trabalho se torna menos pesado na atividade profissional e mais prático no lar, com as conquistas da tecnologia. Ambos podem dividir parte de suas atribuições.


No entanto, é preciso reconhecer que à mulher está afeta a mais sublime nisso, o mais elevado ideal, a tarefa redentora por excelência: a preparação do ser humano para a Vida. Edificaremos um mundo melhor na medida em que a criança for convenientemente orientada. E esse serviço, por mais o neguem as feministas intransigentes, compete muito mais a mulher. Ela é a preceptora por excelência, a educadora mais eficiente. A maternidade é, talvez, a mais sacrificial e árdua de todas as missões, mas, se exercitada em plenitude é, também, a mais gloriosa de todas as realizações humanas.


Não pretendemos a reinstituição das Amélias, o retorno da mulher à condição de escrava do lar. Ela tem o direito e, mais que isso, a necessidade de desenvolver atividades na comunidade. Mas é preciso reconhecer que acima dos sucessos no campo social e profissional, está a suprema realização feminina como esposa e mãe, sustentando o lar, que é reconhecidamente a célula básica da civilização.


Evocando as funções redentoras da alma feminina, Victor Hugo tece significativas comparações entre o homem e a mulher:


"O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono; para a mulher um altar. O trono exalta; o altar santifica.


O homem é o cérebro; a mulher o coração. O cérebro produz a luz; o coração o amor. A luz fecunda. O amor ressuscita.


O homem é um gênio; a mulher um anjo. O gênio é imensurável; o anjo indefinível. A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher a virtude extrema. A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.


O homem tem a supremacia; a mulher a preferência. A supremacia representa a força; a preferência o direito. O homem é forte pela razão; a mulher é invencível pela lágrima. A razão convence, a lágrima comove.


O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher de todos os martírios. O heroísmo enobrece; o martírio sublima. O homem é o código; a mulher o evangelho. O código corrige; o evangelho aperfeiçoa. O homem é um templo; a mulher um sacrário. Ante o templo, nós nos descobrimos; ante o sacrário, ajoelhamo-nos.


O homem pensa; a mulher sonha. Pensar é ter cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola. O homem é um oceano; a mulher um lago. O oceano tem a pérola que o embeleza; o lago tem a poesia que o deslumbra. O homem é uma águia que voa; a mulher um rouxinol que canta. Voar é dominar os espaços; cantar é conquistar a alma. O homem tem um fanal: a consciência. A mulher tem uma estrela: a esperança. O fanal guia e a esperança salva.


Enfim, o homem está colocado onde termina a Terra. A mulher onde começa o Céu.


Richard Simonetti

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Esterótipos


Naquele bar, um espelho mágico, destinado a testes femininos.
A mulher que mentisse diante dele sumiria, como num passe de mágica – “poof”!
Se falasse a verdade, seria premiada com a realização de um desejo.
Bela ruiva disse, a mirar-se:
– Pensando, cheguei a conclusão de que sou a mulher mais linda do mundo.
“Poof”!
Atraente morena, contemplando sua imagem, afirmou:
– Penso que sou a mulher mais sexy do mundo.
“Poof!”
Veio uma loira, muito bonita…
– Andei pensando…
“Poof!”

***
Pois é, leitor amigo, estamos diante de um estereótipo, ou lugar-comum, envolvendo uma idéia equivocada:
As loiras não estão acostumadas a pensar.
Atribui-se a Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão, um estereótipo mais contundente.
A mulher é esse ser de cabelos cumpridos e idéias curtas.
Maldade do filósofo.
Nem todas têm cabelos cumpridos…
Perdoe-me, prezada leitora.
Espero não perder sua amizade, por não perder a oportunidade da pilhéria.

***
Mudemos o enfoque.
Nota-se arraigada tendência em alguns religiosos:
Enxergam, invariavelmente, influências demoníacas, em pessoas com problemas psicológicos e fisiológicos.
É o diabo! – afirmam, convictos, como se fossem dotados de infalível radar para detectar a presença do tinhoso.
Trata-se de um estereótipo da pior espécie, infundado, inspirado na ignorância e no preconceito.
Na ânsia de atrair a atenção da multidão, promovem verdadeiros espetáculos, em rituais de exorcismo.
Não raro, esse “diabo” que pretendem exorcizar é um “pobre diabo”, um sofredor recém-desencarnado, sem a mínima noção do que lhe aconteceu.
Aproxima-se de familiares como um náufrago a pedir socorro e acaba por perturbá-los, imprimindo neles algo de suas angústias.
Precisa de ajuda, de orientação, de um tratamento carinhoso. Imagino sua perplexidade, diante de um exorcista a situá-lo como o tinhoso.
Para Espíritos de atilada inteligência, perfeitamente conscientes do que fazem e que nisso se comprazem, a prática exorcista é inócua. Desperta-lhes o riso.
Podem, eventualmente, afastar-se para satisfazer o ego dos exorcistas e baixar a guarda das vítimas, mas logo voltam ao ataque, com mais força.
Jesus evoca esse problema, quando situa o Espírito perturbador como alguém que deixa uma casa (a mente do obsidiado); depois, volta com sete companheiros, e o estado da vítima fica muito pior.

