Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

sábado, 25 de agosto de 2012

" A Gênese" Cap 15 Curas - A perda de Sangue


Perda de Sangue
10. Então uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia, _ a qual muito havia sofrido nas mãos de muitos médicos, e que, tendo consumido todos os seus bens, não havia recebido nenhum alívio, mas sempre se encontrava pior, _ tendo ouvido falar de Jesus, veio na multidão por detrás, e tocou suas vestes; pois ela dizia: Se eu puder ao menos tocar suas vestes, serei curada. _ No mesmo momento a fonte do sangue que ela perdia se secou, e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela moléstia.
E logo Jesus, conhecendo a virtude que havia saído dele, voltou-se para a multidão, e disse: Quem tocou minhas vestes? Seus discípulos lhe disseram: Vedes que a multidão vos comprime por todos os lados, e perguntais quem vos tocou? E ele olhava em toda a volta dele para ver quem o havia tocado.
Porém a mulher, que sabia o que se havia passado com ela, tomada de medo e pavor, veio atirar-se a seus pés, e lhe declarou toda a verdade. E Jesus lhe disse: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz, e fica curada de tua moléstia. (S. Marcos, cap. V, vers. de 25 a 34).
11. Estas palavras: "Conhecendo a virtude que havia saído dele, são significativas; elas exprimem o movimento fluídico que se operou de Jesus para a mulher doente; ambos sentiram a ação que acabava de se produzir. É notável que o efeito não foi provocado por um ato de vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição de mãos. A irradiação fluídica normal foi suficiente para operar a cura.
Mas por que esta irradiação se dirigiu para aquela mulher, em vez de outras, pois Jesus não estava pensando nela, e se achava rodeado pela multidão?
A razão é bem simples. O fluido, sendo dado como matéria terapêutica, deve atingir a desordem orgânica para a reparar; pode ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador ou atraído pelo desejo ardente, a confiança, numa palavra, a fé do doente. Em relação à corrente fluídica, a primeira faz o efeito de uma bomba comprimida, e a segunda de uma bomba aspirante. Algumas vezes a simultaneidade dos dois efeitos é necessária, de outras vezes uma só basta; é o segundo caso que se positivou nesta circunstância.
Jesus tinha pois razão de dizer: "Tua fé te salvou." Compreende-se que aqui a fé não é a virtude mística, como certas pessoas entendem, mas uma verdadeira força atrativa, enquanto que aquele que não a tem opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou pelo menos uma força de inércia que paralisa a ação. Assim sendo, compreende-se que de dois doentes atingidos do mesmo mal, estando na presença do curador, um possa ser curado e o outro não. Aí está um dos princípios mais importantes da medicina curadora e que explica, por uma causa muito natural, certas anomalias aparentes. (Cap. XIV, ns. 31, 32, 33).
Copyright 2004 - LAKE - Livraria Allan Kardec Editora
(Instituição Filantrópica) Todos os Direitos Reservados

4a Parte Da Probição de Evocar os Mortos matéria do Livro Céu e Inferno.


