O texto abaixo é uma instrução de Clarêncio sobre o perispírito , seus centro de forças e de sua densidade retirado do Livro Entre a Terra e o Céu
(...)‑ Como não
desconhecem, o nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido
por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e
que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz
da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas,
que podemos definir como sendo um campo electromagnético, no qual o
pensamento vibra em circuito fechado. Nossa posição mental determina o
peso específico do nosso envoltório espiritual e, conseqüentemente, o
«habitat» que lhe compete. Mero problema de padrão vibratório. Cada qual
de nós respira em determinado tipo de onda. Quanto mais primitiva se
revela a condição da mente, mais fraco é o influxo vibratório do
pensamento, induzindo a compulsória aglutinação do ser às regiões da
consciência embrionária ou torturada, onde se reúnem as vidas inferiores
que lhe são afins. O crescimento do influxo mental, no veículo
electromagnético em que nos movemos, após abandonar o corpo terrestre,
está na medida da experiência adquirida e arquivada em nosso próprio
espírito. Atentos a semelhante realidade, é fácil compreender que
sublimamos ou desequilibramos o delicado agente de nossas manifestações,
conforme o tipo de pensamento que nos flui da vida íntima. Quanto mais nos
avizinhamos da esfera animal, maior é a condensação obscurecente de nossa
organização, e quanto mais nos elevamos, ao preço de esforço próprio, no
rumo das gloriosas construções do espírito, maior é a sutileza de nosso
envoltório, que passa a combinar-se facilmente com a beleza, com a
harmonia e com a luz reinantes na Criação Divina.
Ouvíamos as
preciosas explicações, enlevados, mas Clarêncio, reparando que não nos
cabia fugir do quadro ambiente, voltou-se para a garganta enferma de Júlio
e continuou:
‑ Não nos afastemos
das observações práticas, para estudar com clareza os conflitos da alma.
Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de
força, que reage em nosso corpo a essa ou àquela classe de influxos
mentais. Apliquemos à nossa aula rápida, tanto quanto nos seja possível, a
terminologia trazida do mundo, para que vocês consigam fixar com mais
segurança os nossos apontamentos. Analisando a fisiologia do perispírito,
classifiquemos os seus centros de força, aproveitando a lembrança das
regiões mais importantes do corpo terrestre. Temos, assim, por expressão
máxima do veículo que nos serve presentemente, o «centro coronário» que,
na Terra, é considerado pela filosofia hindu como sendo o lótus de mil
pétalas, por ser o mais significativo em razão do seu alto potencial de
radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede
da consciência. Esse centro recebe em primeiro lugar os estímulos do
espírito, comandando os demais, vibrando todavia com eles em justo regime
de interdependência. Considerando em nossa exposição os fenômenos do corpo
físico, e satisfazendo aos impositivos de simplicidade em nossas
definições, devemos dizer que dele emanam as energias de sustentação do
sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação
das células do pensamento e o provedor de todos os recursos
electromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. É, por isso, o
grande assimilador das energias solares e dos raios da Espiritualidade
Superior capazes de favorecer a sublimação da alma. Logo após, anotamos o
«centro cerebral», contíguo ao «centro coronário», que ordena as
percepções de variada espécie, percepções essas que, na vestimenta carnal,
constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da
inteligência que dizem respeito à Palavra, à Cultura, à Arte, ao Saber. É
no «centro cerebral» que possuímos o comando do núcleo endocrínico,
referente aos poderes psíquicos. Em seguida, temos o «centro laríngeo»,
que preside aos fenômenos vocais, inclusive às atividades do timo, da
tireóide e das paratireóides. Logo após, identificamos o «centro
cardíaco», que sustenta os serviços da emoção e do equilíbrio geral.
Prosseguindo em nossas observações, assinalamos o «centro esplênico» que,
no corpo denso, está sediado no baço, regulando a distribuição e a
circulação adequada dos recursos vitais em todos os escaninhos do veículo
de que nos servimos. Continuando, identificamos o «centro gástrico», que
se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa
organização e, por fim, temos o «centro genésico», em que se localiza o
santuário do sexo, como templo modelador de formas e estímulos.
O instrutor fêz
pequena pausa de repouso e prosseguiu:
‑ Não podemos
olvidar, porém, que o nosso veículo sutil, tanto quanto o corpo de carne,
é criação mental no caminho evolutivo, tecido com recursos tomados
transitoriamente por nós mesmos aos celeiros do Universo, vaso de que nos
utilizamos para ambientar em nossa individualidade eterna a divina luz da
sublimação, com que nos cabe demandar as esferas do Espírito Puro. Tudo é
trabalho da mente no espaço e no tempo, a valer-se de milhares de formas,
a fim de purificar-se e santificar-se para a Glória Divina.