***
Nessa história de influências espirituais é preciso evitar estereótipos dessa natureza, partindo da idéia mais compatível com a lógica e o bom senso.
Os Espíritos são as almas dos mortos.
O mundo espiritual é uma projeção do mundo físico.
Aqui ficam aqueles que, libertando-se dos liames da matéria, permanecem presos aos interesses humanos.
Não raro aproximam-se dos encarnados para pedir socorro ou induzir ao erro, sempre de conformidade com suas próprias tendências.
Isso não deve nos assustar, nem nos ensejará problemas.
Basta orientar nossa existência por princípios de bondade e integridade, cultivando o estudo e o discernimento em relação ao assunto..
Teremos, então, condições para ajudar Espíritos perturbados ou perturbadores, sem sermos perturbados por eles.
Livro Para Rir e Refletir
 http://www.richardsimonetti.com.br/artigos/exibir/64

terça-feira, 9 de julho de 2013

Um retrato do mercado editorial espírita

Um retrato do mercado editorial espírita PDF Imprimir E-mail
Escrito por Izabel Vitusso e Eliana Haddad   
richard simonetti 6
Com 53 livros publicados, Richard Simonetti, 77anos, nasceu em Bauru. Filho de duas tradicionais famílias de descendência italiana, conviveu desde cedo com atividades sociais. Sua mãe, Adélia, dirigiu por várias décadas uma oficina de costura, no Centro Espírita Amor e Caridade, atendendo migrantes e famílias pobres da região. Casado com Tânia Regina Simonetti, é pai de Graziela, Alexandre, Carolina e Giovana e avô de Rafaela. Com mais de dois milhões e duzentos mil exemplares vendidos, é membro da Academia Bauruense de Letras.
Simonetti foi funcionário do Banco do Brasil. Desde que se aposentou, em 1986, passou a se dedicar inteiramente às atividades espíritas, particularmente no Centro Espírita Amor e Caridade, ao qual está ligado desde a infância, que desenvolve importante trabalho no campo social – albergue, triagem de migrantes, atendimento à população de rua, creche, assistência familiar e cursos profissionalizantes – beneficiando anualmente cerca de 25 mil pessoas.
Expositor espírita nacional e internacional, com centenas de artigos publicados em jornais, revistas e portais, é de opinião que a imprensa espírita hoje está comportada “até demais”, nela faltando um espaço para críticas e resenhas literárias.
Em 1970, articulou o movimento inicial de instalação dos clubes do livro espírita no Brasil. E é justamente sobre esse mercado editorial que ele fala nessa entrevista. Acompanhe.
Como está o mercado do livro?
Há um problema sério: a concorrência. Há muita gente escrevendo, muitas editoras produzindo livros espíritas, não raro sem qualidade, sem conteúdo doutrinário, Médiuns psicografam algumas mensagens e entendem que devem ser publicadas, confundindo exercícios de psicografia com material para um livro.
Em sua opinião qual o maior desafio do mercado editorial espírita?
Sustentar a pureza doutrinária. Depois que Chico Xavier desencarnou “soltaram a tampa da revelação”. Médiuns transmitem fantasias sobre a vida espiritual, situando-as como desdobramentos do conhecimento espírita. Livros assim vendem bem, fazem mal ao movimento.
Por que o senhor acha que vendem tanto esses livros? É o pessoal que não sabe escolher ou é o que se está oferecendo a eles?
Falta de cultura doutrinária. Gostam de fantasia, principalmente quando romanceada. Aceita-se tudo sem a pergunta essencial: é compatível com a doutrina?
Como fazem a escolha de romances em seu centro?
Impossível analisar tudo o que é publicado. Um bom recurso é selecionar editoras sérias, que publicam livros observando o conteúdo doutrinário.
O senhor acha que essa situação de mercado é consequência apenas da parte comercial, de ser preciso ganhar dinheiro, ou pode ser um movimento das trevas?
Ingenuidade atribuir tudo às trevas. O problema maior é a falta de compromisso com a doutrina, superada pelo empenho de vender mais, ter mais associados, lucrar mais.
O senhor, como autor, presidente do Ceac, foi também o grande incentivador do clube do livro. Como avalia esse projeto hoje?
Em 1976 realizamos, sob os auspícios da USE-Bauru, um amplo movimento de divulgação do Clube do Livro Espírita. Conseguimos contabilizar perto de 200 CLEs. Hoje há um número bem maior, realizando o mais importante trabalho de divulgação do livro espírita. Os CLEs vendem muito.
Qual foi a dinâmica pensada para o funcionamento do clube?
O CLE é muito simples. Organiza-se uma lista de adesões. Em seguida é feita a compra do livro junto à editora, com distribuição ao associado que paga a mensalidade e recebe o seu exemplar. Quando fizemos a campanha de instalação do CLE o slogan era “O Ovo de Colombo” da divulgação espírita. Fizemos inclusive no Correio Fraterno. Muito simples, prático e objetivo.