Capítulo XI
Da Proibição de Evocar os Mortos (continuação)
15 — Repelir as comunicações de além-túmulo seria rejeitar o poderoso meio de instrução que resulta da iniciação no conhecimento da vida futura e dos exemplos que elas nos fornecem. A experiência nos ensina, além disso, como podemos fazer o bem desviando do mal os Espíritos imperfeitos, ajudando os sofredores a se libertarem da matéria e a se melhorarem, e proibir isso seria privar as almas infelizes da assistência que lhes podemos dar. A seguinte comunicação de um Espírito resume admiravelmente os efeitos da evocação, quando praticada com uma finalidade caridosa.
Cada Espírito sofredor e desesperado vos contará a causa de sua queda, os arrastamentos a que não resistiu, e vos dirá das suas esperanças, das suas lutas, dos seus terrores. Ele vos dirá também dos seus remorsos, das suas dores, dos seus desesperos, e vos mostrará Deus, justamente irritado, punindo o culpado com toda a severidade da sua justiça.
Ao escutá-lo, sereis movidos de compaixão por ele e de temor por vós mesmos. Ao seguir os seus lamentos, vereis Deus não o perdendo de vista, esperando o pecador arrependido, abrindo os braços tão logo ele comece a avançar em sua direção. Vereis os progressos do culpado, para os quais tereis a felicidade e a glória de haver contribuído. Acompanhareis com solicitude a sua reforma; como o cirurgião acompanha a cicatrização da ferida de que cuida diariamente. (Bordeus, 1861.)(46)
O Prof. Ernesto Bozzano, apoiado especialmente em pesquisas etnológicas de Andrew Lang e Max Freedon Long, em seu livro Popoli primitivi e manifestazione supernormale, formulou a tese da origem mediúnica das religiões. Os fundamentos dessa tese são científicos e filosóficos. As pesquisas metapsíquicas e parapsicológicas vêm confirmando a sua validade ao provarem que as funções psi (ou mediúnicas) são uma faculdade humana natural. Os avanços da Ciência em nosso tempo, e particularmente os da Física — revelação da estrutura atômica da matéria, descoberta da antimatéria e aceitação teórica da existência do antiuniverso — ampliam no plano físico as conseqüências das investigações psicofisiológicas. É hoje inegável que vivemos num Universo fechado pelas limitações de nossas percepções sensoriais, mas que se abre ante as possibilidades da percepção extra-sensorial e dos novos recursos da Ciência para penetrar nos arcanos da Natureza.
Quando Pasteur descobriu o mundo invisível dos micróbios teve de lutar contra a ignorância dos doutos e sábios do tempo. Kardec é o Pasteur do Espírito — descobriu o mundo invisível dos espíritos e demonstrou que estes, à maneira das bactérias, dividem-se em benéficos e maléficos, podendo produzir infestações (que são infecções espirituais) ocasionando doenças mentais e orgânicas. Contra ele se levantaram da mesma maneira os doutos e os sábios do tempo, mas ainda mais fortemente apoiados pelos clérigos e teólogos das religiões dominantes do que no caso de Pasteur. A luta era mais difícil, porque contra Kardec se conjugavam preconceitos, superstições e interesses materiais muito maiores e mais arraigados. Mas mesmo assim a verdade não pode ser obscurecida.
Mas deixando de lado a questão científica — e também a questão filosófica, a que nem nos referimos aqui — para tratar da questão religiosa, que é o assunto deste livro, podemos assegurar que a condenação de Moisés, erroneamente aplicada ao Espiritismo, redundaria na eliminação pura e simples de todas as religiões. Porque todas elas, desde as primitivas até as mais culturalmente refinadas, apoiam-se na relação do homem com o mundo invisível e dela se alimentam. Os fatos espíritas estão na raiz e na seiva da Religião, que tem sua origem na Revelação e se desenvolve graças à seiva mediúnica da permanente comunicação dos homens com os espíritos.
A evocação — contra a qual se levantam os maiores protestos — é também uma constante na história, na teoria e na prática das religiões. Como Kardec explica, basta pensarmos num espírito para o evocarmos. Mas isso não o obriga a atender-nos. Os espíritos são mais livres do que nós, os encarnados, e a evocação é um simples apelo, nunca uma tentativa mágica de sujeitar o espírito ao homem. Ao contrário disso, há práticas religiosas em nosso tempo que pretendem sujeitar o próprio Deus às exigências formalistas e convencionais de um sacerdote. Proibir essas práticas seria mais fácil, porque são criações humanas e dependem apenas dos homens, mas proibir as evocações espíritas e as manifestações espontâneas que se dão por toda parte através da mediunidade é impossível, porque estas dependem dos espíritos, que não estão ao alcance das determinações humanas.
Além disso é preciso considerar o problema da evolução espiritual do homem, que cada dia mais o aproxima dos espíritos, abrindo-lhe as possibilidades da percepção extra-sensorial. Rompendo a clausura dos sentidos, a rede do sensório orgânico, o homem de hoje aumenta cada vez mais, e com evidente aceleração evolutiva, as suas possibilidades de comunicação com o mundo invisível. Os dois planos da vida humana — o visível e o invisível — tornam-se mais próximos e se familiarizam na proporção em que a alma (espírito encarnado) aguça as suas faculdades para uma percepção mais dinâmica e real do mundo em que vive. (N. do T.)
(46) Proibir as relações do homem com o mundo invisível é um contrasenso e revela ignorância da natureza humana e da própria História Universal. Em todos os tempos, desde os primitivos, como o atestam de maneira inegável as pesquisas paleontológicas, arqueológicas, antropológicas, etnológicas e históricas, os homens mantiveram relações com entidades espirituais, sempre considerando-as humanas, diabólicas e divinas. O que são as religiões senão as formas institucionalizadas dessas relações? O que é a Bíblia, no seu conjunto e em cada um dos seus livros, senão um testemunho maciço e imponente dessa realidade inegável? E poderemos acaso negar que os próprios Evangelhos testemunham esse fato e nos instruem a respeito da maneira por que devemos proceder nessas relações? (Veja-se I Coríntios, cap. 12 e I João 4:1-6).

3a Parte Da Probição de Evocar os Mortos matéria do Livro Céu e Inferno.