Clarêncio afagou a
garganta doente do menino, dando-nos a idéia de que nela fixava o objeto
de nossas ligações, e aduziu:
‑ Quando a nossa
mente, por atos contrários à Lei Divina, prejudica a harmonia de qualquer
um desses fulcros de força de nossa alma, naturalmente se escraviza aos
efeitos da ação desequilibrante, obrigando-se ao trabalho de reajuste. No
caso de Júlio, observamo-lo como autor da perturbação no «centro
laríngeo», alteração que se expressa por enfermidade ou desequilíbrio a
acompanhá-lo fatalmente à reencarnação.
‑ E como sanará ele
semelhante deficiência? – perguntei, edificado com os esclarecimentos
ouvidos.
Com a serenidade
invejável de sempre, o Ministro ponderou:
‑ Nosso Júlio, de
atenção encadeada à dor da garganta, constrangido a pensar nela e
padecendo-a, recuperar-se-á mentalmente para retificar o tônus vibratório
do «centro laríngeo», restabelecendo-lhe a normalidade em seu próprio
favor.
E decerto para
gravar, com mais segurança, a elucidação, concluiu:
‑ Júlio renascerá
num equipamento fisiológico deficitário que, de algum modo, lhe retratará
a região lesada a que nos reportamos. Sofrerá intensamente do órgão vocal
que, sem dúvida, se caracterizará por fraca resistência aos assaltos
microbianos, e, em virtude de o nosso amigo haver menosprezado a bênção do
corpo físico, será defrontado por lutas terríveis, nas quais aprenderá a
valorizá-lo.
Em seguida, porém, o
instrutor desdobrou várias operações magnéticas, a benefício do pequeno
enfermo, que se mantinha calmo, e, com os agradecimentos das duas
solícitas irmãs que nos ouviam, atentamente, despedimo-nos de retorno ao
nosso domicílio espiritual.(cap 20 Conflitos da alma do livro Entre a Terra e o Céu).
Trechos concernente as lições supracitadas no capítulo anterior.
(...) ‑ Compete-nos, então
– observou Hilário, atencioso ‑, atribuir importante papel às enfermidades
na esfera humana. Quase todas estarão no mundo, desempenhando expressivo
papel na regeneração das almas.
‑ Exatamente.
‑ Cada «centro de
força» ‑ ponderei – exigirá absoluta harmonia, perante as Leis Divinas que
nos regem, a fim de que possamos ascender no rumo do Perfeito Equilíbrio
...
‑ Sim – confirmou
Clarêncio ‑, nossos deslizes de ordem moral estabelecem a condensação de
fluidos inferiores de natureza gravitante, no campo electromagnético de
nossa organização, compelindo-nos a natural cativeiro em derredor das
vidas começantes às quais nos imantamos.
Hilário, conduzindo
mais longe as próprias divagações, perguntou:
‑ Imaginemos,
contudo, um homem puramente selvagem, a situar-se em plena ignorância dos
Desígnios Superiores, que se confia a delitos indiscriminados ... Terá nos
tecidos sutis da alma as lesões cabíveis a um europeu supercivilizado, que
se entrega à indústria do crime?
Clarêncio sorriu,
compreensivo, e acentuou:
‑ Sigamos devagar.
Comentávamos, ainda há pouco, o problema da evolução. Assim como o
aperfeiçoado veículo do homem nasceu das formas primárias da Natureza, o
corpo espiritual foi iniciado também nos princípios rudimentares da
inteligência. É necessário não confundir a semente com a árvore ou a
criança com o adulto, embora surjam na mesma paisagem da vida. O
instrumento perispirítico do selvagem deve ser classificado como
protoforma humana, extremamente condensado pela sua integração com a
matéria mais densa. Está para o organismo aprimorado dos Espíritos algo
enobrecidos, como um macaco antropomorfo está para o homem bem-posto das
cidades modernas. Em criaturas dessa espécie, a vida moral está começando
a aparecer e o perispírito nelas ainda se encontra enormemente pastoso.