A ideia era fazer um livro vendendo-o bem mais barato antes de ele sair para as distribuidoras, ganhando-se no volume das vendas, é isso?
Sim e, o mais importante: todos ganham. A editora, que publica mais livros, o CLE, que vende muito, e o leitor, que paga mais barato o livro.
Mas sabe-se que algumas pessoas não honram o compromisso de vender exclusivamente para clubes o que compram com grande desconto, e acabam prejudicando a própria dinâmica do mercado.
Normalmente não deve acontecer, porquanto um CLE costuma ter no mínimo 50 associados. Nenhuma livraria compra tantos livros de um mesmo título.
O que o senhor mudaria se tivesse que lançar o clube do livro hoje?
Tentaria mudar a mentalidade dos dirigentes de clube de livro. Hoje temos um problema sério. Para fazer publicar um romance, a editora vai desembolsar, por exemplo, cinco reais e cinquenta centavos. Os clubes cobram do associado cerca de vinte reais. Mas eles querem comprar da editora por no máximo 6,50. A editora vai receber um real de lucro bruto em cima do custo do livro, que não inclui o custo de manutenção da própria editora. Já escrevi sobre isso. É preocupante como os dirigentes de clube lidam com isso, interessados sempre no lucro. Muitos querem preço, o livro barato. E nem sempre estão preocupados com o conteúdo nem com a sobrevivência das editoras.
Há casos de trabalhadores em casas espíritas que, entusiastas na divulgação da doutrina, vendem livros em porta de centros pelo preço que conseguem nas distribuidoras, o que tem causado problemas com livrarias espíritas há muito estabelecidas nas cidades. Vale tudo em nome da divulgação?
Vender livros nas portas do centro até abaixo do preço de custo pode ser um belo ideal, mas não é compatível com o bom senso. É preciso cuidado para preservar as livrarias. Elas têm despesas, precisam de uma margem de lucro para se sustentar. Considere-se, ainda, que o leitor pode comprar apenas porque está barato. Será que irá ler?
Comenta-se que 60% das pessoas que assinam o clube de livro espírita não são espíritas, gostam de ler romance por prazer. O senhor tem alguma informação sobre isso?
Provavelmente isso acontece. Segundo o IBGE apenas 2% da população brasileira dizem-se espíritas. Certamente haverá muita gente associada ao CLE sem vinculação ao Espiritismo. Os CLEs fazem um excelente trabalho de divulgação entre os simpatizantes, mas seria conveniente uma dosagem quanto ao conteúdo, não ficando apenas em romances, que nem sempre são de conteúdo legitimamente espírita.
E sobre os temas abordados nos livros? O que poderia se fazer de novo em termos de conteúdo?
Pela minha experiência como escritor, acho que a literatura espírita deve ser clara, objetiva, agradável, bem-humorada. Procuro fazer isso, tanto que há pessoas usando os meus livros para fazer palestras e citações. Não há necessidade do uso de dicionário.
É fácil escrever fácil?
Mario Moacyr Porto diz que é fácil escrever difícil; difícil é escrever fácil. Posso escrever um artigo em rápidos minutos, mas é provável que o leitor tenha dificuldade para entender. É fundamental fazê-lo de forma objetiva, eliminar termos de difícil entendimento, demonstrar clareza de linguagem. Isso dá muito trabalho.
O público hoje compra muito mais os lançamentos e deixa de comprar os livros básicos, as obras subsidiárias, se assim podemos dizer, como Kardec, Emmanuel, Denis, Yvonne Pereira, Herculano. O que acontece?
As obras de Allan Kardec vendem bem. Outros autores talvez careçam de maior divulgação. Herculano Pires escreveu muitos livros, mas quase não os vemos, edições esgotadas. É um autor dos mais importantes.
O senhor acha que o público mudou ou continua precisando das mesmas coisas?
Há uma elevação do nível cultural do brasileiro. Natural que hoje se exija mais dos autores.
O que deve ter um bom romance espírita?
Deve ter história envolvente, que prenda a atenção, mas com temática legitimamente espírita que ofereça ao leitor subsídios para uma visão doutrinária da existência humana. Vemos isso na obra de André Luiz. Histórias que fluem bem, mas em cada página há algo para pensar.
Alguns editores têm se manifestado sobre a questão de livros, como o caso dos de Chico Xavier, que ainda não estão em domínio público, mas já estão sendo disponibilizados para serem baixados na internet. É esse o caminho para a divulgação?
Se não houver autorização do autor ou da editora, é uma desonestidade, incompatível com os princípios espíritas. Ressalte-se, porém, que esse movimento não tem grande repercussão. Ler em monitor de computador não é convidativo.(Por Izabel Vitusso e Eliana Haddad)