Capítulo XI
Da Proibição de Evocar os Mortos (continuação)
Tudo tinha a sua razão de ser na legislação de Moisés, porque tudo nela estava previsto, até os menores detalhes. Mas a forma e o fundo estavam de acordo com as circunstâncias em que os hebreus se encontravam. Claro que se Moisés voltasse hoje e tivesse de dar um novo código a uma nação civilizada da Europa, não recorreria mais àquele dos hebreus.
6 — Objeta-se a isso que todas as leis de Moisés foram ditadas em nome de Deus, como as recebidas no Sinai. Mas se considerarmos todas de origem divina, porque os mandamentos de Deus formam apenas o decálogo? É que se faz a distinção. Se todas emanassem de Deus, todas seriam igualmente obrigatórias. Porque, pois, não observar a todas? Porque, por exemplo, não foi observada a circunscrição que o próprio Jesus sofreu e não aboliu? Esquecem-se de que todos os legisladores antigos, para darem maior autoridade às suas leis, diziam tê-las recebido de uma divindade. Moisés, mais do que qualquer outro, necessitava desse apoio em virtude do caráter do seu povo. Se apesar disso lhe foi tão difícil fazer-se obedecer, quanto pior não seria se tivesse promulgado essas leis em seu próprio nome.
Jesus não veio modificar a lei mosaica, mas a sua lei não é hoje o código dos cristãos? Não disse ele: "Sabeis que foi dito aos antigos tal e tal coisa, mas eu vos digo esta outra coisa? Mas, assim dizendo, tocou ele na lei do Sinai? De maneira alguma, pois a sancionou e toda a sua doutrina moral não é mais do que o desenvolvimento daquela. Ora, em nenhum momento ele se refere à proibição de evocar os mortos, entretanto era essa uma questão bastante grave para que ele a tivesse omitido nas suas instruções, quando tratou de outros assuntos de natureza secundária.
7 — Em resumo, trata-se de saber se a Igreja coloca a lei mosaica acima da lei evangélica, ou melhor dito, se ela é mais Judia do que Cristã. É mesmo de se notar que de todas as religiões a que menos se opôs ao Espiritismo foi a Judia, que não invocou contra as relações com os mortos a lei de Moisés, sobre a qual entretanto se apoiam as seitas Cristãs.(44)
8 — Há outra contradição. Se Moisés proibiu a evocação dos Espíritos dos mortos, é que esses Espíritos podem manifestar-se, pois de outra maneira a sua proibição seria inútil. Se eles podiam manifestar-se no seu tempo, é claro que o podem ainda hoje. Se se trata dos Espíritos dos mortos, não são exclusivamente os demônios que se manifestam. De resto, Moisés não faz nenhuma referência a esses últimos.
É pois evidente que não se poderia apoiar logicamente na lei de Moisés nesta circunstância, pelo duplo motivo de que ela não rege o Cristianismo e não é apropriada aos costumes da nossa época. Mas, mesmo supondo-se que tenha toda a autoridade que alguns lhe dão, ela não pode, como acabamos de ver, aplicar-se ao Espiritismo.(45)
Moisés, é verdade, abrange na sua proibição a interrogação dos mortos. Mas isso apenas de maneira secundária, como um acessório das práticas de feitiçaria. A palavra interrogar, colocada ao lado das palavras adivinhos e áugures, prova que entre os hebreus as evocações constituíam um meio de adivinhação. Ora, os espíritas não evocam os mortos para obter revelações ilícitas, mas para receberem os seus conselhos e procurar o alívio dos que sofrem. É claro que se os hebreus não se tivessem servido das comunicações de além-túmulo com esse fim, longe de as proibir, Moisés as encorajaria, porque elas teriam tornado melhor o seu povo.
9 — Se alguns críticos irônicos ou mal intencionados têm apresentado as reuniões espíritas como assembléias de feitiçeiros e necromantes, e os médiuns como ledores da sorte; se, por outro lado, alguns charlatães misturam o nome do Espiritismo a práticas ridículas que ele desaprova, entretanto muita gente sabe como considerar o caráter essencialmente moral e sério das reuniões espíritas. Aliás, a doutrina escrita e divulgada por todo o mundo protesta suficientemente contra os abusos de toda espécie para que a calúnia possa recair sobre quem realmente a merece.
10 — Dizem que a evocação é uma falta de respeito para com os mortos, cujas cinzas não devemos perturbar. Quem diz isso? Os adversários dos dois campos opostos, que nesse momento se dão as mãos: os incrédulos que não crêem nas almas e os que, embora crendo, pretendem que elas não podem manifestar-se e que o demônio é quem se manifesta.
(44) Esta observação de Kardec é das mais significativas e tem a sua explicação na própria História da religião judaica, toda ela, como se vê na Bíblia, na Kabala, no Talmud e na Literatura do povo hebreu, antiga e moderna, — fundada nas manifestações espirituais. O teatro e a ficção modernas de Israel, como a antiga literatura hebraica e a moderna literatura ídiche não escapam à tradição das visões, das aparições e até mesmo das materializações, que marcam toda a cultura judaica. No próprio texto bíblico encontramos passagens em que Moisés, como no caso típico de Eldad e Medad (Números, cap.13 v. 24 a 29) se declara francamente favorável à mediunidade. Além disso, sabe-se que a tenda de Moisés era uma câmara mediúnica em que o Espírito de Jeová chegava a materializar-se. (N. do T.)
(45) As leis civis de Moisés pertencem a uma época bem definida da História, que é a das civilizações agrárias. O próprio decálogo traz as marcas dessa fase histórica e em nossos dias é divulgado com a supressão dos pormenores que o tornariam ridículo aos nossos olhos. Trata-se, pois, de legislação anacrônica. (N. do T.)