Por esse motivo, permanecerão muito tempo na escola da experiência, como o
bloco de pedra rude sob marteladas, antes de oferecer de si mesmo a
obra-prima ... Despenderão séculos e séculos para se rarefazerem, usando
múltiplas formas, de modo a conquistarem as qualidades superiores que, em
lhes sutilizando a organização, lhes conferirão novas possibilidades de
crescimento consciencial. O instinto e a inteligência pouco a pouco se
transformam em conhecimento e responsabilidade e semelhante renovação
outorga ao ser mais avançados equipamentos de manifestação ... O
prodigioso corpo do homem na Crosta Terrestre foi erigido pacientemente,
no curso dos séculos, e o delicado veículo do Espírito, nos planos mais
elevados, vem sendo construído, célula a célula, na esteira dos milênios
incessantes ...
E, com um olhar
significativo, Clarêncio concluiu:
‑ ... até que nos
transfiramos de residência, aptos a deixar, em definitivo, o caminho das
formas, colocando-nos na direção das esferas do Espírito Puro, onde nos
aguardam os inconcebíveis, os inimagináveis recursos da suprema
sublimação.
Calara-se o
instrutor, mas o assunto era por demais importante para que eu me
desinteressasse dele apressadamente.
Recordei os inúmeros
casos de moléstia obscuras de meu trato pessoal e aduzi:
‑ Decerto a Medicina
escreveria gloriosos capítulos na Terra, sondando com mais segurança os
problemas e as angústias da alma ...
‑ Gravá-los-á mais
tarde – confirmou Clarêncio, seguro de si. – Um dia, o homem ensinará ao
homem, consoante as instruções do Divino Médico, que a cura de todos os
males reside nele próprio. A percentagem quase total das enfermidades
humanas guarda origem no psiquismo.
Sorridente,
acrescentou:
‑ Orgulho, vaidade,
tirania, egoísmo, preguiça e crueldade são vícios da mente, gerando
perturbações e doenças em seus instrumentos de expressão.
No objetivo de
aprender, observei:
‑ É por isso que
temos os vales purgatoriais, depois do túmulo ... a morte não é redenção
...
‑ Nunca foi –
esclareceu o Ministro, bondoso. – O pássaro doente não se retira da
condição de enfermo, tão só porque se lhe arrebente a gaiola. O inferno é
uma criação de almas desequilibradas que se ajuntam, assim como o charco é
uma coleção de núcleos lodacentos, que se congregam uns aos outros. Quando
de consciência inclinada para o bem ou para o mal perpetramos esse ou
aquele delito no mundo, realmente podemos ferir ou prejudicar a alguém,
mas, antes de tudo, ferimos e prejudicamos a nós mesmos. Se eliminamos a
existência do próximo, nossa vítima receberá dos outros tanta simpatia
que, em breve, se restabelecerá, nas leis de equilíbrio que nos governam,
vindo, muita vez, em nosso auxílio, muito antes que possamos recompor os
fios dilacerados de nossa consciência. Quando ofendemos a essa ou àquela
criatura, lesamos primeiramente a nossa própria alma, de vez que
rebaixamos a nossa dignidade de espíritos eternos, retardando em nós
sagradas oportunidades de crescimento.
‑ Sim – concordei ‑,
tenho visto aqui aflitivas paisagens de provação que me constrangem a
meditar ...
‑ A enfermidade,
como desarmonia espiritual – atalhou o instrutor ‑, sobrevive no
perispírito. As moléstias conhecidas no mundo e outras que ainda escapam
ao diagnóstico humano, por muito tempo persistirão nas esferas torturadas
da alma, conduzindo-nos ao reajuste. A dor é o grande e abençoado remédio.
Reeduca-nos a atividade mental, reestruturando as peças de nossa
instrumentação e polindo os fulcros anímicos de que se vale a nossa
inteligência para desenvolver-se na jornada para a vida eterna. Depois do
poder de Deus, é a única força capaz de alterar o rumo de nossos
pensamentos, compelindo-nos a indispensáveis modificações, com vistas ao
Plano Divino, a nosso respeito, e de cuja execução não poderemos fugir sem
graves prejuízos para nós mesmos.
Nosso domicílio,
porém, estava agora à vista.
Os raios dourados da
manhã varriam o horizonte longínquo.
Despediu-se o
Ministro, paternal.
Aquele era um dos
momentos em que, desde muito, se devotava ele à oração.
Fonte:
Livro Entre a Terra e o Céu cap. 20 e 21, psicografado por Chico Xavier ditado por André Luiz
Fonte:
Livro Entre a Terra e o Céu cap. 20 e 21, psicografado por Chico Xavier ditado por André Luiz