Entrevista publicada no jornal Correio Fraterno - edição 448 - novembro/dezembro 2012

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A Terapia do Passe (...)"– Preciso de um passe. Estou muito irritado, com os nervos em frangalhos. Tive uma discussão homérica com minha esposa. Quase chegamos a vias de fato. Dificilmente será beneficiado, porquanto espera pelo passe para eliminar a irritação, sem compreender que é preciso evitar a irritação para receber o passe"...

ador • Dezembro 2006
Transfusão de energias, o passe magnético é um recurso milenar, usado desde as culturas mais remotas, com resultados surpreendentes, em favor da saúde humana.
Foi largamente empregado por Jesus. Dotado de potencial incomparável, o Mestre curava insidiosos
males do corpo e da alma.
Multidões o buscavam, atraídas muito mais pelos prodígios que operava sem que se atentasse à excelência
de seus princípios.
Algo semelhante ocorre na atualidade com o Espiritismo. As pessoas comparecem ao Centro Espírita como quem vai a um hospital, em busca de cura para males variados.
Expositores costumam evocar velho adágio, que até parece versículo evangélico:
Quem não vem pelo amor, vem pela dor.
Raros procuram a Doutrina movidos pelo amor ao conhecimento.
A dor é bem o Sino de Deus a nos convocar para o exercício de religiosidade. Quando plange, insistente, a alma se põe genuflexa, com disposição até para enfrentar os preconceitos ditados pela ignorância,
em busca de cura para seus males.
E situa-se o Centro Espírita como hospital, num primeiro momento, escola depois; por último,
abençoada oficina de trabalho para aqueles que perseveram na freqüência, acordados para os objetivos
do mergulho na carne, definidos na questão 132, de O Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta
qual o objetivo da encarnação dos Espíritos.
Responde o mentor espiritual:
Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição.
Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer
todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação.
Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca
na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia
com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É
assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.
O mentor espiritual que assistia Kardec enfatiza as maravilhosas oportunidades de progresso e
de participação na obra da Criação, que Deus nos oferece na experiência humana, utilizando essa
máquina incomparável que é o corpo humano.
Por mau uso, a desgastamos e desarranjamos freqüentemente.
Em nosso socorro, a Misericórdia Divina mobiliza infinitos recursos para o “conserto”.
Dentre eles, o maravilhoso passe magnético.
Imperioso, porém, alertar os beneficiários de que sua eficiência obedece a dois fatores primordiais:
O primeiro é a capacidade do passista, subordinada não tanto ao conhecimento da mecânica do serviço, mas, sobretudo, à pureza de seus sentimentos e ao desejo de servir.
Passista distraído do empenho de renovação e que desenvolve essa atividade como um assalariado,
interessado nos benefícios que receberá, sem cogitar dos benefícios que deve prestar, jamais será um
instrumento confiável da Espiritualidade.
Noutro dia perguntaram-me se alguém assim pode prejudicar o paciente.
Só se houver intencionalidade.
Se o passista, com raiva do paciente, impuser-lhe as mãos a afirmar, em pensamento:
– Quero que você se dane! Que fique doente e morra!
Assustador, amigo leitor?
Não se preocupe. Seria apenas uma vibração negativa, do mesmo teor deletério de quem grita,
xinga, ofende, capaz de causar embaraços ao objeto dela, mas considerado aqui o fator sintonia.
Se o “bombardeado” tem um comportamento equilibrado, habituado à oração, a cultivar a serenidade,
não será afetado.
E esteja sossegado. Ninguém se dispõe a participar do serviço do passe com a intenção de prejudicar
desafetos.
Considerando que a assistência espiritual é sempre monitorada e sustentada por mentores espirituais,
as deficiências humanas podem ser superadas, desde que seja cumprida a outra condição: a receptividade
do paciente. O aproveitamento depende de seu empenho por colocar-se em sintonia com o serviço.
Para que isso ocorra, é importante que nas palestras doutrinárias seja explicado aos interessados
o que é o passe, como funciona e quais as condições necessárias a fim de que surta efeito.
Cuidados indispensáveis:
 Disciplina das emoções.
No atendimento fraterno:
– Preciso de um passe. Estou muito irritado, com os nervos em frangalhos. Tive uma discussão
homérica com minha esposa.
Quase chegamos a vias de fato.
Dificilmente será beneficiado, porquanto espera pelo passe para eliminar a irritação, sem compreender
que é preciso evitar a irritação para receber o passe.
 Atenção às palestras.
Fala-se de Espíritos obsessores que procuram neutralizar com o sono a assimilação de esclarecimentos
capazes de subtrair os participantes à sua influência.
Pode acontecer, mas na maior parte das vezes o que ocorre é o desinteresse. São freqüentadores
que vêem o recinto das palestras como uma sala de espera de atendimento médico, situando-se em
modorrento alheamento, que favorece o sono.
 Silêncio e contrição.
Favorecendo a eficiência do serviço, os centros espíritas tendem a realizar o atendimento magnético após
o trabalho doutrinário, nas chamadas câmaras de passe.
Enquanto espera, há quem aproveite para confraternizar com amigos e conhecidos ali presentes, abordando,
não raro, assuntos que não interessam à economia do ambiente, favorecendo uma quebra de sintonia
que vai tornar menos eficiente o passe.
Melhor o silêncio, com leitura de algo edificante ou a meditação em torno dos temas abordados
pelos expositores.
Duas observações de Jesus, endereçadas às pessoas beneficiadas por suas curas, devem merecer
nossa atenção.
 Tua fé te salvou!
Os cuidados a que nos referimos favorecem a sintonia do paciente com o passista, mas a receptividade, a possibilidade de assimilar plenamente os benefícios oferecidos, depende da
confiança plena, da certeza absoluta de que estamos nos submetendo a uma terapia capaz de nos
beneficiar.
As curas operadas por Jesus não constituíam o prêmio da fé.O
Mestre não curava porque as pessoa acreditavam nele, mas porque as pessoas sintonizavam com seus
poderes.
Oportuno recordar o exemplo da mulher hemorroíssa, que se curou de uma hemorragia uterina de doze anos simplesmente tocando em suas vestes, movida pela convicção de que seria beneficiada.
 Vai e não peques mais para que te não suceda pior!
Voltamos aqui à questão do uso. Se nossos males são decorrentes da má utilização da máquina
física, de nada valerá o “conserto”, se insistimos no mesmo comportamento.
Com o tempo o passe parece “perder a força”, já não traz os benefícios desejados, e o paciente
acaba buscando outro Centro, mais forte, sem noção de que os
Benfeitores espirituais estabelecem limites à sua ação.
Se constatam que os beneficiários não se conscientizam quanto à necessidade de superar mazelas
e imperfeições, deixam que o Sino de Deus continue a repicar, até que superem a “sonolência” e despertem
para os objetivos da existência humana.