Capítulo XI
Da Proibição de Evocar os Mortos (continuação)
Quando a evocação é feita religiosamente, com o devido recolhimento; quando os Espíritos são chamados com afeto e simpatia, pelo desejo sincero de instrução e de aperfeiçoamento moral, e não por curiosidade; não se percebe o que haveria de falta de respeito, e isso tanto ao chamar as pessoas depois de mortas como durante a vida.
Mas há uma outra resposta decisiva a essa objeção. É que os Espíritos se manifestam livremente e não de maneira forçada. Eles costumam vir espontaneamente até nós, sem serem chamados, e revelam a satisfação de poderem comunicar-se com os homens, lamentando freqüentemente o esquecimento em que às vezes os deixam. Se eles fossem perturbados na sua paz ou não gostassem de ser chamados, declarariam isso ou não nos atenderiam. Desde que são livres, quando nos atendem é porque isso lhes convém.
11 — Alega-se ainda: "As almas moram no lugar que a justiça de Deus lhes determinou, seja no Inferno ou no Paraíso." Assim, as que estão no inferno não podem sair, embora toda liberdade seja dada aos demônios nesse sentido. As que estão no Paraíso acham-se inteiramente entregues à beatitude e estão muito acima dos mortais para se preocuparem conosco, sendo muito felizes para voltar a esta Terra de misérias, interessando-se pelos parentes e amigos que aqui deixaram. Essas almas seriam como os ricos que desviam a vista dos pobres, com receio de que eles lhes perturbem a digestão? Se assim fosse, elas seriam bem pouco dignas da felicidade suprema, que seria, por sua vez, o prêmio do egoísmo.
Restam aquelas que estão no Purgatório. Mas essas são almas sofredoras e têm de pensar antes de tudo na própria salvação. Dessa maneira, nenhuma delas podendo nos atender, é somente o diabo que se apresenta. Mas se elas não podem vir, não há nenhum motivo para temermos perturbar o seu repouso.
12 — Aqui se apresenta outra dificuldade. Se as almas que estão na beatitude não podem abandonar a sua morada feliz para socorrer os mortais, porque a Igreja invoca a assistência dos santos, que devem gozar da maior soma possível de beatitude? Por que aconselha ela aos fiéis que os invoquem nas doenças, aflições e para se preservarem dos flagelos? Por que, segundo ela, os santos, a própria Virgem mostram-se aos homens através de visões e fazem milagres? Eles deixam, então, o céu para vir à Terra. Se esses Espíritos que se encontram no mais alto dos céus podem deixá-lo, por que motivo os que estão mais em baixo não o poderiam?
13 —Que os incrédulos neguem a manifestação das almas, isso se concebe em razão da sua própria descrença. Mas o que estranha é ver aqueles cuja crença repousa precisamente na existência da alma e no seu futuro, se encarniçarem contra os meios de se provar que ela existe, esforçando-se por demonstrar que isso é impossível. Pareceria natural, ao contrário, que os que têm maior interesse na sua existência aceitassem com alegria e como uma graça da Providência o aparecimento dos meios de confundir os negadores por provas irrecusáveis, desde que são eles os negadores da própria religião.
Deploram essas pessoas, incessantemente, a propagação da incredulidade que aniquila o rebanho de fiéis, mas quando se lhes apresenta o mais poderoso meio de combatê-Ia, repelem-no com mais obstinação do que os próprios incrédulos. Depois, quando as provas se multiplicam a ponto de não deixarem nenhuma dúvida, recorrem como argumento supremo à proibição de tratar do assunto, e procuram para justificá-la um artigo da lei de Moisés de que ninguém se lembrava e ao qual pretendem dar, de qualquer maneira, uma aplicação que não pode ter. E ficam muito felizes com essa descoberta, sem perceberem que esse mesmo artigo constitui uma justificação da Doutrina Espírita.
14 —Todos os motivos alegados contra as relações com os Espíritos não podem suportar um exame sério. Do próprio empenho com que se entregam a essa luta pode-se deduzir que a questão envolve grandes interesses, pois do contrário não haveria tamanha insistência. Ao ver esta cruzada de todos os cultos contra as manifestações, poderíamos dizer que eles estão atemorizados. O verdadeiro motivo poderia ser o temor de que os Espíritos, demasiado clarividentes, viessem esclarecer os homens sobre os pontos que eles tentam manter na obscuridade, fazendo os homens conhecerem de maneira precisa o que se refere ao outro mundo e às verdadeiras condições para nele serem felizes ou infelizes.
É por isso que, da mesma maneira que se diz a uma criança: não vá lá porque existe um lobisomem, dizem aos homens: não evoqueis os Espíritos, pois quem atende é o Diabo. Mas não haverá dificuldade: se proibirem aos homens de evocar os Espíritos, não poderão impedir os Espíritos de virem até os homens para tirar a lâmpada debaixo do alqueire.
O culto religioso que estiver de posse da verdade absoluta nada terá a temer da luz, porque a luz fará ressaltar a verdade e o demônio não poderia prevalecer contra a verdade.


2a Parte Da Probição de Evocar os Mortos matéria do Livro Céu e Inferno.


