Perda de Sangue
10. Então uma mulher, que havia doze anos sofria de
uma hemorragia, _ a qual muito havia sofrido nas mãos de muitos médicos,
e que, tendo consumido todos os seus bens, não havia recebido nenhum
alívio, mas sempre se encontrava pior, _ tendo ouvido falar de Jesus,
veio na multidão por detrás, e tocou suas vestes; pois ela dizia: Se eu
puder ao menos tocar suas vestes, serei curada. _ No mesmo momento a
fonte do sangue que ela perdia se secou, e ela sentiu em seu corpo que
estava curada daquela moléstia.
E logo Jesus, conhecendo a virtude que havia saído
dele, voltou-se para a multidão, e disse: Quem tocou minhas vestes? Seus
discípulos lhe disseram: Vedes que a multidão vos comprime por todos os
lados, e perguntais quem vos tocou? E ele olhava em toda a volta dele
para ver quem o havia tocado.
Porém a mulher, que sabia o que se havia passado com
ela, tomada de medo e pavor, veio atirar-se a seus pés, e lhe declarou
toda a verdade. E Jesus lhe disse: Minha filha, tua fé te salvou; vai em
paz, e fica curada de tua moléstia. (S. Marcos, cap. V, vers. de 25 a
34).
11. Estas palavras: "Conhecendo a virtude que havia
saído dele, são significativas; elas exprimem o movimento fluídico que
se operou de Jesus para a mulher doente; ambos sentiram a ação que
acabava de se produzir. É notável que o efeito não foi provocado por um
ato de vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição de mãos. A
irradiação fluídica normal foi suficiente para operar a cura.
Mas por que esta irradiação se dirigiu para aquela
mulher, em vez de outras, pois Jesus não estava pensando nela, e se
achava rodeado pela multidão?
A razão é bem simples. O fluido, sendo dado como
matéria terapêutica, deve atingir a desordem orgânica para a reparar;
pode ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador ou atraído pelo
desejo ardente, a confiança, numa palavra, a fé do doente. Em relação à
corrente fluídica, a primeira faz o efeito de uma bomba comprimida, e a
segunda de uma bomba aspirante. Algumas vezes a simultaneidade dos dois
efeitos é necessária, de outras vezes uma só basta; é o segundo caso que
se positivou nesta circunstância.
Jesus tinha pois razão de dizer: "Tua fé te salvou."
Compreende-se que aqui a fé não é a virtude mística, como certas pessoas
entendem, mas uma verdadeira força atrativa, enquanto que aquele que
não a tem opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou pelo menos
uma força de inércia que paralisa a ação. Assim sendo, compreende-se que
de dois doentes atingidos do mesmo mal, estando na presença do curador,
um possa ser curado e o outro não. Aí está um dos princípios mais
importantes da medicina curadora e que explica, por uma causa muito
natural, certas anomalias aparentes. (Cap. XIV, ns. 31, 32, 33).
Copyright 2004 - LAKE - Livraria Allan Kardec Editora
(Instituição Filantrópica) Todos os Direitos Reservados
Copyright 2004 - LAKE - Livraria Allan Kardec Editora
(Instituição Filantrópica) Todos os Direitos Reservados
Nenhum comentário:
Postar um comentário