Richard Simonetti.
O Reformador-Dezembro de 2006

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Morte na boate- Richard Simonetti

Tragédias como a de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que vitimou 231 pessoas sempre suscitam a dúvida crucial: Maktub? Estava escrito?
            A meu ver está escrito apenas que morreremos um dia, mas sem definição do dia e hora, já que estes pertencem às contingências humanas, subordinadas ao livre-arbítrio.   Raros vivem integralmente o tempo concedido por Deus para as experiências humanas. Multidões retornam antes do tempo à espiritualidade por cuidarem mal do corpo, por se comprometerem no vício, no desregramento, na indisciplina, no crime…
            Há quem diga que débitos cármicos, nascidos de desvios cometidos em passadas existência teriam originado uma espécie de resgate coletivo na funesta madrugada.
            Além de logisticamente complicado juntar pessoas que queimam e sufocam seus semelhantes para morte igual, tal resgate lembra a pena de talião defendida por Moisés, o olho por olho, à distância do amor que cobre a multidão dos pecados, ensinado por Jesus.
            Há sempre a ideia supostamente consoladora, de que tudo vem de Deus. Assim pensando, seria, porventura, mais razoável imaginar que Deus estimula a negligência, a indisciplina, os vícios, os assassinatos, as bebedeiras, a agressividade, a maldade, a violência, as guerras, que diziam milhões de pessoas para que as pessoas paguem suas dívidas?
            Seria razoável imaginar que Deus inspirou os americanos a soltar duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, para que 200 mil japoneses quitassem seus débitos?
Essas mortes são de inspiração humana, jamais divina.
            O verdadeiro consolo está em considerar que o Espírito, a individualidade pensante, não morrerá jamais.
            Nascer e morrer são apenas duas faces da mesma moeda: a vida imortal, que se estende ao infinito, no desdobrar de experiências que nos conduzem à perfeição. Então, como diz Jesus, não mais experimentaremos a experiência da morte, em planos de matéria densa como a Terra. Nessa concepção está o verdadeiro consolo.
Quanto aos nossos amados, que nos antecedem no retorno à Espiritualidade, estão ausentes apenas aos nossos olhos.
            Se pudéssemos ver saberíamos que eles nos procuram, sofrem com nossa angústia, perturbam-se com nosso desconsolo, fortalecem-se com nossa coragem, vibram com nossas esperanças, torcem para que sejamos firmes e fortes no enfrentar os embates da existência a fim de que o reencontro mais tarde se dê em bases de vitória sobre as provações humanas, ensejando-nos luminoso porvir.
Transcrito do site Rede Amigos Espíritas