Capítulo XI
Da Proibição de Evocar os Mortos (continuação)
Que esses adivinhos que estudam o céu, que contemplam os astros e contam os meses para fazer predições, que desejam revelar-vos o futuro, venham agora e vos salvem. — Eles se transformaram como em palha e o fogo os devorou; não puderam livrar suas almas das chamas ardentes; não restará do fogo em que se abrasarão nem mesmo os carvões com os quais alguém se possa esquentar, nem fogo ante o qual alguém se possa sentar. — Eis no que se transformarão todas essas coisas, às quais vos entregastes com tanto trabalho; esses comerciantes que negociaram convosco desde a vossa juventude se foram todos, um de um lado, outro de outro lado, sem que se encontre um só que vos livre dos vossos males. (Cap. XLVII, v. 13, 14, 15.)
Nesse capítulo Isaías se dirige aos babilônios, usando a figura alegórica da Virgem filha da Babilônia, filha dos Caldeus. (Vers. l.) Diz que os encantamentos não impedirão a ruína da sua monarquia. No capítulo seguinte ele se dirige diretamente aos israelitas:
Vinde aqui, vós outros, filhos de uma feiticeira, raça de um homem adúltero e de uma mulher prostituída. — Com quem divertistes? Contra quem abristes a boca e lançastes as vossas línguas perfurantes? Não sois os filhos pérfidos e os bastardos rejeitados, vós que procurais vossa consolação nos vossos deuses sob todas as árvores frondosas em que sacrificais os vossos filhos pequenos, nas torrentes, ante a rochas elevadas? — Pusestes a vossa confiança nas pedras da torrente; derramastes licores em sua honra; oferecestes sacrifícios a ela. Depois disso a minha indignação não devia explodir? (Cap. LVII, 3, 4, 5, 6.)
Estas palavras são inequívocas. Elas provam claramente que naquele tempo as evocações tinham por fim a adivinhação, fazendo-se delas um comércio. Estavam associadas às práticas mágicas e supersticiosas sendo até mesmo acompanhadas de sacrifícios humanos.
Moisés, portanto, tinha razão de proibir estas práticas, dizendo que Deus as considerava abomináveis. Aliás, essas práticas supersticiosas sobreviveram até a Idade Média, mas hoje a razão as afugentou e o Espiritismo veio demonstrar que as relações com o além-túmulo têm um sentido exclusivamente moral, consolador e portanto religioso. Desde que os espíritas não fazem sacrifícios de crianças e não derramam licores em homenagem aos deuses, desde que não interrogam os astros, nem os mortos, nem os adivinhos para conhecer o futuro que Deus prudentemente ocultou aos homens, e desde que eles repudiam toda a forma de comércio da faculdade que alguns possuem, de comunicar-se com os Espíritos, não sendo movidos por curiosidade nem por cupidez, mas por um sentimento de piedade e pelo desejo único de se instruirem e se melhorarem e de aliviarem as almas sofredoras, — a proibição de Moisés não se refere a eles de maneira alguma. Para isso é que deviam atentar os que invocam essa proibição contra os espíritas. Se eles aprofundassem melhor o sentido dessas palavras bíblicas, teriam reconhecido que não existe nenhuma analogia entre o que se passava com os hebreus e os princípios atuais do Espiritismo, tanto mais que o Espiritismo condena precisamente tudo o que dera motivo à proibição de Moisés. Mas, cegos pelo desejo de encontrar argumentos contra as idéias novas, não chegam a perceber que essas acusações soam de maneira completamente falsa.
A lei civil dos nossos dias pune os abusos que Moisés queria reprimir. Quando Moisés estabeleceu a pena de morte contra os delinqüentes, era porque necessitava de meios rigorosos para governar um povo indisciplinado. Aliás, essa pena figurava constantemente na sua legislação, porque não havia muito que escolher no tocante aos meios de repressão. Não existiam prisões nem casas de correção no deserto e seu povo não era de natureza a se atemorizar somente com as penas disciplinares. Ele não podia estabelecer as graduações penais, como fazemos em nossos dias.
É errôneo querer-se apoiar na severidade daquele castigo para provar o grau de culpabilidade da evocação dos mortos. Deveríamos, simplesmente por respeito à lei de Moisés, manter a pena capital para todos os casos em que ela a aplicava? Nesse caso, porque reviver com tanta insistência apenas esse artigo, passando em silêncio o começo do capítulo que proíbe aos padres possuir bens terrenos e participar de qualquer herança, porque o Senhor é em si mesmo a sua herança? (Ver. Deuteronômio, cap. XXVIII, v. 1 e 2.)
5 — Há duas partes distintas na lei de Moisés: a lei de Deus propriamente dita, promulgada no Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar apropriada aos costumes e ao caráter do povo. Uma é invariável, a outra se modifica segundo os tempos e não pode passar pelo pensamento de ninguém que tenhamos de ser governados hoje da mesma maneira que os hebreus em sua caminhada através do deserto. Assim também os capitulares de Carlos Magno não poderiam aplicar-se à França do nosso século. Quem pensaria, por exemplo, em reviver hoje este artigo da lei Mosaica: Se um boi chifrar um homem e uma mulher, que venham a morrer disso, o boi será lapidado e ninguém comerá da sua carne, mas o dono do boi será julgado inocente. (Êxodo, cap. XXI, v. 28 e seguintes.)
Este artigo que nos parece tão absurdo não tinha por objetivo punir o boi e inocentar o seu dono, pois equivalia praticamente à confiscação do animal causador do acidente para obrigar o proprietário a ter maior cuidado. A perda do boi representava a punição do dono, que devia ser bastante grave num povo de pastores, impedindo os descuidados de caírem em outra falta. Mas como ela não devia aproveitar a ninguém, era proibido comer a carne. Outros artigos estipulam penalidades para os donos responsáveis.

1a Parte-Da proibição de evocar os mortos matéria do Livro Céu e Inferno.