sábado, 3 de novembro de 2012

DÚVIDAS


Richard Simonetti
- Se o passista não está bem joga coisa ruim sobre quem recebe o passe?
- Explicando que nossos males e dificuldades representam o pagamento de dívidas, o princípio da
reencarnação não faz a gente desistir de lutar para melhorar de vida?
- Se a Doutrina Espírita é do século passado, como podem os espíritas dizer que os discípulos de
Jesus aceitavam a reencarnação?
- Encontrarei meus familiares quando morrer?
- Japonês pode reencarnar como negro africano?
- O Mundo vai acabar em 2000?
- Há um horário certo para nos comunicarmos com nosso anjo de guarda?
- Que oração devo usar para fazer as pazes com meu namorado?
- Por que os espíritas evocam os Espíritos, contrariando a proibição de Moisés?
- Como podemos encontrar nossa alma gêmea?
- O demônio se manifesta no Centro Espírita?
- As pessoas más reencarnam como animais?
Selecionei estas perguntas dentre centenas, formuladas pelo público, no Centro Espírita, em reuniões
onde se oferece essa possibilidade.
Diga-se de passagem que esse pinga-fogo é muito oportuno. Desde que tenhamos alguém em
condições de responder, os resultados são excelentes. Há maior interesse e as pessoas podem desfazer
suas dúvidas. É mais produtivo que as palestras, onde nem sempre o expositor aborda o que realmente
interessa aos ouvintes.
Mas o que ressalta na amostragem apresentada é a pouca familiaridade com a Doutrina Espírita por
parte daqueles que comparecem às reuniões públicas.
Trata-se de algo perfeitamente compreensível.
A grande maioria é composta de adeptos de outras religiões que procuram cura para seus males e
solução para seus problemas, encaminhados por amigo ou familiar.
Comportam-se exatamente como quem vai a um hospital. Estão ali para tratamento, sem intenção de
estabelecer vínculos.
Alguns acabam por interessar-se, tornam-se assíduos, estudam a Doutrina e se integram no Centro.
Muitos seguem seu caminho, atendendo a dois fatores:
Sararam.
Afastam-se porque não precisam mais de tratamento.
Não sararam.
Afastam-se porque desejam encontrar um Centro “mais forte” ou algo semelhante.
Seguem também porque não foram suficientemente motivados. Não lhes passaram uma mensagem
atraente, esclarecedora, com conteúdo capaz de despertar e sustentar o desejo de aprender.
Há carência de expositores espíritas eficientes, mesmo porque não temos especialistas que vivam
desse trabalho.
O expositor espírita é aquele cidadão de boa vontade que faz malabarismos para participar do Centro
e ao mesmo tempo atender seus compromissos familiares e profissionais.
E há um problema adicional, que envolve companheiros mais bem dotados intelectualmente, com uma
atividade profissional que lhes exigiu o desenvolvimento de valores culturais. Não raro encasquetam de
estudar nas reuniões públicas livros da Codificação ou complementares que devem ser reservados a grupos
de estudo metodizado.
Há expositores que abordam as novidades no setor literário sobre esoterismo, psicologia, terapias
alternativas, auto-ajuda, anjo e quejando... É tudo muito interessante, mas não tem nada a ver com uma
reunião pública de Espiritismo, onde as pessoas devem receber noções elementares da Doutrina. Nelas,
freqüentadas por neófitos, gente que está chegando, que não sabe nada de Espiritismo, o ideal seria
comentar “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
REFORMADOR EDIÇÃO INTERNET
9 REFORMADOR, SETEMBRO, 1997
Ninguém aprende a ler sem conhecer o elementar - as letras do alfabeto.
“O Livro dos Espíritos” é o bê-á-bá do Espiritismo. Eu não diria a primeira leitura, porque poucas
pessoas têm familiaridade com os livros. Quem não está habituado a compulsá-los terá dificuldades. Mas, da
mesma forma que a professora não entrega o manual de alfabetização à criança iletrada ler, mas trata de
usá-lo para ensinar seus pupilos, o expositor tem nessa síntese filosófica da Doutrina todo um precioso
roteiro para seus comentários.
Isso não implica, obviamente, não recomendar a leitura de “O Livro dos Espíritos” ou outra obra básica
aos iniciantes. Mas é preciso cuidado. Segundo pesquisas, apenas 10% da população brasileira lê um livro
anualmente. Quem pouco lê terá dificuldade com os livros de Kardec. Não são compêndios impenetráveis
aos não iniciados, mas foram escritos no século passado, em linguagem que dificilmente motivará quem não
está habituado a excursionar pelo mundo encantado dos livros.
Preferível oferecer, num primeiro momento, obras mais simples, que envolvam histórias, romances,
mensagens, que facilitam a atenção. A literatura fabulosa de Chico Xavier é pródiga em livros dessa
natureza.
Quanto a “O Evangelho segundo o Espiritismo”, é aquela indispensável base moral, o remédio de que
mais carecem as pessoas, já que seus males são decorrentes do comportamento irregular, distanciado das
normas do bem viver explicitadas em suas páginas.
Muitos vêem nessa obra básica uma espécie de amuleto que deve estar sempre à mão nos
momentos difíceis, para leituras mágicas capazes de atrair a proteção divina e resolver os problemas. As
pessoas não entenderam ainda que sua magia está no roteiro que nos oferece, consagrando a moral de
Jesus como o mais legítimo recurso de renovação e de solução de nossos problemas.
O comentário das lições de Jesus, à luz de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em reuniões
públicas, produz palestras consoladoras e atraentes, que motivam o ouvinte e o ajudam a superar suas
dúvidas.
Um recado final para os companheiros que fazem uso da palavra nas reuniões públicas:
As pessoas que comparecem em busca de cura para seus males não têm “cabeça” para fixar a
atenção por muito tempo, em face de seus problemas e perturbações.
As palestras, por isso, enfocando “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho segundo o Espiritismo”,
devem ser breves, no máximo 25 minutos, num somatório de 50 para toda a reunião, enxertando-se histórias
e fatos do dia-a-dia, que prendem a atenção e permitem ao ouvinte entender os conceitos doutrinários e
aplicá-los à própria vida.
Se desenvolvermos nosso trabalho com a eficiência de quem se prepara convenientemente, então
nossos ouvintes, que num primeiro momento procuraram um hospital no Centro Espírita, descobrirão,
encantados, que ele é uma abençoada escola de espiritualidade.

Reformador de 1997 mes de Setembro

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Para amar o próximo

RICHARD SIMONETTI
Na célebre passagem evangélica, pergunta o doutor da Lei (Mateus, 22:36-40):
– Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
Responde Jesus:
– Amarás o senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
Este é o primeiro e grande mandamento.
E há o segundo, semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Nesses dois mandamentos estão a lei e os profetas.
Quando Jesus fala que o segundo é semelhante ao primeiro, demonstra, evidentemente, que não
podemos amar a Deus sem amar o próximo, porquanto não há melhor maneira de demonstrar afeto
por alguém do que querendo bem ao seu filho.
Impensável alguém dirigir-se a um pai, nestes termos:
– Gosto muito de você, mas detesto seu filho!
E Jesus estabelece a medida com a qual devemos amar o próximo
para que estejamos amando a Deus: que o façamos como a nós mesmos.
É fácil perceber a razão pela qual não amamos o próximo – é que não amamos a nós mesmos.
A característica básica da personalidade humana é o egoísmo, e onde ele impera pode haver paixão,
mas dificilmente haverá lugar para o amor.
A paixão situa-se nos domínios dos instintos, procura apenas a autoafirmação, o prazer a qualquer
preço, sem perspectivas além da hora presente, e sem aspirações mais nobres.
O amor situa-se nos domínios do sentimento e só se satisfaz com os valores da dedicação, do
sacrifício, da renúncia, das realizações mais nobres em favor do ser amado.
É a paixão por si mesmo que leva o indivíduo a buscar a satisfação dos sentidos no vício e no
desregramento...
É a paixão por si mesmo que lhe inspira a ânsia de poder e riqueza...
É a paixão por si mesmo que o faz comportar-se como uma criança, habituada a bater os pezinhos
e a reclamar em altas vozes porque não lhe deram o brinquedo desejado, porque a Vida não
atendeu às suas aspirações...
Em lugar dessa paixão desvairada que tanto nos compromete é preciso edificar o amor.
O caminho é a caridade, a ser exercitada em duas frentes: o corpo e o Espírito.
O corpo humano é, talvez, a maior maravilha da Criação, no plano da matéria.
Jamais os cientistas deixarão de surpreender-se com essa incrível máquina de peças vivas que permite
a manifestação da inteligência na Terra.
É uma máquina perfeita em suas finalidades, facultando ao Espírito uma bolsa de estudos na escola
da Reencarnação, em abençoado recomeço, sem a lembrança do passado a fim de que supere
desvios e fixações que precipitaram seus fracassos no pretérito.
Todavia, em relação ao corpo assemelhamo-nos a um motorista descuidado, que usa e abusa de
seu automóvel, sem a mínima noção de seu funcionamento, de suas necessidades, das regras de
trânsito, dos cuidados indispensáveis à sua conservação.
Quantas pessoas saberiam explicar o mecanismo da circulação sanguínea?
Quantas têm noção de como os nossos olhos fotografam o mundo exterior para que o cérebro veja?
Quantas compreendem o funcionamento do metabolismo orgânico, de assimilação e eliminação
de substâncias?
No entanto, o conhecimento elementar de Fisiologia é indispensável para que possamos compreender
as necessidades essenciais da máquina física, dentre as quais destacaríamos:
Regime alimentar.
Trabalho disciplinado.
Repouso adequado.
Exercícios físicos e respiratórios.
Cuidados de higiene.
Tudo isso é indispensável à preservação da economia orgânica, a fim de que nos movimentemos
bem na Terra, desfrutando dos dons da saúde, indispensáveis ao bom aproveitamento da jornada humana.
No entanto, raros se comportam assim.
Inspirados na eterna paixão por nós mesmos, cogitamos apenas dos prazeres da hora presente.
O fumo tranquiliza.
O alimento pesado satisfaz o paladar.