Capítulo XI
Da Proibição de Evocar os Mortos
1 —A Igreja não nega de maneira alguma a existência das manifestações. Pelo contrário, ela as admite todas, como vimos nas citações precedentes, mas atribuindo-as à intervenção exclusiva dos demônios. É por engano que alguns invocam o Evangelho para as proibir, porque o Evangelho não diz uma só palavra nesse sentido. O supremo argumento que se apresenta é a proibição de Moisés.
Eis em que termos se refere ao assunto a pastoral mencionada nos capítulos precedentes:
Não é permitido entrar em relação com eles (os Espíritos) seja imediatamente, seja por intermédio dos que os invocam e os interrogam. A lei mosaica punia com a morte essas práticas detestáveis, em uso entre os gentios. — Não procureis os mágicos, diz o livro do Levítico, e não façais aos adivinhos nenhuma pergunta, para não incorrerdes na contaminação de vos dirigirdes a eles. (Cap. XIX, v. 31.) — Se um homem ou uma mulher tem um Espírito de Píton ou de adivinhação, que sejam punidos com a morte; serão lapidados e o seu sangue cairá sobre as suas cabeças. (Cap. XX, v. 27.) E no livro do Deuteronômio: Que não haja entre vós pessoas que consultem os adivinhos, ou que observem os sonhos e os augúrios, ou que usem de malefícios, de sortilégios ou de encantamentos, ou quem consultem o Espírito de Píton e quem pratique a adivinhação ou interrogue os mortos para saber a verdade; porque o Senhor considera em abominação todas essas coisas e destruirá com a vossa chegada as nações que cometem esses crimes. (Cap. XVIII, v. 10, 11, 12.)
2 — É conveniente, para compreensão do verdadeiro sentido das palavras de Moisés, lembrar o texto completo, que foi um tanto abreviado nessas citações:
Não vos desvieis do vosso Deus para procurar os mágicos e não consulteis os adivinhos para não vos contaminardes ao vos dirigir a eles. Eu sou o Senhor vosso Deus. (Levítico, cap. XIX, v. 31.)
Se um homem ou uma mulher tem o Espírito de Píton ou um Espírito de adivinhação, que sejam punidos com a morte; eles serão lapidados e o seu sangue cairá sobre as suas cabeças. (Levítico, cap. XX, v. 27.)
Quando tiverdes entrado no país que o Senhor vosso Deus vos dará, guardai-vos de imitar as abominações daqueles povos; — E que não se encontre entre vós quem pretenda purificar seu filho ou sua filha fazendo-os passar pelo fogo ou quem consulte os adivinhos ou observe os sonhos e os augúrios, ou pratique malefícios, sortilégios e encantamentos, ou quem consulte os que têm o Espírito de Píton, e quem se ponha a adivinhar ou a interrogar os mortos para saber a verdade. — Porque o Senhor considera em abominação todas essas coisas e exterminará todos esses povos na vossa chegada, por causa dessas espécies de crimes que eles têm cometido. (Deuteronômio, cap, XVIII, v. 9, 10, 11 e 12.)
3 — Se a lei de Móisés deve ser rigorosamente observada nesse ponto, deve sê-lo igualmente sobre todos os outros, pois como seria ela boa no concernente às evocações e má no tocante a outros assuntos? É necessário ser conseqüente: se reconhecermos que essa lei não está mais de acordo com o nosso costume e a nossa época por alguns motivos, não haverá razão para que o mesmo não aconteça no tocante à proibição de que tratamos.
É necessário que nos reportemos aos motivos determinantes dessa proibição, motivos que tinham na ocasião a sua razão de ser, mas que hoje seguramente não existem mais. O legislador hebreu desejava que seu povo rompesse com todos os costumes trazidos do Egito, onde as evocações eram usadas de maneira abusiva como o provam estas palavras de Isaías: "O Espírito do Egito se aniquilará por si mesmo e eu precipitarei o seu conselho; eles consultaram os seus ídolos, os seus adivinhos, as suas pitonisas e os seus mágicos." (Cap. XIX, v. 3.)
Além disso, os israelitas não deviam contrair nenhuma aliança com as nações estrangeiras. Eles iriam encontrar as mesmas práticas entre esses povos a que se dirigiam e que deviam combater. Moisés devia, assim, por motivos políticos, inspirar ao povo hebreu a aversão por todos os seus costumes que tivessem pontos de contato com os assimilados no Egito. Para motivar essa aversão devia apresentar esses costumes como reprovados pelo próprio Deus. Eis porque ele dis se: "O Senhor considera em abominação todas essas coisas e destruirá, na vossa chegada, as nações que cometem esses crimes."
4 — A defesa de Moisés era tanto mais justificada quanto os mortos não eram evocados em virtude do respeito e da afeição por eles, nem por um sentimento de piedade, mas para fins de adivinhação, da mesma maneira que se consultavam os augúrios e os presságios, explorados pelo charlatanismo e a superstição. Por mais que fizesse, entretanto, não conseguiu arrancar do povo esses costumes que se haviam transformado em objeto de comércio, como o atestam as seguintes passagens do mesmo profeta:
E quando eles vos disserem: Consultai os mágicos e os adivinhos que murmuram nos seus encantamentos; respondei-lhes: cada povo não consulta o seu Deus? E deve-se falar aos mortos do que respeita aos vivos? (Isaías, cap. VII, v. 19.)
Sou eu que faço ver a falsidade dos prodígios da magia, que tornam insensatos os que se atrevem a adivinhar, que transtorna o Espírito dos sábios e converte em loucura a sua ciência vã. (Cap. XLIV, v. 25.)