O álcool desinibe.
As drogas fazem o céu artificial.
Não importa que a saúde seja arruinada, que dificultemos a jornada, que abreviemos a existência.
E para que exercícios físicos e respiratórios, trabalho disciplinado, regime alimentar, repouso
adequado, cuidados de higiene?...
Deixa pra lá! Tudo isso é tão cansativo e maçante!
O resultado é que há muita gente com distúrbios digestivos, hipertensão arterial, úlcera gástrica,
excesso de peso, colesterol elevado, coração ameaçado, pulmões comprometidos…
– É o nosso carma! São as doenças escolhidas para o resgate do passado...
Ledo engano, leitor amigo.
É simplesmente falta de caridade para com o nosso corpo, essa máquina maravilhosa que Deus
nos oferece para as experiências na Terra, do qual teremos que prestar contas um dia.
E quanto ao Espírito imortal?
Fomos criados por Deus para sermos partícipes na obra da Criação, desfrutando a felicidade
suprema de uma plena integração nos ritmos do Universo, em comunhão com o Senhor.
Mas Deus não quer autômatos, cérebros programados. Somos seus filhos, dotados de suas
potencialidades criadoras, e Ele nos fez livres para desenvolvê- -las com nossos próprios esforços,
a fim de valorizarmos nossas aquisições.
Todavia, ante tão grandioso futuro, perdemo-nos nas vacilações do presente, empolgados pela paixão
de nós mesmos.
Procuramos a felicidade plena em valores falsos, no imediatismo terrestre, esquecidos de que a felicidade
é uma construção grandiosa demais para ser alicerçada sobre
ilusões.
A caridade para com o nosso Espírito é a ação em termos de vida eterna.
É considerar que somos imortais, que já vivíamos antes do berço e continuaremos a viver, depois do
túmulo. Consequentemente, nossos interesses maiores, nossas ações mais constantes devem girar em
torno de quem viverá para sempre, não do ser efêmero que voltará ao pó, conforme a expressão bíblica.
É buscar aqueles valores que, segundo Jesus, as traças e a ferrugem não consomem nem os ladrões
roubam, formados pela cultura, o conhecimento, a virtude, a sabedoria, o exercício do Bem...
Exercitando a caridade com o corpo, habilitamo-nos a aproveitar
integralmente o tempo que o Senhor nos concede para as experiências humanas...
Exercitando a caridade com o Espírito, cumprindo as metas que determinaram a jornada terrestre,
habilitamo-nos a estágios mais altos de espiritualidade.
Atendendo às necessidades do binômio corpo-espírito exercitaremos plenamente o amor a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Oportunas, caro leitor, para finalizar, as observações de Kardec
(Viagem Espírita em 1862, “Discursos Pronunciados nas Reuniões Gerais dos Espíritas de Lyon e Bordeaux”, Ed. FEB, p. 87):
[...] Ensinai, pois, a caridade e, sobretudo, pregai pelo exemplo; é a âncora de salvação da sociedade. Só
ela pode realizar o reino do bem na Terra, que é o reino de Deus; sem ela, o que quer que façais, só criareis
utopias, das quais só vos resultarão decepções.
Se o Espiritismo é uma verdade, se deve regenerar o mundo, é porque tem por base a caridade.
[...]
 Reformador • Junho 2010


Perdoa
Recebe a provação de alma serena.
Desculpa todo golpe que te doa.
Guarda contigo a paz singela e boa,
Inda mesmo ante a voz que te condena.
Tudo no mundo é caridade plena.
A fonte beija a pedra que a magoa.
A estrela mostra o brilho na lagoa.
A rosa enfeita o acúleo que envenena.
A árvore esquece o vento que a desnuda.
A Terra inteira serve, humilde e muda.
A chuva desce ao bojo da cisterna...
Perdoa e quebrarás grilhões e algemas,
Buscando, enfim, as vastidões supremas
Para a glória do amor na vida eterna.

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Antologia dos imortais. Poetas diversos.
4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 96-97.