Entrevista Com Divaldo Franco -Atendimento Fraterno parte 2


Continuação
Observe-se que o indivíduo, portador de uma vida extraordinariamente correta, ao cometer um erro, isso é o que passa a ressaltar nele a partir daí. Um grande cantor, como Pavarotti ou
outros, amados no mundo inteiro, se um dia, num concerto, criaturas humanas que são, tiverem qualquer distúrbio de voz, um erro de compasso, a nota não alcançada, perdem todo o valor, como se eles fossem robôs sem direito de se permitirem fragilidades. Assim, também, todos somos medidos, não pelas nossas virtudes, mas pelos nossos erros.
A imprensa, a mídia, vive disso, porque raramente se apóia nas ocorrências felizes, sustentando-se com a divulgação das questões que corrompem o coração.
Temos que dizer à pessoa: — Você está no limiar, o que é bom, porque
ainda não caiu. Você se encontra no mínimo das suas reservas, o que é muito
bom sinal, ainda tem reservas; considere aquele que já tombou...
Joanna de Ângelis sempre me diz: — Quando vires alguém com os pés sujos de lama, não acuses o descuidado, pois que ele acaba de sair do pântano. Preocupa-te com aqueles que têm os pés limpos, correndo o perigo de se adentrarem nele e enfrentarem dificuldades para sair.
Então, digamos a essa pessoa: — Você está quase entrando no pântano.
A prova que você tem força é o desejo de continuar caminhando.
Particularmente, procuro fazer o que me é possível para me desincumbir das tarefas. Chega o momento em que eu digo: — Agora, meu Senhor, é com o Senhor, porque a minha parte já fiz; e tiro da cabeça o problema. Se Ele não o resolver, é porque não deveria ser resolvido. Não vejo motivo para me amargurar.
Lembro-me do Abade
Pierre — o que fundou as Comunidades de Emaús — que elegeu o seguinte
“slogan”: “Eu sempre pensava, nas horas de perigo e de problemas, que
chamando por Deus e Ele ouvindo, ia chegar cinco minutos depois da tragédia.
Mas sempre que passava o desafio, me dava conta que Deus chegava, pontualmente, cinco minutos antes
Digamos a essa pessoa: — Chame por Deus! Vá para casa, pensando que tudo vai dar certo, e, se não der de imediato, continue pensando que irá acontecer, porque sempre há uma nova oportunidade.
Certa feita, atendi a uma paciente que me disse:
“Senhor Divaldo, a pior coisa que me poderia acontecer era morrer, e eu acho
que eu vou morrer!”
Respondi-lhe: — Aleluia! Felicidade para você. Imagine se você fosse
eterna nesse corpo... Claro que você vai morrer, vai se libertar desse corpo, qual ocorrerá comigo e com todos. É a melhor coisa que lhe vai acontecer.
Agora, a pior coisa que nos pode acontecer é matar alguém, porque é crime.
Mas, você morrer, é perfeitamente normal.
A pessoa redarguiu: — “Sabe que eu não tinha pensado nisso?”
E conclui: — Está na hora de começar a pensar.
José Ferraz: — Deve-se atender pessoas alcoolizadas, drogadas ou em
desequilíbrio mental? Como proceder nesses casos?

Divaldo: — Não se deve atender tais casos nessas circunstâncias. A pessoa não tem
como absorver respostas. Dialogar com a família, oferecer ao familiar acompanhante as técnicas de como conduzir o paciente, e, quando o mesmo estiver em condições de ouvir, que venha ao diálogo. Porque, no estado de consciência alterado por drogas, álcool ou por alucinações outras, ele não tem a menor possibilidade de assimilar palavras ou energia, ou alguma proposta terapêutica; mas, o acompanhante, sim.
Normalmente, nesses casos, digo: Gostaria de falar com uma pessoa da
família, para que a mesma oriente o enfermo. Porque o contato conosco será breve, mas, no lar, se fará demorado.
Então é necessário instruir o familiar, a fim de que possa ministrar a orientação, assim prolongando-a.
João Neves: — O Atendimento Fraterno é uma relação de ajuda que está
presente em todas as atividades da vida. Na família, na rua, no trabalho. Fale nos
alguma coisa que seja do interesse geral para todos nós, e aproveite para concluir este trabalho, porque esta é a última questão.
Divaldo: — Somos modelos, queiramos ou não. Todos somos exemplos uns para os outros. Nossos pensamentos, palavras e atos são mensagens que dirigimos e que são captados por aqueles que se encontram na mesma faixa mental, atraindo-os. “O nosso pensamento — disse-nos Joanna de Ângelis, ontem à noite, em uma mensagem psicográfica — é um dínamo gerador de forças”. De acordo com o teor ou a qualidade da sua mensagem, produz asas que nos alçam ao infinito ou pesos que nos chumbam às paixões.
O Atendimento Fraterno é uma área de semeadura perante a vida.
Estamos sempre oferecendo mensagens de alegria ou de tristeza. Essas mensagens podem tornar-se verbais, depois de mentalizadas, e podem ser de movimentos, de postura e de interesses outros.
É necessário compreender que estamos no mundo para nos desincumbir de uma tarefa essencial, que é a construção de uma nova sociedade, que será resultado da edificação de nós próprios no nosso mundo íntimo. É muito comum, àqueles que amam, terem o cuidado de não transmitir suas aflições às pessoas queridas.
No Atendimento Fraterno, nesse intercâmbio amigo, as vibrações irão encharcar ou aliviar aquele que tem facilidade de captá-las. Estamos na Terra para este mister — ajudar — e é por isso que o Centro Espírita, utilizando-se desse inter-relacionamento pessoal, elege pessoas credenciadas, para que, tecnicamente, apliquem o Atendimento Fraterno de maneira edificante.
Somos mensagens vivas, transparentes; estamos sempre emitindo ondas e captando-as, porque somos antenas transceptoras. De acordo com o tipo de mensagem que emitirmos, receberemos resposta idêntica, sendo por essa razão que o Evangelho nos adverte: Vigiar e orar para não cair em tentação; vigiar, é pôr-se numa atitude positiva, dinâmica, de construção do bem dentro de si mesmo. Não se trata de uma conduta mística, alienada, que não seja compatível com o progresso da cultura nem da civilização hodiernas. Orar não é estar a repetir palavras, porém, agir.
Alguém reage contra mim, problema dele; quando eu reajo contra alguém, problema meu. Então teremos a capacidade de agir, porque somos seres que raciocinamos, e toda vez que reagimos, voltamos à faixa do instinto agressivo. Só reagimos porque nos sentimos feridos, magoados, egoisticamente alcançados. Quando agimos, nos realizamos, porque, mesmo diante do malfeitor, daquele que nos agride, assumimos uma postura de paz, sabendo que a nossa mensagem vai fecundar...
— Mulher, ninguém te condenou? Perguntou Jesus àquela que foi
surpreendida em adultério e levada à praça pública.
Ela, olhando em derredor, deu-se conta que já não havia ali nenhum dos acusadores, que se afastaram na ordem decrescente de idade, dos mais velhos para os mais jovens, já que o Mestre propusera que aquele que estivesse isento de culpa ou de pecado que atirasse a primeira pedra. Como os mais velhos, por certo, deviam ter mais pecados que os mais novos, eles, os mais idosos, se foram, e ante a sua surpresa, que não mais estava sendo
acusada por eles, nem condenada por Jesus, interrogou-O: — “E agora,
Senhor?”
— Vai e não tornes a equivocar-te; não voltes a emaranhar-te no cipoal das paixões, porque até há pouco ignoravas a verdade, tinhas pouca responsabilidade, mas, a partir deste momento, sabes, és consciente, e as tuas responsabilidades são muito maiores.
Na proposta de Jesus, diante da mulher surpreendida em adultério, Ele não anuiu com o erro, não reprochou, porque a sua tarefa não era a de perdoar ou de condenar, mas a de orientar, educar. E foi exatamente o que Ele fez, pedindo que ela não voltasse a pecar.

Assim, a Doutrina Espírita nos propõe o despertar da consciência, para que, com a consciência lúcida, não repitamos as nossas insensatezes, os nossos erros, porque a vida real, legítima, é a espiritual.
Informam-nos os Espíritos nobres, sem nenhum masoquismo da parte deles ou da nossa, que vale a pena sofrer um breve período para desfrutar de plenitude por uma larga etapa. As dores da Terra, por mais longas, são sempre muito curtas, no relógio da eternidade. Um corpo vencido por enfermidades desgastantes, dilacerado por processos degenerativos, é uma bênção de Deus, e, mesmo quando ultrajado e vencido, é o instrumento da nossa elevação. Uma vida social de desafios, de dificuldades econômicas, de exílio na comunidade, e
até mesmo na solidão, é o caminho reparador, a nossa oportunidade de ascese
através de cujo roteiro atingiremos o planalto da sublimação.
Não estamos na Terra por acaso. A nossa vida é programada. O psiquismo Divino está dentro de nós. Ele se desenvolve, ele se agiganta. O Deotropismo nos atrai; a Misericórdia Divina espera por nós, e, à medida que nos vamos conscientizando, cumpre-nos o dever de realizar a transformação íntima, a fim de lograrmos a realização para a qual estamos encarnados.
Bendigamos pois, as dificuldades que nos visitam; aceitemos os desafios do sofrimento que nos chega e procuremos
uma maneira dinâmica para mudar a estrutura dos acontecimentos, a fim de que paire, em um momento que não está muito distante e que certamente não será de imediato, a presença do amor que nos alará aos Cimos de onde desfrutaremos paz, onde reconstruiremos a família feliz, e seremos, a nosso turno, igualmente felizes.
*******************************************************************************************
****
Prece
Divino Benfeitor!
Chegamos ao momento de dizer-Te graças, já que Te louvamos no
contexto desta emoção, destas palavras.
E como não sabemos louvar e agradecer sem pedir, suplicamos-Te que
nos leves de volta à intimidade doméstica, que nos conduzas de retorno ao lar
em clima de harmonia, de esperança, reconfortados, reencorajados para a luta.
Amigo de nossas vidas!
Recebe-nos, como somos, com o que temos interiormente, e abençoa-nos
para que o nosso logo depois seja enriquecido de bênçãos libertadoras,
diferindo do momento que temos sido até aqui.
Segue conosco no rumo do nosso lar e conduz-nos nos dias do futuro
conforme nos guiaste do passado até este presente.
Que a paz de Jesus, generosa e reconfortante, permaneça conosco, meus
irmãos, agora e sempre!
Assim seja!